A Lei de Moore foi um conceito criado por um dos co-fundadores da Intel e com base em uma tendência histórica atingida pela empresa entre os anos 1970 e 2010.
Recentemente, porém, os especialistas determinaram que a Lei de Moore parece ter chegado ao fim, já que está se tornando cada vez mais difícil encolher ainda mais os transistores e, ao mesmo tempo, manter sua quantidade crescente.
Quer entender mais sobre o assunto? Então leia o texto a seguir!
O que é a Lei de Moore?
A Lei de Moore é um conceito desenvolvido pelo co-fundador da Intel, Gordon Moore, em 1965. A teoria previa que o número de transistores em um chip dobraria a cada dois anos.
Este crescimento exponencial da tecnologia do chip ajudou a revolucionar a indústria da computação, permitindo máquinas mais rápidas e mais confiáveis que poderiam ser usadas para uma gama cada vez maior de aplicações.
Como a Lei de Moore funciona?
Em 1965, Gordon Moore especulou que dentro de 10 anos, semicondutores de 63,5 cm2 conseguiriam comportar cerca de 65 mil componentes e estipulou que o número dobraria a cada ano.
Para entender melhor, veja um trecho do artigo “Cramming more components onto integrated circuits” (ou “Estudando mais componentes em circuitos integrados”, em tradução livre), publicado pela própria Intel:
“A complexidade para componentes com custos mínimos tem aumentado em um fator de dois por ano. Certamente em um curto prazo, pode-se esperar que esta taxa se mantenha, se não aumentar. A longo prazo, a taxa de aumento é mais incerta, embora não haja razões para acreditar que não se manterá constante por pelo menos dez anos.
Isso significa que, em torno de 1975, o número de componentes por circuito integrado para um custo mínimo será de 65.000 (nanômetros). Eu acredito que circuitos grandes como este poderão ser construídos em um único componente.”
Em outras palavras, em seu postulado inicial, Moore previu que o número de transístores em um circuito integrado dobraria anualmente.
Dez anos depois, em 1975, Moore fez previsões mais realistas, afirmando que o número de transístores dobraria a cada dois anos.
Com o passar dos anos, a Intel substituiu a expressão “transístores” por “poder computacional”, que é a base atual para o desenvolvimento de novos chips.
Impactos da Lei de Moore
É possível verificar os impactos da Lei de Moore olhando para a evolução do número de transistores produzidos desde a década de 1970.
O gráfico a seguir ilustra quais foram as precisões traçadas por Moore ao mesmo tempo que mostra o número de transistores produzidos nesse mesmo período.
Ao observá-lo, é possível notar como se deu a relação entre teoria e prática. Veja:
(fonte: Wikipedia)
A lei de Moore pavimentou o caminho para que as grandes empresas pudessem planejar os seus próximos passos e se preparar para o futuro.
Essas previsões ajudaram companhias de tecnologia a criarem setores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), o que, pode sua vez, estimulou a implementação de sistemas com mais capacidade de processamento, melhor consumo energético e dissipação de calor.
Como resultado: desenvolveram-se computadores cada vez mais eficientes, potentes e robustos até chegarmos aos dias de hoje.
O processo de miniaturização do hardware, também previsto na Lei de Moore, em conjunto com a ampliação de poder de processamento, foi o que possibilitou melhores videogames (até mesmo portáteis) e a computação em nuvem.
Socialmente, os impactos da Lei de Moore levaram à democratização do acesso a aparelhos eletrônicos, pois a segurança que Moore proporcionou às empresas deu espaço para diversas inovações, resultando em políticas de custo-benefício para o cliente final.
Qual é a importância da Lei de Moore?
A Lei de Moore tem impulsionou a revolução tecnológica desde que foi proposta em 1965.
Este princípio que afirma que o poder de processamento do computador dobra a cada dois anos serviu como uma pedra angular no desenvolvimento de computadores.
Desde o primeiro microprocessador de chip único lançado em 1971 até os mais recentes sistemas de computação, como a IA, todo esse progresso se deve à Lei de Moore, que ajudou a criar o ambiente perfeito de investimentos e inovação.
Isso porque o conceito não só previa um aumento na velocidade e na precisão dos processos de computação, mas também a redução dos custos para os consumidores.
A Lei de Moore desempenhou um papel importante para aumentar o acesso à informação e melhorar a conectividade em todo o mundo – o poder computacional de um computador da década de 1970 é muito menor do que o de um celular, por exemplo.
Ela teve um impacto profundo em setores inteiros como finanças, saúde e entretenimento, permitindo que o trabalho fosse concluído mais rapidamente e com mais eficiência do que nunca e seus impactos seguem gerando novas mudanças e transformações.
Por que a Lei de Moore acabou? Por que não funciona mais?
De acordo com Carl Anderson, um pesquisador da área de concepção de computadores da IBM, a Lei de Moore já não funciona mais, pois os engenheiros vêm desenvolvendo sistemas que exigem menos recursos do processador.
Além disso, os custos para pesquisas de novos processadores estão cada vez mais altos, o que cria um cenário em que investir em versões mais potentes deste aparelho não seja tão vantajoso para as entidades do setor privado.
Outro fator que está levando ao fim da Lei de Moore é o fato de que, com o aumento de velocidade e poder computacional, também se aumenta o consumo de energia e dissipação de calor, algo que pode ser considerado prejudicial para o meio ambiente.
No início de 2014, o departamento de pesquisas da IBM anunciou que iria começar a fazer o teste de novos chips de silício com tecnologia de 7 nanômetros, aumentando ainda mais os limites da Lei de Moore.
Em 2015, outra nova pesquisa foi anunciada dando início a uma caminhada a novos limites da produção de computadores utilizando nanotubos de carbono, o que permitiria atingir escadas ainda menores ,de 1,8 nanômetros.
Entretanto, atualmente, o tamanho dos microchips ainda está por volta de 5 nanômetros, o que levou ao desenvolvimento e investimentos em novas tecnologias, como a computação quântica e a engenharia neuromórfica.
Já em 2019, o Google anunciou ter alcançado a supremacia quântica, um conceito que pode multiplicar consideravelmente o poder de processamento disponível.
Ou seja, se as empresas desejam continuar a aumentar o poder de processamento de seus computadores, elas devem recorrer a novas tecnologias, tais como circuitos integrados tridimensionais.
Conclusão
Embora a Lei de Moore não seja mais aplicável, ela continuará a ser uma das grandes conquistas da ciência e engenharia modernas.
Trata-se de um conceito que moveu o mercado de circuitos integrados e transistores por décadas e que ajudou a criar um cenário propício para a inovação e um aumento exponencial no poder computacional.
Não à toa, hoje em dia celulares tem mais poder computacional do que os aparelhos mais avançados da década de 1970.
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