O mundo VUCA foi criado como uma forma de responder uma realidade que dialoga com todos os setores da sociedade: a constante transformação. No entanto, com o passar do tempo, ele parou de conseguir refletir as novas mudanças, dando lugar ao mundo BANI.
Considerado uma evolução do primeiro, esse “novo mundo” está associado a fragilidade, ansiedade, não-linearidade e compreensividade que marca o contexto humano.
Assim como o primeiro, foi criado para tentar guiar as pessoas diante das dúvidas e dificuldades e, também por isso, é fundamental no mundo dos negócios. Afinal, como as pessoas podem se preparar para o amanhã se elas não o compreendem?
Pensando nesses desafios que fazem parte da nova realidade, criamos um conteúdo para que as pessoas — sejam líderes, gestores ou colaboradores — pudessem entender mais sobre o mundo BANI. E, claro, como isso vai impactar as empresas.
Boa leitura!
O que é o mundo BANI?
O mundo BANI é aquele da constante mudança. Mas, além de entender todas as incertezas do VUCA, ele leva esse nome, pois é percebido como um mundo também frágil (brittle), ansioso (anxious), não-linear (nonlinear), incompreensível (incomprehensible).
Para entendermos como cada um desses aspectos está presente nessa nova realidade, vamos esclarecer nos próximos tópicos!
Brittle (frágil)
O mundo BANI é frágil, ou quebradiço, porque tudo pode ser colocado à prova em uma velocidade impensável.
Sendo assim, algo totalmente positivo pode, quando se menos espera, tomar um outro rumo. Em outras palavras, o que temos certeza hoje pode já ter sido desmentido amanhã.
Talvez o maior exemplo dessa fragilidade tenha sido a covid-19. Algo invisível, como um vírus, foi capaz de mudar a forma do mundo viver em questão de meses.
É interessante perceber que uma pessoa poderia perder o emprego em razão do isolamento social na mesma medida que poderia perdê-lo por uma atitude equivocada e exposta na internet.
E isso tudo mostra que estamos sob um sistema pode parecer forte, mas não é, afinal, tudo está a um ponto de ruptura.
Anxious (ansioso)
É muito comum ouvir pessoas dizerem que, hoje em dia, “todo mundo é ansioso”. Mas a verdade é que a ansiedade já faz parte da nossa rotina e essa percepção não é à toa.
O que o mundo BANI fez foi apenas amplificar essa sensação de medo e apreensão diante das circunstâncias. Afinal, a incerteza gera, naturalmente, ansiedade. É como se o mundo ansioso estivesse, por sua fragilidade também, à espera do próximo desastre.
Novamente trazendo a pandemia, onde o medo se fortaleceu, esse contexto ansioso ganhou corpo: segundo a empresa de análise de dados Bites, a palavra “ansiedade” teve seu volume de busca aumentado em 5 vezes no Google em relação ao ano de 2014.
Junta isso, não podemos esquecer do fenômeno da infodemia, ou seja, o excesso de informações que todas as pessoas estão sujeitas atualmente.
Como consequência disso, esse novo mundo também gera a sensação de impotência, já que alguns contextos podem gerar a falsa sensação de que não há mais nada que se possa fazer.
Nonlinear (não linear)
O mundo BANI é também não-linear. Ou seja, muitos eventos acontecem ao mesmo tempo e não há, necessariamente, um sentido único entre eles.
Logo, a visão de linha do tempo também cai por terra. Ou seja, acontece uma dissolução na noção “início, meio e fim.” No atual cenário, as ações que foram executadas e as que não foram não entram em equilíbrio.
Muitos exemplos podem ser citados para explicar essa ausência de linearidade. Um deles é o mundo da tecnologia, afinal, o tempo entre o surgimento de uma novidade e outra não espera que a anterior finalize.
Além disso, a própria pandemia da covid-19, mais uma vez, também foi uma luta contra a não-linearidade, principalmente em relação à forma tão rápida que a infecção se espalhou nos primeiros meses. E o próprio conceito de “achatar a curva” foi contra essa lógica.
Essa desconexão, além da fragilidade e a ansiedade, pode fazer com que uma pequena ação tenha uma grande consequência e, por outro lado, uma grande ação nem sempre cause um impacto tão considerável.
Incomprehensible (incompreensível)
Por último, mas não menos importante, o mundo BANI é incompreensível. Ainda que possa parecer um mundo regido pelas leis da lógica, a verdade é que essas não são suficientes para explicar o que está acontecendo.
É algo bastante paradoxal, pois mesmo com tantas informações, a incompreensão ainda existe. Isso acontece porque há falta de sentido em algumas respostas, muitas vezes em razão da capacidade de entendimento ser menor que a complexidade do evento.
A ciência, por exemplo, é uma das áreas mais afetadas por esse mundo incompreensível. O próprio conceito de incerteza científica é um reflexo disso. Ou seja, diante de tantos dados, esse campo de estudo, às vezes, não tem como chegar a uma resposta única e absoluta.
No entanto, dentro desse mundoI, isso passa a ser visto como parte do processo. Afinal, tudo se constrói sobre a incerteza. Por isso, essa área sempre terá espaço para crescer e evoluir.
Quem desenvolveu o conceito do Mundo BANI?
A percepção do mundo em contínua evolução é a uma noção antiga e a primeira visão sobre isso veio com o mundo VUCA, nos anos 80, durante a Guerra Fria.
Mas com as novas adversidades, foi surgindo a necessidade de trazer mais análises sobre os novos tempos. Por isso, o mundo BANI foi criado pelo antropólogo e futurologista norte-americano Jamais Cascio, ganhando força em 2020.
Nas palavras do próprio criador, “BANI é uma forma de melhor enquadrar e responder ao estado atual do mundo.”
Para ele, muitas mudanças que vemos acontecendo já são familiares, no entanto, há também aquelas que não são, se mostrando surpreendentes e completamente desorientadoras.
Por isso, na sua perspectiva, elas “não apenas aumentam o estresse que experimentamos, mas também o multiplicam”
É por isso que o mundo BANI aparece como mais uma resposta: não no sentido de resolução, mas de contínua compreensão do que se pode fazer diante dos problemas.