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Um dedo na prosa e outro no pagamento

Por Rodrigo Battella, Diretor de Soluções Financeiras e do Ecossistema de Pagamentos na Blip.

Nos últimos dez anos, o mercado brasileiro absorveu muita tecnologia financeira no ecossistema de aplicativos de mensagem. Isso ajudou a qualificar o país como um dos maiores mercados conversacionais do mundo. Estamos um passo à frente de países como a Índia, por exemplo, que tem muitos usuários potenciais de aplicativos, porém com menos apetite para trocar mensagens. Em terras tupiniquins, trocamos quatro vezes mais mensagens de voz que qualquer outra nação, como aponta a Meta.

Grande parte dos brasileiros que tem um celular usa aplicativos de mensagem para se comunicar, sendo o WhatsApp o mais popular, com 98% das pessoas com o app instalado no smartphone, de acordo com pesquisa da Mobile Time/Opinion Box. O volume de pessoas combinado a hábitos digitais, culturais e ao amadurecimento do uso de serviços financeiros tornam nosso país uma referência global em meios de pagamento. 

O Brasil é e sempre foi referência quando enxergamos o sistema financeiro, que tem um legado nitidamente reconhecido globalmente. Junto com essa referência, temos um outro pilar muito importante e que nos traz bastante diferenciação: a atuação do Banco Central (BC). O órgão regulador tem contribuído de uma maneira avassaladora na jornada de digitalização e inclusão financeira para boa parte da população. 

Um exemplo é o Pix, que está conseguindo mudar a cadeia de valor do sistema financeiro, trazendo inclusão, abrangência, escalabilidade e, principalmente, inovação. Outra inovação recente anunciada pelo BC é a regulamentação para o serviço de iniciação de pagamento sem redirecionamento, ou seja, criar condições para que a oferta do Pix ocorra em carteiras digitais com recursos de pagamento por aproximação.

O brasileiro gosta de uma prosa, tem facilidade em se comunicar por meio de aplicativos, e o crescente uso do WhatsApp no âmbito dos negócios é indiscutível. Somos, de fato, um país conversacional e temos uma forte inclinação para interações pessoais, no entanto, na esfera financeira, o processo precisa ser fortalecido para que mais empreendedores e consumidores adotem o WhatsApp como meio de pagamento. 

Cabe ressaltar que o fortalecimento dessa jornada não é um papel exclusivo do WhatsApp, é um dever de casa de toda a indústria de pagamentos. Com a evolução das tecnologias de autenticação e o aumento da familiaridade com a ferramenta conversacional para outras funções comerciais, essa virada ocorrerá naturalmente e muito em breve, mas é preciso lidar com os desafios nessa trajetória.

Um dos fatores determinantes para a adoção do WhatsApp como meio de pagamento é a sua usabilidade. Ninguém precisa de treinamento para usar o aplicativo, sua adoção é democrática e acontece em larga escala. São usuários de diferentes faixas etárias e classes sociais. Além disso é uma aplicação inclusiva para aqueles que não tiveram condição ou oportunidade de serem alfabetizados, graças aos recursos de áudio e imagem que ajudam nessa inclusão.

Outro facilitador é a cultura de transações bancárias pelo celular. O 2° volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024 (ano-base 2023), realizada pela Deloitte, aponta que sete em cada dez transações são feitas pelo celular. O smartphone é definitivamente o canal preferido da população brasileira para relacionamento financeiro. 

Segundo dados apresentados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre 2019 e 2023, as transações pelo smartphone tiveram um significativo crescimento de 251% no Brasil. 

Na esfera tecnológica, há recursos sofisticados para oferecer mais segurança, conforto e robustez às transações. Um procedimento simples e eficaz de realizar uma transação financeira com segurança pelo WhatsApp, é checar o número que vai receber a transação, ou seja, se é verificado pelo próprio desenvolvedor do aplicativo. 

A interação com o número da marca ou com o vendedor também é muito importante. O aplicativo tem desenvolvido tecnologias de autenticação de usuários que aumentam os requisitos de segurança durante o seu uso. A princípio, se a empresa ou vendedor do outro lado buscam saber se quem está comprando é, de fato, a pessoa que diz ser, é possível sinalizar a autenticidade por quem envia a solicitação de pagamento. Isso contribui para legitimar a segurança do canal.

O que está por vir no âmbito de tecnologias de autenticação associadas à Inteligência Artificial (IA), incluindo IA Generativa, e ao comportamento dos usuários, tem potencial para resolver os desafios da segurança. 

Apesar do cenário favorável, é inegável que ainda há um caminho a trilhar para massificar a solução, mas a facilidade de uso do canal já é um fator relevante para o sucesso. O aplicativo carrega essa vantagem. Não é preciso ensinar ninguém a utilizar. Independentemente da faixa etária e da classe social, o brasileiro sabe fazer suas conexões sociais pelo aplicativo. Com essa realidade em mãos, não será um desafio a massificação em alguns meses. 

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AI Agents e a personalização do comércio eletrônico

Por William Colen, atual Diretor de Inteligência Artificial na Blip.

Explorando como os AI Agents estão transformando a experiência de compra digital com personalização e automação em escala, inspirados nas interações de atendimento ao cliente no mundo físico.

Imagine um consumidor conversando com uma Inteligência Artificial que conheça suas preferências de compra, e que sugira um leque de todas as opções que podem agradá-lo, além de indicar possibilidades de pagamento de acordo com o que foi usado no passado. Isso está em vias de se concretizar.

Essa tecnologia pode ser encontrada num formato dentro do contato inteligente e é uma forma de aplicação do AI Agent, que funciona a partir de Inteligência Artificial com a intenção de tornar a experiência de compra ainda mais atrativa e personalizada, dentro de um canal de mensagem. Diferentemente de um chatbot comum, a proposta desse agente é possibilitar uma conversa fluida e hiperpersonalizada.

O conceito não é novo. Vem do mundo real, a partir das experiências de compra que os clientes têm em lojas físicas. É aquela relação mais próxima e cativante, na qual o vendedor chama o cliente pelo nome e conhece seus gostos. Agora, o que as empresas de tecnologia estão fazendo é justamente transpor essa mesma experiência para o mundo digital.

Conhecer o histórico do consumidor já é uma prática dentro de sistemas de contato inteligente. Porém, o AI Agent consegue trazer ainda mais personalização de atendimento e compra associado a sistemas de recomendação, a proposta dessa tecnologia é tornar essa experiência ainda mais próxima, em um contexto conversacional.

Ou seja, quando estiverem mais evoluídos, os AI Agents no comércio eletrônico podem ser semelhantes à figura do assistente de compras, em inglês personal shopper, que guia e conduz o cliente em sua jornada de compra. Esse tipo de personalização no mundo antes da IA generativa era difícil, mas agora, a tecnologia nos permite apoiar em toda a memória de conversas entre a marca e o consumidor, criando uma diálogo cada vez mais inteligente.

Experiência personalizada automática e em escala

Agora, vamos a outro exemplo: suponha acessar um site e fazer uma compra online numa loja de roupas. Eles oferecem sistema de busca, mas, nesse caso, é preciso saber o que será pesquisado. Com um catálogo imenso de produtos, esse primeiro passo pode se tornar uma barreira para o cliente que pode desistir de comprar.

No entanto, a partir de um sistema conversacional liderado pelo AI Agent, bastam poucas informações para que o consumidor encontre o que busca, seja um item específico ou similar. Por exemplo, o usuário pode buscar algo como “aquela bolsa com alça listrada” ou até mesmo encontrar o produto fornecendo uma imagem. Se em uma loja física, um vendedor humano desempenha esse papel, no ambiente digital é a inteligência artificial quem faz ou fará isso.

É importante frisar, contudo, que não se trata de um processo “máquinas versus humanos”. Nesse caso, a automatização visa auxiliar o vendedor de “carne e osso”, que poderá se concentrar em um atendimento ainda mais certeiro e personalizado, o qual será previamente filtrado pela tecnologia. Assim sendo, o transbordo humano tende a auxiliar a experiência de compra, especialmente em contextos nos quais o vendedor tem uma alta demanda de atendimentos a realizar.

A tecnologia pode auxiliar fazendo o aquecimento e a triagem da venda, conectando mundo físico e digital, ou vice-versa, sem perder o engajamento do consumidor. O que, por sua vez, pode ampliar a conversão.

AI Agents aceleram a transformação digital

Por ser multimodal, um agente de inteligência artificial pode “conversar” de diferentes formas: fazendo uma ligação como se fosse uma pessoa, digitando em um chat, decodificando áudios enviados por quem prefere se comunicar nessa via, ou até interpretando imagens estáticas ou em movimento. Em uma perspectiva futurista, um AI Agent pode entender o contexto de uma interação por vídeo e adaptar as suas respostas. O GP- 4o da OpenAI e o Gemini 1.5 Pro do Google já apresentam essas habilidades.

Enquanto isso, as marcas precisam começar a explorar todas as vertentes possíveis, antecipando esse futuro em que um AI Agent consegue desempenhar diversas habilidades e guiar a relação do consumidor com as marcas, abrangendo toda a jornada do consumidor, desde o atendimento, dúvidas, compra, recompras e por aí vai… inclusive na mediação de diferentes formatos de pagamento.

A experiência tende a ser completa quando ela compreende todo o ciclo, desde a sugestão de compra até a assistência e venda, gerando confiança para que, no futuro, esse consumidor volte a comprar. Tudo por meio de uma experiência fluida e que seja boa para todas as partes envolvidas.

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“Se todo mundo pensa igual, não é preciso de todo mundo”, destaca diretora de Inovação da Deloitte