A economia verde é um conceito cada vez mais relevante para o mundo atual.
Trata-se de uma abordagem que busca equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente e a proteção dos recursos naturais.
Ela se baseia em princípios de sustentabilidade e na utilização de tecnologias limpas e renováveis.
O objetivo principal é criar um sistema econômico que seja capaz de atender às necessidades das gerações atuais sem prejudicar o bem-estar das futuras.
Neste texto, vamos explorar o que é a economia verde, suas características, princípios e a sua importância para a sociedade e o planeta. Boa leitura!
O que é economia verde?
A economia verde é uma abordagem econômica que tem como objetivo promover o desenvolvimento sustentável para garantir a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais para as gerações futuras.
Ela foi criada como uma resposta às mudanças climáticas, como uma forma de frear a tendência de aumento de temperatura causado pela emissão de gases do efeito estufa.
Para se ter uma ideia da dimensão dos impactos das mudanças climáticas, se a temperatura da terra subir apenas mais 2°C, mudanças drásticas podem ocorrer.
Eventos como derretimentos de galerias serão responsáveis por um aumento do nível do mar e eventos extremos, como secas, ciclones e ondas de calor, se tornarão mais frequentes.
Além disso, um número muito grande de espécies pode simplesmente desaparecer, pois as mudanças na geografia e no clima podem interferir com o seu ciclo reprodutivo, fazendo com que elas sejam extintas para sempre.
Por isso, a economia verde busca conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, visando um desenvolvimento mais equilibrado e justo.
Origem do termo “economia verde”
A ideia por trás da economia verde foi apresentada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em 2008.
Entretanto, ao longo do tempo, o conceito evoluiu e ganhou novos significados.
O termo “economia verde” foi introduzido como substituto ao termo “ecodesenvolvimento”, que era usado anteriormente para se referir ao mesmo conceito.
Assim sendo, a economia verde busca atender às necessidades e desejos da sociedade sem prejudicar as gerações futuras.
Uma coalizão de 50 empresas, agências e ONGs chamada Green Economy Coalition chegou a um consenso de que a economia verde se refere a um processo econômico que visa a resiliência a um desenvolvimento mais justo, ao mesmo tempo em que protege os limites ecológicos e promove a equidade social.
Características da economia verde
Algumas características são consideradas essenciais na implementação de projetos de economia verde, como a busca por uma baixa emissão de gases causadores do efeito estufa e a diminuição dos impactos das mudanças climáticas.
Também é necessário implementar políticas de inclusão social, processos de logística reversa de resíduos e reciclagem e o uso eficiente e sustentável dos recursos naturais.
Além disso, a economia verde é fundamentada na utilização de fontes de energia renováveis e limpas, na valorização da biodiversidade, no consumo consciente e na adoção de práticas sustentáveis na produção.
Por isso, uma economia verde também deve ser baseada no princípio da universalização do direito ao saneamento básico e na conservação dos recursos hídricos.
Espera-se que esses esforços resultem em novas oportunidades de negócios, melhoria na qualidade de vida da população, redução das desigualdades e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais.
A ideia é aumentar a produtividade a fim de estimular o surgimento de novos mercados e profissões, fortalecendo a confiança dos investidores, fornecedores e consumidores, e garantindo maior estabilidade climática e econômica para o futuro.
Quais são os objetivos da economia verde?
A economia verde tem como objetivo garantir o desenvolvimento econômico da sociedade sem prejudicar as gerações futuras e preservando os recursos naturais.
Como vimos, para atingir esses objetivos, é necessário:
- exercer o consumo consciente;
- utilizar fontes de energia renováveis;
- diminuir a emissão de gases poluentes;
- buscar a eficiência na utilização dos recursos;
- adotar práticas sustentáveis em todos os processos e cadeias produtivas.
O último relatório do IPCC mostra que a humanidade se encontra a beira do colapso e que as mudanças climáticas podem contribuir para o surgimento de superbactérias e piorar ainda mais a situação do tráfico de seres humanos.
Logo, tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento devem adotar a economia verde e enxergá-la não como um obstáculo ao seu crescimento, mas sim como uma oportunidade para promovê-lo ainda mais.
Qual é a importância da economia verde?
Ela é fundamental para a construção de um futuro mais equilibrado e sustentável em que o desenvolvimento econômico seja conciliado com o bem-estar do meio ambiente e da sociedade.
Para as empresas, a economia verde pode se traduzir em:
- aumento da competitividade no mercado;
- melhorias na eficiência e na produtividade;
- maior estabilidade econômica no longo prazo;
- ampliação da confiança dos investidores, fornecedores e consumidores.
Adotar a economia verde é, portanto, uma oportunidade para as empresas contribuírem para um futuro mais sustentável e, ao mesmo tempo, melhorarem seu desempenho econômico.
Os benefícios da economia verde
A economia verde foi apontada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como tendo muitos benefícios.
Como o conceito sugere que é possível combinar desenvolvimento econômico com desenvolvimento sustentável, sem que haja uma contradição entre eles, ele se torna uma ferramenta fundamental para o futuro da humanidade.
Adotar práticas de economia verde em uma empresa pode trazer aumento na produtividade e redução de desperdícios e consumo de energia, além de garantir uma utilização mais eficiente dos recursos naturais.
Em outras palavras, trata-se de um conjunto de práticas e metodologias capaz de ajudar as empresas a gastar menos e otimizar a sua cadeia produtiva ao mesmo tempo que diminui os impactos da sua atividade fim no meio ambiente.
Outro benefício da economia verde é que a procura por essas práticas pode criar novas oportunidades de emprego e trabalho, assim como estimular a inovação tecnológica.
A adoção de práticas de economia verde por uma empresa também pode ajudar a aumentar a confiança dos investidores e trazer mais previsibilidade e estabilidade para o mercado.
Isso se dá devido à prevenção da escassez de recursos e à menor volatilidade nos preços, o que garante mais estabilidade ao longo dos anos, já que proporciona o uso racional de recursos e evita a superprodução.
Economia verde e sustentabilidade: qual é a relação?
A economia verde e a sustentabilidade estão diretamente relacionadas, pois a economia verde busca promover o desenvolvimento econômico de forma sustentável.
Isso significa que, ao invés de priorizar o crescimento econômico a curto prazo, a economia verde valoriza a preservação dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente para garantir a viabilidade econômica e ambiental no futuro.
Ou seja, a economia verde e a sustentabilidade estão estreitamente relacionadas, pois a primeira é uma estratégia para alcançar a segunda.
Ambos são importantes para garantir o desenvolvimento econômico equilibrado e responsável e para preservar os recursos naturais, minimizando os impactos negativos sobre o meio ambiente.
A economia verde no Brasil
Veja a seguir alguns exemplos de empresas que atuam no Brasil com metodologias e cadeias produtivas sustentáveis:
Natura Cosméticos
A Natura é uma empresa reconhecida no mercado de produtos de beleza mundial devido ao seu processo de branding focado em conceitos de sustentabilidade.
Para isso, a marca emprega estratégias eficazes de marketing e projetos colaborativos com comunidades tradicionais.
A Natura também estabelece parcerias com produtores rurais para a exploração consciente de alguns recursos naturais do país, como castanha do Pará e erva-doce.
O objetivo da empresa é “tornar o mundo mais bonito” e ser uma organização sustentável, com causas como a “Amazônia Viva“, “Mais Beleza, Menos Lixo” e “Cada Pessoa Importa“.
Para defender essas causas, a Natura criou uma série de compromissos descritos no documento “Visão de Sustentabilidade 2050“.
Ela também investe em um modelo de desenvolvimento que valoriza o manejo da Floresta Amazônica e práticas agrícolas sustentáveis, combatendo o desmatamento.
A Natura faz parte do movimento B-Corp, um grupo mundial de empresas que combina lucro com benefícios socioambientais e o selo UEBT (Union for Ethical Biotrade), que reconhece o uso de ingredientes de origem sustentável e a manutenção de relações éticas com as comunidades fornecedoras.
Outra forma pela qual a empresa pratica é a economia verde é através de fórmulas compostas por 90% de ingredientes naturais e renováveis, unindo os melhores ativos da biodiversidade brasileira com as substâncias mais potentes da ciência mundial.
Desde 2006, a empresa não realiza testes em animais e acredita que a natureza, a beleza e a tecnologia podem e devem andar juntas.
Valeo
A Valeo Thermal Bus Systems é uma empresa líder de mercado, responsável por desenvolver e produzir sistemas de ar condicionado para veículos automotivos e sempre se preocupou com sua responsabilidade social e ambiental em relação à comunidade.
Particularmente, seu compromisso com a sustentabilidade é reforçado pelo constante desenvolvimento e introdução de produtos e conceitos tecnologicamente avançados.
Com anos de pesquisa e desenvolvimento, a Valeo alcançou diversos objetivos com seus produtos, tais como a redução do consumo de combustível, a operação com combustíveis alternativos e a redução de emissões (som e exaustão).
Além disso, a empresa já conta com soluções para a geração de energia alternativa (por exemplo, energia solar para os ventiladores) e a economia de energia veicular.
Trata-se de uma empresa que pratica a economia verde pois demonstra se preocupar com o descarte correto dos produtos após o fim de sua vida útil, orientando e incentivando seus clientes a descartá-los de forma ambientalmente correta e segura.
Essa ação contribui para a preservação do meio ambiente e para o crescimento econômico sustentável através de seu Programa de Logística Reversa.
Samsung
A Samsung é uma empresa coreana reconhecida pela ampla utilização da tecnologia em seus produtos, e ganhou um grande destaque no mercado de smartphones, sendo considerada hoje a principal concorrente da Apple.
O modelo de gestão focado na inovação da empresa, além de maximizar lucros e criar valor para os acionistas, também ajuda a criar impacto positivo na cadeia produtiva, incluindo clientes, funcionários e fornecedores, através da gestão de sustentabilidade.
A Samsung monitora cuidadosamente seus impactos financeiros e não financeiros na sociedade, a fim de maximizar seus impactos positivos e minimizar os impactos negativos.
Portanto, a preocupação da empresa se estende, também, ao meio ambiente, tanto que ela tem como slogan a frase “Planet first” e adotou uma filosofia de gestão ecológica desde a Declaração Ambiental da Samsung de 1992.
A Samsung tem como objetivo oferecer soluções ecologicamente corretas e liderar o caminho para um futuro sustentável.
Como empresa sustentável, a Samsung demonstra que é possível crescer e produzir respeitando os recursos naturais, uma vez que estes são finitos e é crucial utilizá-los de forma adequada e moderada para manter a harmonia do meio ambiente.
Unilever
A Unilever é uma multinacional anglo-holandesa que oferece uma ampla variedade de produtos e marcas reconhecidas pelos consumidores, como AXE, Close Up, Dove, OMO, Rexona, Kibon, Hellmann’s e muitas outras.
Trata-se de uma das líderes globais na promoção de práticas empresariais sustentáveis.
O Plano de Sustentabilidade da Unilever concentra-se em três áreas principais: saúde e bem-estar, meio ambiente e condições de trabalho e vida.
A empresa acredita que, ao promover uma boa nutrição e higiene, seus produtos podem ter um impacto positivo na saúde da população global, abordando desafios como doenças cardiovasculares e diarréia.
Essas áreas foram escolhidas com base na importância da empresa em relação a questões ambientais, como o uso de energia na produção de produtos como sabonetes, xampus e itens de lavanderia.
A grande quantidade de água necessária na cadeia produtiva da empresa, o impacto do uso de embalagens e a importância de recursos agrícolas e florestais como matérias-primas também pesaram a favor dessa mudança de postura.
Por isso, a Unilever também está comprometida a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, maximizar a eficiência no uso de água, gerenciar de forma responsável os resíduos e adotar práticas agrícolas sustentáveis.
Nestlé
Por fim, a Nestlé é uma empresa suíça de destaque na indústria de alimentos, reconhecida por suas marcas de qualidade e compromisso socioambiental.
No Brasil, a empresa tem implementado ações de modernização tecnológica, mudanças em processos e melhorias no uso de energia em suas fábricas.
A Nestlé também tem a meta ambiciosa de zerar o envio de resíduos para disposição até 2020, buscando alternativas de reaproveitamento como recuperação energética, reciclagem e compostagem.
Em 2015, já foi alcançada a marca de zero resíduo em cinco fábricas no Brasil: Araçatuba, Araraquara, Carazinho, Jataí e São Lourenço.