Grandes produções audiovisuais já tentaram retratar o futuro do trabalho no Brasil e no mundo de alguma forma.
Nelas, em sua maioria com a temática de ficção científica, a tecnologia e a inteligência artificial são comumente tratadas como vilões.
Será mesmo que os robôs tomarão o lugar dos humanos, que sofrerão com o desemprego?
A pergunta pode até fazer sentido em alguma medida, mas as tendências de trabalho para o futuro apontam para outra consequência que não a falta de emprego.
O que podemos esperar do mercado em alguns anos? Como vai ser o futuro do trabalho?
Fizemos algumas considerações a seguir, confira!
O que esperar do futuro do trabalho?
A sociedade como um todo vem vivenciando a transformação digital em diversos aspectos. As relações pessoais, consumeristas e de trabalho se pautam majoritariamente pelas conexões viabilizadas pela tecnologia.
E como vai ser o futuro do trabalho? O mercado já aponta para a mesma direção, com a integração cada vez maior da tecnologia no exercício das atividades.
A grande diferença é que as máquinas, ao ocupar certas posições da mão de obra, assumem tarefas que não dependem da consciência e valoração do ser humano.
Em outras palavras, veremos uma adaptação das atividades para que os trabalhadores humanos dividam o espaço com a tecnologia.
Enquanto algumas ocupações são automatizadas, outras continuam precisando da avaliação estratégica de um profissional humano.
Na prática, podemos imaginar que o mercado de trabalho do futuro terá a tecnologia e os robôs como assistentes dos seres humanos na hora da tomada de decisões.
Diante disso, você já deve estar imaginando: qual será o futuro do trabalho no Brasil? E no mundo?
A seguir, apontamos algumas tendências para ficar de olho!
Futuro do trabalho: 10 tendências para ficar de olho
Antes de saber como se preparar para o futuro do trabalho, é preciso conhecer o que vem por aí.
Será que você está pronto ou será preciso buscar novas capacitações para se adequar? Confira a seguir as tendências de trabalho para o futuro!
Uso de habilidades humanas junto à tecnologia
A primeira e mais evidente tendência do futuro do mercado de trabalho é a parceria entre tecnologia e humanos.
Interpretação, escuta ativa, resolução de problemas e comunicação são exemplos de habilidades sociocomportamentais que a tecnologia não possui.
Ao mesmo tempo, ela pode assumir tarefas repetitivas e rotineiras para deixar os profissionais voltados às atividades estratégicas.
Para que isso ocorra, é preciso desenvolver treinamentos para que eles consigam assumir essas novas funções.
A atração de talentos acontecerá por benefícios
Flexibilidade no trabalho, cuidados com saúde física ou mental, boa remuneração. Essa é a trinca perfeita para atrair talentos no mercado de trabalho do futuro.
Um levantamento da Gartner abordou os maiores desafios na atração e no engajamento de talentos para 2022.
Um resultado chama a atenção: 73% dos entrevistados valorizam mais as empresas que oferecem programas relacionados ao bem-estar mental ou emocional.
Para 85%, é muito importante que a organização os enxergue como pessoas, e não como funcionários.
E isso nos leva a outra tendência de trabalho para o futuro: o trabalho por propósito.
Trabalho por propósito
Uma organização que oferece apenas um bom salário para um profissional certamente não conseguirá os melhores talentos.
Estamos diante de gerações que não se contentam com o salário. Além dos benefícios, que já pontuamos, é fundamental que as empresas tenham propósitos em comum com seus colaboradores.
Em outras palavras, as equipes passarão a se engajar por causa, e não por valor. E a responsabilidade social corporativa será muito valorizada.
Foco em soft skills
Quando a tecnologia assume a burocracia na rotina do trabalho, resta aos profissionais fazer valer as habilidades exclusivamente humanas.
Neste contexto, as soft skills ganham ainda mais importância.
A autogestão, por exemplo, é uma tendência para o futuro do trabalho e é essencial em modelos de gestão horizontais.
Além dela, há outras habilidades socioemocionais que são imprescindíveis para um novo mercado, como por exemplo a comunicação, o foco na solução de problemas e a colaboração.
A carreira não é mais linear
No mercado de trabalho do futuro, não veremos a linearidade na carreira, em que o currículo segue uma lógica de experiências acadêmicas e profissionais de pequenas a grandes empresas.
A valorização atual está na experiência e no propósito, nos sucessos e fracassos.
A busca por profissionais criativos e inovadores, que tenham experiências fora do trabalho que contribuem para a resolução de demandas profissionais, está em alta.
Novo conceito de estabilidade
Em pouco tempo, será um desafio encontrar pessoas que estão há décadas em uma única empresa.
Estamos diante de uma geração que não deseja necessariamente subir na pirâmide corporativa. Para ela, importa mais o potencial de empregabilidade, e não o emprego em si.
Com isso, o networking ganha ainda maior importância, uma vez que a busca por trabalhos de curto prazo e sob demanda será a tônica.
Qualificação por EAD
A educação a distância vem ganhando terreno com o desenvolvimento das plataformas, e isso tende a continuar.
Os profissionais buscam mais qualificação, e os cursos EAD são grandes aliados neste processo, pois permite maior flexibilidade.
Eles são, inclusive, utilizados como recursos de treinamento interno pelas empresas.
Debates sobre semana de 4 dias
Some o trabalho por propósito, o desejo de flexibilidade e a atração por benefícios. Em comum, essas tendências de trabalho para o futuro têm o foco na pessoa, certo?
Considerando isso, se pensarmos na jornada laboral, como vai ser o futuro do trabalho?
Existem discussões em diversos países sobre a semana de trabalho de quatro dias, pois isso traz benefícios para a saúde mental e física, e não prejudica a produtividade.
Ambientes remotos produtivos
O trabalho remoto foi necessário para manter as empresas em atividade durante a pandemia e se consolidou em todos os mercados.
Muitos escritórios tradicionais já não existem mais, pois virtualizaram suas operações.
Esta tendência continuará nos próximos anos, e o foco será tornar os ambientes remotos mais produtivos.
Como apontamos, ter horários e ambientes flexíveis é fundamental para atrair talentos.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Mercer apontou que 74% dos profissionais entrevistados acreditam que as empresas onde atuam teriam mais sucesso se elas optassem pelo teletrabalho ou modelo semipresencial.
Para que elas sejam produtivas, será preciso escolher boas ferramentas de colaboração e engajamento de equipes, de modo que os ambientes se adaptem às necessidades das pessoas.
Escritórios multigeracionais vão se popularizar
Por fim, a última tendência para o futuro do trabalho são os escritórios multigeracionais.
O “Estudo Etarismo”, da Ernest & Young feito em parceria com a plataforma Maturi, mostrou que teremos, pela primeira vez, quatro gerações ao mesmo tempo no mercado.
Até 2040, a previsão é de que tenhamos 57% da força de trabalho no país com mais de 45 anos.
O benefício de ter organizações multigeracionais é a troca de valores e experiências.
A importância de ser um profissional preparado para o futuro
A revolução digital está em curso. Estamos no chamado mundo VUCA, em que a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade atingem todas as áreas empresariais.
Por isso, os profissionais devem estar dispostos e preparados a aceitar mudanças na rotina, considerando as tendências para o futuro do trabalho.
Isso é fundamental para se manter no topo do mercado e servir de referência e inspiração para os demais profissionais.
Alinhar-se com a ciência e a tecnologia é se capacitar para utilizá-las, e é exatamente o que grandes líderes fazem.
Com participação em cursos, programas, fóruns e outros eventos, são profissionais que discutem o impacto dessas transformações e estudam o mercado de trabalho do futuro para estarem prontos para a mudança de mindset quando ela for necessária.
Como se preparar para o futuro do trabalho?
As tendências para o futuro do trabalho se relacionam diretamente com a integração da tecnologia nas organizações.
As inovações impactam em todas as áreas, desde a logística até o relacionamento com o cliente. A mudança é rápida, o que demanda um “jogo de cintura” maior de todos os envolvidos.
Neste contexto, o papel do líder para conduzir as transformações e a capacitação das equipes é fundamental. Diante desse desafio, o mais importante é entender quais serão as habilidades necessárias.
O relatório Future of Jobs de 2020, do Fórum Mundial The World Economic Forum (WEF), divulgou as principais habilidades do futuro que um bom profissional deve desenvolver para acompanhar as mudanças:
- liderança;
- resiliência;
- flexibilidade cognitiva;
- inteligência emocional;
- resolução de problemas;
- pensamento analítico e inovação;
- tolerância ao estresse e flexibilidade;
- criatividade, persuasão e negociação.
Se o profissional compreende a importância do desenvolvimento dessas habilidades e busca se capacitar nelas, ele traz muitos benefícios à sua organização.
Afinal, se tornou um talento mais qualificado em relação ao mercado de trabalho do futuro. Mas os desafios ainda existem e precisam ser enfrentados!
Quais são os principais desafios para o futuro do trabalho?
Qual será o futuro do trabalho no Brasil?
Como vimos até o momento, teremos escritórios multigeracionais, trabalho por propósito, e a tecnologia atuando como parceira dos profissionais.
A automação, embora seja fundamental, não exclui a interação humana, essencial em muitos momentos.
Por mais que a inteligência artificial consiga gerar diagnósticos, ainda não é capaz de interagir com os consumidores. Por isso, as soft skills se tornaram tão fundamentais.
Mesmo vislumbrando um sucesso considerável dessa parceria no mercado de trabalho do futuro, não podemos fechar os olhos para os desafios que ela traz.
Pontuamos algumas questões a seguir que todo profissional deve se atentar.
Privacidade
Empresas, clientes e demais partes interessadas estão multiconectadas. A coleta e o tratamento de dados ocorrem a todo o momento, e é preciso ter muita atenção à privacidade das informações.
A tecnologia trouxe muitas facilidades, mas um grande desafio em relação à segurança dos dados, especialmente em um contexto em que se deve estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.
Por isso, é importante que fique claro a imensa responsabilidade de quem tem o controle sobre essas informações.
Erros e propósitos da inteligência artificial
Se por um lado a inteligência artificial aparece como uma das tendências inovadoras do mercado, por outro ela pode ser desenvolvida de modo a causar danos e prejuízos à sociedade.
Para saber como se preparar para o futuro do trabalho neste aspecto, o profissional deve entender que a tecnologia também é falha.
Já há discussões sobre possíveis limites para o uso da inteligência artificial em alguns contextos, como vemos com frequência os debates sobre o Chat GPT.
Além disso, não se pode fechar os olhos para os vieses discriminatórios que a IA traz por serem programadas por humanos.
É o que demonstra reportagem da Exame, que aponta o levantamento da Rede de Observatório da Segurança sobre as prisões feitas por meio de reconhecimento facial.
Quase a totalidade das ocorrências envolviam pessoas negras, sendo que algumas sequer tinham passagem pela polícia e nem sabiam como integravam o banco de dados.
Esses são exemplos claros de como a tecnologia não pode ser utilizada livremente sem ampla problematização.
Senso humano
Por fim, o último grande desafio que podemos apontar sobre as tendências para o futuro do trabalho é o senso humano.
É de conhecimento geral que a tecnologia afeta todas as nossas escolhas e relações. Mas as máquinas não contemplam certas habilidades, como a inteligência emocional e o pensamento crítico.
Diante disso, o desafio é fazer com que os indivíduos entendam a importância da sensibilidade humana para o futuro do mercado de trabalho no Brasil e no mundo.
Afinal, eles continuarão sendo fundamentais para interpretar as ações das ferramentas e transformá-las em boas decisões.
Conclusão
O futuro do trabalho é tecnológico, com as habilidades sociocomportamentais ganhando maior destaque.
As tendências apontam para ambientes corporativos mais saudáveis, focados em pessoas, e que adotam modelo híbrido ou remoto.
Os profissionais também se apresentam de outra maneira, pois precisam desenvolver o lado criativo e inovador.
Tudo isso é resultado de um mundo em constante mudança que, além de VUCA, é também BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível).
Saiba o que é Mundo BANI, como lidar com ele e quais são as tendências a ele relacionadas!