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A luta do século

Mike Tyson foi o mais jovem campeão mundial a conquistar os cinturões das três principais associações de boxe. Obteve 44 nocautes em sua carreira, sendo metade deles no primeiro assalto. O mais rápido aconteceu em 30 segundos. Fulminante.

Esse grandioso e também polêmico boxeador, em uma de suas citações, poderia servir de alerta a corporações, indústrias e setores que acreditam estar seguros diante das transformações tecnológicas que estamos vivendo:

Todos têm um plano até receberem o primeiro soco!

Essa frase caberia como uma luva para os que se julgam estabilizados e protegidos diante da volatilidade e complexidade da nova economia.

Por mais que o mercado esteja se preparando para as transformações próximas, o impacto vai ser bem maior que o esperado. Assim como a potência de um golpe de Tyson.

Peter Diamandis, um dos grandes nomes por trás do avanço das tecnologias exponenciais e reconhecido como um dos arautos da abundância no cenário global, em suas palestras e aparições profetiza algo parecido. No entanto, com um sorriso nos lábios e uma pitada generosa de otimismo:

Se vocês acham que o ritmo de inovação foi rápido nos últimos anos, gostaria de lhes dizer: vocês ainda não viram nada!

Entre a contundência de Tyson e o otimismo de Diamandis, podemos observar que a marcha exponencial das tecnologias é inclemente, para o bem e para o mal; para a destruição e para a criação. Irrefreável. Inexorável.

Agnóstica e impessoal, não beneficiará ou prejudicará um ou outro setor em especial. A transformação digital já não é uma escolha apenas para os players mais ligados à tecnologia ou capricho de líderes visionários. A transformação digital está mudando, e mudará ainda mais, todas as esferas de nossas vidas. É para tudo e para todos, e muito mais impactante do que se imagina.

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A história recente nos conta que Nokia e Kodak receberam golpes ao estilo de Tyson. Instagram vem enxergando a abundância de Diamandis. Estima-se que valha mais de US$ 100 bilhões. A Blockbuster, também nocauteada, mal teve tempo de ver a Netflix se esquivando das antigas culturas organizacionais e processos burocráticos. Como um ágil peso-mosca, num piscar de olhos, passou de locadora de filme à produtora de conteúdo de sucesso mundial. Com o apoio da tecnologia, está vencendo a luta no entendimento das reais necessidades de seus usuários e vem abalando todo o setor de entretenimento. Continua desferindo jabs rápidos em oponentes que não acreditaram em seu crescimento e impacto. Afinal, pensaram que a mudança ainda estava distante.

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Estamos no mundo mais desafiador que já vivemos em toda a nossa história. As manifestações tecnológicas estão ficando cada vez mais rápidas, mais baratas e menores. Estão mudando as formas como você trabalha em seu escritório ou em seu home office ou em co-working. A tecnologia muda a forma como você consome e produz conteúdo. Como você se comunica e se relaciona com seus clientes, e o mercado onde você atua também sofrerá mudanças. Estamos testemunhando um desenvolvimento em velocidade exponencial, que está desenhando um sistema operacional totalmente novo e por isso sua organização precisará reaprender a fazer negócios.

Ao que parece, os novos sistemas operacionais já estão, pelo menos, nos planos de muitas empresas.

Em pesquisa recente da Deloitte, feita com 1.603 executivos C-level de 19 países, sendo 102 brasileiros (ie, 6,4% do total), foi avaliado como a chamada Indústria 4.0 poderá beneficiar clientes, funcionários, suas empresas e a sociedade como um todo.

Enquanto apenas 20% das respostas mundiais atribuem à tecnologia o papel de grande diferencial estratégico, 39% dos brasileiros consideram os aspectos tecnológicos como diferenciais competitivos — indícios de quão preparadas as empresas acreditam estar para as próximas transformações.



A mesma pesquisa aponta que 50% dos brasileiros (contra 42% da amostragem global) indicam que a adoção de novas e modernas tecnologias em suas empresas está entre suas principais deliberações estratégicas. Constata-se também que, enquanto 39% dos respondentes mundiais preparam-se para o impacto que as novas soluções terão na sociedade, um índice maior de brasileiros (46%) já leva esse assunto às discussões de rotina em suas organizações.

No entanto, numa esfera mais pragmática, somente 49% dos brasileiros, contra 57% da amostragem total, discutem com frequência sobre o desenvolvimento e a criação efetiva de outros produtos e serviços.

O Brasil, portanto, parece estar mais atento que o resto do mundo quando se fala em novidades tecnológicas, seus diferenciais estratégicos e impactos. Mas estaríamos agindo menos que o necessário? Sejam executivos brasileiros ou não, preocupados, formulando planos ou partindo para a prática, a atenção com o futuro nunca foi tão desafiadora.

O renomado futurista norte-americano Thomas Frey, diretor-executivo do DaVinci Institute, especula sobre novas e surpreendentes profissões para os próximos 20 anos. Segundo ele, teremos, em 2040, comandantes de frotas de drones, arquitetos de blockchain e designers de experiências espaciais nos quadros de funcionários das empresas.

A despeito dos ares ficcionais de suas abordagens, Frey nos celebra com uma frase que ilumina toda a importância de estarmos sempre, e cada vez mais, atentos ao futuro:

O jeito que você imagina o futuro muda suas ações no tempo presente.

Portanto, não é apenas o presente que constrói o futuro. O futuro também constrói o presente.

***

Lisa Kay Solomon é presidente de Práticas Transformacionais e Liderança na Singularity University. Ela é categórica ao afirmar que achamos que nossa compreensão do futuro é melhor do que realmente ela é. De forma geral, temos somente a impressão de estarmos nos preparando para o futuro.

Nossas perspectivas sobre o que vem por aí ainda permanecem arraigadas em padrões do passado. Os líderes, como regra, não dedicam tempo suficiente para sistematizar novos cenários. Quando o conseguem, descobrem que seus planos contemplam um número surpreendente de variáveis desconhecidas. São pensamentos desafiadoramente complexos para que sejam totalmente compreendidos.

Mesmo assim, Lisa insiste em orientar executivos a pensar como futuristas. Assim teriam mais possibilidades de vitória contra os golpes fulminantes que o futuro promete desferir.

Para tanto, o primeiro passo é identificar as principais forças de alto impacto que modelam e influenciam o negócio. Normalmente elas podem ser divididas em cinco grandes categorias, representadas pelo acrônimo (em inglês) STEEP. São as forças Sociais, Tecnológicas, Econômicas, Ambientais e Políticas. A variação de cada uma dessas forças conduzirá o negócio para um cenário distinto.

Depois que essas variáveis tenham sido identificadas e priorizadas, Lisa sugere cruzar mais elementos, como novas tecnologias, indústrias adjacentes e startups entrantes, por exemplo. Assim seria possível estabelecer um espectro de como as forças tendem a se desenvolver ao longo do tempo.

Embora os futuros derivem todos do momento presente, sendo moldados por um conjunto comum das variáveis identificadas, os resultados especulados são significativamente estruturados e diversos.

Esse leque de expectativas é chamado pelos futuristas de Cone das Possibilidades. Trata-se de um framework desenvolvido em 2003 pelo PhD em Física Teórica Joseph Voros e que hoje faz todo o sentido quando precisamos estudar o futuro.

O Cone das Possibilidades oferece quatro conjuntos de futuro:

Futuros Possíveis: esta é a gama completa de eventos que podem ser desdobrados, ou seja, a totalidade de expectativas futuras.

Futuros Plausíveis: recorte dos Futuros Possíveis; são os cenários que acreditamos sejam possíveis, mas ainda não totalmente prováveis.

Futuros Prováveis: recorte dos Futuros Plausíveis; são os eventos mais prováveis que aconteçam de fato.

Futuros Desejáveis: refere-se ao recorte específico que se deseja alcançar. Não é necessário que esteja totalmente no conjunto de Futuros Prováveis, podendo avançar para o conjunto de Futuros Plausíveis, mas nunca ultrapassando os limites dos Futuros Possíveis.



Este exercício estratégico pode ser esclarecedor para os líderes ou mesmo trazer perguntas incômodas sobre o futuro:

Sua organização está focando somente o Futuro Desejável e negligenciando as demais possibilidades? Sua organização está preparada para toda a grandeza do Futuro Plausível?

Sobretudo para olhares tão acostumados a perceber o futuro como mera continuação do passado e do presente, essas questões realmente podem soar desconfortáveis. Afinal, como apostar num futuro sem conhecimento de todos os dados e fatos?

A boa notícia é que a adaptabilidade humana é fantástica e podemos (e devemos) aprender a superar o medo do desconhecido. Segundo Lisa, todos somos capazes de nos tornar futuristas melhores. Ao fazer isso, nós não apenas projetamos novas possibilidades, mas também fortalecemos novas esperanças. Ao exercitar o pensamento futurista, construiremos organizações mais flexíveis, adaptáveis e resilientes para o tão temido e, ao mesmo tempo, abundante futuro.

***

Estamos todos apreensivos. Indivíduos, empresas e corporações estão planejando suas estratégias para lidar com as mudanças trazidas pelas novas tecnologias. O golpe virá, mais cedo ou mais tarde, e certamente com uma potência avassaladora que colocará os planos à prova. Como fazia Tyson.

E como sempre em nossa história, nas lutas de boxe ou nos embates entre a velha e a nova economia, haverá vencedores e perdedores. Basta sabermos quem vai assimilar o impacto e quem será nocauteado.

Os campeões serão definidos, sobretudo, pela capacidade de aprender a pensar e agir de forma diferente.

Ding! Ding!

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Experiência Awe: Como se beneficiar das emoções num mundo cada vez mais tecnológico

Você se lembra da última vez que se sentiu impressionado com algo? Ou de quando fez algo que te tirou da sua zona de conforto? Jason Silva, criador da série online Shots of Awe, apresentador do programa Brain Games, do canal National Geographic – que lhe proporcionou uma indicação ao Emmy –, defende que as novas tecnologias serão capazes de despertar esse tipo de experiência nos seres humanos: a experiência AWE.

Mas, o que é uma experiência AWE? Awe é uma palavra inglesa que pode ser traduzida de várias maneiras, mas em relação a estados emocionais, pode ter como significado aquela “admiração” propiciada por um momento imensurável, daqueles tão grandiosos que transcendem nossa compreensão do mundo.

Jason Silva, em uma de suas palestras, definiu a experiência Awe como “uma experiência de tal expansão perceptiva, que você é forçado a readaptar seus modelos mentais do mundo.”



No entanto, você deve estar se perguntando: por que essas experiências são tão importantes para o cérebro humano?

Apesar de vários estudos oferecerem diferentes perspectivas sobre sua relevância para a humanidade – a primeira
pesquisa sobre a experiência “Awe” foi realizada em 1757 por Edmund Burke e gerou uma grande revolução –, essas experiências geram um alto nível de empatia e aumentam o comprometimento do indivíduo com o coletivo social. Além disso, também são responsáveis por estimular a criatividade, o bem-estar, a compaixão e a quebra de padrões.

Num futuro cada vez mais tecnológico e robotizado, devido aos avanços trazidos pela inteligência artificial, o desenvolvimento destas habilidades – como a empatia e senso de coletividade – pode significar uma grande vantagem competitiva.

Impacto na saúde

Jennifer Stellar, do Departamento de Psicologia da Universidade de Toronto, reuniu uma equipe para investigar o impacto que as experiências de Awe trazem à saúde e descobriu que esse tipo de experiência afeta o sistema imunológico por meio de citocinas, elementos responsáveis pelo controle de reação do nosso corpo a processos inflamatórios.

Embora as citocinas sejam necessárias como mecanismo de defesa do corpo, o excesso delas pode ser associado a doenças como Diabetes Tipo 2, doenças cardiovasculares, artrite, doença de Alzheimer, etc.

Entretanto, os efeitos da experiência Awe sobre o sistema imunológico são benéficos, e é por isso que a promoção de momentos de extrema admiração podem aumentar substancialmente a qualidade de vida das pessoas (e talvez, em muitos casos, até a prolongue).

A experiência Awe também pode ser usada como uma técnica de mindfulness, para garantir a atenção plena e trazer o pensamento das pessoas para o momento presente, ajudando assim quem sofre com crises de ansiedade ou até depressão. Um estudo realizado com sessenta e três alunos descobriu que essa sensação de vastidão e admiração pode aumentar a percepção de que o tempo é abundante e, portanto, reduzir a impaciência.

Criatividade, empatia e colaboração social

Ainda de acordo com os estudos realizados por Jennifer Stellar, a experiência Awe promove em cada indivíduo a curiosidade, a empatia, a necessidade de saber mais e de se integrar em atividades sociais e colaborativas. Em experimentos nos quais as pessoas precisavam encontrar soluções ou respostas alternativas para determinadas perguntas, elas respondiam de forma mais criativa após assistir a um vídeo que lhe causava esse sentimento de grande espanto e admiração.

A tecnologia e a experiência Awe

As oportunidades para experimentar sentimentos de grande admiração estão sempre presentes no cotidiano, mas devemos estar abertos e atentos a eles. Jason Silva afirma que nos momentos em que você está em contato com a natureza, não precisa nem ser nada muito grandioso, mas apenas o fato de parar por um momento para observar o pôr do sol, já pode causar esse bem-estar. Entretanto, em um mundo onde a nossa atenção está sempre sendo roubada pela tela do celular, estas experiências acabam se tornando cada vez mais raras.

No entanto, a mesma tecnologia que pode acabar prejudicando esses momentos é a mesma que também pode promovê-los. Afinal, qual foi a última vez que você usou seu celular para assistir a algum vídeo que te deixou extasiado? As novas mídias e tecnologias terão o poder de impactar bilhões de pessoas, e se usadas com o objetivo de promover a experiência Awe, poderão criar uma geração de pessoas mais empáticas, criativas, com pensamentos ampliados e preparados para quebrar padrões, prontas para enfrentar os desafios do futuro.

“Parte da nossa humanidade são os nossos instrumentos e tecnologias externas. Nós construímos os instrumentos, mas depois, os instrumentos é que nos constroem.” – Jason Silva

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Os desafios do futuro-presente

Nikola Tesla, em 1926, nos trouxe as primeiras elucubrações e conceitos sobre um projeto que combinava um computador e um telefone: ao que ele chamou de “tecnologia de bolso”. À época poderia ter sido taxado de louco.

“Poderemos nos comunicar uns com os outros de forma instantânea, independentemente da distância. […] Poderemos nos ver e ouvir de modo tão perfeito como se estivéssemos conversando frente a frente. […] Os instrumentos pelos quais poderemos fazer tudo isso serão bastante simples, se comparados com nossos telefones atuais. O homem poderá carregar esse instrumento no bolso de suas vestes.”

Dezenas de anos depois, em 1971, quando Theodore Paraskevakos criou o primeiro protótipo e, em 1974, foi patenteado, o smartphone ainda era apenas uma grande novidade distante.

Foi somente em 29 de junho de 2007 que de fato ele foi apresentado ao mundo. Algo que mudaria radicalmente muitas vidas, organizações. Um gadget que criaria e destruiria mercados inteiros. A promessa de uma revolução na forma de como as pessoas viriam a se comunicar pareceu tímida diante do verdadeiro impacto que a humanidade estaria prestes a testemunhar.

Num incrível equilíbrio entre arte e tecnologia, o então CEO da Apple, Steve Jobs, subiu ao palco da MacWorld 2007 para apresentar o iPhone, um aparelho pequeno que faria caber 1000 músicas em qualquer bolso.

Era um modelo de smartphone com a inédita tecnologia touchscreen. Tão poderoso que agradaria aos mais heavy users tecnológicos e ao mesmo tempo tão intuitivo que poderia ser usado por crianças.

Steve Jobs fez projeções ousadas sobre o iPhone:

Vamos ver se conseguimos ter 1% do marketshare em 2008! E aí vamos em diante!
Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft, entretanto, numa declaração histórica disse que nenhum executivo se interessaria por um smartphone sem teclado. Profetizou objetivamente o fracasso do iPhone:

“Não há chance de o iPhone ganhar uma parcela significativa do mercado. Nenhuma chance.”

O fato é que a Apple superou a meta, atingindo 1,1% dos 1,21 bilhão de remessas mundiais de celulares no ano seguinte.

Apesar de soar estapafúrdia, a declaração de Ballmer se mostra justificada, fruto da tensão mercadológica entre Apple e Microsoft. No entanto, essas não foram as primeiras, e não seriam as últimas, controvérsias no crescente cenário tecnológico.

Alex Davies (articulista da Wired especializado em transporte) nos traz pontos de assombro no ambiente tecnológico. Ele diz que, nos últimos cinco anos, o carro autônomo passou de “talvez possível” a “definitivamente possível”. Em poucos meses foi de “inevitável” a “como alguém pensou que isso não era inevitável?”. Hoje o carro autônomo está no patamar de “comercialmente disponível”.

Por outro lado, numa surpresa às avessas, a naturalidade também habita alguns recantos do mundo da tecnologia. Há pelo menos um ano médicos já falam com certa naturalidade sobre telemedicina e robôs-cirurgiões.

Assim como patinetes elétricas se multiplicam misteriosamente pelas grandes metrópoles como opção de mobilidade a custos baixíssimos para pequenas distâncias, chatbots, hoje programáveis por pessoas sem nenhum conhecimento técnico, estão cada vez mais populares e já não é grande surpresa (aliás, já totalmente aceitável) interagir com/por meio deles em nossos mensageiros instantâneos.

Não se assuste se alguém disser que as transformações estão apenas começando. Ao que tudo indica, as previsões feitas por Ray Kurzweil em sua seminal apresentação “A University for the Coming Singularity” no palco do TED em 2009 estão se mostrando próximas da realidade. Se tudo correr conforme seus prognósticos, em 10 anos (2029), segundo Ray, teremos um computador com a mesma performance do maior, mais poderoso e mais emblemático sistema de processamento de informações de que já se teve notícia. Teremos um computador com a mesma performance de um cérebro humano.

E, ainda segundo uma de suas mais ousadas predições, traçando o crescimento exponencial da tecnologia, em apenas 41 anos (2060), nossos computadores alcançarão a mesma capacidade de processamento de 7 bilhões de cérebros humanos. Teremos um supercomputador tão poderoso quanto a soma do processamento de todos os habitantes do planeta em 2019.



Se essas previsões nos causam algum estranhamento é porque, de forma geral, estamos acostumados a pensar em mudanças com incremento (ou redução) de 10% em relação ao que vemos a nossa volta. São traços de uma mentalidade que nos acompanha como espécie há dezenas de milhares de anos. Um legado ancestral que nos impede de ter a compreensão necessária sobre o impacto da curva exponencial das tecnologias e toda a nova complexidade que traz a reboque.

Não estamos preparados cognitivamente para entender a revolução que está acontecendo, mas podemos observar pelo menos dois fatores que promovem o contraste entre as antigas e novas formas de pensar:

Durante toda a nossa história enxergamos o mundo de forma local. Ou seja, sempre entendemos a realidade dentro de um perímetro de proximidade, onde analisamos somente aquilo que nos toca e o que é visível a nossos olhos.

No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia, o mundo inteiro se transformou numa grande rede global. Nessa nova realidade hiperconectada e ultracomplexa, outrora longínquos pontos de tensão e mudança nos afetam a todos. Independentemente da distância, e mesmo das arenas mercadológicas onde ocorrem, movimentos sutis podem gerar grandes mudanças.

Por exemplo, uma startup de tecnologia com pouquíssimos recursos, como o WhatsApp, formada por um norte-americano e um ucraniano em 2009, pôde criar um aplicativo de mensagens que coloca em xeque todo um mercado, aparentemente distante, como o das operadoras de telefonia no Brasil.

Outro fator é o pensamento linear, também arraigado em nossa espécie, que nos faz pensar no futuro como uma extensão serial do passado e do presente. Afinal, sempre foi assim.

Por toda a nossa história, usamos nossas referências do passado para construir o futuro. No entanto, por conta da velocidade das transformações e do impacto gerado pelas novas tecnologias, o futuro está se mostrando completamente diferente (e muitíssimo mais rápido) do que foi vivido. Além de não termos mais repertório adequado para basear as decisões diante dos novos desafios, os próximos movimentos de indivíduos e organizações deverão acompanhar o ritmo das novas tecnologias. Precisarão ser cada vez mais rápidos. Deverão crescer também numa escala exponencial.

A EasyTaxi nos traz um exemplo brasileiro de negócio disruptivo, altamente lucrativo, que alinha tecnologia e impacto social. Expandiu sua operação para mais de 20 países no período de um ano. Nos mostrou um movimento que rompe o tradicional crescimento linear/incremental vigente nos negócios da Era Industrial, para uma ascensão de características exponenciais perseguidas pela nova economia.

Estamos vivendo, portanto, uma profunda transição: novas realidades e novos negócios obedecendo a dinâmicas não mais locais, mas globais. Onde é preciso desenvolver velocidades e trajetórias não mais lineares, mas exponenciais.
Somos impulsionados por tecnologias que se multiplicam rapidamente.

Em ritmo de mudanças cada vez mais acelerado, nossos cérebros, aquelas poderosas máquinas de processamento, estão hoje lutando para se adaptar e acompanhar as novas realidades. O resultado: surpresa, desconforto e excitação.

Testemunhamos um cenário que será transformador em todas as camadas — sociais, ambientais, políticas e econômicas. Uma realidade cujo fator de adaptação, de maneira contraintuitiva, não diz respeito exatamente à tecnologia em si, mas a um novo modelo mental necessário para entender, adequar e tirar o melhor proveito dessas mudanças em nossas vidas, nossos empregos, nas organizações e, inclusive, no nosso país.

As mudanças tecnológicas trazem consequências que, mesmo distantes na aparência, provavelmente vão influenciar seus negócios. Estamos todos, indivíduos, líderes e organizações, diante talvez do maior desafio de nossa história: como nos preparar para um mundo diferente, global, exponencial e até mesmo inimaginável, que vai chegar mais rápido do que parece?

As famosas ondas de Schumpeter, que antes aconteciam em ciclos de 60 anos, parecem estar chegando a intervalos tão curtos quanto a fundação de uma startup em qualquer ponto do planeta.

Ainda segundo os preceitos da chamada Destruição Criativa, em vez de seguir a velha trajetória evolutiva linear, será preciso romper os padrões do passado. Abandonar o velho para dar lugar ao novo.

Torna-se mandatório o exercício de um olhar fresco, mais transversal e sistêmico, considerando fatores de complexidade em outros níveis de referência. Será preciso estudar, aprender e criar metodologias para antecipar tendências e gerenciar mudanças. Inspirar e empoderar pessoas, empreendedores, líderes e organizações com novos mindsets exponenciais para gerar mudanças positivas e promover crescimento social, político e econômico.

De Tesla a Steve Jobs, passando pelos carros autônomos, robôs-cirurgiões, patinetes elétricas e supercomputadores, as manifestações tecnológicas que nos cercam estão longe de ser totalmente compreendidas.

Arthur Clarke, o grandioso autor da ficção científica dizia que “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinta de magia”.

Portanto, o que nos espera no futuro talvez soe como fantasia a nossos limitados olhos contemporâneos.

Com atitudes futuristas, precisamos traduzir os sinais de tempos vindouros, para ajudar a sociedade e as empresas na tomada de decisões do agora.

André Bello future designer, professor, autor e TEDx Speaker.
Cofundador do Singularity University Brazil Summit e membro do Board GAME XP Innovators pela educação no Brasil.

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Organic Photovoltaics – A próxima fronteira da Energia

Energia tem sido o motor de crescimento da humanidade há séculos e vários estudos refletem a noção já consolidada da correlação entre o crescimento econômico e a demanda energética.

O que muitos ainda não racionalizaram é que o grande problema atual não é a escassez de energia e sim as crescentes emissões de gases de efeito estufa (GEE). A informação mais alarmante, nesse caso, é a correlação entre crescimento econômico (PIB global), demanda energética e mudanças climáticas (aumento da temperatura da superfície global e aumento do nível dos oceanos).

O descompromisso histórico com as emissões de GEE colocou o planeta em situação de alerta e traz a necessidade urgente de desenvolvimento sustentável. Nações – através do Acordo de Paris -, cidades – através do C40 – e grandes corporações – através do RE100 -, lideram os esforços para transição energética e reduções de emissões.

Uma rápida análise desse contexto nos leva à conclusão de que a transição para fontes de energia renováveis é inexorável e, ainda mais, a fonte solar, a mais abundante e disponível em todos os lugares, é a escolha óbvia e certa.

O poder energético do sol é 8000x maior do que a necessidade anual de energia da humanidade e esta já é a alternativa energética que mais cresce no planeta.

Quais são os desafios?

O primeiro desafio que fez com que a energia solar não fosse amplamente adotada há alguns anos foi o componente preço. Em 1977, os painéis solares de silício já estavam em escala industrial e custavam USD$ 76/Wp. Nos 10 anos subsequentes, a tecnologia caiu de preço 10x e, nos outros 30, mais 10x, fruto de inovação, melhores técnicas de produção, esforços de redução de custos e aumento de volumes de produção.

Além disso, o lobby realizado pelas grandes economias, indústrias petroleiras, automotivas e outras também retardaram esse avanço.

As barreiras hoje estão mais relacionadas às caraterísticas das tecnologias utilizadas atualmente.
Os painéis de silício já estão muito próximos dos seus limites de custos e performance. Por depender de um único material semicondutor, com limites definidos, a tecnologia do silício encontrou uma barreira física. Ainda existem as limitações de aplicação, que determinam orientações preferenciais, no que tange à instalação, e características do material (peso, opacidade, rigidez, etc.) que dificultam a logística e impedem a entrada em novos e inexplorados mercados.

Vale destacar, que os painéis de silício são ideais para integração em fazendas solares e geração centralizada de energia, e continuarão a crescer nos próximos anos. No entanto, essas limitações criam um grande dificultador para aplicação da energia solar no contexto dos grandes centros urbanos.

A próxima fronteira da energia

O sol nasce todos os dias, nas mais ermas regiões do planeta e brilha para todos. Fonte energética abundante, democrática e “infinita”.

Por que então não gerarmos energia próximo de onde ela é consumida? Como integrar a energia solar nas nossas cidades, nas nossas vidas? Como “humanizar” a energia?

Para tal, são necessárias tecnologias disruptivas que permitam a sua integração em diversas superfícies com beleza, facilidade de aplicação, transporte e design. Os painéis solares orgânicos (OPV, Organic Photovoltaic) são uma dessas tecnologias exponenciais disruptivas.

Criados a partir de polímeros semicondutores orgânicos (semelhante aos OLEDs), o OPV possui transparência, cores distintas, flexibilidade, leveza (aproximadamente 300g/m²), é fino (0,3mm de espessura) e possui a menor pegada de carbono entre todas as alternativas (20x menor que os painéis de silício).

O processo produtivo de impressão, rolo-a-rolo, de baixas temperaturas e consumo energético, contínuo e altamente escalável, com a utilização de matérias-primas orgânicas e abundantes na natureza, confere à tecnologia potencial de baixíssimo custo.

Essas características somadas permitem ao OPV possibilidades nunca antes almejadas: ter a energia solar integrada às nossas vidas de forma extensiva.



A sua transparência permite integração/aplicação em fachadas de vidro e claraboias (shoppings, por exemplo). O seu baixo peso justifica a integração em estruturas leves que não suportam o sobrepeso dos painéis de silício (galpões, mobiliário urbano). A sua flexibilidade possibilita curvas e estruturas com forte apelo para design (tetos de carros, árvores de energia). A alta absorção de luz difusa permite angulações, mesmo que não otimizadas, e aplicação em zonas com sombreamento por árvores, por exemplo. O forte apelo sustentável aproxima a tecnologia do consumidor final.

As aplicações são praticamente ilimitadas: fachadas de vidro de edifícios, carros, caminhões, claraboias, abrigos de ônibus, ônibus, barcaças, árvores de energia, dispositivos indoor, gadgets, mobiliário urbano, estruturas flutuantes, toldos, ombrelones, etc., etc., etc.

Quebrando paradigmas – a disrupção do mundo da energia

Nos últimos anos, meses, dias, temos vistos novas e incríveis tecnologias exponenciais causando verdadeiras revoluções e transformando indústrias inteiras. A disrupção ocorre quando novas tecnologias tornam as tecnologias anteriores obsoletas.

A próxima grande revolução pode acontecer no setor energético.

Os painéis solares tradicionais sempre foram vistos e tratados como verdadeiros cupons financeiros de longo prazo. Faz-se um investimento inicial para aquisição/instalação (CAPEX), espera-se uma geração de energia ao longo do tempo e em um determinado momento ocorre o retorno (payback financeiro). Após esse momento, há a apropriação econômica da energia até o fim da vida útil dos painéis (lucratividade).

A quebra de paradigma ocorre quando essas novas tecnologias trazem novos componentes para o mundo da energia solar. O OPV e seus benefícios vão muito além de uma relação de payback tradicional.

Estamos falando de um filme fotovoltaico que pode ser integrado a vidro, tecidos, lonas, policarbonato, fibra de vidro, telhas, concreto, superfícies metálicas e etc. E a partir do momento em que essa integração ocorre, esses materiais “passivos” se tornam superfícies funcionais que geram energia. Superfícies inteligentes que passam a ter um novo propósito, e é aí que as possibilidades se multiplicam.

Indo além, estamos falando de uma tecnologia para geração de energia com potencial de baixíssimo custo, eventualmente muito próximo a zero.

Se isso de fato se consolidar (e tudo indica que irá), seremos “forçados” (e isso não seria nada ruim) a migrarmos para modelos de negócios de Energy as a Service – EAAS, em que a monetização da energia estará muito mais relacionada aos serviços e às funcionalidades habilitadas por essas tecnologias do que à energia em si.

Assim como eu nunca vi uma nota fiscal de quilobyte (kB) do Google, que vende informação, provavelmente não veremos mais notas ficais de quilowatt-hora (kWh).

E quem você acha que fará essa disrupção? Serão mesmo as grandes companhias de energia?

Filipe Ivo Parceiro HSM

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Como a tecnologia das smart cities está ajudando a impedir que carros circulem ilegalmente pelas ruas

No centro do Brooklyn, há uma via comercial do bairro que está fechada para os carros. Tecnicamente, pelo menos. A Fulton Street é uma rua utilizada somente para o tráfego de ônibus, entretanto, cerca de 3.000 carros por mês passam por ela ilegalmente. Isso cria problemas para os ônibus e seus 20 mil passageiros diários, que precisam da pista livre para compensar o tempo em suas rotas lotadas, e para os pedestres e ciclistas, que também dependem da via livre de carros para uma viagem mais segura.

A Downtown Brooklyn Partnership, uma organização sem fins lucrativos que apoia o desenvolvimento local, queria acabar com o tráfego ilegal de carros nas ruas por um tempo, mas eles não sabiam de qual avenida esses veículos estavam vindo. Recentemente, descobriram que cerca de 84% dos carros ilegais estavam saindo da Flatbush Avenue, a movimentada avenida que corta a Fulton. Sabendo disso, a empresa começou a implementar novas sinalizações e monitorar de forma mais estrita a interseção para garantir que a rua permanecesse livre de carros.

Para isso, contaram com a ajuda da base de dados de uma startup chamada Numina, que usa sensores para medir todos os objetos na paisagem urbana e como eles interagem uns com os outros. Suas câmeras montadas em poste de luz capturam carros, pedestres, ciclistas e ônibus (bem como sacos de lixo, móveis de rua, carrinhos de bebê e muito mais). Elas detectam onde e quantos desses objetos diferentes estão se movendo pela paisagem urbana sem levantar as questões de vigilância que geralmente vêm com a tecnologia baseada em sensores: a Numina não usa o reconhecimento facial ou o sistema de detecção de placas de licença. Está apenas procurando por objetos e padrões.

Quando aplicada em uma paisagem urbana, a tecnologia pode rapidamente criar uma mudança tangível nas cidades. Mas enquanto essa nova tecnologia é uma categoria ainda em expansão – a AngelList conta com mais de 500 startups nos EUA -, as empresas, muitas vezes, lutam para provar aos outros e a si mesmas que ela pode, de fato, funcionar. Ao contrário do que acontece em algumas organizações de mídia social ou de privacidade de dados – que podem conduzir os pilotos por meio de canais digitais -, uma startup de tecnologia urbana precisa se inserir no ambiente para provar que é viável, e conseguir a permissão das cidades para executar pilotos de tecnologia urbana pode ser uma luta.

O New Lab, um centro de tecnologia do Brooklyn, inaugurado em 2016 para ajudar as startups a crescer, reconheceu esse desafio. Sua ideia é juntar empresas de tecnologia urbana e montar um piloto para ser aplicado no bairro. Dessa forma, a cidade poderia ter uma noção do que a tecnologia poderia fazer, e as startups poderiam provar que o modelo é viável. “As empresas de tecnologia urbana precisam de oportunidades reais de piloto para ajudar a provar que seus produtos funcionam e, para isso, precisam estar em ambientes urbanos reais”, diz Shaina Horowitz, diretora do Urban Tech Hub do New Lab. “Para que isso funcione, precisamos de partes interessadas na mesa: líderes da cidade, agências e empresas locais.”

A iniciativa conhecida como The Circular City atende a essas necessidades. O New Lab selecionou três startups de tecnologia urbana para participar e discutir sobre o projeto com líderes locais como o presidente do Brooklyn Borough, Eric Adams, e agências como a DBP e a New York Economic Development Corporation. Conseguir que líderes locais e do setor participem e se conscientizem sobre o projeto “esvazia alguns dos medos que existem em torno do que é preciso para implantar novas tecnologias em uma cidade”, diz Horowitz. O teste piloto de seis meses fez com que os líderes vissem de perto como a tecnologia poderia realmente ser um ativo.



Cada uma das três startups trouxe capacidades diferentes para a cidade. Numina usou sua tecnologia de sensores não apenas para rastrear o tráfego de carros ilegais na Fulton Street, mas para examinar como andaimes de construção fazem com que os pedestres mudem seu caminho, e às vezes os obriga a andar na rua. A Carmera, outra startup que usa sensores embutidos em veículos para coletar dados para carros autônomos, forneceu informações sobre a densidade das ruas e onde eles perderam por pouco os acidentes com pedestres e ciclistas. Os dados de ambas as empresas devem ajudar a informar a cidade sobre onde instalar medidas de segurança nas ruas, como faixas de pedestres e ciclovias.

A terceira startup, Citiesense, não cria dados, mas os agrega. A plataforma da Citiesense captura tudo o que existe na rua, desde vendedores de comida e bicicletários a restaurantes e novas construções. O fundador Starling Childs diz que o Citiesense integrará dados do Numina e da Carmera para que os grupos de vizinhança possam visualizar os fluxos de tráfego em suas ruas e calçadas. Isso pode ajudar um bairro como o Brooklyn a perceber que eles não têm bicicletários suficientes para acomodar o número de ciclistas que transitam por lá.

O ponto principal da iniciativa The Circular City, que continuará a se desenvolver após este primeiro teste, é levar a tecnologia urbana e os dados com os quais ela trabalha para fora da teoria, e colocá-la nas mãos de pessoas que podem realmente usá-las com o objetivo de transformar as cidades.

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As possibilidades em Infraestrutura

Apesar de ser a 8ª economia do mundo, o Brasil ocupa o 73º lugar em qualidade de infraestrutura, com deficiências em logística, saneamento, energia e transmissão de dados. A insuficiência de infraestrutura básica no País é tão grave, que, mesmo que se investisse o dobro dos recursos destinados a esses setores nos últimos 15 anos, seriam necessários mais 25 anos para que os serviços tivessem um “mínimo de qualidade”. Por isso, quanto antes começarmos os investimentos em infraestrutura, melhor será para todos nós.

Sabemos que existe uma relação direta entre infraestrutura e qualidade de vida da população e, em consequência, com a capacidade de desenvolvimento da economia, de atração de investimentos, de incentivo ao empreendedorismo e à geração de empregos.

Os principais elementos que compõem a infraestrutura de um local são: a geração de energia, o sistema de transporte, as telecomunicações e outros serviços considerados fundamentais, como o saneamento, presença de instituições educacionais de qualidade e saúde, entre outros. O brasileiro paga caro por energia elétrica, por uma banda larga de baixa qualidade, tem acesso precário a saneamento e um sistema de transportes insuficiente para conectar um território de dimensões tão extensas.

Segundo dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), o Brasil teve, em 2016, o pior desempenho em infraestrutura em uma década. É uma queda de 22,1% em relação a 2015 e o pior resultado desde 2007, quando a construção de grandes obras movimentou R$ 111,6 bilhões, já em valores atualizados para 2016 pela inflação. É também pouco mais da metade da receita alcançada em 2012, quando os gastos com infraestrutura atingiram seu máximo.

Em 2012, as obras de infraestrutura realizadas no País, segundo a Paic, somaram R$ 180,5 bilhões. Desde então, esse valor veio caindo ano a ano até chegar ao mínimo de 2016, número mais recente do IBGE.

Já os dados do GI Hub, órgão criado pelo G20, o grupo dos 20 países mais ricos do mundo, apontam que o Brasil investe apenas 56% do que é necessário para a infraestrutura nacional. Ou seja, a lacuna, que chega a 44%, ainda é enorme: há muitas oportunidades.

Quando nos orientamos pelo PIB, a situação piora. A China investe cerca de 7% de seu PIB em infraestrutura, e a Índia investe cerca de 5,5%. O investimento do Brasil é de 2,2% anualmente. O investimento anual em infraestrutura precisaria aumentar para 3,2% do PIB nos próximos 20 anos, apenas para manter a estrutura atual.

Esse cenário pode mudar, isso exige muitas reformas para estimular novos financiamentos e dar mais liquidez a um mercado ainda muito reduzido. Já existem diversas medidas e projetos em andamento, o caminho para a modernização da infraestrutura no Brasil é longo. Há uma série de obras e iniciativas paradas, que esbarram nos mesmos problemas que dificultam o avanço da infraestrutura como um todo.

Com certeza, o desenvolvimento de novas tecnologias é fundamental para aumentar a eficiência e a oferta dos serviços básicos. Principalmente, tecnologias sustentáveis, a fim de beneficiar a sociedade e o meio ambiente. Embora o país venha ampliando consideravelmente os investimentos em fontes alternativas, como a eólica e a solar, ainda é grande o desafio de maximizar e garantir a geração de energia barata para toda a população.

Enfim, que outras estratégias podem ser adotadas para aumentar o desenvolvimento dos serviços de infraestrutura no Brasil? É isso que será discutido no SingularityU Brazil Summit, onde você terá a oportunidade de saber ainda mais sobre como a tecnologia utilizada nos demais países pode vir a ajudar a solucionar as questões em nosso país. Fique de olho para conhecer os palestrantes que estão por vir!

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A tecnologia a serviço da Saúde

Superlotação, ausência de médicos e enfermeiros, falta de estrutura física, pacientes espalhados por corredores de hospitais e prontos-socorros, demora no atendimento, falta de medicamentos, entre outros problemas, é a triste realidade brasileira. O descontentamento de quem utiliza os serviços de saúde pública no Brasil tem se tornado cada vez mais visível.

A saúde no País se divide em pública e suplementar. A saúde pública está estruturada no Sistema Único de Saúde — mais conhecido como SUS —, já a saúde suplementar é a saúde privada, que compreende os planos de saúde.

Desde que o SUS foi criado, houve resultados bastante positivos, porém o sistema enfrenta inúmeras dificuldades, comprometendo a qualidade do atendimento à população, além de se apresentar bastante discrepante no território nacional. Mesmo com o direito legal, muitas famílias ainda não conseguem atendimento adequado na rede pública.

Vale destacar a discrepância entre os valores investidos nos dois sistemas de saúde: o SUS investe cerca de R$ 103 bilhões por ano e atende 75% da população brasileira; já a saúde suplementar, que atende apenas 25% dos cidadãos, investe R$ 90,5 bilhões. Ou seja, os gastos por paciente são, em média, três vezes mais altos na saúde suplementar do que na saúde pública. Contudo, o sistema privado também não escapa de críticas, por conta de suas mensalidades caras e serviços sem cobertura.



Segundo a Organização Mundial da Saúde, agência da ONU especializada em saúde, o parâmetro ideal de atenção à saúde é de 1 médico para cada mil habitantes. O Brasil supera essa razão: hoje, são 2,11 médicos para cada mil habitantes. Porém a distribuição dos serviços pelo país é bastante desigual.

Dados de 2015 mostram que o Brasil gastava cerca de 3,1% do PIB em saúde pública. São em média 525 dólares por habitante gastos anualmente no País. Em outros países onde há sistema de saúde pública semelhante ao daqui, investem-se, em média, 3 mil dólares anuais.

Um dos principais agravantes dessa situação é o envelhecimento da população brasileira. Uma pesquisa realizada pelo IBGE mostrou que, em 2016, 26 milhões de habitantes tinham mais de 60 anos. Como nessa faixa etária os problemas de saúde se tornam mais recorrentes, isso representa alto custo para a saúde pública.

Por essas e outras razões, nos encontramos no 124º lugar no ranking da OMS em qualidade de saúde. Apesar disso, o SUS tem nichos de excelência, locais que conseguem fazer transplante de rim, córnea e mesmo de fígado, que é um dos mais complexos, além do controle da AIDS, programa usado como modelo em outros países. Entretanto, por falta de investimento e mão de obra, muitos hospitais e centros de pesquisas estão ameaçados de encerrar suas atividades.

Pode-se afirmar que a saúde do Brasil está em coma, respirando por aparelhos, entre a vida e a morte. Será que novas medidas poderão salvá-la? Será que esse caso é reversível? A saúde tem estado focada na doença, mas é preciso focar a prevenção, pois prevenir reduz as chances de doenças e, em consequência, reduz os gastos necessários com tratamento.

E como anda o uso das novas tecnologias em nosso país? E nos outros países? Não deixe de participar do SingularityU Brazil Summit deste ano, para conferir tudo sobre como a inovação e as novas tecnologias poderão nos ajudar a melhorar a saúde da população brasileira.

Leia também sobre o que é a nanotecnologia na medicina e como ela pode ser aplicada.

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Segurança e tecnologia: oportunidades

Considerada um dos três principais problemas do País pelos brasileiros, a segurança pública é um desafio a ser enfrentado pela sociedade.

Atualmente o estado de calamidade é a expressão que mais bem define o sentimento da população, que sofre todo dia com a sensação de insegurança somada ao medo.

Talvez o Rio de Janeiro seja o estado que demonstre o caos em que vivemos — local onde o poder bélico do crime organizado supera o aparato policial e a audácia dos bandidos vem gerando pânico na sociedade, que resultou na intervenção federal em 2018.

Garantir o ir e vir com segurança é um direito fundamental previsto pela Constituição Federal de 1988, sendo dever do Estado assegurá-lo. Contudo o modelo de segurança pública ainda está muito longe de garantir a efetiva proteção da sociedade e precisa de profundas reformas.

Segurança pública envolve um sistema complexo que contempla várias ações de caráter preventivo (educação, saúde, emprego, policiamento preventivo etc.); a legislação penal (definição de crimes e penas); a persecução penal (atuação dos órgãos policiais de investigação e o Ministério Público); o processo penal (julgamento do acusado pelo juiz); a execução penal (cumprimento da pena pelo condenado) e a ressocialização (reintegração do preso à sociedade).

Esses elementos do sistema de segurança pública são interdependentes e interagem entre si, formando um conjunto que precisa ser administrado em sua integralidade e em cada uma de suas partes, uma vez que todas as variáveis, internas e externas, influenciam todo o sistema e seus resultados.

Anualmente, mais de 60 mil pessoas são assassinadas, e todos os dias assistimos a dezenas de cenas de violência nos noticiários. Mesmo com bons programas de prevenção, crimes acontecem no mundo inteiro, e é necessário que haja um sistema capaz de investigá-los, processá-los e julgá-los.



Lamentavelmente, a investigação não funciona bem no Brasil. Em 2011, apenas 6% dos roubos registrados na cidade de São Paulo tiveram um inquérito policial instaurado, que é o primeiro passo de uma investigação. A taxa de esclarecimento de homicídios no país também é vergonhosa — há grande variação entre os estados, mas, no melhor dos casos, somente 20% dos homicídios são esclarecidos. O Brasil não possui ainda um padrão único e nacional de classificação dos homicídios, o que prejudica tanto as comparações entre os estados, como do Brasil com o resto do mundo.

Os crimes contra a vida deveriam ser tratados de outra forma, com a implementação de políticas públicas inteligentes que englobem o investimento não só em policiamento, mas também em esporte, lazer, educação, saúde e acesso ao trabalho, por exemplo. Pois, de forma geral, tudo está conectado e, portanto, não se diminui a violência nas cidades sem que haja ações de melhoria na qualidade de vida de todos, uma vez que a violência no Brasil atinge todas as classes.

Em outras partes do mundo, as diferentes funções de polícia costumam ser realizadas por uma mesma instituição, facilitando a gestão e a integração das atividades. No entanto, as principais inovações de reforma das polícias em vários países e as novas estratégias e abordagens em segurança pública nas últimas três décadas ainda não se difundiram no Brasil.

Enfim, será que nosso país possui os mecanismos para lidar com a questão da violência? Há muitas propostas pendentes para a redução desses problemas e a inovação e as novas tecnologias podem, com certeza, auxiliar e agilizar esse processo. É isso que vamos tratar no SingularityU Brazil Summit deste ano, onde poderemos conhecer melhor o que estão fazendo ao redor do mundo, pela voz de renomados palestrantes, e aplicar essas soluções no Brasil.

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Os desafios em Educação no Brasil

Considerada uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento de uma nação, a educação ajuda na produção de conhecimentos para que um país cresça e aumente sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Embora o Brasil tenha avançado nesse campo nas últimas décadas, ainda há muito para ser feito.

Atualmente, ocupamos o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados pelo PISA — Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Segundo dados do IBGE, entre 2007 e 2014, foi registrada a queda do analfabetismo, entretanto, para cada 100 alunos que entram no 1º ano, somente 47 terminam o 9º ano na idade correspondente, 14 concluem o ensino médio sem interrupção e apenas 11 chegam à universidade.

Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregamos o fardo de baixo desempenho no IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador de qualidade da educação básica do País, cujo resultado é calculado cada dois anos pela média das notas de português e matemática dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e sobre os dados da aprovação escolar, obtidos pelo Censo Escolar. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros obtiveram 4,6 em 2009, e a meta do País é chegar a 6 em 2022.



Portanto, são muitos os problemas que estão presentes na educação brasileira, especialmente na educação pública. São diversos os fatores que proporcionam resultados negativos e que contribuem para a desigualdade social. Convivemos com questões antigas, que se arrastam sem solução: analfabetismo, analfabetismo funcional, péssima qualidade do ensino público, incertezas sobre o ensino médio, expansão acelerada e desequilíbrios no ensino superior.

A educação é e será a alavanca para construir uma sociedade justa e dinâmica. Vivemos o avanço acelerado da era digital e os desafios que ela traz para a sociedade. Os paradigmas estão mudando e é necessário ter novas competências — profissionais, sociais e culturais — para navegar nesse novo mundo. Atualmente, são inúmeras as possibilidades do uso das tecnologias na escola. Não podemos ignorar que todos vivem num mundo de intenso uso da tecnologia, principalmente na área de comunicação, e que os recursos digitais se tornam cada vez mais fundamentais para a realização de quase todas as tarefas.

Mas é realmente viável empregar as novas tecnologias para criar um ensino mais personalizado, flexível, inclusivo e motivador? Se as ferramentas da inteligência artificial forem de fato capazes de estimular esse tipo de aprendizado, talvez as salas de aula do futuro possam ser ambientes muito mais motivadores e atraentes do que os que temos hoje.

E é isso que será discutido no SingularityU Brazil Summit deste ano, onde palestrantes de todo o mundo nos mostrarão, por meio de suas experiências, como a inovação e as tecnologias exponenciais poderão auxiliar os brasileiros na melhoria e no desenvolvimento dessa área. Você não pode perder essa oportunidade!

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Fintechs e as tendências em Finanças

Uma das tendências do setor financeiro que mostra uma curva de crescimento exponencial nos últimos anos, e muito disso graças às novas tecnologias, são as fintechs. Essas startups que geram soluções tecnológicas para questões financeiras começaram a surgir no Brasil em meio à necessidade de concorrer com as altas taxas cobradas pelos bancos e a burocracia das instituições financeiras tradicionais.

Com crescimento de 748% no mercado brasileiro — desde 2015 —, em agosto de 2018 o Brasil recebeu cerca de 404 fintechs, número esse que tende a aumentar ainda mais neste ano. O crescimento desse novo modelo de negócio contribuiu para a criação da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintech), a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e também a Associação Brasileira de Equity Crowdfunding. Todas elas com o objetivo de fiscalizar e regulamentar esse segmento no país.

As transformações no setor financeiro dos últimos anos são o resultado de inovações como a tecnologia blockchain, que usa seu poder de descentralização como forma de oferecer uma proteção de dados segura e a possibilidade de fazer transações online sem a ajuda de um intermediário. Foi por meio do blockchain que as criptomoedas, como o bitcoin, se popularizaram, fazendo com que criação de plataformas online de investimento se multiplicassem.

Vale ressaltar que as instituições financeiras tradicionais, sentindo-se ameaçadas pelas fintechs, também estão usando a tecnologia como aliada para tornar seus serviços mais acessíveis e menos burocráticos. Hoje, praticamente todo banco tem seu aplicativo, facilitando assim a realização de consultas de saldo, crédito e outras transações.

Para discutir sobre esse cenário e como o setor financeiro será cada vez mais impactado pelas novas tecnologias, o SingularityU Brazil Summit deste ano contará com speakers especiais que anteciparão as tendências desse setor.