Categorias
Sem categoria

Como a tecnologia exponencial está mudando a agricultura

É impossível falar na história da humanidade sem falar da agricultura. Afinal, foi com a domesticação de plantas alcançada há cerca de 12 mil anos, no período neolítico, que deixamos de ser caçadores e coletores nômades para nos fixarmos à terra. A civilização humana como a conhecemos teve seu início ali, incluindo o desenvolvimento das primeiras tecnologias, ainda ferramentas feitas de pau e pedra, e a organização de sistemas de conhecimento.

Agricultura, tecnologia, conhecimento. Esses três elementos da história humana estão vivendo um reencontro especial nos últimos anos, graças à aplicação de sofisticadas inovações ao cultivo de alimentos no campo, como aplicativos que usam inteligência artificial para apontar o momento certo de colocar as sementes na terra, drones para monitoramento, irrigação e administração de agrodefensivos e uso de blockchain para registrar todo o histórico de cada produto.

Drones são o novo arado

A MIT Technology Review listou seis usos possíveis para os drones na agricultura: análise do solo, plantação, aplicação de agrodefensivos, monitoramento da safra, irrigação e controle de pragas. Com as aeronaves não tripuladas, é possível, por exemplo, aumentar em 75% a taxa de absorção de nutrientes com uma redução de 85% nos custos, ou mesmo diminuir o uso de agrotóxicos graças a uma aplicação mais controlada e inteligente, causando danos menores ao meio ambiente.

Relatórios da PwC indicam que o mercado de drones para agricultura tem valor estimado em US$ 32 bilhões. Já o Bank of America Merrill Lynch projeta que este mercado representará 80% do setor de aeronaves não tripuladas até 2025.

Um SMS avisa a hora de semear

Na Índia, agricultores dos estados de Kartanata e Andra Pradesh vêm usando inteligência artificial para saber o período ideal das semeaduras. O sistema foi desenvolvido pelo Icrisat, instituição de pesquisa sem fins lucrativos que atua na Ásia e na África Subsaariana, em parceria com a Microsoft. A tecnologia foi implantada sem nenhum custo para os camponeses; tudo o que eles precisam é de um celular simples para receber as SMS com as melhores datas para colocar os grãos na terra.

Em junho de 2016, cerca de 170 agricultores do vilarejo de Bairavanikunta, que estavam participando do projeto piloto, deixaram para semear apenas no final do mês — o conhecimento tradicional e centenário da região diz que o correto é fazer isso na primeira semana. O resultado foi uma colheita 30% maior que o esperado.

Hoje, o software de inteligência artificial já atende a mais de 3 mil camponeses. Além disso, o sistema da Icrisat também fornece estimativas de preços de commodities, baseando-se em dados sobre as condições de tempo, o que pode fazer a diferença para governos e administradores na hora de planejar seus orçamentos.

A iniciativa não é a única a combinar inteligência artificial e agricultura. A Infosys vem desenvolvendo o Plant.IO, um projeto de código aberto que combina sensores, aprendizagem de máquina e realidade aumentada para que lavradores possam saber exatamente quais são as necessidades de água e nutrientes de suas plantações.

Blockchain: dos Bitcoins para os tomates

Mesmo o blockchain, a tecnologia de registro distribuído de dados por trás do Bitcoin e de outras moedas digitais, pode ser aplicado ao cultivo de produtos vegetais. Um exemplo disso é a startup Ripe. Fundada por dois ex-executivos do mercado financeiro — Raja Ramachandran, com passagem pela Wells Fargo, e Phil Harris, com experiência na Nasdaq —, a empresa conseguiu monitorar 200 tomates de 20 diferentes plantações de uma fazenda de 180 acres de Boston.

A propriedade é fornecedora da rede de restaurantes Sweetgreen, especializada em saladas e alimentos frescos. O projeto demonstra que é possível ter um rastreamento detalhado de cada item desde sua origem graças ao blockchain. Isso é bastante valioso para empreendimentos que valorizam a qualidade de seus produtos.

Combinadas, essas invenções nos ajudam a alcançar produções cada vez maiores, com impacto ambiental menor e uso mais eficiente dos recursos. A mais nova revolução agrícola é a revolução exponencial, que usa a tecnologia para alimentar a humanidade.

http://www.f451.com.br/assinaturas/petruska_canet.jpg

 

Leia também sobre as características das organizações exponenciais.

Categorias
Sem categoria

Como escolas irão formar os protagonistas da criação do nosso futuro

Sejamos sinceros: aquele mundo em que fazer uma boa faculdade era garantia de um bom emprego e de sucesso na carreira não existe mais. Afinal de contas, segundo uma pesquisa da Dell e do Institute for the Future (IFTF), 85% das profissões de 2030 ainda não existem. E, como não poderia deixar de ser, isso tem um impacto enorme na educação das próximas gerações.

As escolas e universidades cada vez mais se valem de recursos tecnológicos. Usar tablets na sala de aula e projeções 3D para uma melhor compreensão da matéria ou mesmo aderir à lógica dos games para gerar engajamento são formas de atender às demandas de uma geração que se relaciona com a informação e o conhecimento de maneira muito mais dinâmica.

Aliás, se a vida profissional e a sociedade como um todo estão mudando radicalmente, não faz mais sentido querer que a educação esteja restrita à memorização e ao acúmulo de informação. Os alunos precisam aprender a inovar desde cedo, para que possam ser protagonistas na criação desse novo mundo.

Uma sala de aula de cinema

Não dá para querer que crianças que cresceram brincando com videogames e celulares prestem atenção a um mero quadro negro e se dediquem somente a decorar o conteúdo. Se já estamos acostumados a colocar óculos para ver filmes no cinema, por que não levar o acessório para as escolas?

No futuro, nossos filhos poderão visualizar matérias que, antigamente, demandavam bastante imaginação dos alunos, como temas de química e biologia. Ao menos 13 colégios paulistanos já contam com projetores 3D para auxiliar professores nas explicações sobre detalhes da anatomia do corpo humano, particularidades dos diferentes tipos de triângulos, formato das estruturas moleculares de diversas substâncias e viagens pelos planetas mais distantes de nosso sistema solar.

Aprender brincando

Você certamente já se deparou com uma criança jogando ou vendo vídeos em um tablet. Não é à toa que dispositivos desse tipo são vistos como grandes aliados da educação. Algumas startups, inclusive, já exploram o potencial de ferramentas desse tipo.

É o caso da catarinense Playmove, que desenvolveu a mesa educativa PlayTable. Dotado de uma tela full HD de 21,5 polegadas, conexão Wi-Fi e tratamento resistente a choques e líquidos, o equipamento traz jogos e atividades para crianças com mais de três anos sobre diversos temas. Outro foco do produto é a acessibilidade, pois permite a utilização por alunos com necessidades especiais.

Segundo a Playmove, a PlayTable já foi adotada por mil instituições de ensino em todo o Brasil. A empresa foi convidada para participar da Spielwarenmesse, maior feira de brinquedos do mundo, em Nuremberg, na Alemanha. Além disso, a startup recebeu um aporte de R$ 2,6 milhões ao se tornar parte do fundo Criatec 3, que tem o BNDESPar como principal acionista.

Além de auxiliar no engajamento dos alunos, a chamada “gamificação” — nome dado à integração da lógica dos games a outras atividades — também desenvolve novas habilidades.

O pesquisador e professor de tecnologia digital Francisco Tupy trabalhou em seus estudos com o conceito de “media literacy” nos jogos, como é chamada a capacidade de entender, avaliar criticamente e criar diversas formas de mídia, como textos, programas de TV e, é claro, games. Em um mundo cada vez mais cheio de fake news, isso é essencial para formar os cidadãos do amanhã.

Educação para protagonizar o futuro

Inovar e empreender também são habilidades e, como tais, podem ser desenvolvidas com o auxílio da educação. Essa é uma das tônicas do projeto EdgeMakers, criado pelo ex-professor de Harvard John Kao. O sistema integra disciplinas de criatividade, design thinking e empreendedorismo à grade curricular a partir do sexto ano do ensino fundamental. Pelo menos 500 alunos de escolas brasileiras já participaram de pilotos da novidade.

Outra iniciativa que pretende capacitar jovens para que eles possam criar o futuro em que viveremos é a School 42. Fundada pelo bilionário francês Xavier Niel, a 42 já tem duas unidades — uma no Vale do Silício, nos EUA, outra em Paris, na França — e pretende dar aulas de programação para 10 mil pessoas nos próximos cinco anos. Os cursos são gratuitos e bastante concorridos. Não há professores na sala de aula, e os programas contam com alta carga de estágios, projetos práticos e muita, mas muita gamificação.

Desenvolver a capacidade de resolver problemas e encontrar soluções inovadoras parece ser o grande desafio da educação para os próximos anos. O futuro se apresenta como uma tela em branco, e cabe a nós e às próximas gerações ter a competência para preenchê-lo com novas formas e cores.

Categorias
Sem categoria

A estreia do SingularityU no Brasil – Parte 4

A sétima e penúltima sessão do evento começou com dados animadores sobre energia. Ramez Naam, que nasceu no Egito e cresceu nos EUA, é um cientista e futurólogo que atua a favor do meio ambiente através da energias limpas.

Depois da introdução sobre o declínio da indústria do carvão, Naam mostrou os números de queda exponencial dos preços das energias eólica e solar. A troca das nossas fontes de energia é uma realidade cada vez mais acessível para todos os consumidores e benéfica para o nosso planeta. “O preço da energia eólica vai cair pela metade nos próximos 15 anos e chegar a 4 centavos de real no Brasil”, prevê. E conta que na Índia a energia solar já é mais barata do que o carvão. Uma boa observação foi a de que o vento e o sol são fenômenos complementares. Então é muito fácil ter essas duas fontes energéticas juntas. Naam também previu o fim da era do petróleo e afirmou que os carros elétricos já são uma realidade, mostrando os modelos que as marcas já estão introduzindo no mercado. “O crescimento anual será de 58%”. Animador.

A administradora mineira Mariana Vasconcelos vem revolucionando a área agrícola desde 2015, quando criou um aplicativo que poupa água e ganhou uma bolsa na Singularity University. De lá para cá ela atua na Agrosmart, uma plataforma de agricultura digital que orienta o agricultor sobre as melhores condições para uma boa safra. “Víamos investimento de tecnologia estrangeira em construção, medicina… mas não na agricultura”, observa. Hoje o Brasil é o maior exportador de café, cana-de-açúcar e laranja, mas o nosso solo está se degradando com a poluição e a cada grau que a temperatura ganha, se perde 2% de atividade agrícola. O objetivo de Mariana é ajudar o pequeno produtor a não perder tempo e nem colheita e ainda evitar o uso de agrotóxicos. “Hoje o consumidor se preocupa com a procedência do alimento e até com a remuneração justa do agricultor”, observa. E a lição dessa incrível palestra foi: “apaixone-se pelo problema e não pela tecnologia”. Afinal, a tecnologia fica obsoleta e o problema persiste. “O que é preciso fazer para a agricultura dar certo é mudar a nossa mentalidade. É possível fazer um modelo sustentável”, afirma ela.

Encerrando a sessão, Fabio Teixeira trouxe ao palco o pequeno satélite que pretende lançar ao espaço no final de 2019. Ele é fundador da Hypercubes, empresa criadora do satélite autônomo capaz de monitorar o solo terrestre com precisão através de um estudo da luz. Por isso ele chama de missão Pink Floyd – ele vestia uma camiseta com a capa do disco Dark Side of The Moon. “O Hypercubes consegue estudar a luz e como ela interage com a matéria”, explica. O satélite consegue orbitar a Terra a cada 90 minutos e, com inteligência artificial, enviar dados de forma muito mais barata do que os satélites convencionais.

A última sessão do evento, intitulada “O Surgimento de Uma Nova Era” contou com um único palestrante: David Roberts. Ele foi introduzido pelo CEO da HSM, Guilherme Soárez, como o grande professor da Singularity University. Roberts entrou em cena mostrando gráficos de medição de PIB (onde o Brasil se sai bem), PIB per Capita (onde o Brasil se sai mal) e de felicidade (onde o Brasil se sai excelentemente). Conclusão: a riqueza não condiz com a felicidade e nós somos muito felizes, obrigada. “Vocês preferem ser felizes ou ricos”?, desafiou. Os países escandinavos possuem os melhores PIB per Capita do mundo, mas no gráfico de felicidade… estão lá atrás. Durante quase duas horas, Roberts fez previsões para um futuro próximo nas mais diversas áreas: falou sobre carros voadores, o impacto de moedas únicas para vários países, o conceito de estar num lugar de forma física ou virtual. Ele criticou o muro de Trump e, com um certo tom de deboche, afirmou que as pessoas do México (e de qualquer lugar do mundo) continuarão a trabalhar nos EUA, agora através de robôs. Uma forma totalmente disruptiva de estar em determinado lugar. “Temos que acabar com o muro entre os que têm e os que não têm. Não está certo deixar pessoas morrendo de fome”. David Roberts também inspirou a plateia com situações comportamentais que podem ser aplicadas em qualquer campo de nossas vidas. (Como o vídeo do búfalo correndo atrás da leoa). Declarou que o maior mito em relação à automação é o de que ela pode roubar o emprego das pessoas e mostrou mais gráficos. Estes diziam que países com menos automação possuem maiores taxas de desemprego.

E depois de tantas ideias e reflexões sua mensagem principal foi clara quando enfatizou que antes de inovar, criar e usar a tecnologia, é preciso ter compaixão. Olhar para o outro, pensar na sociedade. “Se você quer mudar o mundo, mude a você mesmo. E o mundo ao redor de você vai mudar”.

#SUBRsummit

Categorias
Sem categoria

A estreia do SingularityU no Brasil – Parte 3

Hands on! No segundo dia do SingularityU Brasil Summit, a ordem é colocar a mão na massa e entender como utilizar ideias na prática.

Larry Keeley, estrategista de inovação, mostrou os gráficos – de seu livro “Dez Tipos de Inovação”- que detalham sua metodologia para pensar fora da caixa. Depois de elogiar a criatividade do Brasileiro – fala unânime entre os palestrantes internacionais – Keeley incentivou a plateia a quebrar paradigmas. “Esquece tudo o que você aprendeu sobre inovação até agora”, alertou. O planejamento da inovação começa quando existe uma previsão de suas consequências no futuro. Então Larry listou a fórmula:

1 – tem que ter tecnologia.

2 – tem que ser uma experiência incrível, que dê vontade de contar para os amigos.

3 – o preço precisa ser justo. Entre a explicação do método, a menção ao (ótimo) filme “Pantera Negra” e a crítica ao imenso gap de salários no Brasil, Keeley deixou uma mensagem de incentivo: “crie o seu próprio sistema”. Em seguida apontou que cases de economia compartilhada como Airbnb ou Uber não foram criados por um cientista de vanguarda no Silicon Valley. “Foram criadas por adolescentes que sentiram a necessidade de desenvolver um sistema que se adaptasse às suas realidades”. E desafiou a audiência afirmando que ainda não existe uma tecnologia made in Brazil com sucesso internacional.

Na sequência Plínio Targa subiu ao palco se apresentando como o “representante de um coletivo de pessoas que trabalha para a Braincare”. Ponto para o CEO, que já supõe uma gestão horizontal na empresa de saúde. O grande gol da Braincare Health Technology é o ineditismo no monitoramento de pressão intracraniana (PIC), de forma eficaz e não invasiva. Ou seja, acessar, modificar e monitorar a pressão do crânio humano é possível. Sim, nós temos um movimento de expansão e contração do cérebro intimamente ligado ao ritmo cardíaco. E a nova tecnologia serve para tratar diversas patologias como AVC, aneurisma cerebral, cefaleia, traumas e hidrocefalia.

Tonia Casarin, uma mulher apaixonada por crianças entrou em cena munida de dados sobre inteligência emocional. Para a educadora, não há tecnologia melhor do que a humana. Preparar as crianças é a sua prioridade. “60% das crianças que estão na escola primária vão trabalhar em empregos que ainda não existem”, afirma. “E como prepará-las para um futuro que a gente não sabe como vai ser”? indaga. Depois de contar que o período em que as crianças desenvolvem maior atividade cerebral é até os seis anos, Tonia sugeriu que os pequenos entendam: o eu (quem sou, o que me motiva), o outro (como ter empatia) e o mundo (como se adaptar ao desconhecido). E por fim ela pontua: “a afetividade está diretamente ligada ao aprendizado”. Já é um bom começo para uma vida em sociedade.

A segunda sessão do dia se chamou “impacto positivo”. Francisco Araujo falou sobre tecnologia social e deu uma aula de inclusão. Ele começou com um reality check sobre o abismo social do Brasil, onde uma das previsões é o dobro de pessoas morando em favelas nos próximos 30 anos. “Temos os piores índices de ensino em ciência e matemática”, apontou. Depois disse que devemos olhar para quem não tem oportunidade e que os 35% que não estão conectados no Brasil correspondem a um desperdício de criatividade. Seu desejo é que as pessoas usem mais tecnologias para a área social.“Não adianta sonhar com futuros inclusivos se não formos inclusivos na hora de sonhar”, finalizou.

O norte-americano Raymond McCauley falou sobre biologia digital e genética. Depois de mostrar a queda exponencial do preço para sequenciar o genoma humano, ele mostrou suas previsões. “Que tal fazer bacon sem machucar um porco”? “E que tal identificar o câncer em estágios muito precoces, por meio de simples exames de sangue”? Se por um lado a leitura de DNA parece uma maravilha, por outro, o poder de modificar geneticamente um organismo é amedrontador. McCauley sabe disso e pergunta o que fazer quando você tem a tecnologia mais assustadora do mundo. A resposta é: “coloque-a nas mãos de uma criança de cinco anos”.

Encerrando a manhã, entra em cena o assunto que diariamente ilustra as editorias de economia em todo o mundo: blockchain e criptomoedas. O economista e especialista no assunto, Fernando Ulrich, explicou de forma didática o que é isso. “O bitcoin não pode ser reproduzido ou forjado. Pela primeira vez temos a escassez – antes inerente ao produto físico – no meio digital”. E finalizou explicando como funciona o conceito descentralizado da distribuição dos ativos através dos mineradores. “É a internet do dinheiro. Trocamos a carta pelo email. Agora estamos trocando ativos”.

Categorias
Sem categoria

A estreia do SingularityU no Brasil – Parte 2

A parte da tarde do primeiro dia do SingularityU Brasil Summit começou musicada. O diretor, designer e produtor musical Jarbas Agnelli tratou de inspirar o público com alguns vídeos, que foram exibidos acompanhados de uma orquestra ao vivo. O artista multimídia começou sua carreira dirigindo videoclipes (onde a música está em primeiro lugar) e produzindo trilhas sonoras para cinema (onde o filme está em primeiro): atividades opostas e complementares que têm o poder de aumentar a emoção. O trabalho audiovisual de Jarbas tem a característica de unir coisas distintas, buscar um ponto de encontro entre A e B e transformar o resultado em prazer. Ele apresentou o vídeo “Birds on the Wires”, que transformou em música uma foto de pássaros nos fios elétricos – e se tornou viral em 2009. Outro vídeo da série foi o processo criativo da composição de uma música para um bebê que ainda não tinha nascido. “Descobri que tinham 7 números principais que definem um bebê no ultrassom. Chamamos um matemático que criou a fórmula com 7 números e 7 notas para compor a canção ‘Sinfonia da Vida’ como um presente para a mãe”, disse Agnelli, o cara que extrai música de todos os lugares e imagens.

A experiência lúdica de Jarbas deu lugar ao discurso disruptivo de Divya Chander, a neurocientista que usa o cérebro para ligar as máquinas aos humanos. Ela explicou como gerar um código neurológico de forma artificial e propôs a reflexão: “o que significa ter consciência?”. Suas ferramentas de leitura de cérebro são tão incríveis quanto os vídeos que apresentou. Um deles mostrava uma pessoa tetraplégica tomando uma bebida sozinha, pela primeira vez. Ela movia um robô com a força do pensamento ao mesmo tempo em que quebrava o paradigma do que é ser uma pessoa deficiente. A tecnologia de leitura de mente foi assunto no evento.

O palestrante Tiago Mattos arrancou muitos aplausos da plateia com um discurso extremamente coloquial. Sua palavras podem ser aplicadas agora mesmo em qualquer organização profissional. Spuas ideias de exploração das possibilidades do amanhã foram introduzidas com sua leitura sobre a economia. “Existem três economias: clássica, digital e pós digital, que chamo de economia quântica”. Dentre as dicas de como uma empresa deve se posicionar na era pós digital, ele menciona um ecossistema onde a empresa está em equilíbrio com sua própria equipe e inclusive com a concorrência. Onde todos são colaboradores. Depois de exemplificar – de forma engraçada – os vários perfis do quadro de funcionários num organograma, Mattos coloca à prova a definição de sucesso: “lucro? Não sei. Prefiro falar sobre compartilhamento, empoderamento, evolução, abundância e ecossistema”.

O último bloco do dia foi apelidado de “pragmatismo” justamente por mostrar as consequências reais, os desdobramentos práticos de muitas ideias.

A norte-americana Vivienne Ming emocionou ao falar sobre a importância do investimento nas crianças. “Quem pode ser essa pessoa?” pergunta ela antes de responder que o futuro são os pequenos. Ming é uma neurocientista e tecnóloga que tem a missão usar a inteligência artificial para salvar vidas. Entre seus projetos, ela mencionou o de localizar crianças num campo de refugiados através de um sistema de reconhecimento facial. E o sucesso do sistema que inventou (junto com sua esposa) que prevê quando a glicose de um diabético vai cair ou quando uma pessoa com transtorno bipolar terá uma crise.

Oswaldo Cruz encerrou a sessão com seus aplicativos de data science. Ele esmiuçou o InfoDengue, aplicativo colaborativo que – através de algoritmos e dados enviados pelas secretarias de saúde dos municípios – produz um relatório completo da situação da dengue. Esses relatórios voltam para os municípios para ajudar na prevenção e detecção da doença. Além do InfoDengue, ele mostrou o InfoGripe, que ainda não está operando. “Ainda é um desafio conseguir financiamento esse tipo de projeto”, aponta. E o mestre em saúde pública completa: “ainda trabalhamos com softwares da década de 90 e isso precisa mudar. O ministério, as autoridades, não modernizam o nosso sistema”.

#SUBRsummit

 

Categorias
Sem categoria

A estreia do SingularityU no Brasil

O dia começou com grande dose de otimismo para o futuro. O start da conferência da SingularityU Brasil Summit, foi dado pelos responsáveis por sua edição brasileira: Guilherme Soárez (CEO da HSM) e Francisco Milagres (Mirach Ventures). Partindo do princípio de que hoje vivemos num mundo exponencial, Soárez afirma que “não dá para achar normal que a pessoa bem sucedida é aquela que mora fora do Brasil. Ou que os carros sejam blindados”. A dupla enfatizou a capacidade do brasileiro. Vamos enxergar o futuro além da curva?

O cofundador da Singularity University – Peter Diamandis – se fez presente através de um vídeo onde afirmou que estamos vivendo um momento extraordinário. E que em breve a ausência física de uma pessoa não será mais contornada por vídeo, mas por seu avatar, projetado em tempo real. Esses avatares poderão entrar no meio de um incêndio ou participar de uma cirurgia à distância.

Na sequência, Thomas Kriese subiu ao palco com a notícia de que o último peixe pode ser tirado da água durante as nossas vidas. “Vocês acreditam nisso?”, indagou. Seu discurso enfatizou a ideia da acessibilidade tecnológica e da inteligência artificial. Sobre o futuro dos alimentos, Kriese previu a criação dos mesmos através da combinação de genes. Então seria possível produzir um peixe igualzinho ao peixe real.

O canadense Robert Muggah, especialista em desenvolvimento, migração e planejamento urbano entrou em cena afirmando que “as cidades são a chave para a nossa sobrevivência” e apresentou sugestões sobre como podemos interagir com elas de forma mais planejada. “O que Nova York demorou 150 anos para crescer, São Paulo cresceu em 25”, afirma. O crescimento está muito acelerado e traz consequências catastróficas. O segredo é alinhar a urbanização com a industrialização e o planejamento.

A segunda sessão da primeira manhã do SingularityU Brasil Summit tratou de paixão e inspiração. A astronauta da NASA Yvonne Cagle incentivou a plateia a fazer o impossível. Afinal, a menina de 10 anos que viu pela televisão o primeiro ser humano pisando na lua está quase realizando o seu sonho de repetir o feito. “Nós vamos a Marte e vamos voltar para a Lua em 2024, pode anotar!” Cagle estuda formas de sobrevivência e prevenção de problemas de saúde tanto na Lua quanto em Marte através de nanotecnologia e aponta formas de nutrição e cura de ossos e músculos através de uma técnica chamada lift.

Já para a artista plástica Joana César, a sugestão é exercitar o dom da criatividade que mora em todos nós. Ela foi uma menina “problema” que aos 20 anos não tinha um plano de carreira como a sociedade impõe. Aos 30 havia começado 4 faculdades. O caminho foi árduo até se dar conta de que era preciso ir além das barreiras de seu quarto e aprender a farejar que o modelo convencional de carreira não funciona para todo mundo.

Alex Paris, que reside em Bonn, na Alemanha, e faz parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima encerrou a manhã com um aviso de urgência: é preciso promover um declínio exponencial das emissões de CO2! Temos uma meta que é cortar pela metade em 2030. Esse pensamento vale tanto para os países, quanto para cidades e indivíduos. Alex acredita que o Brasil precisa ser mais ambicioso nesse quesito. A boa notícia é que a tão falada tecnologia blockchain também pode ser utilizada na preservação do meio ambiente.


#SUBRsummit

Categorias
Sem categoria

O papel do mindset de software na evolução de tecnologias para o consumidor

O mundo está vivendo e falando sobre a transformação digital. Mas o que isso significa de verdade? Como fazer parte com eficiência e garantir bons resultados?

Em primeiro lugar, é preciso entender que não existe uma fórmula. A mudança de mindset é crucial, justamente para planejar seus passos de acordo com esse cenário. Conhecido como mindset de software por implicar em agilidade e simplicidade, esse novo paradigma consiste em evoluir constantemente a experiência oferecida ao consumidor com base em suas interações e feedbacks. Ter um mindset de software é saber que mudanças vão acontecer e não ter medo disso.

Esse foco na experiência do cliente é o que vai permitir que as empresas respondam cada vez melhor e mais rápido à crescente demanda que se vê no mercado:

  • Segundo pesquisa realizada para o Google Brasil, 79% dos usuários de smartphones esperam obter informação imediata quando usam o aparelho para procurar informações na internet;
  • Segundo pesquisa da Take e Opinion Box, 70% dos consumidores estão dispostos a se comunicarem com as empresas pelo WhatsApp ou pelo Messenger, e mais de 50% preferem canais automatizados de comunicação.

Os consumidores estão mais informados e exigentes, e desejam reunir o maior número de informações sobre um produto de maneira instantânea. Tudo isso, é claro, recebendo o melhor e mais personalizado atendimento.

Assim, é necessário ouvir o feedback dos clientes e implementar as melhorias o mais rápido possível — algo que empresas como Google, Apple, Facebook e Amazon fazem muito bem.

E como começar?

Para evoluir a partir do feedback do usuário, é necessário, acima de tudo, ouvi-lo. Nesse contexto, a digitalização da comunicação é o primeiro passo, pois permite reunir uma grande base de dados de opiniões para análise e implementação das melhorias necessárias.

Uma forma interessante de adotar esse processo são os chatbots. Isso porque, por serem uma tecnologia de software, a comunicação neles já nasce digitalizada. Imagine, daqui a alguns anos, ter o histórico completo no banco de dados da sua empresa com todas as conversas você já teve com seus clientes. É um armazenamento de conhecimento muito poderoso para a sua evolução.

Mas, para oferecer soluções que prometem uma redução de custos anual de 8 bilhões de dólares até 2022, muitos são os cuidados. É super importante alinhar o canal à estratégia, pensar na experiência que você deseja oferecer e, claro, estar pronto para recolher os feedbacks dos usuários e evoluir a partir deles.

Assim, esses novos recursos são capazes de fornecer dados para a evolução da tecnologia e ainda oferecem experiências mais ricas aos usuários, que conseguem solucionar seus problemas com rapidez e mais uma série de comodidades — novamente, a um smartphone de distância.

Então fica o recado: precisamos evoluir depressa, sem esquecer do consumidor. Tecnologias alimentadas pela inteligência artificial não vieram para substituir, mas para agregar. Pensar em como utilizá-las em prol dos consumidores é o que vai permitir que estejamos preparados: para a transformação digital, para a digitalização da comunicação e para todas as pessoas que desejarem dar um “oi” para a gente.

Texto escrito pela empresa Take

Categorias
Sem categoria

A tecnologia e a inovação na transformação do setor de segurança brasileiro

Por muito tempo o setor de segurança brasileiro ficou acomodado no quesito tecnologia, pautando-se como simples agenciador de mão de obra para operações. A transformação do mercado privado faz com que as empresas avancem como provedores de soluções, englobando tecnologia de ponta, consultoria para customização de processos e capacitação de profissionais especializados.

O futuro da segurança passa pelo desenvolvimento de tecnologias inteligentes e pela habilidade de aplicá-las nos processos. Esse desenvolvimento pode se dar incrementando e melhorando as fases existentes ou, ainda, criando tecnologias disruptivas que transformam totalmente os mercados.

Mais do que nunca, as empresas buscam oportunidades para criar e apresentar para o mercado soluções inovadoras.

Novas tecnologias na segurança

A grande aposta do mercado é na Inteligência Artificial (IA). Na verdade, sistemas inteligentes já fazem parte do dia a dia das pessoas. Google, Apple, Microsoft e Amazon, por exemplo, utilizam a IA em produtos criados para facilitar o cotidiano de seus usuários. Em hospitais modernos, os médicos já realizam diagnósticos assistidos por sistemas inteligentes.

O mercado de segurança privada também vem se transformando por conta do avanço tecnológico. Mas se as soluções de IA ainda não são uma realidade do dia a dia da segurança, nota-se que toda a tecnologia está se moldando para oferecer esse tipo de recurso. Os grandes players certamente estão acompanhando as movimentações no Brasil e no exterior, e não vão deixar de surfar esta onda.

Requisitos

Essa evolução vem se tornando viável graças à popularização de algumas tecnologias que se desenvolveram nos últimos anos, como a Internet das Coisas (IOT), Vídeos Analíticos, processados em GPU, Computação em Nuvem, Big Data, Smart Data e Machine Learning, que são requisitos e complementos para a Inteligência Artificial (IA).

Acesso

O futuro da segurança será conduzido pela tecnologia. Os modelos de acessos a recursos antes restritos ao mundo de TI já se tornaram cada vez mais aplicáveis à segurança.

Para aplicar o conjunto de tecnologias será necessário uma forma colaborativa entre os clientes finais e os provedores das soluções. O cliente final participa compartilhando o seu conhecimento relativo às suas atividades, rotinas, forças e fraquezas. É importante também determinar as expectativas.

Já o provedor de soluções deverá ser capaz de fazer uma análise completa de riscos de vulnerabilidades, selecionar as tecnologias mais adequadas a cada necessidade, mapear detalhadamente os processos e modelar os procedimentos operacionais para que esses atendam às expectativas.

Texto da Gocil Segurança e Serviços, apoiadora do SingularityU Brasil Summit, evento sobre a fomentação do setor de tecnologia, que acontece pela primeira vez no Brasil.

Categorias
Sem categoria

Big Data e Data for Good: como os dados podem ajudar a humanidade

Imagine se os mesmos algoritmos que nasceram para gerar lucro em grandes empresas começassem a ser utilizados para trazer mais alcance à iniciativas que ajudam a sociedade. O Movimento Data for Good, criado por cientistas de dados estadunidenses, tem esse objetivo: fazer com que os dados atuem para o bem da humanidade, trazendo mais precisão e novas possibilidades para iniciativas de impacto social e organizações sem fins lucrativos.

 

Chamamos de Big Data um grande conjunto de dados armazenados. São dados complexos, os quais são impossíveis de serem interpretados por processamentos tradicionais. Usa-se como definição de Big Data três fatores: volume, velocidade e variedade. ​Para constituir o que é chamado de Big Data, é necessário que haja registros suficientes a fim de que se possa extrair informações relevantes. Nesse sentido, os dados não devem ser específicos, mas reunidos em múltiplos formatos e de diversas origens; é importante a variedade nos tipos de dados registrados no Big Data para promover insights significativos.

 

A eficácia e a potencialidade do Big Data para solucionar problemas são grandes, uma vez que grande parte dos países do mundo compreendem dados de desenvolvimento social. No entanto, interpretar estatísticas é muito mais do que ter uma lista enorme de porcentagens. Jake Porway, fundador da Data Kind, diz em artigo para O’Reilly Media​ que, apesar da grande quantidade de indicadores sociais de países, a maioria deles são quase impossíveis de serem utilizados para a tomada de decisões ou análises estatísticas.

 

“A promessa de uma sociedade data-driven ​(sociedade orientada por dados) depende da disponibilidade de mais dados instantâneos e acessíveis como recurso para olhar para o futuro, não somente como um fóssil para olhar para trás”, destaca. Para Jake Porway, é preciso entender que é necessário encontrar os problemas antes de pensar as soluções, e por isso as organizações e países precisam melhorar a qualidade dos dados obtidos.

 

Nos últimos anos, para melhor orientar o uso da ciência de dados pelo poder público, empreendedores de impacto social e organizações sem fins lucrativos, foram desenvolvidas apoiadoras e capacitadoras voltadas para o impacto social como a ​Data Kind​, ​Beyond Uptake​ e o Laboratório SGB do ​Social Good Brasil​.

 

Data for Good no mundo

 

Um dos ​grandes casos de Data for Good liderado por empresas é o da GSM

Association, que com o apoio de 20 operadoras de telefonia móvel lançou um programa em que usa as capacidades do Big Data das operadoras para enfrentar epidemias, crises ambientais e catástrofes naturais. A Microsoft também tem seu projeto de ciências de dados para o bem​, mas para melhorar o sistema de saúde. Eles montaram um grupo de analistas para interpretar dados anônimos de pacientes, coletados por diversos anos, em busca de fatores que pudessem reduzir a taxa de retorno e melhorar tratamentos.

 

A cidade de Estocolmo, na Suécia, está mapeada digitalmente para guiar os cidadãos cegos por áudio nas ruas. Quem desenvolveu a tecnologia foi a empresa Astando, que nomeou a ferramenta de e-Adept​.  No Brasil, a ​Operação Serenata de Amor examina contas públicas de deputados brasileiros em busca de​     irregularidades. Foi dessa forma que a Data Science Brigade encontrou uma maneira eficiente de combater a corrupção: quando a Operação Serenata de Amor encontra dados suspeitos, ela publica a informação no Twitter e aguarda a manifestação do deputado correspondente.

 

O lado humano no Big Data

 

É fundamental que as soluções Data for Good sejam criadas em parceria com as pessoas que serão beneficiadas ou que vivem as realidades pesquisadas. Começar as análises com os problemas, não com os dados, é uma das sensibilidade importantes. Mas não é somente isso: o cientista de dados precisa garantir que as soluções encontradas nos números serão sustentáveis para a realidade das organizações e dos usuários e considerar as limitações de recursos, estruturação de dados, proximidade com a linguagem analítica, entre outros problemas encontrados no setor social.

 

Na sensibilidade de avaliar com empatia as necessidades das pessoas e das organizações que está o fator humano necessário para o Data for Good. É fundamental a presença do indivíduo que saiba fazer as perguntas certas, se coloque no lugar do outro, conheça a realidade que será transformada e coordene as interpretações dos dados. “Um mindset crítico e inovador é construído através da aliança de manifestações orgânicas à inteligência analítica. Neste contexto, é fundamental compreender que a análise de dados nada mais é que a decodificação do comportamento humano imerso em rastros digitais”, diz Dierê Fernandez, cientista de dados que faz parte do Movimento Data for Good no Brasil.

 

Texto de Social Good Brasil

Categorias
Sem categoria

Alta tecnologia e simulação da realidade: o impacto gerado pelos simuladores de direção no país

As novas tecnologias – e sua notável contribuição para o aumento da segurança em diversos segmentos de atuação – podem e devem ser utilizadas como ferramentas de apoio à evolução da nossa sociedade. Nesse sentido, contar com motoristas melhor preparados para reagirem às mais diversas situações e promover um trânsito mais seguro e sustentável são as principais vantagens que se pode alcançar com essas tecnologias.

Comprovada por especialistas, pesquisadores e acadêmicos, a eficácia dos simuladores de direção começou a ser pesquisada no Brasil há quase dez anos. Em 2009, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), por recomendação do Ministério das Cidades, encomendou um estudo à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para aprofundar o conhecimento do país sobre o assunto e introduzir a prática simulada na formação de motoristas na categoria B.

Hoje, os simuladores de direção veicular são uma realidade para quem almeja adquirir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria B, contribuindo significativamente para o processo de formação de condutores brasileiros. Conhecida como pré-prática, essa etapa do processo de formação de candidatos promove o exercício de 5 a 8 horas/aula no equipamento, nas quais os condutores são submetidos a situações adversas, difíceis de serem vivenciadas em aulas práticas reais.

Em busca de resultados positivos em prol de um trânsito mais seguro, cerca de 3,5 milhões de candidatos à obtenção da CNH já passaram por mais de 12 milhões de aulas, em um dos 5 mil simuladores instalados por todo o Brasil, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Simuladores Profissionais – ANFASP, gerando uma formação com mais qualidade e segurança.

SIMULADORES DE DIREÇÃO

Em 2016, em uma ação inovadora, o SEST SENAT instituiu o Projeto de Capacitação com Prática de Direção Simulada, com foco no aperfeiçoamento de motoristas autônomos e de empresas de transporte de cargas e de passageiros por meio da utilização de simuladores de direção de veículos pesados.

Amplo e com foco no desenvolvimento profissional desses motoristas, o projeto inicia um importante avanço para a segurança no trânsito, para a redução de custos das empresas e para a eficiência energética. Os 30 cursos de Capacitação com Prática de Direção Simulada abordam desde a condução antecipatória e a condução em situações de risco até o uso de tecnologias embarcadas e as manobras com veículos pesados.

Como estratégia didática e pedagógica, o simulador de direção é uma ferramenta importante e eficaz para os treinamentos tanto para motoristas iniciantes quanto para motoristas experientes. Ele possibilita vivenciar, em um ambiente controlado por meio de softwares específicos, diversas situações e condições de trânsito, permitindo o ensino das técnicas e dos hábitos corretos de direção. O potencial didático da ferramenta também é de grande relevância para os instrutores, pois permite um feedback mais eficaz da condução dos treinandos mediante a análise de relatórios que contêm os erros e acertos apresentados no trajeto, possibilitando a correção imediata do comportamento inadequado e a prática correta da condução do veículo a fim de alcançar uma maior segurança e economicidade.

Para se ter uma ideia do potencial do projeto para todo o setor, segundo Sondagem realizada pela Confederação Nacional do Transporte – CNT[1], 48,2% das empresas que já ofertaram capacitações diversas a seus empregados já reduziram em até 6% o consumo de combustível. Além disso, o treinamento de motoristas com foco em condução econômica pode representar uma redução de 12% ou mais no consumo de combustível.

Se projetarmos toda a economia da qual o setor de transporte poderá se beneficiar ao longo dos anos, considerando que o preço médio do litro de diesel gira em torno de R$ 3,53 e que cada litro de diesel queimado emite 3,2 kg/CO2 (IPEA/2011), percebem-se a quantidade de toneladas de CO2 que serão evitadas na atmosfera e o montante de gastos com combustível e manutenção de veículos que poderão ser revertidos em investimentos pelas empresas de transporte e pelos motoristas autônomos. Em um mundo cada vez mais focado em sustentabilidade, essa é uma ação de enorme impacto para o setor.

Portanto, os treinamentos realizados no simulador de direção para motoristas profissionais ratificam, de forma definitiva, um compromisso com a sustentabilidade, uma vez que a prática simulada possibilita uma significativa redução do impacto ambiental, uma diminuição do custo de operação das empresas de transporte e dos autônomos de todo o Brasil, além do aumento da segurança no trânsito.

Planeja-se que, até o final de 2019, o projeto esteja presente em 203 unidades do SEST SENAT, abarcando todos os estados brasileiros. Vale destacar que, atualmente, já existem 75 simuladores de direção em funcionamento, mais de 11 mil alunos matriculados em quase 1.500 turmas e mais de 17 mil horas de prática simulada realizadas[2].

Projetos como esse ressaltam a importância da utilização de novas tecnologias para o aprimoramento de conhecimentos, a conscientização e o desenvolvimento técnico dos motoristas profissionais responsáveis pelo transporte de cargas e passageiros do país.

[1] CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Sondagem CNT de Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas. Brasília, 2015.
[2] Dados do SEST SENAT extraídos no período de 1º/10/2016 a 12/4/2018.