A liderança liberal é um modelo em que os gestores costumam dar uma maior liberdade aos liderados e às suas decisões. Ainda que o gestor esteja no comando, há uma grande liberdade e autonomia para os comandados, tornando sua participação mais modesta.
Você já parou para pensar o que faz um bom líder? A verdade é que bons gestores conseguem motivar todo o time e liderar pessoas com diferentes perfis sempre é um grande desafio para quem está a frente disso.
No entanto, existem vários caminhos e perspectivas para conseguir chegar nesse objetivo. Entre eles, está a liderança liberal. Diferentemente de outros tipos, esse formato busca seguir uma linha mais livre, como o nome sugere, e por sua vez, colaborativa.
Mas o que mais chama atenção é porque esse estilo de liderança tem tomado as rédeas gerenciais de muitos negócios. Principalmente em startups e empresas focadas em serviços de tecnologia — além daquelas que querem se guiar pelo tech, ou seja, são data driven.
E se essa tem sido uma tendência para os gestores, é fundamental mostrar o que torna esse modelo de liderança uma referência para muitos.
Ao longo do texto vamos apresentar as características dela, suas vantagens e desvantagens, além de mostrar até mesmo exemplos de líderes que seguem por esse viés. Boa leitura!
O que é liderança liberal?
A liderança liberal é um modelo em que os gestores costumam dar uma maior liberdade aos liderados e às suas decisões. Para isso, os líderes buscam trabalhar em equipe e ouvir ideias que venham de todos os integrantes daquela liderança.
Ela também leva o nome de liderança laissez-faire (expressão francesa traduzido como “deixe fazer”), o que já revela bastante sobre seu modus operandi. Ou seja, toda a equipe está apta a realizar suas atividades e projetos com mais liberdade.
Ainda que o gestor esteja no comando, há uma grande liberdade e autonomia para os comandados, tornando sua participação mais modesta — o que não é a mesma coisa que desimportante.
Há um forte sentimento de colaboração, afinal, os líderes carregam uma postura como delegativa e, para tal, precisam ter uma visão bastante apurada.
Vale ressaltar também que o conceito tem origem no trabalho do psicólogo alemão Kurt Lewin. Em parceria com a Universidade de IOWA, ele fez experimentos para analisar o processo de decisão nos diferentes tipos de liderança.
A partir disso, publicou a obra “Field theory in social science: selected theoretical papers”, em 1951, que traça três modelos estruturais de gestão — além de muitas outras ideias. Dentro deles, está a liderança liberal mas também a autocrática e democrática.
Características da liderança liberal
A liderança liberal, assim como qualquer outro tipo de líder, é uma cadeira que exige muita preparação, conhecimento e visão. E também não é do dia para noite que alguém vai se tornar um gestor com uma mentalidade de laissez-faire.
Assim sendo, ele precisa ter algumas características que o permita liderar com mais liberdade. A tomada de decisão horizontal, a abordagem hands-off e a capacidade de autogestão são as três principais.
A seguir, vamos falar mais sobre cada uma delas!
Tomada de decisão horizontal
A tomada de decisão horizontal é uma das maiores marcas da liderança liberal. Nesse formato, quem lidera não toma as decisões sozinho e a própria equipe auxilia no processo — mesmo que trazer essa participação também dependa do quanto o gestor consegue motivar.
A horizontalidade faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis com a liderança, pois há a troca de ideias e opiniões para decidir o melhor caminho. E o mais importante: os liderados sabem que vão ser ouvidos.
Para tanto, todo modelo de negócio liderado por esse princípio não pode permitir uma hierarquia exagerada entre os processos.
Tudo isso não exime a responsabilidade do líder de arquitetar os valores e objetivos do negócio. Em poucas palavras: mesmo que o líder nem sempre participe diretamente das tomadas de decisões, a responsabilidade final continua sendo desse profissional.
No entanto, colaboradores também vão tomar as decisões que influenciam no que é preciso para chegar no objetivo da empresa. E a criação de uma cultura mais horizontal vai ser possível por meio de apoio, estímulo e desenvolvimento.
Abordagem hands-off
A liderança liberal também prevê que o líder mantenha uma postura hands-off — ou seja, ele precisa estar presente por perto, mas não de maneira invasiva.
Com isso, a equipe tem liberdade para tomar decisões e definir ações sem que o líder lhes imponha proibições ou restrições. E isso também só é possível porque, como falamos antes, há uma noção de horizontalidade.
O gestor, então, sempre vai dar espaço para os colaboradores se desenvolverem. Como consequência, a interferência mínima também se torna característica desse modelo, pois os setores precisam estar preparados para bancar suas decisões.
Ao mesmo tempo, sem confiança esse formato de cooperação também não vai funcionar. É preciso ter que o mentor acredite nos colaboradores para que cada um exerça sua função no nível que lhe é atribuída, trazendo um fluxo mais leve para o processo.
Assim, enquanto a liderança vai traçar os objetivos, cada setor, do RH até o de vendas, vai se comprometer em fazer, dentro do que é seu papel, o necessário para chegar até essa meta.
Capacidade de autogestão
Nesse formato, por fim, uma última característica é que todo líder liberal precisa acreditar na capacidade dos liderados para se auto gerirem. É interessante perceber aqui que esse ponto é um elo entre a tomada de decisão horizontal e abordagem hands-off.
Ou seja, é importante não só permitir que os colaboradores façam suas próprias escolhas, como também lhes dar o suporte necessário para que essa autogestão seja eficaz.
Para isso, o gestor deve conceder se quiser mostrar que o colaborador tem sua retaguarda coberta, mas o liderado precisa também deixar claro que tem total domínio e controle daquilo que é atribuído a ele.
Não é papel de um líder observar cada passo do liderado e a rotina se torna uma organização do próprio colaborador. Ou seja, assim como o gestor precisa saber, as pessoas também devem entender como controlar seu tempo e suas entregas de forma estratégica.
É claro que gestores liberais também precisam direcionar o trabalho e dar feedbacks — mas a liderança deve ser lida como um apoio, não como uma preocupação excessiva. É esse domínio que possibilita a criação de um ambiente aberto e favorável para o desenvolvimento.
As vantagens da liderança liberal
Já falamos muito sobre as características que mais marcam os líderes liberais, mas quais são as vantagens de buscar ter uma postura condizente com esse modelo?
A seguir, vamos apresentar os ganhos tanto para a empresa como para os gestores e colaboradores. Acompanhe!
Desenvolvimento pessoal e profissional
Esse modelo cria condições perfeitas para o desenvolvimento pessoal e profissional de todas as equipes. Isso acontece porque há espaço para tomar decisões e, até mesmo errar — o que leva ao aprendizado.
Além disso, líderes liberais também exercem seu cargo como um serviço e não como uma posição de poder — o que significa que a gestão é lida como algo visando o desenvolvimento do liderado. Não é à toa que, muitas vezes, essa pessoa é vista como mentora.
Estamos falando também de uma via de mão dupla, já que líderes também aprendem com os liderados. E o melhor de tudo: esse conhecimento acumulado é bom para todos da equipe, criando ligações entre liderança e liderados.
União com autonomia e responsabilidade
Quando bem liderada, a liderança liberal também possibilita que toda equipe se una para alcançar um objetivo sem que haja hierarquias estritas. Ao permitir que cada liderado seja responsável pelas suas ações, líderes liberais estimulam algo chamado “criatividade coletiva”.
Ou seja: as pessoas trabalham juntas para encontrar soluções mais sustentáveis para os problemas. Esses gestores também buscam liderar muito mais por meio do exemplo do que impondo regras e restrições — o que gera uma atmosfera de confiança entre líder e liderado.
Essa postura passa para os colaboradores uma sensação de autonomia e responsabilidade, sem necessariamente estimular o individualismo, que lhes permite tomar decisões acertadas para o negócio.
Alinhamento com a cultura organizacional
A última vantagem dessa liderança é que ela contribui para o alinhamento com a cultura organizacional. Ou seja, a empresa não apenas fala, mas faz o que propõe. E são justamente os colaboradores que criam essa cultura, sustentando os valores cotidianamente.
Isso ocorre porque a liderança liberal permite que todos os envolvidos se comuniquem entre si e compartilhem suas experiências, mesmo à distância. Isso facilita a disseminação de ideias e contribui para um ambiente mais produtivo.
A colaboração faz com que os liderados consigam ir além da sua mesa de trabalho e possam estar a par de vários setores. O laissez-faire não só garante que todos estão na mesma página na execução, como também ajudam a cultivar uma cultura viva dentro da empresa.
As desvantagens da liderança liberal
Embora seja um caminho de gestão bastante positivo, há alguns desafios que essa liderança liberal também pode gerar dentro das organizações.
As principais são dificuldade em manter um bom ritmo produtivo, ausência de uma rotina estabelecida e até mesmo a falta de organização no trabalho. Entenda agora o porquê de cada uma delas!
Dificuldade em manter um bom ritmo produtivo
Por ser uma liderança menos diretiva, ela pode gerar dois efeitos à equipe: uma jornada exagerada capaz de provocar até mesmo burnout ou aquela ociosidade que gera improdutividade. Esse acaba sendo um grande desafio próprio da autogestão.
A oscilação “do muito e do pouco” é o que vai dificultar a manutenção de um bom ritmo produtivo — juntamente a figura menos incisiva da liderança e a falta de rotina fixa. Por isso, a eliminação dessa desvantagem vai depender da adaptação dos colaboradores também.
Falta de organização no trabalho
A segunda desvantagem em relação à liderança liberal é a falta de organização que também está bem associada ao problema anterior. Isso se dá porque líderes liberais nem sempre não possuem um modelo organizacional. E sem ele, fica difícil evitar o caos.
Mas a verdade é que somente com o mínimo de metodologia é possível atuar de forma livre e autônoma. Ou seja, os líderes e liderados precisam desenvolver uma organização metódica, – visual, escrita ou auditiva – para se prevenir desse eventual problema.
Procurar formatos que ajudem no gerenciamento geral de rotina será fundamental para que a liderança liberal não se torne algo confuso para ambas as partes.
3 exemplos de lideranças liberais na história
Nada melhor do que o mundo real para entender como uma gestão realmente acontece, não é mesmo? Pensando nisso, reunimos três breves exemplos de lideranças liberais na história. Conheça a seguir!
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos
O líder norte-americano Ronald Reagan era conhecido por atuar de maneira muito liberal. Não se trata de uma liderança passiva, mas efetivamente colaborativa e sem viés autocrático. Ele acreditava que seus comandados deveriam cumprir as regras como achassem melhor.
Estamos falando de um líder forte e, ao mesmo tempo, desprendido, tendo uma equipe que vivenciou uma autoridade sem precedentes: eram lideranças de Wall Street até empreiteiros aeroespaciais.
Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway
O líder de liderança liberal mais rico atualmente é Warren Buffett. Ele liderou a Berkshire Hathaway por quase meio século e tornou-se um dos gestores financeiros mais bem-sucedidos do mundo.
Da mesma forma que um bom líder liberal pensa, ele acredita que seus delegados podem agir da forma como acreditam ser melhor para a empresa. Para tanto, confia na capacidade de cada um para tomar decisões, buscando sempre profissionais experientes, capacitados e criativos.
Paul Allen, cofundador da Microsoft
Outro grande símbolo da liderança libera é Paul Allen, também conhecido por sua cultura da inovação. Apesar de não ter a fama de Bill Gates, Allen sempre foi responsável pela visão lúdica da criação.
No entanto, é interessante perceber que a sua própria saída prematura da empresa denuncia como acreditava em seu modelo. Logo, à medida que a Microsoft começou a se entranhar em processos e também amadurecer, ele parou de fazer parte dela.
Liderança liberal: vale a pena?
Nem sempre a resposta pode ser sim ou não. A liderança liberal é um modelo que, como qualquer outro, tem muitos benefícios mas também apresenta desafios.
Ao trazer autonomia para que os liderados tomem suas próprias decisões no trabalho e estejam dentro de um ambiente horizontal, ela é um grande modelo, sendo facilmente visto como inovador diante do tradicionalismo desse cargo.
No entanto, essa liberdade também pode ser nociva: uma equipe despreparada e sem experiência pode colocar tudo a perder por não conseguir dar conta da autogestão, rotina e organização.
Por isso, desenvolver uma liderança liberal vai depender da visão que o gestor tem da sua equipe como um todo. É preciso entender se ela está apta para essa mudança é, mais do que isso, como ela vai encará-la.
Isso significa que, ao avaliar isso e tudo estiver certo, talvez sua empresa esteja diante de uma luz verde para iniciar esse novo modelo de liderança.
Conclusão
A liderança liberal se pauta na liberdade dos colaboradores diante das suas atividades dentro da empresa, se apresentando com uma saída visionária em relação a outras.
Mas embora todos os gestores possam se beneficiar com esse modelo, é essencial entender que a liderança liberal não é tão simples.
Estamos falando de um formato em que liberdade, autonomia são os principais valores. Por isso mesmo, ela pode ser mais adequada para equipes com maior grau de experiência.
Ou seja, nem sempre é hora de adotar a liderança do tipo liberal. Mas sempre é momento de dar o primeiro passo em direção a essa mudança. E para continuar aprendendo sobre inovação e liderança, não deixe de acompanhar nosso blog!
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