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“Eu fiz o EP duas vezes e tenho certeza que farei pela 3ª vez”

Vocação vem do latim vocare, que significa chamado. Então, além do entendimento de um tipo de talento ou uma habilidade única que outras pessoas não possuem, essa palavra tem este sentido no qual a pessoa “é chamada” para aquela determinada atividade.

Isso pode ter um sentido em diferentes esferas da nossa vida. Normalmente, a que mais se destacou no processo histórico, é a religiosa, mas os gregos e seus oráculos já recebiam chamados dos deuses muito antes da teocracia.

O tempo vai nos colocando no caminho para que isso ocorra. Mais ainda: é no tempo em que os sinais vão se mostrando e, querendo ou não, acabamos por segui-lo até que tudo se transforma em uma epifania criadora e a energia motriz se perpetua no propósito.

Desta vez, em mais um Especial 10 edições do Executive Program da SingularityU Brazil, conheceremos como um chamado foi se desenhando na vida de Rafael Mayrink, CEO da NP Digital, e de que maneira sua vida se transformou para algo impensável no começo de sua carreira.

Com energia contagiante e paciência para nos contar como foi criar seu negócio, expandi-lo e criar perspectivas em todos os momentos da empresa, Rafael nos mostra como sua transição de carreira e início de um projeto empreendedor deu base para encontrar seu propósito e se tornar um líder que agora prospecta sobre o futuro.

Talvez uma semente do Executive Program? É provável, já que o CEO da NP Digital é um dos poucos que se aventurou duas vezes no EP da SingularityU Brazil e, em cada uma delas, trouxe algo a mais para pensar em seu trabalho e ainda destaca que: “tenho uma inovação para fazer, mas primeiro é hora dos processos”.

Essa gama de aprendizados você pode acompanhar na entrevista abaixo!

SingularityU Brazil: Rafael, por favor, se apresente!

Rafael Mayrink: Eu sou um eterno inconformado, digamos assim. Um cara que aprendeu a ser uma pessoa muito curiosa, com o passar do tempo.

Comecei minha vida como profissional de comunicação, mas sempre fui fazendo as coisas por eliminação.

Não queria medicina, não queria física, não queria matemática… Sobrou Comunicação, mas não queria RP, nem jornalismo… Então publicidade apareceu.

Minha vida foi seguindo este caminho. Não tive muito acompanhamento na época, então fui tentando do jeito que podia e pensando que tinha que trabalhar e pagar conta. Antes, na minha cabeça, trabalho servia para isso e não existia esse lance de realização pessoal, confesso.

Por conta disso, uma coisa característica da minha vida sempre foi trabalhar para os outros, nunca para mim mesmo. Eu tinha uma certa noção que, trabalhar para si mesmo, não tinha nada de glamoroso, porque implicava trabalhar o tempo inteiro.

Pensava sempre em trabalhar segunda a sexta, aproveitar meus resultados e tudo mais, porque sabia que quem trabalha para si mesmo tem uma vida puxada.

Eu gostava do meu fazer. Gostava também de me esforçar no trabalho, ver as recompensas de que eu estava aprendendo e todos os lugares por onde passei me ajudaram muito. Graças a deus, isso tudo me deixou portas abertas.

Porém, como eu não me sentia tão realizado com o trabalho, não sentia essa completude que todos falavam. Eu separava os momentos entre o trabalho e minha vida pessoal, pensando que deveria realmente ter essa separação.

Mas, em um determinado momento, me deu uma epifania e decidi que não queria mais algumas situações que estava vivendo. Gostaria de entender o que era se realizar profissionalmente, fazer algo que eu acredito e tudo mais.

Comecei essa jornada, que foi um tanto solitária, digamos assim, em 2014. Rapidamente, em 2015, fui para o mundo do marketing digital e hoje estou aqui como CEO da NP Digital.

Então, creio que eu sou uma construção de todos estes acontecimentos.

SU Brazil: Mas foi difícil ou foi algo orgânico?

Rafael: Cara, foi muito difícil. Não vou dizer que foi fácil.

Como eu disse antes, não havia muito acompanhamento.

A história dos meus pais é a história de muitos: eu tinha uma vida tranquila, com um certo privilégio, estive em uma escola boa, educação ótima, estrutura familiar, casa própria e tudo mais. Nunca passei dificuldade, graças a Deus.

Mas, na época do Collor, na década de 90, com as polêmicas de inflação e superinflação, meus pais perderam seus respectivos empregos e ficaram um bom tempo desempregados. Minha mãe correu e se aposentou.

Durante muitos anos vivemos de maneira regrada. Por isso, o trabalho era sinônimo de subsistência, no sentido de praticidade da sobrevivência: pagar conta, não dever e sobreviver da melhor forma possível.

Então, a falta de acompanhamento era um ponto. Se eu tivesse, acredito que teria feito algumas coisas mais rapidamente.

Depois, tem a dificuldade do risco e de calculá-lo. Não há glamour algum nisso. Não tem aquela coisa de ter que ir arriscar e por tudo à prova, “por a cara a tapa”. Não. Isso é um discurso fantasioso. É apelativo. Precisa se preparar, organizar e fazer conta.

A realidade é o que a gente vive: tem conta para pagar, tem aluguel, tem compra, supermercado todo mês… Precisamos pensar nisso e estou dizendo para os privilegiados, não estou nem falando quem precisa fazer mais ainda para sustentar uma família inteira ou está correndo para sair da vulnerabilidade.

Não tem glamour no negócio. Para arriscar, precisa de dinheiro, pagar conta, olhar futuro, se planejar e também entender como se virar quando não dar certo, já com o medo do fracasso de não empreender corretamente.

Então… Sempre vem angústias: E se não der certo? Como estará o mercado? Como dizer que falhei no empreendedorismo e ainda esperar que me contratem?

Tudo isso passa pela nossa cabeça. A insônia passa a tomar um tempo de ti neste momento. São coisas da vida e acontecem com todo mundo. Essa virada para empreender não é simples. Não é da noite para o dia. Precisa de planejamento. Precisa arriscar e, claro, abrir mão de algumas coisas para fazer dar certo.

SU Brazil: Este arriscar foi chegar na NP Digital?

Rafael: Na verdade vem de um pouco antes.

Eu fui tentar me especializar em marketing, na época, porque quando fazia publicidade, eu sentia falta de olhar o todo, olhar estratégia, marketing, vendas, comunicação e tudo mais. Diversas áreas que estão engrenadas.

Na publicidade você trabalha com uma parte da publicação. Por conta de querer enxergar o todo, eu já tinha um certo interesse em trabalhar com marketing em si. Então fui adentrando no caminho do marketing, mas ainda de maneira tradicional: TV e Rádio, por exemplo. Eu estava me especializando, antes de ter estas epifanias da qual falei.

Em uma aula de trade marketing, o professor falou sobre a questão digital e disse que quem seguisse esse caminho no futuro se daria muito bem. Neste momento veio outro ‘estalo mental’, porque eu não sabia nada desta área.

Lembrei de uma pessoa que estudou comigo na faculdade, o Saulo Medeiros. Ao contrário de mim, desde o começo ele queria empreender, gostaria de ter um negócio e uma agência.

Perdemos o contato depois da faculdade. Lembrei dele anos depois e o procurei. Quando o achei novamente, a gente começou a conversar e vi que ele se tornou bem sucedido com uma agência de marketing digital e tinha contas interessantes.

Pedi para ele fazer uma consultoria para me ensinar como fazer isso. Ele topou, em nome do nosso excelente relacionamento na faculdade, porque um já salvou a pele do outro na faculdade. É aquele amigo que podemos contar na faculdade: não tínhamos tempo, porque trabalhávamos, então nos ajudávamos nessa dedicação. Ele foi meu parceiro nessa.

Neste momento, Saulo me falou do Neil Patel. Ele já estudava muito em inglês, porque em português ainda não se oferecia tanto conteúdo de qualidade e rico sobre este assunto.

Ele já encontrava o Neil Patel várias vezes nestas buscas por estudos. Então me colocou como obrigação estudá-lo e disse: “para entender como funciona, você precisa praticar isso. Crie seu site, escolhe o nicho que gosta e trabalhe com tráfego do seu site, gere leads e tente converter em venda”.

Então eu juntei várias coisas que eu gostava ou que estava aprendendo: escolhi o segmento de fotografia, que eu sempre curti ser fotógrafo. Quis fazer um serviço de consultoria de marketing, porque tem muitos profissionais que se perdem em investimento e grana disponíveis.

Eu falo até disso, porque tem muito além da comunicação: é preciso entender o produto, pensar sobre como ele circulará no meio digital, as regiões de atuação, se a precificação atende os objetivos e tudo mais.

Comecei a estudar muito SEO, conteúdo, gerador de leads e fui criando o site. O Saulo me ajudou nisso. Consegui um tráfego muito legal de início e o Saulo comentou que eu deveria conhecer o Patel.

Tinha um evento da Hotmart, em que o Neil Patel viria para o Brasil, como palestrante. Foi uma coincidência incrível. Ele veio até Belo Horizonte, que é a cidade onde moro, no dia 15 de agosto, exatamente no aniversário da minha esposa.

Sua palestra seria no lugar onde íamos comemorar o aniversário dela, no Hotel Ouro Minas. Uma coincidência impressionante.

Além disso, na época, tinha também uma questão monetária. Então resolvi comemorar o aniversário da minha esposa e deixar isso para outro momento. Mas eu estava há poucos metros dele, no mesmo hotel.

Semanas se passaram depois disso e aquilo estava na minha cabeça: “Perdi a oportunidade… Não acredito”. Até que eu decidi mandar um e-mail para ele, porque eu pensava: “Ele precisa estar no Brasil. O conteúdo dele é fenomenal. É um cara fora de série. Sou fã do trabalho dele. Precisamos fazer isso.”

Conversei com Saulo e como a gente mandaria este e-mail. Enviei e no mesmo dia respondeu que não tinha interesse no momento. Agradeceu e deixou as portas abertas para o futuro.

Acabou ali.

Fiquei super frustrado.

Mas, três dias depois, ele me mandou outro e-mail perguntando o quão difícil seria traduzir todo site dele, do inglês para o português. No futuro ele me explicou o que aconteceu, mas ali percebi que tinha ganhado a atenção dele.

Começamos a fazer algumas reuniões. Vários testes foram feitos com a gente, sobre algumas atividades e sempre entregamos em muito alto nível, além do que ele pedia. Passaram-se alguns meses, a gente foi para os Estados Unidos encontrá-lo pessoalmente, para conversar, e foi quando ele decidiu abrir a primeira agência de marketing digital dele, a NP. Então, a fundamos, em 2016. Foi esse o começo da minha história empreendedora.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU Brazil: Então foi neste momento que o Rafael se tornou CEO, ao lado do Neil Patel, organizando tudo…

Rafael: Sim… Inclusive, eu entendi o que aconteceu naqueles três dias que fiquei frustrado.

O Neil me disse que entrou em contato com alguém do Google, dizendo que tinha um brasileiro oferecendo um serviço, em um trabalho de tradução para o espanhol, português e expandir a marca dele pelo mundo.

Quando este amigo ficou sabendo que ele declinou a proposta, então respondeu ao Neil Patel que ele “tinha perdido o juízo”, porque “os brasileiros vão fazer todo o trabalho, difundir seu nome por todo o país e não faz sentido nenhum declinar um tipo de proposta como essa”.

Foi neste momento que o Neil Patel se convenceu e me mandou o e-mail.

Neste começo, o grande objetivo era fazer exatamente como trabalhávamos com nossos clientes. Afinal, era uma pessoa pouco conhecida no Brasil, mesmo no universo do marketing digital, porque muita gente não fala inglês.

Então pensávamos o que tínhamos que fazer, como estratégia de SEO, tráfego orgânico, como ranquear palavras, qual o mercado no Brasil, como um CMO, gerente e diretor pensa sobre isso, pesquisa no Google… Foi um trabalho extremamente minucioso e fizemos um planejamento bem intenso.

No começo trabalhamos com a tradução de textos no blog em inglês, depois criamos novos conteúdos específicos para o Brasil. Foi neste momento que eu comecei a ir atrás de tradutores, porque eram nós três apenas.

Foi neste momento que eu arrisquei mesmo: 100% do meu tempo era dedicado para isso. Eu tinha poucas consultorias. Deixei de vender no site, corri para terminar meus projetos, mas sabia que com o Neil daria certo. Eu sentia isso. Não tinha dúvida. Meu corpo dizia que era o momento de me dedicar o máximo que eu pudesse. Eu mesmo traduzi alguns conteúdos, revisava e estava muito próximo do processo.  

Foi legal porque o Neil chegou em um nível de confiança que ele gostaria de traduzir o site todo em um ritmo alucinante. Neste momento, então, a questão se tornou monetária e eu abri o jogo para ele.

O Saulo comentou que precisávamos de dinheiro e, em dois minutos, o Patel mandou todo o financiamento necessário. Percebe? A gente mal tinha se conhecido, mas era esse o nível de confiança. Foi um marco para nós. Ali entendemos o que é quando as pessoas querem fazer acontecer.

Utilizamos esse dinheiro para contratar e cheguei a ter 20 pessoas atuando na parte de tradução e revisão. Depois contratei uma gerente para cuidar de todos estes projetos, que foi a Eduarda Heter, que tinha muita maestria nisso. Começamos então a gerar tráfego, leads qualificados para o site e começou a engrenar.

SU Brazil: Então, no 1º EP que você fez, isso estava consolidado?

Rafael: Sim! A NP estava mais consolidada e o processo estava engrenado.

Essa história inicial que contei se deu de 2014, na minha decisão de mudança. Em 2015, houve o contato com Saulo. Com o Neil se estendeu até 2016, onde efetivamente eu comecei no empreendedorismo.

No EP, em 2020, eu já tinha mais de 150 pessoas, mais de 170 clientes na operação. Era algo bem robusto. O Neil Patel já estava presente em sete países, com agência de marketing digital, acumulando mais de 700 colaboradores no mundo.

Já tínhamos passado por muita coisa. No começo a gente precisa fazer um pouco de tudo, né? Desde comprar um computador, a entender de contabilidade, entender de vendas de design, entender o cliente… Você navega por diferentes áreas.

Para mim isso foi muito bom, porque eu gosto desse dinamismo. Ter negócio é isso: você não vai ser um especialista em tudo, mas ter uma noção de quase tudo. Isso é extremamente importante. Eu já tinha passado por isso: tive lideranças em vários destes departamentos, que me ajudaram a conhecer várias áreas distintas.

Agora, sobre o curso, eu na verdade sempre evitei em entrar em programas tradicionais e vários cursos. Foi apenas uma preferência minha. Eu fiz uma especialização em marketing depois de anos de formado. Eu sempre tive um pé atrás de ficar ouvindo muita coisa teórica e que não iria me ajudar na prática. O crescimento do marketing digital foi muito prático, então não pensava em curso algum.

Foi nesse contexto eu cheguei ao Executive Program da SingularityU Brazil. Não preciso dizer que foi algo completamente diferente, né? A rede era muito distinta, então, os assuntos eram muito complexos, o networking também e tudo era sempre muito novo. A experiência de vida de quem estava palestrando também contava neste ponto, porque agregava além do conteúdo falado e mostrava algumas possibilidades.

Não foi à toa que eu repeti o Executive Program da SingularityU Brazil e eu tenho certeza que farei pela 3ª vez.

Foi neste momento da minha vida que o EP me ajudou com tudo isso. O curso te permite entender as pessoas, as tomadas de decisão, as dúvidas, angústias e como passar a entender o tipo de planejamento que vamos criar. Tanto em São Roque, quanto em Campos do Jordão, os cursos de imersão foram importantes demais para minha trajetória.

SU Brazil: Quais foram as diferenças entre os Executive Programs da SingularityU Brazil?

Rafael: Olha, o que eu achei realmente diferente foram os conteúdos.

Por mais que a linha de raciocínio fosse a mesma, os conteúdos eram muito diferentes, ainda que fossem as mesmas pessoas. A apresentação pode até ser parecida, mas a abordagem era sempre pessoal de cada pessoa e a temática ficava diferente.

O que eu achei interessante foi a diferença: a primeira vez é sempre um impacto muito grande. Quando você entra neste universo de inovação não é uma coisa simples. É difícil sair do processo cotidiano, de continuar melhorando a eficiência, e, ao mesmo tempo, trazer coisas novas. Prestar serviços diferentes exigem um primeiro estranhamento para entrar no fluxo. É complicado. Imagina pensar em disrupção.

Isso me chamou muita atenção. Porque, não é necessariamente no seu trabalho ou no seu ramo. As transformações acontecem em outras escalas e vão afetando onde chegam.

Lá eles falavam sobre a disrupção da geladeira acabar, por exemplo, pois estavam falando sobre os drones que entregam produtos gelados. Então: para que estocar?

Hoje a reação das pessoas é estranhar tudo isso. Mas vários negócios foram disruptados dessa maneira. Não ouvimos ou lemos o que as pessoas pensaram sobre isso no momento.

Na época dos navios, descobertas de temperos e novas frotas de comércio mudaram tudo, imagina o que isso não causou nas pessoas? O gelo tirou o caráter de conservação do sal: quebrou um mercado inteiro consolidado!

O segundo ponto foi entender o que está acontecendo hoje. Pensar em inteligência artificial, entender que a maioria das empresas não estão preparadas para o que está por vir e que podemos utilizar esta tecnologia exponencial ao nosso favor foi algo fantástico.

Podemos inovar no nosso negócio as utilizando e, por que não, disruptar nosso negócio?

Ultima coisa que foi falada, que achei muito interessante, foi: “nós precisamos ser as pessoas que vão matar nosso próprio negócio, porque se um concorrente fizer isso, estamos ‘lascados’. Se matarmos nosso negócio, disruptamos e trabalhamos com algo que faz mais sentido ainda para o consumidor.”

Isso foi algo incrível nas duas edições. Tenho guardado comigo até hoje e sei que chegará a hora de pensar sobre isso.

SU Brazil: Você esperava tudo isso?

Rafael: Olha, minha expectativa era bem alta. Como te falei, eu não fazia qualquer curso. Então, eu já fui com uma expectativa muito alta, pensando sobre tudo isso.

Posso não ser a pessoa mais ocupada do mundo, mas eu estava esperando muita coisa na imersão de três dias. Porque isso impede de se dedicar ao que geralmente fazemos, certo? Para ninguém é fácil abdicar do seu tempo, por três dias, ainda mais hoje em dia. Então, sempre é um desafio para mim. Por isso a expectativa foi alta e esperava que fosse cumprida.

Nas duas vezes minha expectativa sobre o EP sempre foi superada, principalmente pela parte prática do que foi aplicado. Lembro do Lobão aplicar um workshop sobre como trabalhar com a inovação, mostrando alguns caminhos, apresentando um mapa que ele ia ensinando e como trabalhar aquela metodologia… Eu tenho a pasta até hoje.

Algumas coisas eu ainda uso na minha vida e outras eu nem estava preparada para isso na época, mas estão guardadas na gaveta.

Eu pensava primeiro em me segurar nas questões do processo e o que era meu alcance no momento. A inovação era algo muito além. Foi muito positivo trazer tudo isso e a parte prática me ajudou e continua ajudando muito.

SU Brazil: Sua relação com o trabalho mudou? O que mudou?

Rafael: Na verdade, a relação com o trabalho melhorou.

Desde que eu comecei a ver que o trabalho me realizou, é difícil para mim parar. Amo o que eu faço, tenho um enorme prazer no meu trabalho. Meus domingos a noite são maravilhosos. Eu tenho expectativas ótimas para minha segunda-feira e eu a amo!

Mas, no sentido de execução, o que me chamou atenção é que várias áreas diferentes agora estudam o mesmo assunto. Isso me ajudou bastante, porque comecei a pensar sobre.

Havia pessoas de indústria, logística, marketing, educação naquela edição do Executive Program. Então, comecei a pensar que eu deveria melhorar o meu mercado a partir das considerações dele e vice-versa, não? Então… Essa rede, esse networking de pessoas completamente diferentes, me ajudou muito a ter perspectiva e um profissional melhor.

Dali eu sai pensando que deveria entender sobre outros universos. Isso me ajudou muito no dia-dia, principalmente a pensar de uma forma mais abrangente no meu próprio negócio.

SU Brazil: E como alguém pode aproveitar tão bem assim o EP, como você fez?

Rafael: Acredito que uma pessoa pode aproveitar muito bem se preparando antes. Precisa ver o que acontecerá antes de ir e isso será ótimo para você. Digo isso porque não é simples. Não estou dizendo que é para entrar na página do curso e dar uma lida. Não é isso.

Às vezes não temos a compreensão das coisas.

Se abrimos a página do Executive Program, talvez não há ainda o letramento e o que de fato está sendo falando. Precisa entender o que a SingularityU tem para dizer, o que é inovar, ser disruptivo, quem são as pessoas que vão palestrar, entender o tema, onde é prioridade e não… É disso que estou falando.

O segundo ponto é conectar tudo isso com a sua prática. Precisa entender onde trabalha, o que faz, como isso pode ajudar, de que maneira isso me envolve e o que é possível tirar destas aulas incríveis que terei ter e posso aplicar na minha vida, profissional ou não.

Na terceira parte, acredito que depende da pessoa também, mas é preciso se esforçar. É preciso ser curioso e ‘cara-de-pau’: conversar com gente diferente e quem é realmente o seu desconhecido. Sei que tem introspectivos, é normal. Não é preciso ser uma pessoa tão aberta e é difícil que isso aconteça. Mas é necessário se lançar na situação.

Na última vez, eu saí destruído no dia final. Eu era sempre um dos últimos a dormir e aproveitava o máximo com todos ali. Não só para networking, mas eu estava aproveitando com tudo e todo mundo que estava presente.

Precisa sentar, conversar, perguntar, se interessar, estar ali com a outra pessoa e realmente fazer conexão. Questionar o porquê da pessoa ali, entende? Precisamos sair da nossa redoma.

Se você ainda for de uma empresa, que foi em grupo, precisa se misturar com outras pessoas e ver outras perspectivas. Lógico, tudo depende do seu interesse e da sua função ali. Talvez tenham ido com um propósito específico, tudo bem. Mas, se não for o caso, fique longe e sente com uma pessoa que você nunca viu na vida. As oportunidades são infinitas!

Isso para mim foi muito bom e por isso recomendo para os novos integrantes.

Eu mesmo fiz isso. Peguei o e-book e o caderno dos participantes e fui atrás de informação. Às vezes ficava curioso por x ou y pessoa, profissionalmente ou não, mas ia, com proatividade, conhecer realmente essa pessoa. Seja para ajudá-lo, seja para ser ajudado. O benefício sempre existe. É maravilhoso essa conexão e estar neste local com tanto interesse mútuo.

SU Brazil: Você aproveitou bem então?

Rafael: Os Inimigos do Fim sempre aproveitam! Mas todos depois estávamos lá de manhã também.

Volto a dizer, isso é além do profissional. Ninguém faz negócio só pela parte profissional. As conexões pessoais são muito importantes e é ali que faz sentido, entende?

Isso é muito importante e precisa estar claro para as pessoas. Não dá para empreender sem conhecer o outro. Então a gente se envolvia muito.

SU Brazil: Isso é ótimo! E o que você pensava quando o Executive Program acabava?

Rafael: Eu pensava muito no futuro. Não tinha como ser diferente.

Justamente por começar um negócio do zero, sempre estive vivendo o presente e executando. Mais tarde tive um pouco de estratégia, até que começamos a pensar sobre o próximo ano e como planejar tudo isso. Isso foi ótimo.

Até que veio o EP e me colocou para pensar em 5 anos, 10 e até 15. Então eu comecei a pensar muito mais nesse negócio de ‘futuro’, questionando o meu próprio negócio, pensando até naquele “matar o meu negócio”.

Se morrer? O que eu faço? Qual a minha essência? O que eu faço para prestar um bom serviço para os clientes? Se acabar, o que farei amanhã?

Hoje temos algumas lideranças bem experientes e fortes, que vieram do mercado para dar seguimento às execuções. Agora conseguimos parar e discutir sobre futuro e inovação na empresa, por exemplo, quase todo dia de manhã.

Até hoje não estamos na questão de disrupção, por enquanto. Eu ainda não dou conta, mas estou trabalhando na inovação e no futuro, pensando na nossa ciência e já sei o próximo passo.

A gente para muito para discutir sobre essas coisas. Trabalhamos remoto, mas parte da liderança se encontrará em São Paulo para ter este tipo de discussão sobre futuro. O que pensar? Como engajar em cima dessa questão? Foi o EP que me despertou essa ideia de pensar o futuro.

O curso não se encerra e não podemos deixar de encerrá-lo ali. Foi um investimento, não só de dinheiro, mas de tempo. Por isso, precisa aproveitar da forma certa porque isso dá vivacidade para você. Precisa ser prático.

Por isso eu decidi, e o Lobão me ajudou nisso: melhorar o que precisa para hoje, que é o meu produto, os processos que estão estabelecidos, clientes e tudo mais. Hoje eu vou colocar isso em prática. A disrupção está aqui, mas terá o momento dela no futuro.

Chegará o momento em que daremos um passo maior sobre futuro e inovação. Em 2024 eu tenho certeza que isso ocorrerá. Por isso precisamos nos aplicar para isso.

SU Brazil: Então, para quem você indicaria o EP?

Rafael: Com certeza para executiva(o)s, pessoas que estão em uma posição que tenham experiência e consigam dar diretrizes. Passa um filme na nossa cabeça durante a imersão, desde decisões tomadas até o que vamos pensar sobre isso. É necessário ter um histórico para avaliar, pensar, refletir e ver o que é possível fazer.

Além disso, alguém que consiga se envolver na parte prática, porque há uma série de processos de governança. A voz ativa na empresa é principal por isso. O EP te permite pensar muito além de seu setor e ter várias perspectivas do negócio que precisem de tomadas de decisão. Sair da zona de conforto na imersão, pensando em futuro e inovação, é uma grande responsabilidade.

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“O EP permite que você consiga refletir, olhar o futuro e escolher o caminho que quer trilhar”

Saber o que queremos é uma questão extremamente difícil. Além dos nossos desejos, há diferentes atravessamentos produzidos pelo contexto social que nos afeta. Lidar com essas exigências, por vezes, se torna difícil se não nos conectamos com a nossa essência.

Eliminar ruídos, saber se ouvir, ter concentração e saúde para se entender são questões sérias e cada vez mais estamos percebendo a criação de inúmeras mentorias de autoliderança por isso: se tornou uma necessidade no mundo de hoje, por conta de sua escassez e difícil acesso.

Lidar com as pressões sociais não é algo fácil. Tomar decisões é algo que parece talento, mas não se trata apenas disso. É exatamente o que Sergio Maria, hoje VP – Innovation and Digital Transformation da CNN, nos convida a refletir com sua entrevista para o Especial 10 edições de Executive Program da SingularityU Brazil.

Por decisões pensadas e medidas de acordo com seus objetivos, Sergio deixou o Google, em 2018, para cuidar do seu bem mais precioso: sua família.

Depois passando pela Globo e chegando à CNN, o especialista em inovação tecnológica salienta algo mais importante ainda nessa construção de carreira: ouvir quem está ao nosso lado, que quer o nosso bem e nos conhece – em alguns momentos, mais do que nós mesmos.

Com calma e didática, Sergio mostra muita clareza em cada palavra que reverbera neste texto. Além disso, ressalta a importância da tomada de decisão, ao mesmo tempo em que se lança às novas oportunidades de trabalho, que ocorrem em paralelo com seu desejo de vida muito mais próximo e benéfico aos filhos.

Tudo se construindo com a utilização de uma resiliência genuína, que aparece ao nos contar cada passo das decisões difíceis tomadas, “porque é muito melhor lidar com a decisão tomada do que as não-tomadas”.

Neste compartilhamento de questionamentos que os momentos de decisão nos traz – que poucos conseguem ter entendimento-, Sergio nos ensina que a temperança, clareza e compreensão, aliada aos cuidados e princípios, são poderosas estratégias para exercer nossa inteligência e garantir uma vida riquíssima nas mais variadas dimensões da nossa existência.

Esse papo, na íntegra, você acompanha abaixo!

Sergio Maria trabalhou por 12 anos no Google e foi responsável pelas inovações na área de informações e notícias que a plataforma mostrou nos últimos 10 anos.

SingularityU Brazil: Por favor, se apresente para todos!

Sergio Maria: Eu sou o Sergio, mas todo mundo me conhece como Sergio Maria. Sou homem branco, privilegiado, pai de três meninos e casado com uma mulher incrível. Me considero uma pessoa feliz!

Se eu pudesse dizer algo que gosto, diria que é olhar e refletir sobre o futuro. Fiz 50 anos no ano passado (2022) e teve uma mudança muito importante na forma de ver a minha vida. Gosto de trabalhar com pessoas e me considero uma pessoa tranquila.

SU Brazil: Qual mudança foi essa aos 50 anos, Sergio?

Sergio: Eu vou fazer uma metáfora aqui e espero que entendam. Aprendi isso na psicologia, na verdade. Quando o Sol está na maior distância da Terra, se chama afélio, depois, quando se aproxima, é dado o nome de periélio. Esse movimento é o que caracteriza o nosso ano, mas é também uma maneira de entender como lidamos com a nossa vida.

De forma bastante superficial, nosso movimento com a nossa essência acontece desta mesma maneira. Até os 40 anos a gente está chegando no afélio, na parte mais longínqua da nossa essência, tal como o sol: sempre tentando olhar para fora, ou seja, produzir, estudar, gerar patrimônio e tudo isso.

Depois, retornamos para próximo de nós mesmos. Após estas conquistas, começamos a olhar para algo mais próximo da gente, a nossa essência: o querer fazer o que gosto, viver feliz e tudo mais. Hoje, acredito eu, que estou nessa fase, aos meus 50 anos.

De fato, essa mudança aconteceu um ano depois do Executive Program da Singularity Brazil. Coincidiu com os pensamentos e com os horizontes de transformação. Acho que o EP teve uma participação grande nesta reflexão, junto com a pandemia também. Eu mudei bastante minha forma de olhar a vida e a minha própria existência neste momento.

SU Brazil: E você está gostando deste momento?

Sergio: Eu estou gostando sim. Estou muito feliz. Muito feliz mesmo. O antigo fundador do Google X fala em um podcast sobre esse momento, que para ele chegou aos 27 anos. Lá ele menciona o quanto foi privilegiado ao ter isso aos 27 anos e poder ter essa mudança de olhar, mesmo em uma empresa que mudou o mundo.

Ultimamente ando percebendo que a vida te dá sinais ao longo do tempo, mas muitas vezes temos dificuldade de enxergá-los, porque nossa atenção está em outras questões. Para mim, o ponto de mudança muito importante foi o trabalho.

Eu sou uma pessoa calma e tranquila, em um geral. Um dia em casa, no final de semana, que jurava estar bem tranquilo, meu segundo filho disse: “Papai, você tá nervoso”.

Eu realmente não achava. Não estava tendo uma reação nervosa, mas o jeito que eu me movimentava mostrou que eu me sentia assim. Achei interessante esse acontecimento por duas coisas: uma criança, de 7 anos, conseguir entender este sentimento, que não é fácil; e foi um recado.

De fato: eu estava fazendo várias coisas e não me sentia satisfeito com a maneira com que tudo foi se construindo. Então, tentei mudar. Estes foram alguns sinais que estou dizendo que devemos sempre estar atento. Quando estamos lá no afélio, no ponto mais distante da nossa essência, fica difícil olhar para tudo isso e nos entender. Por isso é importante prestar atenção e ouvir o que a vida nos mostra.

SU Brazil: Que inteligência emocional do seu filho, não?

Sergio: Sim… O mais engraçado é que ele tem uma facilidade em falar sobre isso. Dos três, ele é o que mais gosta desse assunto e sempre tem ótimos pontos para manifestar sobre estas questões. Ele nos percebe. É algo bem legal.

SU Brazil: Muito bacana! Aproveitando, e como era sua vida antes desse entendimento?

Sergio: Bem, eu tive algumas mudanças na minha vida. Todas as transformações que temos em nossa existência acontecem em pequenos passos e não são abruptas.

Elas ocorrem igual a disrupção: acontecem lentamente e de repente você vê o produto disso. É um “vem acontecendo e está acontecendo”. Para mim, vários sinais foram mostrados até chegar no Executive Program da SingularityU Brazil, onde várias outras questões apareceram para mim.

Antes do EP, eu fiz vários cursos. Fiquei 12 anos no Google e chegou o momento, em 2018, de internacionalizar, afinal, minha cadeira não se comportava mais apenas aqui.

O turbilhão de pensamentos é grande: ir, ficar, entender o que quero, as possibilidades. Estava olhando outras posições na Europa e tudo caminhava: conversei com vários amigos que estavam lá; já havia morado fora quando menor; olhei escolas para meus filhos -; e sondei tudo que você puder imaginar para morar com a família.

Mas, um dia eu sentei para jantar em casa e questionei: por que estamos indo?

Uma pergunta básica: “mas, Por quê?”

Todos tiveram quase a mesma resposta: “Não sei… Apenas estamos indo…”

Depois veio um sonoro: “mas não precisamos ir…”

Foi o primeiro momento que decidimos juntos. Confesso que foi muito difícil.

Lembrei da poesia da Cecília Meirelles “Ou Isto ou Aquilo”, um dos primeiros poemas que li quando menor e ele remetia a este momento, porque é sobre a escolha.

O que acontece com uma escolha? Há sempre uma renúncia. Esta é a parte mais difícil dessa decisão. Muitas vezes a gente pensa na renúncia mais do que na própria escolha e, então, tive que fazer dessa renúncia a própria escolha.

Abri mão de 12 anos no Google. Não se tratava apenas do trabalho, mas tudo que vem com isso, afinal, não era meu desejo sair do país.

Eu já estava com 45 anos. Naquele momento começou a vir todos aquelas questões de etarismo e pensar sobre meu lugar no mercado, onde arrumaria um emprego e tudo mais. Todos os medos passaram na minha cabeça. Mas era o momento correto e certo para deixar a empresa.

No meu plano de família não cabia a internacionalização, ainda que fosse um plano de carreira interessante. Tomamos a decisão e eu saí da empresa. O mais interessante foi a perspectiva que eu criei sobre inteligência fora do Google.

Quando estamos imersos em uma coisa é difícil olhar para fora e entender o que as outras pessoas estão fazendo. Mais complicado ainda é cultivar tudo isso. Quando saí, a primeira coisa que mais me chamou atenção foi ver outras ações riquíssimas e que eu poderia me encaixar tão bem quanto era na empresa.

Por isso fui conhecer outras coisas: estudar, principalmente em conselho administrativo; procurar cursos diferentes; entender mais do universo de fintech.

Pensei mais nessa parte de tecnologia porque eu a adoro e queria estar ligado a algo transformador, então fui explorar a tecnologia em outros mundos. Neste período, eu tive um convite para ir à Globo fazer uma transformação da organização.

O projeto chamava “Uma só Globo”, que tentava aglomerar TV aberta, fechada e streaming. Eu fui fazer o desenho para integrar as áreas de publicidade convergente de todas essas áreas.

Eu fiquei três anos trabalhando por lá. O interessante é que na época, eu fiz o curso de conselheiros e fui indicado para dar uma entrevista ao Financial Times.

Nela eu falei sobre transição de carreira e foi interessante porque nem sempre a gente encontra alguém que está disposto a abrir mão de uma história, principalmente em uma empresa do calibre do Google.

Então eu falei sobre essa situação: a troca, o desafio da Globo no momento e o meu próprio nesta nova jornada. Na minha saída do projeto, eu fui reler os meus objetivos do primeiro dia e estava vendo se era coerente, se não contei tanta projeção mais do que concretude. Não era o caso. Conseguimos montar algo bem legal por lá.

Foi nesse período que meu filho disse que eu estava nervoso. Eu fui para fazer a disrupção: passei um ano construindo o projeto e depois mais um ano implementando. Mas, como todo o processo de instauração, muda muito a vida de várias pessoas. É onde aparecem as barreiras.

Então, na minha reflexão hoje sobre o entendimento que me deixava nervoso, era um pouco esse ponto: eu passava 80% do meu tempo explicando o porquê de fazer os outros 20%.

Isso não torna a situação fluida. As ações se tornam mais complicadas do que já são e é um pedaço do meu trabalho que não me fascina, não colaboro tanto e não ajudo tão bem. Meu negócio é criar e mostrar às pessoas. Toda essa ação vem com um desgaste emocional grande.

Esse trabalho de gerar aliados, engajar os outros, é algo emocionalmente desgastante para mim. Quando você faz isso 80% do seu tempo, por muito tempo… Enfim… Não é para mim. Não era esse o meu desejo. Tive um papo aberto e tranquilo com a organização e disse: minha escolha é não ficar doente, então vamos fazer uma transição.

Foi bem tranquilo este momento. Porque, voltando à situação, eu entreguei ao que me propus a entregar. Fiz uma mudança grande em tecnologia.

Tudo isso aconteceu entre 2019 e 2022.

Antes disso, de 2018 até 2019 foi a transição do Google.

O Executive Program está ali, em 2021, depois da transição do Google e neste processo da Globo. Já um pouco nesse movimento de tentar olhar além da situação, afinal, o EP te dá amplitude. O curso te coloca uma lente para você conseguir ter um olhar diferente em um monte de processos do dia-dia, que normalmente não estamos dando a devida atenção.

Você só vai conseguir ter isso se tirar o constante vício das perspectivas que nosso cérebro cria e isso é muito difícil. Por isso a imersão ajuda: te distancia deste vício perceptivo e permite olhar para outras questões que não estão sendo percebidas.

É algo que é a essência do EP. O Executive Program permite tudo isso: olhar para o futuro; conseguir olhar para dentro de si – no periélio, como estávamos falando sobre as fases que temos em olhar para nós mesmos -; enxergar o passado; pensando no que fazer de diferente; em prospectar caminho que não foram pensados…

Porque nós precisamos decidir as coisas hoje. Será apenas dessa maneira que o futuro se tornará diferente. Precisamos alcançar e beneficiar várias pessoas. Há vários problemas que precisamos enxergar como oportunidades e fazer coisas boas para impactar milhões de pessoas. Alguém precisa se apaixonar por isso e fazer.

O impacto do Executive Program é imenso. Traz outra vivacidade e aprendizado para olhar tudo de outra forma. Quando isso se chocou com a história do meu filho, eu vi que deveria parar com aquela lógica que tinha antes do trabalho.

SU Brazil: Que fantástico! E como você chegou até o Executive Program da SingularityU Brazil?

Eu conheci a Singularity University Brazil pelo Google, na verdade, na Turma 1 do Executive Program, porque a empresa participou da fundação.

Na época, eu conheci alguns amigos e eu sempre fiquei muito curioso para fazer o curso. Mas é aquela história: é difícil parar para fazê-lo, até que chegou o momento.

Confesso que fiquei muito na dúvida se faria o global ou do Brasil. Acho que várias pessoas pensam nisso e acham que o internacional é melhor do que o da aqui.

Mas eu dei o voto de confiança.

Olhei e vi que tinha os professores do mundo todo, mais os brasileiros e estava parecia acoplar as melhores partes do global. Mais tarde, pensei que era a decisão certa principalmente por conta da conexão com a nossa realidade cotidiana. Então, decidi fazer o Executive Program da SingularityU Brazil.

E foi uma ótima decisão.

De fato, foi espetacular. Tiveram algumas questões diferentes relacionadas aos assuntos, mas aprofunda a vivencia e os desafios que a gente tem no Brasil. Isso é ótimo. Além disso, a turma também foi muito boa, com um networking extremamente interessante.

Na minha cabeça, já estava preparado caso não gostasse do Executive Program da SingularityU Brazil: faria outro. Mas eu não me frustrei e não foi necessário.

Muito pelo contrário: a experiência foi muito boa. Fiz muitos amigos, me aproximei de várias pessoas, como o Reynaldo Gama, Guilherme Maciel. Me conectei com vários executivos e consegui achar várias mentes para tocar novos projetos e desenvolver novos pensamentos. Foi muito interessante.

SU Brazil: O que você recomendaria para a pessoa que vai fazer o EP?

Acho que todos que chegam para fazer o Executive Program, chegam de mente aberta. Mas, acho que precisa ser mais…

Precisa ir de coração aberto.

Precisa ir para viver a experiência. Não pode ter medo de se expor, porque quando você faz isso é o momento que você cria vulnerabilidade e oportunidade para o vínculo.

Acho que precisa ter esse coração aberto, para refletir e pensar sobre tudo, então: o que você quer fazer daqui para frente? Independente da idade que tem hoje. O que quer fazer nos próximos anos? O que pensa nos próximos 30, 50 anos? O que você quer deixar para traz?

Acho que esse é um pensamento bacana para te ajudar a aproveitar o EP: Curta o tempo com as outras pessoas, seja coração aberto, porque você vai descobrir medos iguais, desafios iguais, problemas semelhantes…

Acho que a gente cresce muito mais quando há troca e estamos conectado emotivamente, principalmente em volta do que a gente emite. A gente consegue se ajudar nisso. Acho que o despertar funciona assim, entendendo o que nos move de verdade. É o principal pensamento. Talvez até uma pergunta: o que te move?

SU Brazil: Você sempre teve essa capacidade reflexiva e de resiliência, até se preocupando em enxergar o além do que se apresenta?

Para ser sincero, sim… Eu sempre fui assim e extremamente calmo. Sempre pensava, entendia como as coisas poderiam acontecer e de que maneira perseverava.

Na pandemia, quando tínhamos reunião por vídeo, as pessoas até falavam: “Sergio, você é muito calmo. Um caos com três crianças em casa, pulando no sofá e você lida com paciência. Você vira e conversa com eles, sem uma veia saltada e nada. É impressionante”.

Então, eu sempre fui desse jeito. Tem pontos negativos e positivos desse comportamento, mas sempre me ajudaram muito.

Eu sou muito didático, por exemplo. Durante minha trajetória de vida, quando enfrentávamos os problemas complicados, muitos pediam para eu ser o palestrante, porque eu era um dos poucos que conseguia traduzir e trazer aquela complexidade a uma maneira tangível e mais simples.

Isso aconteceu na Globo: quando apresentei para o comitê executivo, que se tornou o conselho, eu mostrei uma visão sobre a publicidade nos próximos cinco anos, contendo onde ir, como ir e o que precisava ser feito.

O feedback foi interessante porque era ambicioso, mas tinha um caminho. Afinal, pensar em ir para a Lua é fácil, mas o que a gente vai fazer amanhã para isso? Precisa de foguete, rota, combustível… São n fatores para que as coisas aconteçam.

Então, parte desse meu jeito ajuda a fazer pequenas coisas, além de descobrir outras ao longo do caminho e seguir um direcionamento melhor.

SU Brazil: Que fantástico! E, nisso tudo, o EP ocorreu um ano antes de você sair da Globo. O que estava maturando em você neste momento?

Isso. Eu sai em junho de 2022.

Sinceramente, tem algo que está na minha cabeça, mas não consegui maturar muito ainda. Mas quero fazer algo com educação. No Executive Program eu lembro que isso ficou me atravessando por muito tempo. Me afetou de verdade ficar pensando nisso.

Lembro de olhar algumas coisas, com o Leandro Mattos. Fiquei pensando sobre a questão do autismo e seus potenciais de altas habilidades. Isso está muito ligado ao que penso, em como detectar isso e ajudar no desenvolvimento.

Ali foi onde criou essa conexão. Pensei muito sobre isso ser muito maior do que parece. Lembro de uma estatística, que deve ter mudado já, mas quando o projeto do Leandro começou, no Sul, identificou quem poderia ter algum grau do espectro autista ou potencial de altas habilidades – prefiro esta palavra do que gênios.

Nessa prospecção, perto de 20% das crianças tinha um potencial de alta habilidade na pré-escola. É um número ridiculamente grande. Imagina o tanto de talento que teríamos com tudo isso, caso desenvolvêssemos todo seu potencial ao longo do tempo?

É possível mudar um país ou até um mundo em pouco tempo. Mas, quando chegam na faculdade, há menos de 1%.

Por que isso?

Bem, ao longo do tempo, a escola foi matando este potencial, porque não foi desenvolvido. Não só a escola: a sociedade como um todo, família… Todo o contexto vai reduzindo a pessoa, achatando sua potencialidade e a realidade vai sendo cruel…

Então, algo que farei ainda é olhar para todo este potencial, entendendo como a gente ajuda a desenvolver estas crianças. A ideia não é criar uma “Escola de Gênios”, porque você segrega mais do que inclui. O principal é entender como você dá oportunidade para que aquela criança, que tem um potencial grandíssimo de fazer algo, não o perca Acho que isso foi algo que sofri na escola, para ser sincero.

Tive um momento de perda de interesse pela escola, no 2º ano do ensino médio, por falta de motivação e de entendimento para ajudar a desenvolver as habilidades que me motivavam a continuar estudando.

Lembro da minha família me questionar: “Por que, Serginho? Como isso?”. Sempre estavam ali por mim, mas eu só tinha perdido o interesse. Não houve algo grandioso, ou uma catástrofe.

Então, é aquela coisa: a gente só se apaixona pelo problema quando estamos próximos. Eu tenho pessoas próximas com esses potenciais e eu quero ajudar no desenvolvimento deles. Os ajudando, eu consigo ajudar outras pessoas.

SU Brazil: E o que você anda pensando sobre o assunto?

Sergio: Eu sinceramente tenho mais dúvidas do que respostas.

Eu tenho uma amiga, chamada Carolina Videira, fundadora da Turma do Jiló, e ela é uma referência de educação inclusiva. Ganhou até alguns projetos na ONU.

Quando eu estava nesse processo, pensando sobre construir algo na educação, eu conheci a Carol. Lembrei de falar sobre esse desperdício de talento que temos no Brasil.

O Leandro Matos fala disso e destaca o quanto conseguiu dinheiro dos Emirados Árabes Unidos para a startup dele, que começou a fazer essa análise. Porque naquele país o principal produto é o petróleo, que vai acabar em 80 anos, então precisa desenvolver ciência. Para isso, precisa de cientistas. É um país de imigrantes, então vão às escolas para descobrir crianças com potencial para que a família crie raiz lá. É muito mais caro você importar um cientista e criar uma base lá. Por isso olham com pessoas mais novas.

Eu tenho certeza que esse é o caminho. Acredito que precisa ser, inclusive. Estes talentos entendem o mundo de forma diferente, pensam de maneira distinta e é preciso dar os estímulos certos, de uma forma que entendam bem e possam se beneficiar disso.

Então, por conta dessa complexidade, a ideia é criar caminhos para estimular e desafiar estas crianças, na tentativa de criar e desenvolver aquela potencial habilidade que tem.

Ao mesmo tempo, precisa pensar quem pagaria por isso e precisa ter um contraponto social. Afinal, é algo caro. Nos Estados Unidos tem uma escola que faz isso e custa U$1000 por mês.

Aqui é diferente, mas a ideia seria que alguém que pudesse pagar acabaria financiando alguém que não tem condição. Essa é a minha ideia macro e eu dividi isso com a Carol na época. Ela achou incrível e ficamos por desenhar nisso.

O momento é de caminhos diferentes, mas, eventualmente, voltaremos a isso, só precisamos de um pouco mais de tempo. A ideia vai amadurecendo, enquanto isso. Está aqui comigo.

No dia a dia o pensamento me pertence. Em algum momento, acho que vai acontecer. O chamado está aí e sempre vai aparecer. Ficará maduro e vou conseguir me dedicar a isso. Acredito também que dá para fazer duas coisas ao mesmo tempo, por que não dá para apenas esperar por tudo isso, né? Se não, não crescemos nunca.

SU Brazil: Enquanto isso vai maturando, você está no IBGC e na CNN, certo?

Sergio: Isso!

Eu fui para o caminho da inovação, de olhar e entender quem podem ser os principais agentes de mudança no futuro. Tento entender como isso afeta nosso cotidiano e como pode criar oportunidades, além de desafios para as empresas.

Dentro do conselho tem muito disso. Precisamos olhar essas administrações de outra maneira, que não seja apenas por olhos da balança financeira. Hoje precisamos de diversidade, mas poucos pensam o futuro.

Um exemplo simples: em um curso do “Thinking For The Future”, pensamos na questão climática. Conversávamos e tocamos no ponto da mudança de 1° da temperatura do planeta, porque isso fará com que mude várias condições de doenças no mundo.

No Brasil, essa conversa ainda não existe, mas nos impactará. Podemos olhar, por exemplo, sobre a questão da febre amarela. Hoje é na Amazônia onde há casos e todos tomam vacina. Com uma mudança de 2,5°C na temperatura terrestre, a febre amarela não vai ocorrer mais na Amazônia. Ela começa a aparecer no sudeste e isso muda completamente a situação do país.

Então, se alguém está montando um hospital, especializado em febre amarela, a Amazônia não é mais o lugar para isso, o que parece óbvio hoje. O lugar correto para ele, no futuro, seria nas zonas entre o sudeste e o norte. Por isso, precisa entender outras questões que nos afetam para tomar decisões e não tomar o caminho errado.

Além disso, fui convidado pela Federação das Industrias de Minas Gerais, para participar de um Comitê de Tecnologia e, por conta de todo o acolhimento e estudo na faculdade, estou os ajudando, devolvendo esse investimento.

A tentativa é aproximar estudantes da indústria mineira. A ideia é criar raízes para as pessoas, mostrando que não precisa sair de Minas Gerais, como eu fiz e várias pessoas fizeram. Dá para ficar, caso alguém queira e terá trabalho e boas condições de vida e estudo.

No IBGC, após alguns cursos, faço parte do comitê de Futuro da Governança. Lá tratamos de olhar para frente e compreender a governança das empresas, com tantas atualizações e transformações. Então, não se trata apenas de conselhos, mas da governança que a empresa estabelece. Afinal, o jeito que trabalhamos e a maneira que a inteligência artificial participa dos nossos processos se transformará.

Para você ter uma noção, existe uma empresa chinesa que tem uma inteligência artificial como CEO. Você pode pensar que é uma startup, mas, na verdade, é uma empresa que fatura bilhões de dólares.

Exatamente isso, a organização nomeou uma inteligência artificial como CEO, então: o que isso muda? O que pensam? Como isso afeta a organização? O que precisam se preparar para lidar com isso? É disso que se trata este comitê.

Ao mesmo tempo, saindo do EP, eu participei de um fundo de investimento que veio para o Brasil. Chama NIU.Ventures, que é Very Early Stages startups, que tem como base a tecnologia. Participo com mentorias e estratégias. Tem funcionado muito bem.

Há 4 meses eu fui para a CNN, para ser consultor de inovação. Estamos nesse desafio de olhar para a indústria de notícia, que é a mesma há tanto tempo, e passa por tantos desafios tentando falar com gerações diferentes.

As versões, o tipo de notícia, as construções diante das polarizações e o jeito que o público se conecta, hoje, é um desafio. É muito bom estar próximo disso.

Afinal, além de tudo, tem um propósito. Notícia é ainda o que mantém democracia no mundo. Então, creio ter um propósito de fazer funcionar e ficarei muito feliz se der tudo certo. O dia que meu filho começar a olhar para a CNN e não achar que algo apenas dos mais velhos, eu vou ter certeza que consegui mudar um pouco o desenho da notícia.

SU Brazil: Em algum destes locais você acha que te ajudará com seu projeto de talentos?

Sergio: Vai. Tenho certeza. De novo, a gente volta sempre à escolha.

Eu acho que um ponto crucial é ter tranquilidade e se preparar para isso, porque quando você coloca o desenho da empresa no papel, fica lindo, em um ano funciona. Mas, a gente sabe que não é assim.

Às vezes, um projeto dura 4 ou 5 anos para começar a dar certo. Então, você precisa preparar sua vida para um horizonte de 5 anos de dedicação. Neste momento, será necessário abrir mão de outras coisas e precisa ter recurso neste momento.

Eu estou me preparando para ter tudo isso. Mais ainda para garantir tranquilidade, para mim e para minha família. Inclusive, todo mundo estará preparado para abraçar isso junto.

Acho que em determinado momento isso vai acontecer e eu vou me dedicar a isso. Se não der certo, eu faço outra coisa novamente. Mas é uma mudança muito grande que exige cuidado e organização.

SU Brazil: O Executive Program te ajudou nessa organização?

Sergio: É uma conjunção de fatores, para ser sincero. Talvez se eu não tivesse feito o EP, isso iria aparecer muito mais tarde. Mas acho que foi um pouco de começar a olhar o cenário e entender os sinais que estavam chegando para mim.

O momento de imersão e as mudanças também nos fazem refletir de forma diferente, afinal, tentei descobrir coisas novas. A transformação provoca tudo isso.

Então, acho que a transição foi muito importante. Me trouxe uma série de questionamentos, medos, anseios e oportunidades, ao mesmo tempo que o EP ajudou a olhar para lugares que não estamos acostumados, abrindo caminhos diferentes.

Acho que foi uma conjunção disso tudo que formou aquele momento de epifania, em que a gente entende quase tudo e nos abre para mais outras questões, mas muito mais norteadas. Não é tão fácil entender quando está tudo ali confuso e ao mesmo tempo te dando estímulos bagunçados.

Para inibir essa confusão e conter o anseio, uma das coisas que eu fiz, nas duas mudanças de Google e de Globo foi anotar o que eu não quero fazer.

Na tendência natural, você volta para o que você quer. Existe uma “conservação” que nem sempre é boa, mas nosso cérebro lida como “segurança”.

E eu mudei: queria entender o que não faria, mesmo que conseguisse fazer. Para as outras coisas eu estou aberto, mas há coisas que eu sabia que voltaria para o mesmo lugar em que eu estava, então não gostaria.

Vou conversar, agradecer, indicar, mas não vou cair na tentação e na ansiedade de ganhar dinheiro, entrando naquele “rolo compressor” do que deve fazer. Eu escrevi o que não ia fazer.

Isso foi muito importante.

Acho que tomei decisões boas, fiz projetos que gostei. Muito do que construí no Google e na Globo, vejo que consegui aplicar e tinham estes “nãos” em certo momento. Percebo o quanto estou construindo na CNN, mesmo com isso. Então, são decisões importantes. Talvez eu não estivesse tão feliz se tivesse aceitado outras coisas, sem reconhecer o que não gostaria de fazer.

Quando tocava o telefone, aquela lista que me norteava. Eu respirava, pensava, ligava para as pessoas, conversava e pensava bastante. Porque existe a tentação, o medo. Ainda mais com família.

Olhar o ambiente, pensar que era menos receita entrando, só deixando o dinheiro ir, porque nada entra… Gera uma ansiedade, claro. Por isso precisa se preparar, organizar. Principalmente porque a economia é diferente.

A parte do “não quero” foi algo extremamente importante, principalmente para me dar clareza e saber o porquê das escolhas. Passei olhar também para outras coisas, em pensar nos outros universos que existiam, entender como poderia chegar a eles e que talvez tudo isso poderá me ajudar lá na frente, pensando no meu propósito e o que eu quero fazer.

SU Brazil: Quais eram os medos nestas duas mudanças?

Sergio: Olha, elas foram bem diferentes uma da outra.

O Google foi quase uma escola para mim. Quando entrei havia 60 pessoas no escritório e, no ano em que saí, já computava mais de mil pessoas na América Latina.

É natural fazer movimentos, então ou mudava de área e ficava aqui mesmo ou eu iria internacionalizar. Nem sempre há outras áreas nestes momentos cruciais e não havia um caminho aqui, por isso a empresa me ofereceu fora do país.

Eu não fui porque não queria que meu filho mais novo crescesse fora do Brasil. Talvez, se fosse 5 anos depois, eu teria aceitado e tivesse feito algo diferente, mas isso não é uma frustração. É apenas uma escolha.

A renúncia é muito grande, mas foi por conta do momento de vida, por olhar de outra maneira e entendendo que aquela situação poderia ser um sacrifício para a família. Não era necessário.

É uma oportunidade? Sempre é. Mas, na balança que colocamos, não cabia. Por isso precisou da conversa. Decidimos não ir, construímos outros caminhos e conversei com os meus filhos sobre isso.

A conversa foi franca, eu disse que entraríamos em um período de “vacas magras”. Primeiro foi uma ‘choradeira’, porque falavam do “pai sair do Google” e tinha essa importância do “pai trabalhar no Google”.

O mais novo entendia um pouco mais e disse: “Vaca grande eu não gosto, é feio. Gosto de vaca magra. Está tudo bem”. Fazendo uma brincadeira com a situação e seguiu bem com isso.

Já o mais velho me perguntou: “O que é um período de vacas magras?”.

Eu falei novamente sobre as escolhas: “O período das vacas magras é aquele que não dá para fazer tudo o que queremos, quando queremos. É um período que temos que fazer escolhas que são importantes, para fazermos mais coisas que são importantes para nós”.

Ele é muito ligado em futebol e disse: “Mas eu vou poder comprar a chuteira do Messi?” e essa foi a dor do momento para ele: aquela chuteira nova, que todos querem.

E eu disse que iria ter, afinal, é para o futebol e é importante. É a escolha dele e vamos fazer. Então respondi: “Olha, não vai ser a última do Messi, mas será outra que vai resolver sua situação”. Isso o tranquilizou.

Quando falamos sobre férias foi exatamente a mesma situação de escolhas. Viajamos para a casa da vovó, uma coisa diferente, que nunca aconteceu e foi maravilhoso. As transições geram essas mudanças que são benéficas para nossos vínculos.

Outro ponto foi a minha maior decisão foi viver muito.

Eu quero viver bastante e não quero ser estatística. Quero viver bem. Essa é um tipo de decisão que precisa tomar antes.

Eu li um livro que se chama “Outlive: The Science and Art of Longevity”, do Peter Attia, que fala sobre a medicina e diz sobre a tomada de decisão para viver muito. Afinal, o que você faz hoje será cobrado no futuro.

A medicina trata para te dar uma sobrevida. Às vezes, com uma qualidade questionável. Eu não quero isso. Por isso, é preciso trabalhar antes para evitar este ponto e a decisão acontece 30-40 anos antes.

Hoje eu tomei essa decisão. Mudei meu estilo de vida, não deixo de fazer nada do que gosto, não há radicalismo, mas eu passo a olhar para as coisas de uma forma diferente.

Recentemente eu passei a usar um marcador glicêmico, porque os picos tem um impacto muito grande nos nosso metabolismo e gera uma série de outras coisas. A gente não sabe como funciona, porque os exames são em jejum, mas e o dia-dia?

Eu comecei a usar para entender que tipo de alimento me dá um pico glicêmico e qual não dá. É muito surpreendente. Para mim, comida japonesa dá um pico glicêmico absurdo, comparado com qualquer outra coisa. Talvez por conta do vinagre, sake, açúcar… Eu não tinha a menor noção. Foi extremamente importante para entender o comportamento do meu próprio corpo…

SU Brazil: Eu também não fazia ideia…

Sergio: Pois é! Eu achava que pizza que me dava um pico glicêmico e eu estava errado. Pizza é tranquilo de comer, mas a comida japonesa… Para mim é assim que acontece e cada corpo age de uma maneira.

Para você talvez será diferente. Porém, o interessante de entender isso e ver que não tem uma média para entendermos que estamos ela. Precisamos nos entender.

No livro diz que deveríamos usar 2 meses para entender como alimentação afeta nossa vida. Eu aprendi muito com isso. Uma noite mal dormida muda completamente seu pico glicêmico no outro dia. Isso me retornou para entender a questão das escolhas e como fazemos ela todo dia.

Tem gente que não gosta desse controle e tudo bem. Eu não quero entrar nesse julgamento. Eu não sou daqueles que dorme na hora exata, tem dias que dormirei mais e outros menos. Eu sei que será diferente, apenas isso. E é bom estudar para entender o que vou comer no outro dia, para piorar ou não essa situação. De novo: faz parte das escolhas.

Futuro se constrói com decisões de hoje. Depois que estamos vivendo o antigo futuro que agora é presente, só podemos tomar novas decisões para daqui 20 anos. Então, é preciso olhar para essas questões e entender suas escolhas.

A saúde foi isso para mim: eu quero viver muito, acompanhar meus filhos por muito tempo e é uma decisão que quero tomar agora. Se eu tomar aos 70, não vai dar certo.

Eu quero tomar essa decisão bem e chegar lá com qualidade de vida. Não precisa daquele sofrimento e nem perda para isso. Quando pensamos antes, ainda podemos escolher o nosso futuro.

SU Brazil: O que você diria para os ‘Sérgios’ de cada mudança, ali no Google e na saída da Globo?

Sergio: Eu acho que pensei tanto e refleti em vários momentos que hoje tenho clareza desses acontecimentos, tal qual como tive na época, mas de uma maneira diferente.

Porém, o que tenho para falar destes momentos é que: a decisão não-tomada é sempre pior do que a decisão tomada, mesmo que as renúncias sejam grande.

Eu acredito muito mesmo nisso.

Acho que todas as grandes e difíceis decisões, que tive ao longo da vida, deram certo, porque fiz o que precisa ser feito: se preparar, se cercar de pessoas do bem. Assim, as coisas, por alguma razão, seja ela qual for, tendem a acontecer. Eu me inclino a acreditar nisso e para mim funcionou. Foi o meu caso.

Adiar uma decisão por muito tempo é mais sofrida do que tomar uma decisão. Viver esse período dos anseios e medos faz parte, mas vão te abrir para pensar coisas diferentes que você não enxergava, simplesmente porque ainda não tinha momentos para enxergar outras perspectivas. Mas, é esse olhar diferente que te abre possibilidades.

Tomar decisão é isso. Pensava na questão de etarismo. Ganhava bem, mas eu sempre pensava em abrir mão disso tudo, por conta da minha família e tudo mais.

Acho que a outra coisa, que eu aprendi depois na segunda vez, é que a gente está pensando no que a gente quer, mas creio ser crucial entender o que a gente não quer.

Às vezes o que a gente não quer é óbvio, mas continuamos fazendo. Então, quando coloquei na minha frente, todo dia, o que eu não gostaria de fazer, foi importante para me ajudar a ter segurança nas tomadas de decisões que me levaram onde estou.

SU Brazil: Um dia você vai contar tudo isso para seus filhos. Você imagina como será essa conversa?

Sergio: Hmm… Pergunta complicada, mas eu diria que converso com eles diariamente. Sobre tudo. Todas as decisões que tomo eu converso com eles. Em casa conversamos sobre absolutamente tudo.

Acho que eles vão entender boa parte dessa história, mas eu penso mais na história que não será dita por mim, mas enxergada por eles no legado que fica. Eles vão viver e perceber isso.

Foi isso que eu falei sobre a Globo. O que se esperava em construir era fantástico e estar ali por 3 ou 5 anos era uma ideia, de deixar um legado. Completei 3 anos e vi que algo sólido ficou. Sempre busco estes olhares.

Muitas vezes quando falamos o que a gente é, é o que gostaríamos de ser e que os outros não enxergam em nós. As pessoas sabem o que somos. Eu acho que essa história, contada por pessoas ou até o enxergado por eles, de forma diferente, acho que vai ter um valor maior e vão entender de fato o que isso significa.

Agora, terão também outra coisa sobre experiência que a gente faz. Afinal, estamos juntos, temos experiência, partilhamos o que cada um gosta, ouve música junto, viaja junto…

Acho que isso tudo faz parte dessa construção. Uma coisa, para mim, que foi minha decisão de mudança, por exemplo, é que eu não tenho problema em trabalhar muito, mas tenho problema em ser escravo do horário.

Então, coisas que eu coloquei nos “nãos”: eu nunca vou mudar a agenda que tenho com os meus filhos por conta de trabalho. Foi uma decisão que tomei com eles.

Muitas vezes pediam entrevista em horários que eu buscava meus filhos da escola, caso não fosse possível mudar, agradecia a oportunidade, mas isso eu não abria mão. Este tipo de ajuste é importante.

É difícil. E muito!

Executar isso é complicado, mas você precisa impor limite no começo, porque se não deixa de funcionar. Se abrir uma exceção, na próxima não terá como dizer “não” e será uma regra. Por isso precisa bloquear a agenda e dizer que não pode. Precisa ter uma razão muito mais relevante para conseguir voltar a isso e que dê para negociar algo tão urgente quanto buscar meu filho.

Às vezes dá para fazer algo. Muitas vezes não. Aniversário do filho, por exemplo, não dá. Se é algo importante para eles, é injusto tirar isso de todos que estão próximos. Então, acho que é essa a importância do não.

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“Não tenho dúvidas de que fazer o 2º EP foi a decisão certa”

O Especial 10 Edições de Executive Program da SingularityU Brazil continua com mais um entrevistado, que dessa vez traz uma compreensão experiente, de um veterano da Singularity, sobre o impacto, aproveitamento e de que maneira este curso o ajudou – e continua o ajudando – neste momento decisivo de sua vida.

Poucos dos mais dos 500 líderes que estiveram nas últimas nove edições participaram de um Executive Program antes. Menos ainda são os que participaram de um EP da própria SingularityU Global, antes de chegar ao brasileiro. Talvez apenas uma pessoa tenha feito este curso de imersão em um ano sabático.

Essa pessoa é Karel Luketic.

Depois de quase 15 anos no mundo do mercado financeiro, Karel escolheu dedicar um ano para si. Desde 2022, o ex-executivo, com passagens na XP e Bank of America Marrill Lynch, usa o máximo do seu tempo para reelaborar questões profissionais e pessoais, visando seu próximo passo em sua vida.

Como já dito por Renata Brasil, o EP da SingularityU Brazil tem essa incrível capacidade de ir além sobre a questão executiva propriamente dita. As mudanças ecoam em propósitos, desejos e sonhos compartilhados, além da experiência profissional e, com Karel, temos a incrível clareza que só o tempo, compreensão e humildade nos permite uma reflexão especial, entendendo onde estamos imersos nessa completa imersão que é a experiência.

Com particularidades, conselhos e dicas sobre como um Executive Program ajuda em sua vida, a entrevista completa com Karel Luketic está disponível abaixo.

Making of da entrevista feita com Karel, para o especial 10 edições do EP SingularityU Brazil

SingularityU Brasil: Karel, você poderia se apresentar, por favor?

Karel: Claro! Eu sou Karel Luketic. Sou um veterano da Singularity University. Fiz o Executive Program nos Estados Unidos, em 2018, e no Brasil, em 2023. Sou um executivo – ou fui – do mercado financeiro. Fiquei mais de 15 anos em diferentes organizações e em casos neste setor.

Sou amante de esportes, ou pelo menos tento ser. Gosto de cozinhar e neste momento estou em um ano sabático, um ano off, em que estou tentando conectar os pontos da minha vida e entender para onde quero ir, além de colocar as coisas em perspectivas e entender qual o meu propósito.

SU: Como era sua vida antes do Executive Program da SingularityU Brazil?

Karel: Bem, meu caso é um tanto quanto particular, eu acho. Pouca gente, pelo menos que eu conheci, está em um ano sabático e vai para um curso da Singularity. Eu já estava em um processo de repensar todos os aspectos da minha vida.

O ano sabático te permite fazer isso. Tirar o zoom e colocar em perspectiva tudo que você já construiu, tudo que já foi conquistado e também tudo que você quer construir e quer conquistar.

Além disso, planejar tudo de uma forma mais organizada. A Singularity Brazil me ajudou muito a colocar minha cabeça em ordem, aterrissar minha visão e entender o que já fiz.

Além disso, comecei a valorizar tudo que fiz e conquistei, ao mesmo tempo em que me provocaram sobre o que vou fazer adiante, qual será meu legado, que tipo de pessoa eu serei e qual o meu propósito nesse futuro.

SU: O primeiro Executive Program era um momento diferente?

Karel: No Executive Program da Singularity University eu estava no Bank of America Mery Lynch, onde trabalhei por 11 anos. Este foi o ponto que me deu o “pontapé” para fazer uma mudança de carreira. Duas semanas depois eu estava na XP, onde fiz carreira por cinco anos, como sócio-diretor-executivo.

Eu estava em um momento de carreira em que eu estava me provocando várias coisas, questionando minha jornada, vendo para onde eu iria e me ajudou muito a conectar os pontos para tomar a decisão e juntar coragem para isso.

SU: Como foi a decisão do Ano Sabático?

Karel: Foi uma escolha de vida. A minha decisão de tirar um ano sabático foi uma decisão de querer colocar uma pausa. Eu já estava há 15 anos no mercado financeiro. Mesmo com a diversidade, de análise de mercador, pesquisa, CMO da XP, CEO de Mídia da XP… Eu fiz várias coisas nesses anos e eu achei que tinha chegado a hora de dar uma pausa, colocar em perspectiva e pensar no que eu quero fazer na próxima janela de 10 à 15 anos.

O que quero construir neste período? O que quero deixar nessa vida? O que o Karel, com 120 anos, no seu leito da morte, vai querer ter feito? Como que eu me organizo para fazer tudo isso? Era uma pausa para colocar a “casa em ordem” e pensar no que vou fazer.

SU: Você já tem ideia do que fazer?

Karel: Acho que as ideias estão começando a se formar. Estou no 8º mês, mas eu separei em duas fases: a primeira, uma fase off. Fiquei 7 meses longe de São Paulo, da vida corporativa. Fui para a África fazer trabalho voluntário, fui para a Ásia fazer surf e kitesurf. Fiz vários cursos e imersões na terceira fase dessa primeira metade, que incluiu o Executive Program da Singularity Brazil.

Eu fui também em alguns eventos, como o Ted Talks anual, estive em algumas conferências de tecnologia e minha ideia era: 1º diminuir a velocidade da minha vida, para permitir que eu conseguisse colocar a cabeça em ordem, até mentalmente, com esse foco de saúde mental, tentando desalecerar para me reconectar comigo mesmo e me conhecer de novo.

Pensava bastante sobre o que eu gosto de fazer, o que me motiva, me faz querer mais e em que eu me conecto. O trabalho voluntário ajudou muito nisso, me fez repensar as prioridades e provocou profundamente, mas ficar surfando e velejando, dormindo em hostels em canto de praia, também foi importante para me reconectar e clarear a mente. A SingularityU Brazil e os outros cursos me ajudaram a reunir tudo isso, aterrissar essas situações, conectar estes pontos e agora eu estou na fase de fazer isso, graças a estes momentos de estudo.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU: Você fez dois EPs, então, imagino que esperava algo diferente na segunda vez ou não?

Karel: Olha, eu tinha bastante dúvida sobre fazê-lo ou não, para ser sincero. Principalmente porque pensava que era a segunda vez neste tipo de curso e ficava em dúvida se ia tirar algo bastante proveitoso dele. Mas, falei durante o programa e repito: foi a melhor decisão que eu tive.

Acho que o Executive Program da Singularity Brazil é extremamente profundo e ele tem várias vertentes. Então, dependendo do seu momento de vida, ele pode te trazer paralelos muito diferentes.

No meu 1º Executive Program, da SingularityU, eu estava ainda entrando no mundo de tecnologia. Foi um “banho de loja” sobre o que estava acontecendo e, só de ver isso, tudo me provocou a ver mais coisas e querer participar disso tudo.

Dessa vez eu já tinha mais noção do que estava acontecendo, porque me mantive conectado. Mesmo assim, o EP da SU Brazil me ajudou reconectar com o meu propósito, impacto e legado. Ele me ajudou a trazer antigas provocações que eu já havia esquecido.

Quando você está em um Executive Program, é sempre uma imersão, então é uma pausa. Quando acaba: a vida volta ao normal. A gente sempre extrapola e acha que tudo vai mudar do dia para noite – o que não é assim, porque as coisas mudam, mas tudo tem seu próprio tempo. A gente consegue ver as transformações em uma janela temporal de médio prazo, não é em 1 ou 2 meses.

Mas, por outro lado, passam anos e a memória vai ficando para trás, deixando mais distante as provocações que o Executive Program da Singularity me trouxe. Então, ter ido, foi muito bom. Me ‘reprovocou’, me reconectou com várias coisas que eu tinha pensado no primeiro e o EP no Brazil me trouxe várias coisas novas, por conta do meu momento de vida.

SU: Hoje, então, o que você diria para aquele Karel que estava em dúvida sobre fazer o segundo EP?

Karel: Eu não tenho dúvidas que tomei a decisão certa, mesmo sendo novamente um EP. Cada vez que você entra nesse tipo de imersão – e o Executive Program da SingularityU Brazil é um dos que tive mais prazer e me provocou – te permite colocar as coisas em perspectiva.

É difícil parar e tirar o zoom da sua vida. Estamos sempre correndo, imersos em outras atividades, com 200 coisas para fazer, então quando você para, pausa e põe tudo para pensar, você tem uma oportunidade de olhar diferente. Isso se aplica a viagens, que você de fato saia da realidade, imersões em lugares muito remotos e também se aplica a imersões como o EP, que te provoquem em termo de negócio, tecnologia e propósito, como foi aqui.

Os retiros de espiritualidade também entram perspectiva de reflexão, porque buscam o autoconhecimento. Então, dependendo do que você faz, te traz paralelos e provocações diferentes. Essa pausa tem muito valor e, quanto mais você conseguir provocar neste momento, mais você vai conseguir pensar diferente.

E, às vezes, aquelas coisas que estão confusas, não-claras, que não sei o que fazer, que incomoda… Encontram lugar para serem digeridas nesta pausa. Afinal, ela te permite encontrar o caminho, porque tudo fica mais calmo, a velocidade diminui, a temperatura acalma e a gente consegue amarrar os pontos, para tomar decisões.

SU: O que mais te chamou atenção neste segundo Executive Program?

Karel: Sinceramente, acho que eu definitivamente achei espetacular. Eu recomendo muito e continuo recomendando o Executive Program da Singularity aqui no Brasil. Fazer aqui, ao invés do curso internacional, foi o máximo.

Achei que tinha mais a ver comigo, me conectou mais, tinha tudo de melhor do internacional, mas tinha um toque de brasilidade que eu gostei muito, além do networking muito próximo, afinal, a maioria navega em mundos parecidos com o nosso e podemos participar juntos. Isso acabou me trazendo várias provocações interessantes.

Então, de forma geral, eu fiquei super feliz com o resultado. Os detalhes são importantes para cada um, mas o conjunto da obra é fantástico. Teve o resultado que eu esperava, ou até melhor.

Karel participou do 8º Executive Program da SingularityU Brazil, em abril de 2023

SU: O que você faria diferente, se pudesse voltar ao EP?

Karel: Sendo muito sincero, para o segundo EP eu já tinha uma preparação e contexto sobre o que esperar, de uma certa forma. Acho que consegui fazer as coisas, me joguei, aproveitei ao máximo, tentei participar de tudo que conseguia, conheci gente, fiz relacionamento, fiz networking, aprendi muito, me provoquei, me abri… Então… acho que vou acabar sugerindo para as pessoas:

Se joga, afinal, é uma imersão.

Se prepara: pensa no que vai ser debatido e faz algumas pesquisas. Caso não teve tempo, está tudo bem, fiz isso no meu 1º e foi ótimo. Mas, chega e esquece o mundo afora.

Se prepara para ter os dias inteiros de imersão completa, para deixar de lado a vida e o cotidiano, assim, de fato, você consegue sair da realidade, colocar essa pausa, trazer perspectiva para o seu momento atual e de fato extrair o máximo do programa.

Se joga em todas as atividades, conheça todo mundo que precisa conhecer, converse com os professores, faça as atividades físicas que existem. Se abra, não tenha medo, desconstrói essas barreiras do dia-dia e quanto mais você se permitir para participar dele, mais você vai extrair e vai se conectar com tudo que está sendo conversado e provocado dentro do EP.

Essa é a minha dica para todas as pessoas.

SU: E o Karel do futuro? Já anda sendo construído?

Karel: Acho que é menos sobre o que iremos alçar no projeto e mais sobre como faremos. O Executive Program da Singularity Brazil trouxe isso pra mim: é sobre estar com as pessoas certas, no lugar certo, com o desafio certo.

O meu propósito sempre foi o simples: como extrair o melhor de cada experiência e impactar o maior numero de pessoas possíveis durante processo.

Isso pode ser algo grandioso, mas pode ser micro. Se você consegue extrair propósito das pequenas coisas, você consegue se manter engajado e motivado, mesmo quando as coisas não estiverem no melhor momento.

Então, não se trata de algo grandioso. Pode até ser e que bom se for. Olharei para trás e pensarei sobre o que deixei. Mas, na verdade, é sobre o impacto que você consegue ter e deixar em todas as esferas da sua vida.

Então, sempre penso: como posso ter pequenas interações, que no meu dia-dia, gere um impacto e ajude as pessoas? Novamente, pode ser na pessoa que trabalha junto, um amigo, conhecido, ou até alguém que te procura para isso, produzir um negócio, um legado, ou até transformar algo.

Tem várias maneiras e formas de olhar para tudo isso, mas eu gosto de impactar pessoas e ajuda-las a encontrar um caminho melhor e, sempre que eu puder, vou tentar fazê-lo.

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“Minha vida se divide entre antes e depois do Executive Program”

O Executive Program da Singularity Brazil chega a sua 10ª edição em setembro. Foram mais de 500 líderes em todas estas edições, mais de 480 horas de pura imersão e uma incontável mudança na vida individual de cada uma das pessoas que participaram do programa.

Vários CEOs, Diretores, Conselheiros, Fundadores e diferentes executivos estiveram presentes, aproveitando todo o conhecimento que os especialistas da Singularity University proporcionaram, além de produzir mais conhecimento sobre si, sobre nosso contexto atual e sobre as mais novas tecnologias exponenciais utilizadas no universo do empreendedorismo atual.

Por isso, preparamos um especial de 10 edições de Executive Program SingularityU Brazil, trazendo 10 histórias de pessoas que aproveitaram (como ninguém) tudo que este curso proporciona.

A primeira convidada a nos alimentar com sua história foi Renata Brasil, que foi Superintendente de Marketing no Banco Itaú, até abril de 2023, quando o Executive Program da Singularity Brazil transformou, em suas palavras, sua “mente, corpo e me inspirou a seguir nesta nova etapa da minha vida”.

Renata teve diversas passagens na diretoria de grandes bancos, como Bradesco, BNP Paribas, grandes empresas como Rede Globo e Agência África de publicidade. Dedicou integralmente seu tempo às diversas formações internacionais sobre marketing e conta que foi uma decisão difícil ter esta transição de carreira, se tornando mentora de pessoas e empresas.

Além disso, no bate-papo, a Consultora de Marketing conta que Carla Tieppo foi sua grande inspiradora neste processo e o Executive Program da Singularity Brazil ajudou a transformar toda sua angústia em pulsões criativas, direcionando seus esforços em estudos cognitivos, psicanálise e aliando todo seu conhecimento com a experiência que tem no seu trabalho.

Outro ponto interessante desta conversa foi a sua percepção e parecer analítico sobre o choque de gerações que está acontecendo. Você confere esse bate-papo e tudo que Renata Brasil nos contou na entrevista abaixo.

Renata Brasil participou do 8º EP, que aconteceu em abril de 2023.

SingularityU Brazil: Por favor, se apresente às pessoas, Renata.

Renata Brasil: Bem, meu nome é Renata Brasil, ou pelo menos é assim que sou conhecida no mercado desde o começo da carreira. Sempre trabalhei com Marketing e tenho formação internacional nesta área. Passei por vários setores, como bem de consumo, varejo, telecomunicações, internet e mercado financeiro nas minhas últimas experiências. Em abril de 2023, Renata saiu do Itaú e abriu sua consultoria.

Estou estudando muito e fazendo alguns projetos para me tornar uma consultora de empresas e de pessoas. Antes disso, eu já fazia muita mentoria, mas agora estou estudando para entrar mais afinco nestes pontos de.

Isso tudo ocorreu graças à Carla Tieppo, que foi minha grande inspiradora. Eu estou em um momento muito rico da minha vida, pessoalmente e profissionalmente. Tudo o que eu tinha uma certa angústia, no Executive Program da Singularity Brazil eu encontrei espaço para desenvolver, entender e colho os frutos neste momento.

SU: Então… a “culpa” é da Carla Tieppo?

Renata Brasil: Super! Quando fui na 8ª edição do Executive Program (EP) foi um marco para mim, principalmente pelo momento que eu estava. A qualidade do programa me acessou e proporcionou mais insights para mim. Minha vida se divide em antes do EP e depois do EP.

SU: … E como era este momento que você estava?

Renata Brasil: Eu confesso que estava muito pensativa. Eu adoro trabalhar com marketing, sou apaixonada pela minha área e pelo que faço, então, tinha mania, quando entrava nas empresas, de vivenciar com intensidade a vida nela e me doar 100% para viver isso.

Por isso, no EP eu me dei conta que estava muito fechada para o mundo e estudando coisas muito específicas da minha área, sem compreender outras coisas que também poderiam me ajudar.

A imersão que o Executive Program proporciona foi o que abriu minha cabeça para olhar outras coisas e ver que eu também posso e gostava de estudar questões diversas. Eu já estava estudando psicanálise e em uma pós-graduação em neurociência. Mas, não era a mesma coisa.

Quando estava lá no EP, no meio de um processo de transição de carreira, todo o conteúdo e tudo que ali me foi mostrado, deixou claro que quanto mais nos aprofundamos em tecnologia e os avanço tecnológicos, mais a parte humana precisamos entender.

Eu já estava estudando psicanálise e neurociência, mas foi ali que eu entendi o anseio. Eu lembro de estar na imersão e tudo aquilo… A Carla Tieppo… A Wilma Bolsoni, do Flow… Elas trazendo esse lado humano para pensarmos… Foi ali que tudo ficou muito claro para mim e me interessou muito essa questão da parte humana. Afinal, precisamos preparar as novas gerações e nós mesmos para encararmos este novo momento de avanço tecnológico.

SU: Como você percebeu que isso estava se modificando naquele momento de imersão?

Renata Brasil: Naquele momento, tudo isso me tirou de uma angústia e me colocou como curiosa para entender tudo que estava sendo dito, principalmente o que se conectava com o que eu estava pensando.

Fiquei mais inclinada para a criatividade, querendo entender este momento e desbravar todos os assuntos de comportamento humano e neurociência que era falado, principalmente quando falamos de inteligência artificial.

Nos estudos que tenho feito, ando percebendo que tem os lados dos pessimistas e otimistas. Sempre aparece isso. Por um lado, é assustador de fato essas mudanças das tecnologias exponenciais.

Recentemente teve o comercial da Volkswagen, com a Elis Regina. Foi muito debatido e é uma série de questões não-regulamentadas que a gente vai ter que evoluir em conjunto e aprender ao mesmo tempo, o que é certo e errado, o que é ético e o que não é.

Mas, de fato, este momento de mais uma revolução tecnológica e cognitiva me posicionou para uma transição da minha vida, com o foco em desbravar este conhecimento novo e olhar novas teorias, em uma área que eu desconhecia da neurociência, da psicanálise e da filosofia.

Eu estou acompanhando mais profundamente estas questões, sem abandonar o lado performático, entendendo que a tecnologia precisa dar resultados e a minha área do marketing proporciona isso.

O que percebi é há uma dificuldade em unir a tecnologia e a questão humana. Com o tempo, caso não entendam isso direito, não estar a par da disrupção que a inteligência artificial trará com impactos na mente humana, vai fazer com que as organizações falhem.

Além disso, ao mesmo tempo, é necessário que precisem entender a parte humana. O cérebro reage de uma maneira diferente e as redes neurais da tecnologia e do ser humano vão estar conectadas de uma maneira mais profunda.

Há um campo enorme para estudar. Eu estou só começando, mas já estou apaixonada e, para mim, o Executive Program foi um marco para compreender isso e ir além.

As atividades proporcionadas por Wilma Bolsoni, do Flow School, são importantes para retornar a essência criadora de cada indivíduo presente.

SU: E o que você tem percebido neste momento?

Renata Brasil: Está tudo muito novo. Vejo bastante curiosidade das pessoas. Percebo que alguns avanços das empresas, investindo e colocando IAs em questões operacionais e de atendimento, onde rapidamente faz diferença. Por outro lado, ando um pouco assustada para entender onde isso vai parar, principalmente com a questão dos dados utilizados.

Acho que está todo mundo com essa apreensão, como no início de toda revolução, sem entender para onde estamos indo, com muito desconhecimento. São poucas as pessoas com certezas e a maioria está investigando, como os experts do EP, só que eles estão mais a frente.

É tudo muito rápido, novo. Em horas se acessa milhões de pessoas. A Thread (rede social) mostrou isso. As barreiras parecem menores, inclusive. As pessoas de 60 e 80 anos já tem mais responsividade no acesso para tecnologias eletrônicas. Não tem mais aquele susto. Claro, tem os resistentes, mas há muitos curiosos.

SU: Quando que você entendeu que o EP estava te mudando e te colocou essa curiosidade?

Renata Brasil: Olha, desde o ano passado eu já tinha tudo isso em mente, só que pouco organizado e materializado. Essa vontade de estudar, esses questionamentos já estavam comigo. Eles só foram aumentando durante o tempo, até que o EP que fiz, em abril de 2023, acelerou tudo.

Foi um catalizador e, durante todo o momento, uma voz me dizia: “É isso, vai fundo no que sente!”. A imersão me proporcionou um grande momento para alavancar todas as minhas dúvidas, entender outros caminhos que eu poderia percorrer e quais estudos eu poderia seguir. Foi fenomenal.

Eu digo que sou a embaixadora da SingularityU Brazil por conta do EP. Eu falo para todos e recomendo sempre, por conta da mudança que fez em mim.

SU: Você tinha essa expectativa?

Renata Brasil: Não… Na verdade não. Eu sempre acompanhei a SingularityU, sempre tive oportunidade para participar do programa, mas não sabia que tinha no Brasil.

Depois fiquei sabendo e, por acaso, eu estava em um momento que o algoritmo me encontrou. Confesso que me ”cutucou” e eu pensei: “É agora. Eu vou!”. Eu decidi uma semana antes.

Vou te dizer que dei sorte. Não só por ser um programa espetacular, claro, mas pelo grupo que estava. Fiz várias amizades com os participantes. Reencontrei alguns ex-diretores, amigas… Foi muito rico e interessante.

Conheci um pessoal incrível e mantemos o grupo até hoje. Foi muito bom, em termos de networking, que pra mim é essencial. Eu já fiz cursos lá fora e é difícil dar sorte em achar um grupo com tanta afinidade.

SU: E por que isso é importante?

Renata Brasil: Para haver troca! Com mais afinidade, você troca mais. Porque, além da conversa que você tem com as pessoas, você consegue ter essa troca depois. Além do conteúdo, você tem a oportunidade de sentar na mesa e tomar um vinho com os palestrantes, professores, pessoas que estão convidadas para falar e todos os participantes.

Então eu acho que eram pessoas de áreas diferentes, que eu aprendi muito, que foi muito rico, que trocaram… Foi muito rico. Já fiz cursos que não foram assim.

Eu sou muito extrovertida e preciso disso. Tem cursos que não tive isso, porque não conectou, não tive assunto, foi complicado. No EP foi uma delícia. Tinha gente que ficava até 3 da manhã conversando. Eu só não ficava porque precisava dormir.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU: Mas o que torna o Executive Program da SingularityU Brazil tão diferente?

Renata Brasil: Acho que o diferencial do EP é que te qualifica, seleciona e te coloca em um contexto e ambiente com pessoas mais alinhadas com o seu objetivo. Faz diferença. Eu tenho experimentado muitos cursos nos últimos tempos.

Faz diferença fazer um Executive Program e faz diferença escolher um que te alinhe com diversas questões, tanto de conteúdo como networking. Como as pessoas estão precisando de informação, ansiosas e inseguras, famintas por informação, vários cursos se aproveitam disso e nem sempre entregam coisas muito boas.

O EP da Singularity Brazil entrega e muito bem. O selo Singularity já é o primeiro filtro, depois tem a HSM e todos ao redor. Isso te coloca em um nível melhor e coloca bons participantes ao lado. Não há problema em ter outras pessoas e a diversidade é melhor, mas, em certos momentos, precisa ter esse recorte para conectar os mesmos anseios.

SU: E você lembra como você se sentia pós-EP?

Renata Brasil: Eu lembro de tudo. Lembro que voltei extremamente otimista, curiosa, com uma energia criativa e de trabalho muito bom. O Flow, que a CEO é a Wilma Bolsoni, ajudou muito nisso.

Estar em um momento de transição de carreira, sempre dá muitas dúvidas e eu questionava se era a opção certa. O EP me mostrou que eu estava no caminho certo. Então, eu voltei animada e muito alegre para colocar tudo isso em ordem, estudar, trabalhar com as coisas com que acredito e foi realmente revigorante.

Foi um marco para mim. Eu sempre falo: eu estava no meu momento e foi muito importante fazer este Executive Program. Confesso que sinto até hoje que dei muita sorte: porque foram muito bem escolhidos, a qualidade foi boa e o grupo que estive estava espetacular. Foi uma experiência singular.

SU: Qual a diferença da Renata Brasil que foi fazer o EP e a de hoje?

Renata Brasil: Olha, eu gosto do mundo corporativo, mas nos últimos cinco anos, as pessoas me procuram muito para mentoria e a questão da saúde mental, nas organizações, é uma questão muito grave.

Eu vi muita gente doente, muita gente pedindo ajuda, então eu sei que estão adoecendo e é uma questão importante que as organizações tentam olhar e cuidar, mas é assustador como o ambiente corporativo está cada vez mais tóxico.

É um ambiente de pressão. Veio melhorando com as novas gerações, diversidade e tudo mais. Mas, mesmo assim, não sei por conta da pandemia, as pessoas estão mais sensíveis. A própria sociedade está mais sensível. O Brasil tem altas taxas de ansiosos e depressivos.

Então isso reflete isso nas organizações, ao mesmo tempo que precisam entregar resultado, cortar custo… E as pessoas surtam nas empresas. Eu venho percebendo isso.

Hoje, cada vez mais, as novas gerações já estão em um formato de não ter um emprego, mas ter um trabalho, projetos. Hoje estou estudando e tirando várias certificações para compreender isso.

Estou com três clientes apenas para estudar, coisa que não aconteceria antes, porque tinha uma dedicação 100% integral para aquela empresa, de cursos até aprendizados. Sinto uma liberdade até intelectual muito interessante e fazer a minha própria vida, colocar minhas prioridades.

Está sendo um exercício diferente e um aprendizado diferente. Acredito que a Nova Geração já tem esse entendimento. Quando entram nas organizações e as obrigam a entrar no sistema, não ficam muito tempo. Tem menos resiliência, menos paciência. É uma geração que em 3 anos ou 5 já discute se quer isso ou não para a própria vida.

É uma geração que chega e não fica, enquanto a geração 40+ está cheia de energia e conhecimento, mas é expurgada pelo mercado.

Após mais de 20 anos em cargos de diretoria, Renata Brasil é consultora https://www.linkedin.com/in/renatabrasil/?locale=pt_BR

SU: O que você diria para quem fará o EP? Há uma maneira de se preparar?

Renata Brasil: Acho que, para aproveitar – e eu tive isso de uma forma inconsciente – é olhar para onde está indo. Ir porque é da SingularityU Brazil e são bons pela tecnologia é só um ponto.

O que eu diria é: vá para o Executive Program estudado, lendo o material recomendado e pensa na sua vida pessoal e profissional neste momento. Pensa no seu momento. Faça uma reflexão sobre si. Para você aproveitar mais, precisa ter esse momento de entendimento próprio. O que aconteceu nos últimos anos da sua vida? Quais foram os momentos mais incríveis que você se lembra? Quais foram os momentos mais difíceis?

É uma técnica que faz trazer nossa consciência para o presente. É aqui que entendemos o que nos conecta agora. Escolhe uma destes momentos que você pensou. Isso com certeza é uma coisa que no seu presente está te construindo. É importante parar e entender isso.

A HSM traz um lado humano muito interessante com a Wilma Bolsoni, do Flow. Então, falar sobre a energia do coração, falar sobre si mesmo é algo único. Por isso a pessoa que fará o EP precisa chegar com um olhar não só profissional ou pensando em como impactar o maior número de pessoas positivamente, mas olhando para si e tentando entender qual o nosso impacto neste mundo.

Eu saí desnorteada após a última palestra, quando me questionaram: “O que você está esperando para mudar o mundo acabar?” Por isso precisa entender tudo. Olhar para o planeta, mas olhar para o seu entorno, para o seu filho, seu parceiro, amigos e entender o legado que você vai deixar nessa Terra.

O EP mexe muito com isso. Se você for com a blindagem executiva, você não vai tirar o melhor dessa experiência de imersão. Você fica apenas no executive e não aproveita o program. Leva sua história e pensa no que quer daqui para frente, porque temos, diante de nós, uma longevidade maior e podemos pensar sobre isso.

Precisamos refletir sobre isso. Ciclone no Brasil, verão pior, inverso seco e ao mesmo tempo muito quente… Precisamos falar sobre sustentabilidade, ESG, olhar para o planeta. Há 20 anos falamos disso. Agora continua o mesmo e o EP continua provocando e convocando às pessoas a isso.

Este programa nos convoca. É fantástico. Eu já estudava isso, mas depois o EP eu vi que precisamos cuidar do ser humano e tentar colocar isso em prática, de uma maneira mais sustentável, ambiental e ajudar o coletivo.

As pessoas sempre pensam no amanhã, mas o negócio está acontecendo hoje. O que você vai fazer pela catástrofe climática? Pelo planeta? Pelo aquecimento? Eu levo isso nas empresas. Poucos estão preparados, mas nosso trabalho é esse.

SU: O que você diria para aquela Renata do primeiro dia de Executive Program?

Renata Brasil: Aproveita. É uma oportunidade única e de privilégio. Aproveite muito, pelas pessoas, pelo vinho, pelo programa. Tenha esse espírito curioso. Aproveite o quanto puder. O conselho que posso dar também é: desliga o celular. Entre em imersão. Não somos capazes de absorver tudo ao mesmo tempo. Participe da plenária, participe dos restaurantes. Sei que há o vício e demanda, mas desliga o celular, coloca no quarto. Faça diferente. Aproveite todos os dias do melhor jeito possível. O conteúdo é ótimo, a vivência é profunda e maravilhosa.

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O papel de um bom líder no futuro do trabalho

Quase dois terços dos empregos no Brasil dependem de trabalhadores presenciais. Apesar de não ser uma maioria, já que o setor de serviços é majoritário no emprego nacional, há uma incrível mudança de perspectiva na mentalidade cultural das organizações brasileiras frente às novas necessidades que o mundo contemporâneo exige.

Há um debate global sobre essa eficiência do trabalho não-presencial, ao mesmo tempo, estamos dialogando com outras questões sobre horas e dias de trabalho. Em alguns lugares da Europa, a redução de jornada já foi aceita e está em processo de experimentação – com bons resultados.

O fato é: está acontecendo uma mudança cultural da produção. Consequentemente, a sociedade continua nesse movimento após perceber que sua qualidade de vida e saúde precisam ser prioridade máxima. A sociedade apenas precisou de um catalisador, no caso, a pandemia, para tornar este processo mais rápido.

Por conta deste momento, o especialista em futuro do trabalho da Singularity, Gary Bolles, traz uma abordagem clara sobre a necessidade de entender novas formas produtivas de trabalho e como se relacionam com a saúde dos colaboradores.

Para Bolles, que estará no Executive Program deste ano, a nova forma de produção só pôde ocorrer graças às tecnologias e, na pandemia, foi clara a necessidade de se continuar as atividades, e o trabalho remoto começou a ser mais aceito. Naquele momento, tentando se proteger de uma possível contaminação, quem pôde estar em sua casa e dar continuidade ao seu trabalho, conseguiu sustentar uma rede de segurança de menos contágio possível para a dispersão do vírus.

A produção se manteve e pessoas de diferentes lugares do mundo ainda sustentam essa posição, mesmo com o retorno gradual ao regime presencial. Mas Bolles deixa claro que a flexibilidade é benéfica: tanto para o chefe quanto para o seu colaborador.

Trabalho híbrido e a saúde na jornada de trabalho

Segundo o especialista da Singularity, é normal que ainda haja descrença, principalmente pela mudança abrupta e contingência de todos os anos de trabalhos presenciais rotineiros que a maioria teve nos anos anteriores à pandemia. Porém, Bolles ressalta que, desde que o trabalho esteja sendo entregue e clientes estejam recebendo soluções novas, a empresa pode ir adiante.

Afinal, o especialista observou que, em outros tipos de jornadas de trabalho, os trabalhadores tomaram decisões responsáveis e garantiram o próprio  equilíbrio entre suas responsabilidades, saúde e continuidade de sua eficiência.

Bolles destaca a necessidade de entender a diferença que as jornadas híbridas e flexíveis proporcionam. O primeiro se destaca em uma agenda fixa, determinando quando trabalhadores devem trabalhar de casa ou no escritório.

O preferível, segundo o especialista, é o flexível, porque há uma escolha dos trabalhadores, entre ir para o escritório ou ficar em casa, de acordo com as necessidades que enxergam.

Conforme explicado pelo especialista, esta ação pode trazer vários benefícios, dentre eles, a responsabilidade e o empenho dos colaboradores na empreitada de trabalho, ao mesmo tempo em que garantem o cuidado com sua vida individual e pessoal. No modelo flexível, a praticidade elimina horas de trânsito, desgaste físico e mental, além de tornar a produção mais eficiente.

Porém, há todo um contexto de estar preparado para isso. Não só pelo trabalhador, mas pelo líder. Ser um gestor deste novo momento implica também em se tornar uma liderança deste novo tempo. Não é possível ter ainda um controle presencial e exigir condutas específicas da lógica física. É necessário compreender as assincronias, necessidades do outro e a segurança de que o trabalhador está com o mesmo objetivo que o proposto pela governança.

Além disso, um líder precisa se preocupar com questões de saúde e ter responsabilidade por quem está em seu grupo. Com o trabalho flexível, ressalta Bolles, é possível que algumas destas questões sejam resolvidas sem a necessidade de influência de seus chefes.

A maleabilidade garante as complexas necessidades de cada um e ainda impulsiona a sua produção. Sempre há algo para resolver do mundo que nos demanda e essa flexibilidade permite a resolução, sem tanta interferência do gestor, ao mesmo tempo em que o colaborador garante as horas de trabalho e produção. É uma maneira hábil, segundo Gary, de garantir parte da saúde mental e física dos empregados.

“Trata-se de uma grande oportunidade para que as empresas se preocupem mais com os trabalhadores. Enxergar a saúde nestes processos é crucial para o sucesso”.

Por esta razão, Bolles fez questão de destacar uma das necessidades dos novos líderes no ambiente de trabalho: a empatia. Com ela, é possível ajudar os colaboradores a passarem por desafios, principalmente para tentar resolver alguns problemas que surgem no dia a dia do trabalho. “Ter o olhar atento é criar uma perspectiva que ajuda em toda a cadeia produtiva”, finaliza o especialista.

Gary Bolles, junto a Alexandre Nascimento e outros experts da SingularityU Brazil estarão no Executive Program, em junho de 2023. Para fazer sua inscrição neste programa, basta clicar aqui para mais informações.