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A corrida para um futuro melhor

Eliezer Silveira Filho (*)

Na década de 80, Hollywood nos levou a conhecer diversas histórias de como seria o futuro e como a sociedade viveria em um mundo protagonizado pela tecnologia. Robôs e androides, carros voadores, viagens no tempo, equipamentos conectados, diversos itens que habitavam os sonhos da maioria dos jovens naquela época e que estavam presentes na expectativa de um futuro aparentemente utópico e distante. Dois fatos, porém, encurtaram nossa distância até o futuro.

O primeiro ponto foi a tecnologia, mais precisamente o avanço da computação. Segundo a lei de Moore, a capacidade de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses, o que trouxe saltos rápidos nas evoluções, principalmente, nas duas últimas décadas. E este ritmo deve acelerar ainda mais com a computação quântica, permitindo supercomputadores ainda mais ágeis, com capacidade de processar problemas de alta complexidade.

Já o segundo ponto está ligado às mudanças da sociedade. Hoje, mais da metade da população vive em áreas urbanas e, segundo a ONU, estima-se que este percentual suba para 66% até 2050. Esse futuro urbano é o ápice da transição da população. As metrópoles estão virando megalópoles, a população abandonando os campos e lugares menores para viverem nos grandes centros. Neste mundo urbano, as relações sociais se transformam e a conectividade gera um novo perfil de consumo. No ambiente urbano, todos são omni, envoltos por estímulos a todo o momento.

A conjuntura entre esses dois pontos forma o vértice para nossa corrida ao futuro, agora não baseada nas expectativas dos filmes de ficção cientifica, mas na aplicação real da tecnologia transformando as interações da sociedade. Inteligência artificial já é realidade quando vemos diversos atendimentos de empresas serem, se não totalmente, parcialmente substituídos por interfaces conversacionais alimentadas com bases de dados – com capacidade superior à humana. Os sensores estão presentes em nosso dia a dia, coletando nossos dados, locais que frequentamos, hábitos e, com isso, desenvolvendo equipamentos que nos auxiliam de forma preditiva. Novas questões éticas e de segurança de dados têm pautado as discussões e devem desenvolver novas legislações para a sociedade.

Já estamos no meio dessa corrida, vivendo esse futuro e, ao mesmo tempo, reinventando nossos negócios para o que mais vêm pela frente. Para isto, precisamos aprender algo que a sociedade já nos trás: a conexão entre as pessoas. Devemos aproveitar para desenvolver redes de inovação, aplicando no mundo corporativo conceitos mais colaborativos e trazendo o conceito de cocriação. Este conceito foi fortalecido em 2004 por C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy no livro “O futuro da Competição”. O ato de cocriar é a somatória das forças e capacidades das empresas, parceiros, clientes e sociedade para promoverem uma experiência que impacta as pessoas.

No ano passado, durante uma conversa com o autor americano Kevin Kelly, “guru” do tema inovação e cofundador da revista Wired, referência neste mercado, falávamos sobre o futuro, impacto das transformações na área dos empregos, automatização de processos e o quanto isso impactaria nas vidas das pessoas. Segundo ele, até o final do século, 70% das atuais profissões serão substituídas pela automação. Isso pode trazer inseguranças e receios para a sociedade.

Apesar disso, a capacidade humana de criar pode desenvolver novas profissões, da mesma forma que desenvolveu a tecnologia até hoje. Foi a humanidade que imaginou o futuro na década de 80, que desenvolveu a capacidade da computação, e somos nós que podemos construir um futuro melhor. E pessoas, sociedade, empresas, governos, todos somos responsáveis em cocriá-lo.

 

(*) Eliezer Silveira Filho é CMO da Stefanini para América Latina, quinta empresa brasileira mais internacionalizada segundo Ranking da Fundação Dom Cabral 2017. A Stefanini tem como propósito “cocriar soluções para um futuro melhor”.

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Construindo o futuro com impressoras 3D e 4D

A chamada quarta revolução industrial — termo cunhado pelo professor Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial — tem na impressão 3D uma de suas principais ferramentas para construir o futuro.

 

Sabemos do potencial que essa tecnologia tem de mudar vidas. Iniciativas como a e-NABLE e a Not Impossible Labs já fabricam próteses mecânicas para quem perdeu membros em conflitos na Ásia e na África. Uma empresa sueca faz orelhas e narizes de biotinta, e almeja conseguir criar órgãos para transplantes. Até mesmo a comida pode ser impressa.

 

Mas, em alguns casos, estamos falando de construir literalmente: os primeiros prédios, casas e escritórios com peças feitas com impressão 3D estão começando a aparecer, tendo como grandes vantagens a economia de material e de tempo.

 

Em algumas décadas, talvez possamos ir muito além disso: pesquisadores do MIT já imaginam uma impressão 4D, com peças capazes de mudar suas características em certos contextos e condições. Vamos dar uma olhada em como isso funciona?

 

Impressão é a nova construção

 

Na China, duas empresas de construção competem usando técnicas de impressão 3D. A WinSun já conseguiu construir um prédio de seis andares com peças fabricadas por uma impressora gigante, de 6 metros de altura, 10 de largura e 40 de comprimento.

 

A máquina usa uma espécie de tinta especialmente formulada para a construção, feita a partir de entulho, como concreto e areia, e fibra de vidro. De acordo com a empresa, a técnica permite economizar até 60% dos materiais, 70% do tempo e 80% da mão de obra necessárias para erguer um prédio das mesmas dimensões.

 

Como dissemos, a WinSun não está sozinha. Sua concorrente é a HuaShang Tengda, que construiu há alguns anos uma mansão de dois andares e de 400 metros quadrados em apenas um mês e meio. Incrível, não?

 

O processo da HuaShang Tengda é um pouco diferente. Primeiro, uma equipe ergue a estrutura metálica da casa e instala a parte hidráulica. Depois, uma impressora 3D gigante reveste os vergalhões.

 

O material usado é mais convencional, também. Trata-se de concreto classe C30, o que significa que a construção é resistente a terremotos de até 8 pontos na escala Richter.

 

Além da China, outras partes do mundo já são pioneiras e recebem construções impressas em 3D. Dubai, por exemplo, conta com o primeiro escritório feito com a técnica. Com design arrojado, ele abriga a Dubai Future Foundation — bastante apropriado, convenhamos.

 

A startup californiana Apis Cor conseguiu a proeza de fabricar uma casa de 37 metros quadrados na Rússia em apenas um dia, gastando cerca de meros US$ 10 mil. Já o MIT foi além e desenvolveu um robô capaz de erguer uma estrutura básica em forma de domo em apenas 14 horas. Até mesmo uma casa da árvore impressa em 3D já está sendo vendida na Austrália! Com o perdão do trocadilho, a tecnologia não está para brincadeira.

 

Imprimindo no tempo

 

O nome impressão 3D é bem óbvio: ele diz respeito às três dimensões do espaço. Será possível ir além disso? Sim: a impressão 4D existe.

 

O termo foi cunhado pelo designer Skylar Tibbits em sua palestra no TED Talks. Tibbits é o fundador do Self-Assembly Lab (em tradução livre, laboratório de auto-montagem) do MIT, e seu trabalho é pioneiro em objetos que se alteram ao longo do tempo — a quarta dimensão —, de acordo com certas condições.

 

As aplicações para esse conceito abrem um mundo de possibilidades. Imagine, por exemplo, tijolos que se desdobram ao entrar em contato com a água, ou peças de encanamento capazes de se expandir e, assim, reparar danos e vazamentos automaticamente.

 

Mas dá para ir muito além da construção civil. Uma das maiores inovações nesse sentido vem da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura. O pesquisador Zhen Ding e seus colegas desenvolveram um material que muda de forma quando aquecido, e pode ser usado em impressoras 3D comerciais, já disponíveis no mercado. A demonstração, com flores abrindo ao receberem calor, é impressionante.

 

Uma aplicação possível para essa tecnologia é na medicina: materiais desse tipo poderiam ser usados para fabricar stents usados em cirurgias vasculares e cardíacas, o que facilitaria esses procedimentos. Seja em nossos corpos, seja em grandes estruturas, o futuro certamente passará pelas impressoras 3D e 4D.

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Como robôs e inteligência artificial podem levar a medicina a mais pessoas

Qual a primeira coisa que vem à sua mente quando falamos de robôs? É bastante possível que você pense nas linhas de montagem de grandes fábricas, ou então em alguns clássicos da ficção científica. O futuro, porém, reserva outra ocupação nobre para nossos amigos metálicos dotados de inteligência artificial: cuidar da nossa saúde.
 
Várias tecnologias em desenvolvimento apontam nessa direção. Elas abrangem desde redes neurais artificiais que podem ajudar no diagnóstico de uma simples micose de unha até complexos robôs cirurgiões e cuidadores. A tecnologia vai dar uma mãozinha para médicos e pacientes.
 
Um centro cirúrgico cheio de robôs
 
Cerca de cinco bilhões de pessoas ao redor do mundo não têm acesso adequado a procedimentos cirúrgicos, de acordo com uma comissão da publicação especializada The Lancet. Estima-se que 70 milhões de vidas se percam por ano devido a esse déficit.
 
O médico Shafi Ahmed é pioneiro no uso de tecnologia para tentar combater esse problema. Nascido em Bangladesh e radicado no Reino Unido, ele desenvolve e usa recursos de realidade virtual e realidade aumentada como recursos remotos de treinamento e ensino remoto de técnicas cirúrgicas — basta contar com uma conexão 3G e um Google Cardboard (um headset de realidade virtual do Google feito de papelão).
 
Para Ahmed, isso é só o começo do uso da tecnologia nos centros cirúrgicos. Ele acredita que robôs substituirão largamente os médicos nessas situações. Em uma entrevista ao site educacional Jisc, ele diz que é muito possível que haja robôs completamente autônomos em centros cirúrgicos nas próximas décadas.
 
Enquanto um robô cirurgião totalmente independente não chega, as tecnologias existentes vão sendo aprimoradas. Desde 2015, Google e Johnson & Johnson têm uma parceria para desenvolver tecnologias desse tipo. A gigante das buscas acredita que sua expertise em análise de imagens e inteligência artificial pode contribuir com o desenvolvimento de equipamentos mais completos. Eles poderiam, por exemplo, destacar tumores ou vasos sanguíneos, que são geralmente difíceis de distinguir a olho nu.
 
Em 2016, a Universidade de Oxford realizou em seu hospital a primeira cirurgia ocular com o uso de robôs no mundo. O Robotic Retinal Dissection Device — em tradução livre, dispositivo robótico de dissecação da retina, também conhecido pelo bem-humorado apelido de R2D2 — removeu uma membrana da espessura de um centésimo de milímetro da retina do Reverendo William Beaver, padre da igreja local na época com 70 anos de idade, e devolveu a ele a visão.
 
Tecnologia para cuidar da nossa saúde nas clínicas e em casa
 
Mas as possibilidades para o uso da tecnologia para cuidar de nossa saúde vão bem além dos centros cirúrgicos. Um bom exemplo é a Mabu, da Catalia Health. Ela é uma assistente doméstica que pode fazer as vezes de cuidadora de idosos, dando lembretes para tomar medicamentos e conversando com o paciente para saber como ele está — e, dependendo da situação, entrar em contato com uma equipe médica.
 
A inteligência artificial também pode contribuir e muito com a medicina. Pesquisadores sul-coreanos conseguiram treinar uma rede neural artificial para que ela consiga diagnosticar onicomicose, infecção causada por fungos nas unhas.
 
O trabalho não foi fácil. Foram necessárias 770 horas de trabalho para classificar mais de 100 mil imagens manualmente. Os resultados valeram o esforço: o software apresentou taxa de acerto melhor que de 42 especialistas entrevistados na pesquisa. Você mesmo pode conferir isso, pois o trabalho deu origem a um site e a um app para Android.
 
Mesmo a saúde mental pode se beneficiar da tecnologia. Psicólogos, psiquiatras e especialistas em inteligência artificial da Universidade da Califórnia em Stanford desenvolveram um chatbot que consegue conversar e avaliar o humor do paciente, recomendando atividades, vídeos e técnicas de terapia comportamental para auxiliar no tratamento de casos como depressão e ansiedade generalizada.
 
No futuro, tecnologias como essas podem mudar a vida de milhões de pessoas que vivem em áreas remotas ou não têm condições financeiras de arcar com tratamentos ou procedimentos caros. A inovação pode democratizar o acesso à saúde e contribuir com médicos e enfermeiros no exercício de suas profissões.

Leia também sobre o que é a nanotecnologia na medicina e como ela pode ser aplicada.

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Como a tecnologia por trás do Bitcoin pode mudar nossas vidas

Você certamente acompanhou, nos últimos meses, as notícias sobre a alta do Bitcoin. O rápido crescimento no valor dessa moeda digital fez com que ela recebesse muita atenção da mídia e atraísse gente interessada em ganhar dinheiro. Investidores norte-americanos estão até mesmo pensando em se mudar para Porto Rico e construir uma “criptopia” na ilha.

Porém, a grande inovação do Bitcoin vai muito além disso. Ela reside na própria estrutura de circulação desse dinheiro, o chamado blockchain. O Fórum Econômico Mundial estima que, em 2027, 10% do PIB mundial estarão em redes desse tipo. O próprio Banco Central do Brasil parece ter notado isso e vem realizando estudos sobre como empregar o blockchain em seus sistemas.

Ofertas de emprego para essa área estão cada vez mais comuns, e especialistas ainda são bastante raros.

Não é à toa que até a ONU adotou a tecnologia de criptomoedas e blockchain para ajudar na alimentação de refugiados sírios na Jordânia, já que as transferências de dinheiro e recursos por blockchain são muito mais baratas.

Bitcoin? Blockchain? Afinal de contas, o que é tudo isso?

Caso você não saiba o que é Bitcoin, vamos explicar. Ele é uma moeda digital, ou criptomoeda. Isso significa que esse dinheiro só existe na forma de dados em computadores. Diferentemente do que acontece com o dólar, o euro ou o real, não há moedas de metal ou cédulas de papel.

Mesmo sem poder ser tocado ou colocado no bolso, o Bitcoin é dinheiro. Como tal, pode ser usado para comprar produtos ou pagar por serviços. Dê uma olhada no site coinmap e descubra estabelecimentos que já aceitam essa forma de pagamento.

Mas como pagar alguém com moeda digital? A resposta está no blockchain.

Para guardar seus Bitcoins, você precisa de uma carteira digital. Ela nada mais é que um programa de computador que armazena esses arquivos, por assim dizer, e identifica quem é você entre os usuários da moeda.

Mas não é só isso: ao instalar uma carteira digital, você passa a fazer parte da rede descentralizada que processa as transações envolvendo Bitcoins. Quando você dá uma ordem para pagar, digamos, 0,01 BTC para uma loja, uma mensagem é propagada pela rede de usuários de Bitcoin, dizendo que você está transferindo aquela quantia para o estabelecimento.

Essa ordem de transação é armazenada numa espécie de livro-caixa virtual da rede. O registro fica guardado de maneira descentralizada entre os muitos computadores que possuem carteiras virtuais.

Para garantir a integridade das transações e evitar fraudes, as ordens de transação são organizadas em blocos, processados de uma vez só com uso de problemas de criptografia, que demandam alta capacidade computacional para serem resolvidos. Essa é a chamada mineração de Bitcoins, que libera novas moedas como recompensa para quem realiza esse trabalho.

É por esse trabalho de processar e encadear blocos de um livro-caixa que a rede do Bitcoin se chama blockchain. Mas ainda não começamos a falar da inovação que isso representa.

A grande novidade do blockchain

Não existe um banco central de Bitcoins emitindo novas moedas: o próprio blockchain se encarrega disso. O Bitcoin não é dependente de um governo ou autoridade: novamente, a rede de computadores se basta.

Não há necessidade de ter uma conta em banco para armazenar e transferir essa criptomoeda: dá para efetuar transações diretamente pela rede, mesmo que o destinatário do valor esteja em outro país. Além disso, esses registros garantem transparência para as transações.

Conseguiu perceber o tamanho do impacto? Estamos diante de uma estrutura descentralizada e transparente, que tem o potencial de tornar dispensável toda uma indústria de bancos e empresas de pagamentos e serviços financeiros.

Muito além de dinheiro

As possibilidades do blockchain, entretanto, vão bem além de seu uso no mercado financeiro. Redes desse tipo podem ser empregadas para diferentes e variados fins. Um bom exemplo é o Ethereum, um supercomputador descentralizado e independente organizado em blockchain.

O Ethereum funciona com contratos inteligentes, que conseguem manipular informações e preços para pagamentos automáticos. Isso pode ser empregado em serviços de hospedagem ou compra e venda de energia elétrica, por exemplo.

Por essas características, o Ethereum foi a ferramenta escolhida pela ONU para a distribuição de vouchers de alimentação a refugiados sírios que estão vivendo na Jordânia, que mencionamos no início deste artigo.

O blockchain também pode ajudar na inclusão social. Foi o que fez o indiano Ashish Gadnis: ele fundou a BanQu, empresa de tecnologia responsável por um app simples que integra pessoas em situação de extrema pobreza na África Subsaariana à economia mundial, usando uma rede de registros descentralizados.

A confiabilidade e a transparência dos blockchains também podem ser aproveitados na indústria alimentícia. Na França, o Carrefour já usa essa tecnologia para mostrar o caminho que cada item percorreu da granja ou da plantação até a sua mesa.

Por causa de todo esse potencial, o blockchain é visto como muito promissor. Seu impacto vem sendo comparado a tecnologias disruptivas, que mudaram setores inteiros. O jornal Washington Post também listou algumas das iniciativas mais interessantes que já fazem uso dessa tecnologia.

Prepare-se: nosso futuro promete ser muito mais tecnológico e transparente do que é hoje, e muito menos burocrático.

Escrito pela Redação da HSM.

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Como a Inteligência Artificial transforma nossas vidas

A inteligência artificial saiu da tela dos cinemas e das páginas literárias de ficção científica para fazer parte de nossas vidas. Há anos jogamos videogame com “máquinas” e, com a ajuda delas, vivemos em um mundo em que diferentes idiomas não são mais uma barreira para nos conectarmos a outras pessoas e culturas.

Em cerca de meio século, a ideia inicial pouco delineada de criar uma máquina capaz de pensar como ser humano tomou forma. Ela está presente em nosso dia a dia, com algumas implicações inovadoras. Paradoxalmente, essas novidades têm gerado certo medo e muitas reflexões: qual será nosso papel se a inteligência artificial nos superar? Por que trabalhar, se as máquinas poderão fazer tudo e melhor que nós?


Futuro? A inteligência artificial já está presente

O Google é um dos grandes responsáveis por tornar esse tipo de recurso acessível ao público. Sua ferramenta de tradução tinha suporte a apenas dois idiomas em 2006. Atualmente, são mais de 100 línguas — isso graças à inteligência artificial.

Em breve, seu celular pode se tornar aquele amigo que entende de arte e conversa com você em uma exposição. No ano passado, o Watson, da IBM, se transformou em uma espécie de “guia virtual” na Pinacoteca de São Paulo, contando a história e respondendo a perguntas sobre obras de arte expostas no museu. Tudo isso em linguagem natural, como se fosse uma conversa com o computador, e não uma simples pesquisa sem graça.

Os avanços não param por aí. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e da Escola de Medicina da Universidade de Washington conseguiram desenvolver um algoritmo capaz de analisar imagens de atividade cerebral e identificar padrões para prever autismo em bebês.

Uma das subsidiárias da Alphabet, holding que controla o Google e as demais empresas que se originaram dele, também conseguiu fazer com que computadores detectassem riscos cardíacos a partir do escaneamento e análise do olho dos pacientes. Seu cardiologista agradece. Sua saúde também.

Não sei se você reparou, mas, de cara, já podemos vislumbrar um futuro transformador para a medicina. Imagine um mundo em que erros em diagnósticos médicos, com a ajuda da tecnologia, tenderão a zero.


O que o futuro da inteligência artificial nos reserva

Se o presente já parece impregnado de ares futuristas, o que será de nosso futuro, então? As possibilidades para a inteligência artificial parecem ser ilimitadas neste momento. Mas a velocidade de desenvolvimento desses algoritmos e sistemas inteligentes tende a crescer exponencialmente.

Uma das tendências que indica isso é o uso das próprias máquinas para ensinarem umas às outras. Isso acontece, por exemplo, com a função de piloto automático do Model S, da Tesla, lançado em outubro de 2015. A cada interferência do motorista, a inteligência artificial aprendia como fazer retornos e curvas, e compartilhava a descoberta com outros veículos. Em poucas semanas, os proprietários e motoristas puderam perceber melhorias significativas no sistema de direção semiautônoma.

Pouco a pouco, as máquinas parecem estar conquistando terrenos que antes pertenciam a nós, humanos. Xadrez, jogos de tabuleiro, diagnóstico, tradução e interpretação de textos. Será que ainda seremos necessários quando a inteligência artificial estiver suficientemente desenvolvida para nos superar em toda a racionalidade? O próprio Elon Musk, CEO da Tesla e um dos maiores inovadores da história, vislumbra a possibilidade de um apocalipse causado pela inteligência artificial.

Sim, nós continuaremos sendo necessários. A criatividade ainda é nosso território por excelência. Como argumenta o guru de tecnologia Kevin Kelly, um dos fundadores da revista Wired, existem muitas inteligências diferentes, e os computadores só conseguem imitar algumas delas.

Kelly acredita que a inteligência artificial estará cada vez mais presente em funções que demandam eficiência. Só que isso não é tudo: artes, ciências e relações humanas são todas pautadas pela “ineficiência”. Grande parte das descobertas se dá por tentativa e erro.

Nossa loucura pode ser, então, o que falta à lógica superdesenvolvida das máquinas. Poderemos complementar a racionalidade extrema da inteligência artificial para, juntos, construirmos nosso futuro.


Estamos na infância da inteligência artificial

A ideia de uma inteligência artificial surgiu nos anos 50, quando cientistas, matemáticos e filósofos pioneiros passaram a imaginar um avanço: uma máquina tão complexa que pudesse mimetizar a capacidade de pensamento, reflexão e tomada de decisões de um ser humano.

Nas décadas seguintes, a computação foi ficando cada vez mais acessível. O primeiro microcomputador e as ferramentas de programação permitiram um novo tipo de interação entre homens e máquinas, impactando para sempre nossa relação com elas.

Mas foi só a partir de 1990 que a inteligência artificial passou a alcançar grandes feitos. O ano de 1997 é um marco: foi quando o Deep Blue, da IBM, derrotou em uma partida de xadrez o então campeão mundial Garry Kasparov.

Grande parte disso se deu pela crescente capacidade de processamento de dados dos computadores. Nos últimos anos, passamos a viver na era do big data, em que o limite de armazenamento praticamente deixou de existir, o que dá ainda mais possibilidades de aplicação da inteligência artificial.

Diante desse cenário, temos um grande desafio no futuro. De um lado, existe a visão apocalíptica de que as máquinas vão tomar conta de tudo, de outro, um ponto de vista otimista, como o compartilhado pelo inventor e futurista Ray Kurzweil. “A inteligência artificial não vai nos substituir, mas nos melhorar”, afirmou ele. Esse upgrade em nós parece bem promissor. Talvez, em breve, conheçamos humanos 2.0.

Escrito pela Redação da HSM.

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AI e Crowdsourcing no combate ao crime

Prever crimes antes que eles aconteçam está deixando de ser tema da ficção científica para se tornar realidade. Nos EUA e em vários países da Europa, a polícia já utiliza algoritmos de inteligência artificial para identificar áreas de risco onde crimes potenciais possam ser cometidos.

O tema tem despertado a atenção de empresas de tecnologia interessadas em abocanhar parte do orçamento de segurança desses países. Apenas nos EUA, os gastos federais com policiamento chegam a ultrapassar US$ 100 bilhstringes.

Câmeras de segurança ligadas a redes neurais com capacidade para identificar rosto de criminosos e sacolas abandonadas em lugares públicos. Software que analisa milhões de boletins de ocorrência para prever lugares onde assaltos podem ocorrer. Programas que auxiliam a definir o risco que ex-criminosos liberados da prisão podem oferecer à sociedade. Aplicativos para celular alimentados pelos usuários que mostram em tempo real em que locais da cidade estão ocorrendo tiroteios. Esses são alguns dos usos de novas tecnologias que começam ser implantadas nos EUA, Europa e China.

No Brasil, já existem várias ações que utilizam tecnologia para o combate e prevenção de crimes. Em Canoas, no Rio Grande do Sul, a polícia utiliza grupos de WhatsApp com mais de 5 mil moradores inscritos para receber e verificar ocorrências. O aplicativo Onde Tem Tiroteio mostra lugares de conflito, arrastões e assaltos no estado do Rio de Janeiro e já é utilizado por mais de 4,5 milhões de pessoas. O Crimeradar, do Instituto Igarapé, utiliza dados de milhões de crimes para mostrar em um mapa as áreas onde é mais provável que ocorram crimes.

Todos esses exemplos mostram como a tecnologia está sendo empregada para combater o crime. O problema é que a preocupação com segurança tem seu lado perverso também. O mesmo programa utilizado para identificar potenciais criminosos pode ser usado por um governo totalitário para perseguir seus oponentes. O COMPAS, software utilizado em vários estados nos EUA para identificar riscos de candidatos à liberdade condicional, foi acusado de ter um viés racista e classificar negros como mais perigosos.

Os avanços da inteligência artificial e o crowdsourcing (contribuição colaborativa de milhares de usuários conectados) são o resultado das principais tecnologias exponenciais que estão trazendo enormes melhorias para a segurança pública. Mas, para o sucesso delas, é fundamental coordenar sua implementação com fortes garantias dos direitos individuais.

Leia também: Como o mundo VUCA tem impactado as empresas? Entenda mais sobre ele

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Bioinformática

A bioinformática resulta da combinação interdisciplinar de biologia, matemática, ciência da computação e engenharia. Adicione a isso um enorme capacidade computacional, e um campo vasto se abre para resolver algumas das dúvidas mais pungentes do ser humano. Muitas vezes o avanço em áreas do conhecimento ou no campo do empreendedorismo se dá tanto por paixão quanto por frustração ou por uma combinação das duas. O projeto de sequenciamento genético iniciado pelo governo norte-americano em 1990 foi um desses momentos; Craig Venter resolveu entrar posteriormente, para levantar fundos, e acabou mapeando seu DNA.

Depois de sequenciamento do genoma de algumas bactérias, insetos e do próprio ser humano, as técnicas atuais estão tão avançadas que já é possível desenhar o rosto de uma pessoa e saber seu peso, idade, altura e cor de pele.

Entenda o que são people skills e como desenvolvê-las!

A superfície desse conhecimento está sendo arranhada, há coisas mais profundas por descobrir e que beneficiarão toda a humanidade. Como diz Riccardo Sabatini: “Estamos lidando com os detalhes recônditos de como a vida funciona. É uma revolução que não pode se limitar ao domínio da ciência ou da tecnologia. Deve haver um debate global. Devemos pensar o futuro que estamos construindo para a humanidade. Precisamos interagir com pessoas criativas, com artistas, com filósofos, com políticos. Todos estão envolvidos, porque é o futuro da nossa espécie. Sem temor, mas com a compreensão de que as decisões que tomaremos no próximo ano mudarão o curso da história para sempre”.

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Medicina e Neurociência

Fotos e vídeos recuperando o que sonhamos? Órgãos impressos em impressoras 3D para transplantes? Internet do corpo? Tratamentos genéticos individuais? Tudo parece muitíssimo avançado, mas não estamos mais tão distantes dessa realidade, ela está cada vez mais próxima. Inúmeros avanços na pesquisa científica estão sendo motivados por pessoas comuns que enxergam nesse campo do conhecimento a possibilidade de reinventar a medicina, a saúde, o envelhecimento, as terapias. Tudo isso movido por tecnologias exponenciais e inesperadas combinações de aplicações, hardware, sensores etc.

Os novos tipos de intervenção tecnológica mexem profundamente no corpo humano e tudo o que se refere a isso tem de passar por um processo intenso e burocrático de proteção à vida das pessoas. Muitos dos protocolos não evoluíram tão rapidamente quanto a tecnologia e os dispositivos criados para apenas monitorar determinados índices corporais precisam passar por um processo longo e muitas vezes caro. Regulação, fabricação, segurança, eis três dos diversos itens que constituem algumas das muitas barreiras de entrada a empreendedores da área médica e de neurociência.

Entenda também sobre como funciona a nanotecnologia na medicina.

Nem por isso o desenvolvimento parou, pelo contrário, está aumentando consideravelmente, uma vez que saúde com qualidade e longevidade são capitais para a humanidade, e a tecnologia e os processos de produção estão cada vez mais baratos e acessíveis.

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Redes e Computação

A internet é a suprema mãe de todas as redes, tendo alcançado muito mais do que o sonhado pela ARPA, Rede Avançada de Pesquisas e Projetos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O crescimento exponencial das redes possibilitou que a informação fluísse de um lado a outro com a menor fricção possível, permitindo o surgimento de incontável número de iniciativas de negócios voltados ao crescimento econômico e social da humanidade.

 

É necessário hoje aprender como a internet chegou a esse ponto e continuar a exploração: protocolos abertos, plataformas hackeáveis, mínimas regulações, modelos simples de precificação e potência nas pontas, para cada pessoa ter a liberdade de criar. A largura de banda da rede cresce dia a dia e novos materiais têm possibilitado a construção de outras fibras ópticas, com potencial de transmitir mais luz e, em consequência, mais bits por segundo.

 

Sensores muito baratos e comunicação quase gratuita estão fazendo com que dispositivos do mundo físico sejam mais capazes e convenientes, tornando os negócios que os utilizam mais potentes e eficientes. Uma nova internet surge somente para esses dispositivos: a internet das coisas, ou melhor: a internet de todas as coisas. O modelo de negócio advindo da possibilidade de trocas de informação entre dispositivos vai gerar uma nova forma de fazer girar a economia. Cloud computing começa a ficar insuficiente para essa proposta e surgem os modelos denominados “fog computing”, uma vez que a velocidade de transmissão e a disponibilidade necessárias podem não ser suficientes, exigindo um processamento parcial de dados na própria localidade dos sensores, para rápida tomada de decisão.

 

As controvérsias desse universo são variadas e permanecem em aberto, aguardando soluções criativas: desafios enormes à segurança; neutralidade da rede versus gerenciamento da rede; redes absolutamente fechadas ou totalmente abertas. Uma sociedade engajada na manutenção de uma rede aberta é a chave no processo de desenvolvimento de tecnologias e tem sido assim historicamente. Embora os entes reguladores tenham diminuído os espaços de manobra e esteja cada vez mais desafiador o surgimento de novas propostas, ainda há muito espaço para a inventividade humana.

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Finanças e Economia

O universo de transações econômicas no mundo se solidificou com o advento da internet e do acesso em massa das pessoas à informação. O uso de tais tecnologias permitiu que algo improvável acontecesse: a economia do compartilhamento. A velocidade é estupidamente grande e está literalmente na ponta dos dedos bem como em elementos vivos como um sofá (Couchsurfing), um carro (Uber) ou mesmo uma casa na árvore (Airbnb). Uber só existe há cerca de 7 anos e gerou bilhões de dólares em valor, e inúmeros empregos para pessoas que, de outra maneira, estariam sem uma atividade econômica sustentável. Um dos fatores mais incríveis dessa jornada (não convém falar dos problemas de gestão enfrentados recentemente) é que o Uber demorou 6 anos para completar 1 bilhão de corridas; 6 meses depois, ele alcançou 2 bilhões de corridas. Isso é crescimento exponencial.

A conjuntura econômica de muitos países provoca migrações e pode gerar desempregos. Nesse ambiente caótico e de escassez econômica, jovens têm trocado de país e utilizado tecnologias móveis para atuar na economia. A junção de apenas dois elementos, como Uber e Waze, permite que um motorista russo que nunca dirigiu em outro país possa trabalhar imediatamente na Suécia, por exemplo, sem necessidade de aprender a falar o idioma, saber os endereços ou até mesmo conhecer bem o trânsito local. A tecnologia é a força libertadora da escassez para a abundância. Esses fatores exemplificam como o mundo está em um período profundo de transição acelerada.

E para esse ambiente digital, não é mais possível conversar sobre essas forças disruptivas do que o uso de criptomoedas e Blockchain. Se algo revolucionário como essas tecnologias for adotado mundialmente, poderemos testemunhar neste século a morte do sistema financeiro como o conhecemos hoje. É preciso lembrar que nas forças disruptivas da digitalização da confiança reside o poder exponencial de alcance do ativo. A distribuição de riqueza e o acesso indiscriminado daqueles que não podem ter conta bancária é um caminho sem volta. A transição de poder não virá sem lutas, haja vista a quantidade de gente que afirma com veemência que o valor de criptomoedas está sob o efeito de uma bolha.

É imprescindível a criação do “momento interface” (como o gerado com o uso do Mosaic/ Netscape no início da internet, quando os usuários tinham de acessar a internet por uma tela preta), que vai explodir exponencialmente a adoção dessa tecnologia. As finanças e a economia nunca mais serão as mesmas e muita, muita gente nova entrará nesse mundo.