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As novas fronteiras competitivas na economia de serviços digitais

Quais são os fatores-chave para a longevidade das empresas na transição para a nova dinâmica competitiva dos mercados?

Desde o início de nossa civilização, as transições no composto sociocultural de uma sociedade são sempre antecipadas pela disponibilidade de novas tecnologias. Os saltos tecnológicos remodelam as atitudes dos indivíduos, que acabam por redefinir as características do comportamento coletivo. Os novos comportamentos, por sua vez, redefinem as apólices econômicas.

Em uma nova dinâmica econômica, a sociedade se reorganiza sócio culturalmente. Assim, a cada ciclo, as empresas de maior sucesso são, geralmente, aquelas que rapidamente se tornam mais hábeis em lidar com as tecnologias definidoras de sua época seja criando sentido de uso em um nível pessoal para o indivíduo (novos produtos e serviços, por exemplo) ou combinando-as de maneiras inovadoras de forma a gerar maiores ganhos nos diferentes processos produtivos. Em um mundo de incertezas sobre como, de fato, será o novo estado normal da competição nos mercados, é importante estabelecer uma abordagem que garanta a liderança neste contexto. Como os líderes podem superar o momento de transição que vivemos?

De uma maneira simples, podemos convencionar pelo menos duas premissas. A primeira delas é a compreensão da magnitude da inteligencia artificial (IA) como tecnologia definidora desta época e a imprescindibilidade de dominá-la como essencial neste cenário. Assim, a habilidade de interação e co-criação das empresas junto à IA, é a competência a ser incorporada no sistema nervoso das organizações. A segunda premissa é o alinhamento estratégico com o Zeitgeist da nossa sociedade neste século: a entrega de valor personalizado. Os negócios de uma forma geral estão, cada vez mais, voltados para a construção de ativos de entrega de valor de forma personalizada aos clientes. Vivemos um momento de releitura renascentista pela ótica do capital em que o ser humano e suas necessidades vêm ao centro de tudo e cada micro-interação do indíviduo (mapeada pela tecnologia) é incorporada a uma modelagem comportamental conversível em mais faturamento e melhores margens para os negócios.

Para o economista austríaco Joseph A. Schumpeter, um dos grandes pensadores do último século cujo legado está construído especialmente  na interseção entre a inovação e o desenvolvimento do capitalismo, os grandes ciclos de progresso econômico aconteciam em ondas onde os empreendedores inovadores provocavam uma “Destruição Criativa” – fênomeno de desenvolvimento e disrupção causado pela ressignificação ou combinação inovadora de novas tecnologias – que, ao mesmo tempo em que destruía empresas e modelos de negócios antigos e ultrapassados, engendrava novos investimentos no processo competitivo. As inovações permitiam um ganho competitivo por um tempo finito e, nessas circunstâncias, se estabeleciam as grandes lideranças e se atingia os maiores patamares produtivos da economia.

Na perspectiva de competição externa, o que vivemos hoje é exatamente esse pensamento (basta olhar as inovações trazidas ao mercado nos últimos 20 anos em empresas como Apple, Google e Tesla). Contudo, a consciência deste momento histórico abrange algo para além dos mercados, é preciso entender os acontecimentos deste século de uma perspectiva evolutiva para o ser humano. Estamos vivendo um século de transição nos modelos de organização das dinâmicas sociais. A virtualização das experiências, das comunidades e do poderio econômico abre prescendentes ainda desconhecidos para a maioria.

As inovações permitiam um ganho competitivo por um tempo finito e, nessas circunstâncias, se estabeleciam as grandes lideranças e se atingia os maiores patamares produtivos da economia digital.

Assim, pela ótica cultural, estamos vivendo uma fase de adaptação da nossa espécie, não apenas de mercados. Como iremos interagir com a tecnologia em níveis de decisões tão sutis nos anos à frente?

O domínio da IA como principal componente desta equação e principal catalisador das transformações nos ajudará a identificar oportunidades que nós hoje ainda nem conseguimos vislumbrar do ponto de vista de modelos de negócio.

Por essa razão, para surfar nos momentos de Destruição Criativa dos mercados, as empresas precisarão se tornar especialistas em fazê-la acontecer primeiro dentro de suas próprias estruturas. A receita da longevidade de uma companhia mudou. Suas competências, habilidades, produtos e serviços precisam ser mutáveis. Uma empresa nascida em 2020 pode, facilmente, evoluir seu modelo de diferentes formas até 2050 entregando produtos e serviços completamente diferentes do que entregava quando começou.

Os grandes líderes empresariais desta época serão experts em conduzir ciclos curtos de Destruição Criativa dentro de suas próprias organizações, provocando ondas de inovação que trazem vantagens competitivas. Contudo, a velocidade das organizações em preparar seus talentos para co-criar o futuro com a inteligência artificial é o grande dilema desta transição. Como a sua organização irá lidar com esta nova fronteira de competição no futuro é uma resposta que precisa ser dada hoje.

Fabricio Gimenes é empreendedor de negócios digitais e CEO da WHF® Design Company.

Maria Luisa Machado Leal é economista e sócia-fundadora da Agência de Inovações e Negócios (AIN).

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