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De Volkswagen à Justin Bieber: como o Brasil utiliza a inteligência artificial de deep fake?

Tecnologias que se utilizam de inteligências artificiais estão produzindo vários ruídos, principalmente quando são utilizadas em alguma produção estética cultural. Isso não é novidade. Desde o começo do ano, o ChatGPT circula como uma alternativa e um instrumento que pode ajudar na prática do dia-dia, por exemplo e cada vez mais nossas ações se beneficiam destes novos instrumentos de automação.

Nessa semana, quem causou outro alvoroço foi campanha institucional da Volkswagen, que recriou a cantora Elis Regina – morta há 41 anos – para reencontrar sua filha, Maria Rita, em um dueto. No vídeo, Elis e Maria Rita estão dirigindo uma kombi, cada uma delas com o respectivo veículo de seu tempo cronológico, mas se encontram pelo caminho, cantando a música “Como nossos pais”, do Belchior.

A técnica usada para recriar este acontecimento, no comercial “Gerações”, se chama deep fake (deep learning + fake). Se trata do uso de uma inteligência artificial para criar vídeos, áudios, falas que não são verdadeiras, mas produzidas com uma inserção externa que não estava no conteúdo original.

Em 2017, uma febre aconteceu no Brasil: a troca de rostos e imagens de pessoas. Tal como o ChatGPT, este tipo de construção ficou aberta para quem quisesse, incluindo um plug-in famoso no Facebook, e vários aplicativos deixavam essa façanha muito próxima de qualquer pessoa com acesso ao conhecimento desta tecnologia e com internet.

Naquele momento houve uma discussão sobre os dados, que são fornecidos nesta pequena e inocente brincadeira. Com o tempo, a inteligência artificial passou a se recriar, ao ponto de algumas ferramentas que utilizam esta tecnologia deixassem seu código aberto.

Assim, ao mesmo tempo em que utilizava a tecnologia de machine learning, foi permitido que os usuários treinassem esse instrumento. Com o tempo, além da substituição, a rede neural passou a mapear o rosto de uma pessoa, unir ao corpo de outra e cada vez mais parecer ‘natural’ ou ‘verdadeiro’.

Então, com o passar dos anos, essa tecnologia performava leituras mundiais e tinha um sistema de feedback que permitia uma melhor execução a cada prática. Portanto, cada vez que os usuários utilizavam a imagem/vídeo ou faziam críticas ao processo, ele continuamente ia se aperfeiçoando.

Com o tempo, este software passou a ter uma melhor eficiência e conseguir estruturar melhores produtos com o montante de dados que foi reunido. Hoje o deep fake atua até de forma regenerativa, com alguns aplicativos de fotos e geração de imagens, que sugestionam ser as mais interessantes para aquela iniciativa.

Iniciativas brasileiras utilizando inteligência artificial

Em 2020, a Agência Pública já destacava que o uso de deep fakes era algo comum na vida do brasileiro. Naquele momento, éramos o segundo maior mercado do mundo neste quesito e o uso de novas tecnologias circulava em diversas camadas sociais.

Tal como no comercial da Volkswagen, Zico, lenda do Futebol e ídolo do Flamengo, teve um momento com seu pai, em um comercial do Mercado Livre, onde conversava e o ouvia mais uma vez, graças a produção de uma Inteligência Artificial.

Ainda sobre propagandas, a Samsung trouxe diferentes ‘Maísas’ em sua propaganda de Black Friday, em 2021, e fez esta brincadeira, com a atriz do passado e do presente, simultaneamente, para chamar atenção do seu público. Em outro momento, a NotCo usou uma inteligência artificial regenerativa para fazer as pessoas imaginarem animais ao fim de sua expectativa de vida, sem necessariamente passarem por um abate.

Maisas na propaganda da Samsung, na Black Friday 2021 (Divulgação)

Mesmo não sendo um uso efetivo de IA, é comum no entretenimento brasileiro utilizar remixes e ouvir músicas modificadas. Paramore e Péricles estão muito mais conectados do que pensamos, por exemplo. Mas, além disso, as vozes estão tomando outro rumo e novos covers utilizando IA estão ficando cada vez mais comuns.

Este ano houve uma polêmica sobre direitos autorais de vozes utilizadas para produzir músicas. As gravadoras e os artistas se reuniram para se protegerem desta nova oportunidade, que enxergam como ameaça, mas as reproduções continuam. O YouTube é recheado de covers inimagináveis até alguns anos atrás, como Freddie Mercury cantando Thriller, de Michael Jackson.

O uso destas inteligências artificiais é muito aproveitado no entretenimento brasileiro. Há muitas páginas de redes sociais que utilizam esta tecnologia como brincadeira. Alguns viram até personalidades, como o Justin Bieber brasileiro, por exemplo, que utilizava um aplicativo do Facebook com esta tecnologia de Deep Fake, ou o Manoel Gomes (famoso pelo hit Caneta Azul), que tem covers de clássicos nacionais.

Os exemplos são variados – temos até Will Smith baiano (brasileiro) que usa o aplicativo Impressions para modificar o seu rosto – e este tipo de utilização criou até um nicho que disputa espaços no mundo do entretenimento digital: Os sósias não fazem uso de nenhum aplicativo – são apenas parecidos com as personalidades mundiais – e fazem questão de se diferenciar destes famosos digitais, que utilizam Inteligência Artificial para ficarem semelhantes com estes ídolos mundiais.

Mais do que pensamos e menos do que parece: Quais os cuidados necessários que devemos tomar com esta tecnologia?

Deep Fake é algo comum em nossa realidade social digital. As redes sociais estão permeadas por estes acontecimentos, desde memes até vídeos que são usados politicamente para alguma estratégia. O famoso discurso falso, do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, produzido em 2017, mostrou isso. Vários pesquisadores mundiais destacaram e deixaram claro o tipo de cuidado que devemos ter sobre o uso deste instrumento.

Na época, vários problemas foram levantados sobre isso e que nossa atenção deveria ser mais cuidadosa. Hoje a Kaspersky, empresa global de antivírus, destaca que há um mercado (em alta) com essa tecnologia na dark web e é preciso um cuidado maior para enxergarmos como estes usos acontecem em nosso cotidiano.

O “Fake Obama” foi criado com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o poder da IA, em 2017 (Fonte: Divulgação)

Recentemente, houve o caso do vídeo de Zelensky, Primeiro Ministro da Ucrânia, em que declarava o fim da guerra contra a Rússia e que seu país estava rendido. Isso voltou a chamar atenção e criar uma preocupação para sabermos como é utilizado. Por isso, é necessário compreender que tipo de produto cada um de nós estamos consumindo, mesmo que chegue por Whatsapp ou pessoas confiáveis, além de procurar fontes de informações verdadeiras.

Agências de fatos e informações, páginas de notícias e repetições das mesmas informações em portais internacionais podem ser um caminho para verificar se nosso consumo nas redes sociais é verdadeiro ou modificado pela construção de uma pessoa que utilizou inteligência artificial.

Por isso, precisamos tomar alguns cuidados e fazermos trabalho de verificação. Nesse sentido, é necessário tomar conhecimento sobre a autoria (pois há escrita por inteligências artificiais e sem comprometimento ou responsabilidade da situação) do produto. Além disso, verificar o perfil da primeira mensagem ou de onde se sucedeu, pois há falsas personas feitas nas redes sociais (que já são criações de IA também).

Outro ponto muito discutido e que precisa de atenção é desconfiar de transmissões ao vivo. Já existem aplicativos, como o DeepFaceLive, que conseguem fazer lives e transformar o rosto da pessoa que está falando. É importante e crucial compreender quem é o autor e como a situação está sendo construída para nosso consumo. Mesmo que apenas ‘passamos tempo’ nas redes sociais, o terreno não é tão inocente quanto parece. 

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Expert da SU lança livro sobre Futuro do Trabalho no Learning Village

Ontem (28/06) o 1º Hub de Inovação e Educação da América Latina, Learning Village, foi palco de um encontro muito especial. Gary A. Bolles, expert Global em Futuro do Trabalho da Singularity University, esteve presente e fez o lançamento de seu novo livro em pleno Learning Village.

O especialista apresentou sua mais nova obra traduzida para o português no Learning Circle, um clube de estudos, negócios e networking exclusivo para sócios, C-levels e executivos formados pela HSMSingularityU Brazil, Learning Village e B2B. 

A comunidade do Learning Circle reúne conhecimento de ponta, aprendizado direto com os maiores experts e mentores do mundo, além de experiências de alto nível para construir conexão entre os membros, que aproveitaram para uma sessão de autógrafos com o especialista em Futuro do Trabalho.

Gary Bolles lançou o livro “As Próximas Regras do Trabalho” no Learning Village, no dia 28/06/2023

Seu livro “As Próximas Regras do Trabalho” trata-se de uma maior percepção sobre o presente e em como ele participa da construção de trabalho no futuro, que vai precisar compreender as disrupções que estão acontecendo por conta das inteligências artificiais. Além disso, Gary também trata sobre questões de liderança e formas flexíveis de trabalho nas suas obras, além de estar em um momento esclarecedor sobre a necessidade de criarmos um propósito para o nosso trabalho no futuro.

Gary é um especialista e parceiro que sempre está presente nas ações da HSM. No ano passado, o expert participou da HSM+, falando sobre as novas experiências virtuais e nos deu uma entrevista exclusiva. Para acessá-la, basta clicar no link abaixo:

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Confira as 7 principais tendências para os negócios nos próximos anos!

O fim do semestre está chegando e nessa jornada de 2023 vários eventos nos ajudaram a construir um panorama mais claro sobre o mundo dos negócios. Tivemos o South by Southwest (SXSW) e Web Summit Rio, que reuniram grandes nomes do universo de inovação e criatividade. O que não faltou foram grandes insights e aprendizados!

Por isso, Learning Village, o 1º Hub de Inovação e Tecnologia, com foco em Educação e Desenvolvimento de Pessoas da América Latina, HSM e SingularityU Brasil resolveram reunir as principais tendências para os próximos anos, trazendo takeways deste primeiro semestre para nos mantermos alinhados com as principais considerações deste ano!

Para ter acesso ao report completo, basta fazer o download abaixo:

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“Blockchain vai muito além de criptomoedas e tem o poder de transformar grandes setores”, declara Cofundador da Hub1601

A palavra do momento é inteligência artificial, mas se fizermos o exercício de lembrar a moda das narrativas passadas, o NFT já foi um assunto em alta. Naquele momento, com o mundo em pandemia, houve um alvoroço nas redes sociais para questionar se uma arte digital fazia sentido ou não, por conta das possibilidades de cópia. Enquanto isso, outros aproveitavam a discussão e faziam transações com seus produtos, ‘surfando’ pelas oportunidades de mercado.

Este cenário se acalmou. É um assunto que, socialmente, não tem a mesma circulação que antes, mas o que perpetuou nesse movimento foi a importância do blockchain: a solução criada para eliminar cópia e alteração de dados em ambientes digitais.

Por definição, o blockchain é uma tecnologia que usa um banco de dados extremamente avançado, onde permite comunicações de informações, produtos e ações com transparência. Edu Paraske, cofundador da Hub 1601, fez questão de defini-la ao público do 9º Executive Program, como uma “corrente de blocos de dados, onde as informações ficam armazenadas, de maneira incorruptível e imutável, com um controle descentralizado”.

Mas, então, como isso poderia acontecer em um meio digital tão “assustador e terra de ninguém”?

É nesta “terra de ninguém” que esta nova tecnologia assegura uma identificação segura para “alguéns”.

Por exemplo, suponhamos que há uma transação (de ativos, criptomoedas ou até informações). Esta demanda passa por uma validação de uma rede de conferências, na tentativa de reconhecer quem está fazendo esta negociação e se há uma garantia.

Dinâmica feita por Edu Paraske, Cofundador da Hub1601, para mostrar como funciona uma validação de blockchain no 9º Executive Program (2023)

Com ela verificada e aceita pelos algoritmos de reconhecimento – que estão trabalhando na prova do usuário e transação, junto a outros que analisam a participação -, essa ação é adicionada auma cadeia de blockchain, que é permanente e inalterada. Só então, após todas estas etapas e confirmação, que a transação ocorre, com sua identificação própria.

É, com esta garantia coletiva, que a Web3 se estrutura: este tipo de tecnologia dá base para que a autenticidade e segurança continuem confirmadas. Isso permite que as criptomoedas e os smart contracts sejam feitos entre as pessoas, sem a necessidade de um intermediário como um governo ou Estado – por isso a descentralização.

Então, uma cadeia de suprimentos, negociação de contratos e até análises constantes da leitura de uma própria organização estão em um aglomerado de informações seguras, transparentes e confiáveis. Como Paraske pontua, essa nova tecnologia garante segurança, interoperabilidade, escalabilidade, diminuição do custo, a criação de uma comunidade e uma governança com ações diferentes.

Além disso, outro problema crucial que é resolvido com este tipo de tecnologia, é o controle sobre nossos próprios dados. Hoje a experiência humana passa, em sua maioria das vezes, por uma governança de grandes empresas de plataformas digitais, conectadas em nossos celulares e que conseguem rastrear algumas ações dos usuários.

Como Edu Paraske mostrou, isso muda para uma relação fechada entre os membros destes locais em que a transação pode ser feita. Hoje já existem dois tipos de blockchains. Os públicos (DLT), que estão atrelados a um serviço específico, como mostrado na foto abaixo.

Transição de ecossistemas da Web 2.0 para a Web 3.0, só possível utilizando blockchains (Edu Paraske)

E há também quem já está criando redes privadas de blockchain, para garantir uma confidencialidade e organização das próprias transações de uma maneira mais segura e transparente para seu próprio ecossistema.

Para o empresário, o blockchain só tem a contribuir: “Eu posso até financiar um apartamento sem juros abusivos, mas se eu pedir 1 real para 400 mil pessoas no mundo? Eu descentralizo e consigo mais fluidez na negociação”; e ainda salienta tamanha eficiência: “Para quem trabalha mundialmente, sempre teremos validadores e as negociações se tornam mais rápidas”.

Não deixe de conferir a cobertura do Executive Program pelas redes sociais da SingularityU Brazil!

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“Não existem indústrias estáveis e todos os segmentos precisarão estar preparados para diversas disrupções”, destaca David Roberts

A única certeza que temos em nossa existência é a movimentação e transformação. Com essa premissa e toda sua história de vida, opremiado CEO David Roberts trouxe ao 9º Executive Program perspectivas sobre acontecimentos históricos e em como isso se assemelha ao processo que estamos vivendo de inovação disruptiva.

No 2º dia do curso promovido pela Singularity Brasil, David retornou à história conhecida de Cristovão Colombo. O que poucos sabem é que o lendário navegador passou anos tentado angariar fundos para construir sua caravela e descobrir “uma nova rota para as Índias”. Todos sabemos o resultado disso e se fosse um fracasso, ele não seria lembrado.

Uma ação empreendedora em um tempo em que isso não “existia de fato” e mesmo assim foi feito. E qual o impacto disso na história do mercado? A disrupção que causou este novo campo de produção e modelo de relação comercial.

As moedas de troca e o que uma nação era capaz de produzir, agora, estavam aliadas aos espaços que conquistavam no processo de colonização e não mais dependentes das rotas pelo Oriente Médio, monopolizada pelos diferentes Impérios Árabes.

David Roberts destacou o trabalho empreendedor e disruptivo de Cristovão Colombo na 9ª edição do Executive Program (2023)
David Roberts destacou o trabalho empreendedor e disruptivo de Cristovão Colombo na 9ª edição do Executive Program (2023)

Portanto, a tecnologia das caravelas permitiu que as Grandes Navegações ocorressem. As especiarias passaram a ser temperos, modos de conservar a alimentação e até troca de produtos. As mercadorias se diferenciaram e um novo mercado foi construído, graças às matérias-primas encontradas na natureza riquíssima da América e África Subsaariana.

É necessário pensar por este ponto de mudança para explorar o momento histórico em que estamos vivendo. Como aconteceu naquela época, a tecnologia está fazendo parte e é protagonista das mudanças sociais que ainda vamos encarar.

Por conta da característica tão perene e fora do comum destas transformações, David Roberts transforma a teoria da Inovação Disruptiva e introduz seu novo pensamento: A Teoria de Disrupção.

7 pontos cruciais da Teoria de Disrupção

De início, é necessário destacar que esta teoria tem como principal ponto o entendimento de que haverá uma diversidade de transformações. Nesse sentido, não podemos pensar que será apenas em um campo ou que é proporcionado por uma área de produção. Se trata de compreender que as mudanças se desdobrarão em diversas áreas existentes em nossa experiência social.

A Nova Teoria da Disrupção de David Roberts e seus 7 principais pontos
A Nova Teoria da Disrupção de David Roberts e seus 7 principais pontos

O mundo plataformizado, permeado por essa digitalização constante, faz com que as conexões estabelecidas estejam em todos os campos de nossa vivência. Desde as relações sociais, recuperação de dados, atendimento, localização e até consumo. O offline hoje também já serve de dados para os constructos digitalizados.

Então, os modelos de negócios precisarão compreender que as mudanças nos campos de empreendedorismo e até em eficiência produtiva serão transformados. Por isso, há a necessidade de cuidar destes desdobramentos, entendendo quais os limites e quais serão suas ações diante destas oportunidades de mercado.

Afinal, para dar conta das constantes disrupções, será necessária uma inovação complexa no processo de apreensão para dar conta de tantas necessidades. David propõe rever as áreas que estão presentes na organização e que podem ser desenvolvidas – com inovações abertas e CVC, por exemplo –, ao mesmo tempo em que há a necessidade de desenvolver e reajustar a contínua performance produtiva da empresa.

Afinal, como foi bem apontado por Alexandre Nascimento, expert da SingularityU Brazil, no Executive Program, a inteligência artificial redesenhará toda a indústria e é necessário perceber quais campos precisarão de uma atenção maior. É uma tarefa difícil e complexa, mas que exige o entendimento desta completude para dar conta dos novos mercados que surgem e vão continuar a surgir.

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“O futuro não é tão difícil de prever se você estiver preparado para pensar em como criá-lo”, destaca Jeffrey Rodgers

Todos nós somos seres complexos. Desde a maneira como entendemos o mundo até a tradução da realidade em que vivemos em apenas uma fala ou pensamento, percorremos vários caminhos afetivos-mentais para tentar desenvolver raciocínios que deem conta da complexidade que é viver.

Somos um corpo em constante ebulição, contrastes, vontades e desejos que se confluem. Estamos em uma sociedade diversa, com choques de poder e contínuo atrito entre cada indivíduo existente nesse coletivo, que precisa de cada indivíduo para sobreviver. Habitamos um mundo com diversos segredos ainda desconhecidos e cada vez mais tentamos decifrá-los, mesmo parecendo distante. O tempo nem definição tem: apenas estamos inseridos nele.

Talvez seja difícil compreender o que pode vir a acontecer. A angústia do desconhecido é comum. Quando falamos de criar, empreender, é neste vazio de incertezas que nos projetamos. Mas, antes disso, precisamos lembrar de uma coisa: a segurança na essência da vontade criadora, que é o propósito do empreendedorismo.

Foi assim que o 1º dia de imersão presencial do Executive Program 2023, da SingularityU Brazil, se iniciou. O frio no Bendito Cacao Resort & SPA, em Campos do Jordão, deu espaço para uma combustão criativa de tentar compreender e criar maneiras de entender como conseguir olhar para o futuro.

É, exatamente pela preocupação com os parâmetros de criação de um futuro que Jeffrey Rogers, diretor da Be Radical e parceiro da SingularityU, trouxe o pensamento exponencial para que todos os presentes entendam o contexto que estamos vivendo. Assim, deu o pontapé inicial para a empreitada que é se preparar pelo que vem à frente.

Jeffrey Rodgers no Executive Program 2023
Jeffrey Rodgers no Executive Program 2023

Por isso, o facilitador trouxe dinâmicas para que os presentes no Executive Program 2023 pensassem sobre o futuro complexo de cada um e que enxergassem a própria maneira criativa que individualmente trouxeram. Com este trabalho e o foco desejado pelos executivos, todos os presentes na imersão tomaram seu rumo à construção dos próximos passos, com muita cautela:

“Só é possível criar um futuro quando enxergamos as consequências que daremos a ele, com o nosso objetivo bem desenhado”, destacou Jeffrey durante sua apresentação.

A exponencialidade é a janela para o horizonte que está se formando

Se temos o objetivo de construir um futuro, é necessário que entendamos o nosso presente. Então, precisamos sim destacar que este momento é permeado por uma constante digitalização, com inteligências artificiais dispostas em nossa experiência cotidiana e a automação cada vez mais se torna um processo comum da nossa realidade.

Por isso, é necessário trazer a Teoria da Abundância, formalizada por Peter Diamandis.

No livro, o cofundador da Singularity University introduz a ideia do pensamento exponencial e seus 6Ds, para ajudar as empresas a entenderem o que está acontecendo hoje: a transformação do modelo industrial de produção para o tecnológico, em que as novas tecnologias são moldadas por nós e participa da construção social humana.

Por isso, há a necessidade dos líderes do futuro em compreender o que significa o pensamento exponencial, principalmente para passar a mudar sua própria mentalidade. Os novos instrumentos de trabalho transformam as nossas interações e a maneira pela qual socialmente nos portamos. Por isso, as empresas precisam entender o contexto atual, para só então continuar produzindo e conquistando espaço socialmente.

Hoje a sustentabilidade e questão ambiental cada vez mais é algo crucial e que as empresas precisam atender seus quesitos para não sofrerem sanções e negativas do público. A diversidade é um assunto que se estabeleceu frente às preocupações de complexidade e saúde da sociedade. Junto a isso, as novas jornadas de trabalho se estabeleceram e um líder precisa ter uma mentalidade diferente para lidar com estas transformações. Ao mesmo tempo, o imediatismo continua exigindo mais da nossa produção.

Não compreender isso é um erro grosseiro e que pode deixar organizações pelo caminho. Por isso, o Executive Program toma o cuidado e continua no empenho em formar lideranças que estejam preparados para os principais paradigmas que hoje estamos enfrentando.

Jeffrey mostrou em seu painel maneiras de lidar com a construção de um futuro e que ainda consiga lidar com outras questões tão em voga, como ESG, inteligência artificial, metaverso, saúde, impacto global da digitalização e neurociência.

Além disso, o diretor da Be Radical destacou outro ponto importante que é a coletivização. Por isso, a criação do vínculo e das relações empreendedoras é muito importante, pois precisamos nos ajudar neste momento tão único na nossa jornada da humanidade.

Por isso, exponencialidade precisa ter nosso olhar atento e se tornar parte de nossa percepção, afinal, o seu futuro leva em conta todos estes aspectos para ser pensado?

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Open Class: entenda como aplicar Inteligência Artificial na sua empresa

A tecnologia mais discutida neste ano, e que apareceu em vários momentos no SXSW e Web Summit, foi o de Inteligência Artificial. Foi notória a abordagem sobre este tipo de tecnologia: a preocupação quanto a instauração desta instrumentalização no mundo dos negócios e quais os impactos que poderiam causar na nossa sociedade.

Este será um dos pontos centrais do Executive Program, que terá como foco compreender as tendências mais recentes das tecnologias exponenciais e como podem ajudar na conquista do seu objetivo de negócio. Para se inscrever, basta clicar aqui e aproveitar os três dias de imersão que teremos agora em junho!

Além disso, a SingularityU Brazil convida todos os interessados a participarem da Open Class exclusiva com Alexandre Nascimento, expert em Inteligência Artificial, que também estará no Executive Program ao lado de outros grandes especialistas em neurociência, futurismo e tecnologia.

Esta aula acontecerá no dia 22 de junho, às 19h30, ao vivo no youtube de forma gratuita. Para acessá-la, basta clicar aqui e se inscrever.

Não perca esta oportunidade!

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Na ânsia da automação, será que as pessoas continuarão tomando os mesmos cuidados sobre suas ações?

No último dia da quinta edição do xTech Legal, o Learning Village recebeu painéis sobre inovação e tecnologia, com conversas sobre os impactos que o trabalho jurídico vem sofrendo por conta das transformações tecnológicas: desde sua produção diária até seus enfrentamentos mais árduos.

A PL das Fake News é um exemplo de como a tecnologia foi colocada socialmente e só agora, depois de inúmeros casos problemáticos, está sendo reconduzida e discutida dentro do processo jurídico.

Transformações estão acontecendo em níveis distintos: no trabalho, com soluções mais imediatas e práticas do mundo digital; de construções de peças automáticas até novas maneiras de atendimento que utilizam bots para facilitar o caminho a ser percorrido na assistência jurídica.

O mundo digital implica neste tipo de transformação diária, principalmente por conta do modelo dataficado de reconstrução, reaprendizado e pelo interesse das grandes empresas que possuem estas fontes de informação.

Estas transformações tiveram uma aceleração grandiosa por conta da pandemia, mas são processos que já fazem parte de uma ideia de otimizar e tornar a a atividade mais produtiva. Com a globalização, a comunicação, relacionamento e as trocas comerciais passaram a ser quase imediatas e, quanto menos tempo, melhor para nosso contexto econômico.

Em consonância com essa situação, Alexandre Nascimento, expert da SingularityU Brazil e pesquisador de Stanford, trouxe várias perspectivas das mudanças que as novas tecnologias estão trazendo no mundo atual – especialmente nas questões relacionadas à inteligência artificial.

Hoje, há uma ação de se apropriar destes modelos de automação para o trabalho humano: desde reconhecimento social e cultural, como trabalhos de social listening, até construções de robôs para atuarem em trabalhos de maquinários.

Outro exemplo disso é para atuações sociais: diversas cidades do mundo já possuem olhos robóticos nos lugares estratégicos mais importantes para controle, regulados por indicações humanas e performadas pelas máquinas.

Os carros estão passando por uma mudança de controle automático, sem a necessidade de um motorista humano. As redes de assistência e relacionamento já se encontram com estas transformações.

E até o corpo humano também participa deste processo: cada vez mais estamos procurando maneiras de criar extensões não-humanas em nossa carne, seja com um chip, seja um órgão. Além disso, a nossa maneira de se relacionar também está passando por mudanças: desde com quem, que pode ser não-humano, até em qual lugar, como os ambientes imersivos que criam vidas digitais.

O que hoje mais chama atenção é a “capacidade” da inteligência artificial. Junto a estes processos, ainda ecoa no mundo um alarde sobre o que este tipo de tecnologia pode criar, e o medo sobre substituir a criatividade humana é latente.

O ChatGPT, ChatSonic e Dall-E 2 são exemplos desta nova onda de inteligências artificiais que foram colocadas para uso na internet. A ideia destas criações, em forma de IA aberta, é tornar este tipo de tecnologia mais bem aproveitada, percorrendo os circuitos socialmente presentes. Ao mesmo tempo, ainda faz um trabalho de experimentação social, na tentativa de enxergar se haverá um aproveitamento deste tipo de tecnologia processo de trabalho e produção humana.

Não é surpresa para ninguém que há uma ambição por trás disso: quanto maior a produção e mais eficiente, menos tempo perdemos com tarefas mais simples e podemos otimizar os processos de trabalho. É disso que se trata o auxílio destes artífices.

No entanto, algumas questões que cerceiam a apropriação deste modelo tecnológico na produção cotidiana: qual o impacto deste tipo de tecnologia nos trabalhos hoje existentes? Eles vão substituir a mão-de-obra? Chegamos no momento alarmista da “Era das Máquinas”, como este alvoroço indica?

Nesse sentido, aprofundamos este assunto com o pesquisador e expert da SingularityU Brazil, Alexandre Nascimento, na tentativa de entender se o trabalho no meio jurídico mudará ou se há uma mudança no contexto social que precisamos ficar atentos. Além disso, tiramos algumas dúvidas sobre a real capacidade e impacto deste novo tipo de tecnologia neste momento tão conturbado.

Como isso impacta o trabalho jurídico?

Há uma tendência em acreditar que chegamos a um momento de automação eficiente e clara, em que as leituras da nossa experiência e domínios dos nossos hábitos já são bem apropriados pelos robôs criados. Isso não é o que verdadeiramente acontece hoje.

Alexandre deixou claro o quanto é cético sobre a ideia de substituição de profissionais da área jurídica por profissionais especializados em IA ou prompters para utilização de inteligência artificial para automação completa no setor no curto prazo, por conta das limitações da tecnologia frente aos desafios intrínsecos ao direito e do sistema judiciário:

“Hoje isso não é possível. Precisamos de mais tempo, principalmente tentando desenvolver tecnologias particulares às ações e regiões necessárias. Este nível global de inteligência artificial torna as ferramentas como o ChatGPT, falhas. Ela mente e reproduz algo que viu em outro lugar, sem aprofundamento.”

Para o expert da SingularityU Brazil, o componente humano se fará necessário por um longo período, e, a parceria homem-máquina é que trará grandes resultados no setor. Por isso ele vê muito mais a atualização dos profissionais com o conhecimento do setor para que utilizem a tecnologia no longo prazo, do que a substituição dos profissionais da área por prompters ou engenheiros de IA.

Ainda sobre o ChatGPT, ele afirma que os grandes modelos de linguagem não são uma solução universal, e, apesar de que vieram para ficar, eles se tratam muito mais de uma poderosa forma de melhorar a parceria homem-máquina para o futuro que está sendo construindo, onde teremos cada vez mais nossa inteligência ampliada por IAs. Por isso, ele afirma que o principal ponto será a criação de Inteligências Artificiais especializadas, híbridas e relacionadas ao que é proposto, dentro da área e temática sugerida: “Vamos viver um momento de ânsia por automação e depois iremos perceber pela qualidade dos resultados que não era possível resolver tudo com o ChatGPT, e, vamos repensar essa  apropriação muito rápida. Espero que poucos cometam este erro e sejam cautelosos no que irão automatizar.”

Afinal, é necessário que a tecnologia tenha um treinamento do modelo de linguagem. É também crucial que encontre um banco de dados direcionado para o serviço prestado, em virtude de que compreenda a lógica particular daquele local, olhe as documentações necessárias e que consiga gerar uma decisão que não seja apenas a repetição de algo muito similar ou análogo, mas em outro contexto.

Para o cientista, este tipo de tecnologia será crucial para trabalhos mais repetitivos e que auxiliem em operações constantes que fazemos hoje em dia, mas:

“Precisamos de mais tempo, principalmente tentando desenvolver tecnologias particulares às suas áreas de atuações e regiões coordenadas pelo planeta. Este nível global de inteligência artificial torna as ferramentas, como o ChatGPT, falhas. Elas mentem e reproduzem algo que viu em outro lugar, sem aprofundamento.”

Afinal, é necessário que a tecnologia tenha um treinamento do modelo de linguagem. É também crucial que encontre um banco de dados direcionado para o serviço prestado, em virtude de que compreenda a lógica particular daquele local, olhe as documentações necessárias e que consiga gerar uma decisão que não seja apenas repetitiva.

No meio jurídico, isso é ainda mais crucial por estarmos decidindo questões sociais vitais. É neste ponto de diferença que Alexandre deixa clara a necessidade de um ser humano neste papel analítico. Apenas a repetição, hoje, não dá conta de partes da cadeia produtiva. A IA disponível de forma aberta e pública, sem um processo cuidadoso de preparo para cada contexto específico, ainda não tem profundidade em todos os assuntos possíveis e é insuficiente em seus aprofundamentos.

Então, quais são os impactos que o trabalho jurídico sofrerá nos próximos anos?

A principal questão é entender onde está a repetitividade do trabalho que hoje é feito. As novas tecnologias podem ajudar no processo de produção, tornando criações repetitivas, categorizações e modelações mais ágeis desde que tenham mãos humanas neste processo. Afinal, é o trabalhador que dará habilidades comportamentais e algumas demandas que o mercado precisa.

Tal como a internet fez, e isso acontecerá na maioria (se não todas) as profissões, todos precisarão compreender o machine learning e como cada inteligência artificial apropriada funciona. O computador exigiu isso há alguns anos e agora os programas mais inteligentes necessitarão deste olhar.

Um letramento digital será necessário, mas, Alexandre deixa claro que: “As pessoas tomaram um susto com tudo isso, mas a substituição completa de pessoas por algoritmos não vai acontecer, porque todos precisam de qualidade em seus trabalhos que exigem uma gestão humana. A IA pode dar escala, mas sem a supervisão humana num setor tão crítico como o jurídico, ela pode dá escala ao erro e a injustiça, gerando problemas sociais. O que devem compreender é que há a necessidade de enxergar como utilizá-la em sua aplicação.”

“Todos descobriram um jeito de colar”

O susto tomado pelo mundo sobre o processo OpenAI foi produzido pelo encontro de uma nova fonte de produção, que busca diferentes leituras para produzir os processos designados: fotos, textos, vídeos, comerciais, histórias e narrativas. Foi notável o baque de medo ao compreender que uma criação nossa poderia dar sentido aos objetos ao nosso redor, coisa que a humanidade, desde seus primeiros momentos de existência, faz individualmente.

Porém, novos instrumentos utilizam bases de experiências já construídas e repetem o processo. É neste estágio, hoje, que as inteligências artificiais se encontram. Inclusive, há quem diga que este tipo de tecnologia não é nem artificial e muito menos inteligente, como Kate Crawford propõe.

O fato aqui não é este, mas nossa tarefa é entender o processo social que está por trás disso. De qualquer maneira, as IAs, hoje, são fontes de referência. Por isso, a maior tarefa, hoje, é saber se (1) deve ou não e (2) como alinhar este instrumento em suas produções cotidianas. Por este motivo, os cuidados precisam ser redobrados e precisamos entender que a automatização não pode ser prioridade acima da qualidade.

Alexandre destaca a necessidade de não se atropelar nesse processo e reconhecer que há um desenvolvimento, mas não uma confiança cega à priori em se apropriar deste tipo de tecnologia. Afinal, dilemas morais também estão presentes nesse contexto, ainda mais quando falamos sobre o processo jurídico. Nem sempre a melhor defesa é a mais rápida ou a de lógica pragmática dedutiva, como o ChatGPT usa, por exemplo.

É necessário revisar e atuar criticamente em qualquer criação de IA. O melhor a ser gerado nem sempre está nas leituras prévias e experiências passadas. Além disso, precisamos ter um cuidado com a questões que transformarão nosso entendimento de valor moral social, principalmente sobre responsabilização e culpabilidade dentro do processo jurídico.

A tarefa não é fácil, mas precisamos clarear o assunto muito antes de dar passos largos. O fenômeno do futurismo sempre compreende previsões e inferências, mas poucos entendem que isso é um processo reflexivo, que exige parâmetros para dar estes saltos de entendimento e muito cuidado.

A IA foi criada para resolver problemas. Este tipo de modelo tecnológico utiliza um conjunto de dados, a partir de experiências de terceiros, codifica algumas questões e a reutiliza. É, hoje, uma reprodução e, por isso, antes de continuar este processo, é necessária uma atenção, cuidado e direcionamento.

Além disso, como Alexandre Nascimento indica, os próximos passos são as atenções particulares: entender como esta tecnologia pode auxiliar em processos globais, mas que se caracterizam diferentemente em cada região do planeta, desde os valores morais aos processos produtivos. Por isso, antes da automação, é preciso retomar o processo humano e suas ações com os maquinários, tomando mais cuidado ainda por conta do impacto reprodutivo que isso implica socialmente.

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“Inteligência artificial precisa ser entendida como meio e não como propósito final. Entender o usuário é fundamental”, dispara diretora da Nestlé

Na tarde da quarta-feira (24/05), o Learning Village realizou a terceira edição do Day contando com a participação de grandes empresas do cenário brasileiro para falar sobre o Futuro dos Alimentos. Como um tema em alta, questões sobre novas tecnologias estiveram presentes e as perguntas sobre seu impacto social foram realizadas, mas a diretora do Panelas, da Nestlé, Carolina Falcoski, fez questão de colocar um limite nessa discussão.

“Precisamos começar este assunto dizendo que tecnologia é meio. Não é fim. Pode parecer óbvio, mas as pessoas procuram usar algo simplesmente por aquilo estar disponível e parecer ser a solução para tudo. Não. Questionamos a pessoa e tentamos entender qual o problema que precisa ser resolvido. Caso seja necessário, nós nos apoiamos para que a tecnologia ajude a resolver esta dor.”

Nesse sentido, Carolina continuou sua fala afirmando existir a necessidade de compreender todos os meandros da “dor”, porque é neste ponto em que a tecnologia pode se tornar um auxílio para acolher aquela problemática. Ao mesmo tempo, a diretora exaltou o quanto tem sido difícil mostrar isso às pessoas.

“O ideal é que funcione de maneira fluida. Há locais em que talvez as melhores soluções sejam offline. As mudanças drásticas de comportamento não precisam vir se a dor for resolvida de uma outra maneira.”

Tal como aconteceu em outras épocas de nossa história, como Ricardo Cavallini, expert da SingularityU Brazil, mostrou: estamos em uma nova onda de revolução da produção mundial. Toda esta mudança que o aparato digital proporcionou, criou – e continua criando – diferentes maneiras de comunicação, trocas e relacionamento comercial no mundo globalizado.

De acordo com o especialista, é preciso entender este estágio de desenvolvimento com uma perspectiva exponencial. Afinal, estamos em um momento de variadas transformações tecnológicas, que deixa tecnologias pelo caminho e se torna difícil acompanhar todas as atualizações.

Há muito trabalho para compreender como utilizar tantas ferramentas. Uma maneira de ir além é compreender e ter o cuidado com o momento e entender realmente quais são os anseios que precisem das novas tecnologias como solução produtiva.

O modelo de negócio de inovação aberta, como o “Panelas”, da Nestlé, tem sido um caminho, segundo Carolina Falcoski. Construindo várias startups e garantindo um ambiente de inovação, as necessidades de entender a cultura, a experiência do consumidor e as diferentes abordagens de solucionar algumas questões estão sendo solucionados.

Essa exigência de perspectivas distintas está sendo melhor aproveitada com “vários olhos para a mesma situação”, como a diretora do Panelas destacou. Muitas vezes devemos ter esse olhar atento e garantir nosso trabalho, mas várias complexidades exigem apoio e diferentes perspectivas que este modelo de inovação aberta garante atenções.

Afinal, precisamos escalonar e entender as características de cada ambiente específico. Há regiões em que o acesso à internet, por exemplo, ainda é muito complicado. Há problemas relacionados à poluição e que a reciclagem precisa dar conta, por isso, o “Panelas”, por exemplo, tem apoio de startups para garantir uma solução a esta questão.

Além disso, os níveis de letramento digital são muito distintos. Por isso, neste modelo de inovação aberta defendido por Carolina, o trabalho central da Nestlé é ajudar quem está presente neste guarda-chuva da organização. A mesma solução não funciona para todas as pessoas e cada dor precisa ter um olhar singular e atento e a empresa garante apoio nestas partes mais cruciais.

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Como LLMs e Generative AIs estão acelerando a transformação digital da saúde

Onicio Leal Neto
Onicio Leal Neto

Por Onicio B. Leal Neto. PhD em Saúde Pública e Epidemiologia pela FIOCRUZ, pesquisador Sênior do Departamento de Ciência Da Computação, ETH Zurich e Faculty SingularityU Brazil.

A evolução da inteligência artificial está transformando a maneira como lidamos com questões de saúde há mais de uma década. Porém com a popularização da Generative AIs e Large Language Models, materializadas no exemplo mais famoso ChatGPT, é importante entendermos o potencial e velocidade das próximas etapas que a transformação digital em saúde trará à sociedade.

Um estudo recente publicado na JAMA Internal Medicine trouxe à tona um debate fascinante sobre o uso de chatbots, ou assistentes virtuais, na prestação de cuidados médicos. O estudo, intitulado “Comparison of Physician and Chatbot Responses for an Urgent Primary Care Scenario,” comparou as respostas fornecidas por médicos reais e chatbots, evidenciando a crescente relevância da inteligência artificial no contexto da assistência médica.

Acesse o link clicando aqui.

Estudo mencionado sobre o uso de chatbots, ou assistentes virtuais, na prestação de cuidados médicos

Neste estudo, pesquisadores compararam a capacidade dos chatbots em prover informações sobre saúde avaliando a qualidade e empatia das respostas para com os pacientes, comparando suas respostas com as de médicos reais. Os resultados são surpreendentes e desafiam a percepção convencional sobre o papel dos profissionais de saúde no atendimento ao paciente.

Os chatbots utilizados na pesquisa, alimentados por modelos de linguagem avançados, como o ChatGPT, demonstraram um desempenho superior aos médicos em relação a qualidade e empatia das respostas. Mais especificamente, os resultados quando avaliando a qualidade das respostas em “bom” ou “muito bom” foram 3,6 vezes maiores nos chatbots em relação aos médicos. E mais surpreendentemente, quando avaliada a qualidade da empatia, as respostas “empático” e “muito empático” foram 9,8 vezes maiores para o chatbot em relação aos médicos. Essa descoberta levanta uma série de questões interessantes sobre o futuro da assistência médica e o potencial impacto dos chatbots na prática clínica.

Ao explorar a utilização de chatbots na saúde, é importante considerar os benefícios que eles podem proporcionar. Os assistentes virtuais são capazes de fornecer orientações preliminares, responder a perguntas comuns, auxiliar na triagem de sintomas e até mesmo encaminhar casos mais complexos para médicos especialistas. Essa abordagem baseada em inteligência artificial pode agilizar o atendimento, aumentar a acessibilidade aos serviços de saúde e ajudar a aliviar a sobrecarga enfrentada pelos profissionais de saúde.

Achados como este evidenciam a necessidade cada vez maior de pensarmos nos conceitos de AI for Patients ao invés do foco excessivo em AI for Doctors. A área da saúde tem sido beneficiada há alguns anos pelo avanço das técnicas de Deep Learning, mais especificamente a utilização das abordagens de Recurrent Neural Networks (RNNs) e Convolutional Neural Networks (CNNs). Dois exemplos clássicos de aplicação destas que podem ser citados respectivamente são as análises de prontuários eletrônicos via RNN para descoberta de padrões e predição de desfechos clínicos futuros. E ainda a aplicação de CNNs para investigação de padrões em exames de imagens ou histopatológicos. Porém, o aprimoramento das técnicas de processamento de linguagem natural precisa ser fortalecido para a interação com o paciente, e o momento presente das LLMs e Generative AIs vão fornecer importantes aspectos para isso.

Expandindo um pouco mais o impacto que estas tecnologias podem ter na saúde pública, descreveremos abaixo quatro tópicos que merecem atenção sobre como LLMs trarão impactos relevantes num horizonte de curto prazo:

  1. O papel das LLM na Saúde Única (OneHealth)

A Saúde Única ou One Health é um conceito que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental. A LLM pode ajudar a promover essa abordagem integrada, fornecendo insights valiosos para epidemiologistas e profissionais de saúde pública. Com a capacidade de analisar grandes volumes de dados, a LLM pode identificar padrões e correlações entre doenças humanas, doenças animais e fatores ambientais. Essas informações são cruciais para melhorar a vigilância epidemiológica, prevenir surtos de doenças e desenvolver estratégias de saúde pública mais abrangentes e eficazes.

2. Abordando os determinantes sociais da saúde

Os determinantes sociais da saúde desempenham um papel fundamental na compreensão das disparidades de saúde em uma população. A LLM pode ajudar a identificar e analisar esses determinantes, como acesso a serviços de saúde, nível de educação, renda e condições de moradia. Ao coletar e analisar dados provenientes de diversas fontes, incluindo mídias sociais, registros de saúde eletrônicos e dados demográficos, a LLM pode fornecer uma visão mais abrangente desses fatores e auxiliar na formulação de políticas públicas mais direcionadas. Dessa forma, a LLM pode contribuir para reduzir as desigualdades em saúde e promover uma abordagem mais equitativa.

3. Saúde Pública de precisão com dados de tecnologias vestíveis

A popularidade das tecnologias wearables, como smartwatches e dispositivos de monitoramento de atividades físicas, tem crescido rapidamente. Esses dispositivos coletam uma variedade de dados relacionados à saúde, como frequência cardíaca, qualidade do sono, níveis de atividade física e até mesmo dados ambientais. A LLM pode aproveitar esses dados para fornecer insights personalizados e em tempo real sobre a saúde de indivíduos e populações. Essas informações podem ser usadas para monitorar e prever doenças, identificar tendências de saúde e oferecer intervenções personalizadas. Com a combinação de tecnologias wearables e LLM, podemos alcançar uma saúde pública de precisão, adaptada às necessidades individuais e coletivas.

4. Continuação da transformação digital da saúde com LLMs

A transformação digital da saúde tem sido impulsionada pelos LLMs, que desempenham um papel fundamental na melhoria dos sistemas de saúde. Esses modelos de linguagem podem ser integrados a plataformas digitais, permitindo o acesso rápido a informações médicas confiáveis e personalizadas. Além disso, os LLMs automatizam tarefas rotineiras, como agendamento de consultas e triagem de sintomas, e facilitam a tomada de decisões baseadas em evidências. A incorporação dos LLMs nos sistemas de saúde promove a eficácia, a agilidade e a equidade no acesso aos serviços de saúde. No Brasil, há vários anos a implementação da transformação digital em saúde liderada pelo setor privado com excelentes exemplos na área de saúde baseada em valor tem sido observada. Entretanto, com a criação da Secretaria Executiva de Saúde Digital do atual governo, por oferecer um arcabouço e ecossistema favorável, parece que veremos uma maior velocidade desta transformação digital no setor público.

Em resumo, a revolução da saúde pública digital, impulsionada pelos LLMs e Generative AIs, está transformando a forma como abordamos questões de saúde. A capacidade dessas tecnologias de fornecer respostas de alta qualidade e empatia, além de seu papel na análise de grandes volumes de dados, na saúde única, na abordagem dos determinantes sociais da saúde e na promoção da saúde pública de precisão, promete um futuro promissor para a assistência médica. No entanto, é fundamental avaliar cuidadosamente as aplicações e limitações dessas tecnologias, garantindo sempre que elas estejam em harmonia com o cuidado humano e os melhores interesses dos pacientes.