As novas economias estão entre nós desde o fim dos anos 1990, mas foi a transformação digital e a Indústria 4.0 que as colocou nos holofotes nos dias atuais.
A automação empresarial vem para assumir as tarefas operacionais e dar aos profissionais mais tempo para se dedicar ao cliente.
É, na prática, o aumento da eficiência de produtos e serviços, com a consequente diminuição de custos com recursos.
Com o foco no cliente e as inovações advindas do processo de transformação, as empresas modernas passam a se guiar por uma nova perspectiva.
E como se destacar no cenário das novas economias? Como elas transformam os negócios? A proposta deste artigo é responder essas e outras questões.
O que são as novas economias?
As novas economias são uma diferente lógica de mercado pela qual as empresas estão passando atualmente, cuja principal característica é o uso da tecnologia e da colaboração para promover uma cultura centrada em pessoas.
Elas descrevem aspectos ou setores de uma economia que estão produzindo ou intensamente usando tecnologias inovadoras ou novas soluções tecnológicas.
Para tanto, os modelos de negócio adotam ferramentas para automatizar atividades rotineiras e personalizar produtos e serviços de acordo com as preferências e os desejos do usuário.
Além dessa característica da nova economia, é preciso apontar sua íntima relação com o desenvolvimento sustentável.
A busca pela evolução do negócio deve se dar em harmonia com a preservação ambiental e os avanços sociais.
A sustentabilidade se tornou, assim, um objetivo para organizações que prezam pela competitividade, o que depende de uma gestão de negócios atenta aos recursos humanos e naturais.
E como surgiram as novas economias?
Surgimento das novas economias
Em 1983, o jornalista Charles P. Alexander escreveu um artigo (“The New Economy”) para a revista Time em que definia a new economy da seguinte forma:
“É uma economia de duas camadas marcada por mudanças rápidas e contrastes acentuados. Enquanto as indústrias tradicionais de fumo estão se recuperando da concorrência estrangeira, as empresas de alta tecnologia estão liderando o mundo em inovação”.
Em 1996, Michael J. Mandel escreveu um artigo (“The Triumph of the New Economy – A powerful payoff from globalization and the Info Revolution“) para a revista BusinessWeek que abordava o mesmo tema.
O contexto era o recorde do mercado de ações dos EUA que, para Michael, poderia ser explicado pela new economy, “construída sobre a base dos mercados globais e da Revolução da Informação”.
Para o autor, o crescimento da produtividade decorre do uso da tecnologia da informação pelas empresas para cortar custos e competir nos mercados globais.
Apesar das previsões otimistas que partiram desse pensamento sobre a globalização, os anos 2000 levaram o mercado norte-americano à recessão.
Mesmo assim, as características das novas economias já estavam germinando, o que impulsionou negócios disruptivos e inovadores, como as startups.
Neste contexto, percebe a importância de analisar o que se entende por velha e nova economia?
Nova economia x velha economia: quais as diferenças?
A new economy é uma nova forma de pensar e realizar a produção e o consumo de bens e serviços, com uma lógica diferente daquelas que norteiam a economia tradicional ou velha economia. Ele é caracterizada por:
- Crescimento exponencial;
- Foco na venda de serviços;
- Desenvolvimento de novos modelos de negócios;
- Inovação, criatividade e colaboração, com autonomia e valorização do conhecimento;
- Uso intensivo de novas tecnologias da informação e comunicação (TICs).
A chamada economia tradicional ou velha economia tem outras características, como:
- Crescimento linear;
- Foco na venda de produtos;
- Hierarquia e valorização do capital;
- Produção industrial de bens materiais, seguindo uma lógica linear de “extrair – transformar – comercializar”.
Para compreender melhor essa diferença, é preciso conhecer os tipos de negócios na new economy.
Tipos de negócios na nova economia
A new economy, como já apontado, é um modelo inovador, que propõe uma nova perspectiva de negócios. A partir do uso de tecnologia, tem como foco a promoção do bem-estar do usuário.
E quais são os tipos de negócios na nova economia? Veja:
- Negócios sociais ou de impacto: negócios cujo foco é gerar impactos positivos na comunidade a partir de uma gestão eficiente;
- Negócios escaláveis: são negócios com crescimento exponencial, que geram lucros rapidamente, tem produção em grande escala e alta materialização do lucro;
- Negócios criativos: negócios que trabalham com bens intangíveis, que atendem aos desejos dos sócios por propósito e equilíbrio, e lucram com o que gostam;
- Negócios inovadores: são negócios com colaboradores que praticam o empreendedorismo interno, que utilizam o dinheiro dos acionistas da empresa para empreender.
Entendeu quais os aspectos e valores definem as chamadas novas economias? O conhecimento sobre seus princípios traz mais luz ao conceito e ao funcionamento desses negócios.
Princípios das novas economias
A new economy baseia-se em grandes investimentos no encantamento do cliente, sendo necessário ter um negócio com propósito e criar demandas de mercado.
As adaptações rápidas e flexíveis para corrigir erros também são características importantes, bem como a crença de que sempre há o que melhorar.
Outro ponto relevante é a criação de oportunidades em momentos de crise e incerteza, por meio das constantes transformações e inovações.
Estes princípios permitem que new economy seja mais dinâmica e adaptável às mudanças do mercado.
Confira mais detalhadamente os princípios desta economia.
Você sabe o quanto a gestão da inovação impacta as empresas? Entenda mais sobre esse modelo de negócio
Grandes investimentos no encantamento do cliente
Você conhece a abordagem de experiência do cliente praticada pela Disney? Em 2018, os parques tiveram 157 milhões de visitantes, com uma incrível taxa de retorno de 70% dos hóspedes iniciantes.
De acordo com a Forbes, existem cinco lições que as empresas devem aprender com a Disney para encantar seu público:
- Aproveitar a tecnologia: aplicativos e experiências móveis, Wi-Fi gratuito em todos os parques e hotéis, aplicativo My Disney Experience são tecnologias que somam à experiência do hóspede.
- Envolver todos os funcionários: todos os funcionários dos resorts Disney são treinados para criar felicidade e ter ferramentas para atender melhor os clientes e resolver problemas da maneira mais mágica possível.
- Criar experiências imersivas: entrar em um parque temático da Disney é basicamente entrar em outro mundo. Para se ter uma ideia, a empresa usa mais de 15.000 alto-falantes e algoritmos complexos para tocar música ambiente em um volume constante em todo o parque.
- Manter os parques limpos: a tecnologia contribui para acionar funcionários quando os lixos estão cheios, e existe até rede subterrânea de tubos para conectar as lixeiras e esvaziá-las a cada 20 minutos. O foco é cuidar de cada detalhe e remover coisas que prejudicam a experiência do cliente.
- Levar a personalização para o próximo nível: a Disney trata todos os convidados como um VIP, e isso vem da compreensão dos hóspedes e da personalização da experiência para atender às suas necessidades. Para isso, a empresa coleta enormes quantidades de dados para entender seu público de forma individualizada.
Isso é investir por completo no encantamento do cliente, com práticas focadas em conhecê-lo e satisfazer suas necessidades.
Você já ouviu falar em moonshot thinking? Preparamos um conteúdo completo sobre o tema.
Criação de demandas de mercado
Uma empresa pode perceber uma necessidade do mercado e desenvolver produtos ou serviços para atendê-la. Essa é a lógica da velha economia.
No entanto, ao atuar dentro das características das novas economias, é possível criar demandas.
Quando utilizávamos os celulares tradicionais, como o Blackberry, não sabíamos que havia uma necessidade de ter um smartphone para responder e-mails ou se conectar às redes sociais pelo aparelho.
Adaptações rápidas e flexibilidade para corrigir erros
Na Sociedade 4.0, as transformações ocorrem em alta velocidade, e é preciso desenvolver adaptabilidade e flexibilidade para ser competitivo no mercado.
São características que permitem uma empresa aproveitar oportunidades do momento e corrigir as rotas caso seja necessário.
É uma lógica que considera a possibilidade de falhas, mas que as entende como algo que faz parte do processo. Ou seja, os erros não devem ser temidos. Pelo contrário, eles podem ser a engrenagem necessária de uma inovação.
É necessário ter um negócio com propósito
Uma organização de sucesso deste novo contexto econômico não se baseia em indicadores financeiros, como lucro e faturamento.
O negócio deve ter um propósito que motive sua construção, uma causa maior de existência que fundamenta a visão, a missão e os valores.
É a melhor forma de estabelecer um relacionamento de qualidade com clientes, considerando que o público atual se baseia em um consumo consciente.
Sempre há o que melhorar
A constante transformação na qual está inserida a new economy faz com que uma solução nunca esteja pronta. Sempre há o que melhorar.
Diante deste cenário de incertezas, que é decorrência do monitoramento contínuo do consumidor, é interessante ter estratégias para se resguardar.
O Produto Mínimo Viável é um bom exemplo, pois constrói uma versão mais simples que será aprimorada a partir de testes e feedbacks de potenciais clientes.
Criação de oportunidades em momentos de crise e incerteza
As tecnologias disruptivas e as inovações costumam aparecer em momentos de dificuldades e crises. As mudanças de comportamento que ocorrem nestes cenários motivam as empresas a pensar em oportunidades não exploradas.
O crescimento do e-commerce e as lives culturais durante a pandemia do novo coronavírus é um excelente retrato disso.
Transformações e inovações frequentes
A necessidade de se adaptar e ter flexibilidade é, como vimos, um princípio importante das new economy.
Neste mesmo sentido, as transformações rápidas também demandam inovação por parte das empresas para que se mantenham relevantes no mercado.
Maiores desafios das novas economias
A new economy enfrenta uma série de desafios, o maior dos quais provavelmente é como vincular as empresas à tecnologia.
Com o advento da internet, e-commerce e mídias sociais, não basta ter apenas um ótimo produto ou serviço – as empresas precisam ser capazes de fazer uso dessas novas plataformas para atingir seus públicos-alvo.
Isso geralmente significa romper com os modelos tradicionais de gestão e entender como as pessoas interagem com as marcas online.
Além disso, é preciso se concentrar na produtividade e nos resultados, em vez de simplesmente gerenciar entradas e saídas.
Por fim, é importante dar autonomia e flexibilidade aos funcionários para que possam se adaptar às mudanças e inovar.
Ao enfrentar esses desafios, as empresas conseguem se posicionar para o sucesso e garantir sua competitividade no mercado.
Como é a relação entre a nova economia e o comportamento do cliente?
A globalização provocou uma enorme mudança no comportamento do cliente. Com a facilidade no acesso à informação, o consumidor se empoderou e adquiriu conhecimento por conta própria.
A internet ampliou seus horizontes e o fez perceber que existem empresas que se identificam mais ou menos com seus valores. Além disso, ele conheceu novas soluções que passaram a integrar seu cotidiano.
Esse progresso trouxe inúmeras oportunidades para o consumidor e deu a ela maior poder de escolha e decisão. Seu conhecimento é a moeda da new economy.
Ou seja, ele exerce esse poder ao escolher o que for mais adequado a seus interesses, orçamento e momento de vida. Caso opte por algo e não fique satisfeito, o cliente buscará outro fornecedor.
O consumidor atual tem preocupação com a sustentabilidade, com a legalidade dos aspectos da linha produção, com a diversidade e outras questões.
Portanto, para saber como se destacar no cenário das novas economias, as empresas devem se atentar para o que é importante para o cliente e promover um encantamento constante.
As principais tendências para negócios das novas economias
As tendências da nova economia orientam o comportamento de empresas bem-sucedidas nesta era de transformação digital. E quais são as principais? Confira:
- Consciência social;
- Pensamento dos governos como aliados;
- Ascensão da economia compartilhada, impulsionada por empresas como Airbnb e Uber;
- Diversidade, como um movimento que busca igualar o acesso de minorias ao negócio;
- Ênfase crescente no impacto social, com empresas focadas nos critérios ESG e que se esforçam para criar mudanças positivas no mundo;
- Economia gig, em que os trabalhadores são contratados como autônomos ou contratados para concluir tarefas ou projetos específicos.
Com a compreensão sobre as características e as tendências da nova economia, é possível perceber que a tecnologia tem um papel importante neste processo.
Conclusão
As novas economias propõem uma lógica de mercado centrada em pessoas e que preza pelo desenvolvimento sustentável.
O foco no produto dá lugar ao encantamento do cliente, e as empresas passam a criar demandas ao invés de apenas atendê-las.
É uma mudança no próprio modelo de negócios, que passa a trabalhar sob uma ótica inovadora e de propósito.
Neste contexto, os executivos precisam se inteirar cada vez mais sobre tudo aquilo que pode transformar soluções para atingir mais pessoas.
Você sabe o que é inovação disruptiva?
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