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“Foi no EP que nosso propósito, como Wakanda, ganhou mais vivacidade”

Perspectivas e referencialidade são dois termos que passam despercebidos no nosso cotidiano. Muitas vezes não compreendemos o tamanho impacto que podem trazer em nossa clareza mental.

Perspectiva se trata de entender qual o plano estabelecido para que nossa realidade seja construída. Em um papel/uma figura, se trata de entender o espaço por onde os objetos serão construídos e suas dimensões delineadas. Em nossa mente, passa pela ideia de entender como enxergamos a nossa vida e como conseguimos criar espaço para a aprendizagem (ou apreensão da experiência), além dos nossos pré-conceitos direcionadores. Assim, a experiência pode se mostrar viva e podemos dar conta de entendê-la além dos nossos vícios.

Referencialidade é o sistema de referências que possuímos, ou seja, a maneira pela qual certos aspectos de entendimento são posicionados para darmos conta da compreensão de mundo. Em linhas gerais, seria o ponto de vista que escolhemos para começar a entender as coisas. Por isso sempre há uma referência, um lugar por onde tudo começa e uma maneira de entender que se torna um hábito.

Isso ocorre para compreendermos a nossa própria vida, tentando buscar o entendimento do nosso mundo e até compreender o outro. Refletir sobre as referências e entender a maneira com que lidamos com a apreensão do mundo é a tentativa de conhecer a maneira com que construímos nossa realidade.

Mas, nada disso é possível sem uma conexão com aquilo que estamos tentando entender. É preciso estabelecer uma aproximação e transformar aquilo em um vínculo, trazendo para nossa compreensão de mundo, entendendo como isso pode ser real em nossa existência.

Tudo exige uma ligação para que algo possa ser percebido e conhecido. Por isso, é necessário entender que há componentes para que cada um possa dar conta do aprendizado. Caso não haja, é necessário transformá-los até ser passível de ser aprendido.

É exatamente pelo cuidado destes componentes na linguagem que a Wakanda Educação Empreendedora surgiu. Para Karine Oliveira, CEO e idealizadora da startup, ainda há um problema grandioso na maneira com que o mundo do empreendedorismo e da tecnologia se apresentam. Por isso, o conteúdo nem sempre é acessível para todos.

Ao trabalhar com linguagem, a Wakanda busca traduzir os conteúdos técnicos, e extremamente nichados ao conhecimento de um grupo restrito, para a periferia de Salvador.

A ideia é tornar a experiência das pessoas nesta região mais palpável e próxima ao que conhecem. Afinal, também são empreendedores e buscam otimizar seus produtos com tecnologia.

É na criação dessa ligação e na transformação da linguagem que Karine Oliveira continua a atuar, tentando fazer com que as informações se tornem mais adequadas às realidades de perspectivas e referencialidades diferentes.

Com tamanho propósito e clareza, não poderíamos deixar a Wakanda de fora do Especial 10 anos de Executive Program da SingularityU Brazil.

Fizemos questão de entrevistar sua representante, Karine, para nos contar como foi essa experiência. No bate-papo, a CEO destacou o quanto foi crucial para tornar mais vivo seu objetivo, que vocês descobrem na íntegra abaixo.

A Wakanda oferece serviço de consultoria e imersões, presenciais e online. Possui quatro tipos de produtos e continua na empreitada de trazer o “D” de democratização aos grupos mais diversos do nosso Brasil.

Por favor, nos conte quem é a Karine, da Wakanda, como é conhecida.

Karine Oliveira: A Karine tem 30 anos, é de Salvador, está há 5 anos atuando como fundadora e CEO da Wakanda educação empreendedora, que é uma startup de educação, onde desenvolve métodos de tradução de conteúdos, com o objetivo de democratizar e sensibilizar a linguagem do empreendedorismo, inovação e tecnologia para públicos minoritários e qualquer pessoa interessada, que goste, ou que prefira aprender através da linguagem informal, ou das múltiplas linguagens informais que existem no Brasil.

SU Brazil: Qual a situação hoje desta empreitada?

Karine: A gente percebe há alguns anos que essa essa área de tecnologia e inovação é uma das partes que a maioria das pessoas estão buscando conhecer. Além disso, é o assunto que tem maior abertura, tanto de campo de trabalho, como também em relação aos eventos. O público em geral está cada vez mais interessado, mas, ao mesmo tempo, cada vez mais entendemos que este assunto precisa ser ampliado para o público em geral.

Só que a gente ainda sente que, assim como empreendedorismo, falta questões de diversidade, não é mesmo? A ASG ou ESG, como preferirem, deveria ser algo mais presente. A diversidade implica em uma inclusão do diferente e do pertencimento das mais variadas características em um ambiente, mas, por conta da linguagem, muitas pessoas acabam não conseguindo aderindo e não se sentindo presentes nessa construção.

Então a gente percebe que hoje, por exemplo, depois que finalmente passamos os nossos dois anos de pandemia, os eventos voltaram com força máxima e muitas pessoas estão presentes, mas o fator da linguagem ainda é extremamente limitante, ao invés de ser inclusivo. Por isso, é até difícil buscar novos atores para que participem deste momento.

Então, basicamente, nosso trabalho na Wakanda é ir para eventos de tecnologia, para que consigamos levar as novas descobertas, produções tecnológicas e inovações para o enorme público em geral. Nossa tentativa é tornar exponencial o que ainda é muito restrito.

Então a Wakanda acabou assumindo esse processo de tentar democratizar e expandir estes ambientes através da linguagem. Um exemplo disso foi a própria experiência no Executive Program da SingularityU Brazil.

A gente consegue ir, aprende novos temas e conteúdos, mergulhando neste mundo da tecnologia, e depois voltamos para nossa origem: compreender os assuntos e entender como a gente consegue traduzir e simplificar estas linguagens para que outras pessoas entendam que tecnologia está em tudo.

Além disso, nossa ideia é também fazer tudo isso se tornar mais acessível, mostrando que da inovação para ‘gambiarra’ é apenas o dinheiro que diferencia. Em ambas as situações o que se ganha é tempo, mas, a primeira é o foco do dinheiro. A gente acabou compreendendo isso e cada vez que mostramos para as pessoas é algo muito natural, acessível e faz parte da criatividade do brasileiro.

Assim como as múltiplas tecnologias já estão na nossa vida e o empreendedorismo é parte do cenário nacional – só que com outros nomes e outros termos dependendo de sua classe social -, a inovação também está.

A Wakanda ajuda naquele “D”, de democratizar, para que este setor seja realmente exponencial e mude a realidade, principalmente do nosso Brasil.


SU Brazil: Qual foi a diferença do pré e o pós Executive Program no Wakanda?

Karine: Primeira coisa foi um choque cultural muito grande. É um evento de alto valor, onde vão CEOs de outras grandes empresas, diretores e executivos… Foi a primeira vez que estávamos em um ambiente como aquele.

E não somente participando da metodologia – o que foi muito legal -, mas compreendendo mais este mundo de tecnologia, que eu não imaginava estar tão impregnado na minha vida. Foi uma das melhores experiências que já tive, em estar por dentro da tecnologia, inovação, compreender e mergulhar naquele mundo.

Falar de Inteligência Artificial muito antes de sair essas IAs, como ChatGPT e Bard, foi muito interessante. Foi fantástico ver isso e depois acompanhar o impacto na prática. Foi tipo “UAU!”. A democratização foi muito rápida e o crescimento da utilização de inteligência artificial foi enorme no ano de 2022. Eu fui em outubro, para o Executive Program da SingularityU Brazil, ainda estávamos conversando sobre essas coisas. Nunca tinha visto o ChatGPT, mas estava sendo apresentado e conversando sobre o assunto.

Acho que esse é um dos pontos mais interessantes da SingularityU Brazil. Tem esse lugar, onde você consegue saber das novidades antes de acontecer, com todos esses assuntos do futuro, mas que já estão presentes em nossas vidas.

Acho que essa é a experiência mais legal de estar lá. Além disso, estar dentro de um ambiente de tecnologia e de uma formação toda voltada para tecnologia, ouvir outros diferentes termos que eu nunca tinha ouvido na vida, como um “crescimento exponencial”. Entender como isso modifica as vidas ao longo do período e causam disrupção foi algo incrível.

Outro ponto interessante foi ser evento imersivo. É algo que assusta, principalmente quando você entende que é um evento todo em inglês. Mas, quando você chega lá e vê o cuidado com as pessoas, toda a tradução ao vivo, apoio, e você consegue absorver tudo sem o inglês fluente, tudo fica mais tranquilo. No início assustou, mas depois foi maravilhoso.

Toda a estrutura, estar em um curso de alto nível, foi incrível e deu tudo certo. Estive no Resort Bendito Cacau e fui muito bem recebida. Estar em imersão, em um lugar confortável, com foco em criar networking, com outras pessoas de alto escalão, foi uma experiência muito interessante e extremamente rica SingularityU Brazil.

Algo que para mim especial foi aprender sobre outras tecnologias, como o blockchain. Essa questão nova me instigava a querer mudar o mundo. Podemos pegar tudo que aprendemos naquele ambiente e levar às outras pessoas. Mesmo se não utilizarmos, é algo fascinante. Faz muito sentido para a nossa proposta.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU Brazil: E como fazer este trabalho de tradução tem ocorrido?

Karine: Hoje a gente já tem alguns módulos na Wakanda que está mergulhado nestas experiências. Por isso, temos um setor para falar sobre inteligências e tecnologias. A gente está difundindo para o nosso público, principalmente para ver as maneiras distintas que as pessoas apreendem.

Há várias IAs disponíveis, com focos diferentes e muitas outras estão aparecendo. A velocidade assusta e a maneira como está acontecendo também, afinal, tem esse lado que temos fornecido dados demais e liberdades demais e as pessoas fazem o que querem com o nosso rosto, texto, imagem, voz e criatividade. Mas, pensando que eu sou essa ponte de mundo periférico, nas pessoas que estão à margem, e este mundo de sucesso, de ambientes, é importante continuar criando essa ponte.

É nosso trabalho mostrar que a gente consegue utilizar essas tecnologias para ter mais qualidade no empreendimento e resultados melhores no trabalho. Agora nosso objetivo é o mesmo: estes instrumentos existem e vamos criar ‘uma ponte mais larga para que as pessoas possam passar’.

Karine Oliveira foi idealizadora e é CEO da Wakanda Educação Empreendedora.
Karine Oliveira foi idealizadora e é CEO da Wakanda Educação Empreendedora.

SU Brazil: E como o EP surgiu para você?

Karine: Marta Letícia. Essa pessoa. Ela conheceu a gente ano passado, se encantou pelo Wakanda, ficou muito próxima da gente, participou do EP e simplesmente colocou como meta nos convencer a fazê-lo e dizia: “Você precisa participar”.

Foi ela que movimentou todo mundo da SingularityU Brazil para que pudéssemos estar lá. Conseguimos participar, dando uma palestra, eu fiz um pitch sobre a Wakanda e foi muito bom trazer o diferencial naquele ambiente, além de conversar com as pessoas sobre nosso projeto.

Eu só tenho a agradecer o trabalho da Marta Letícia, porque foi ali que conseguimos esta abertura e causar este grande impacto nas pessoas: no evento e na Wakanda novamente.

SU Brazil: Antes de você ir, enquanto a Marta Letícia te ajudava, o que você esperava?

Karine: Para mim era um novo desafio. Participar de uma imersão, um curso de alto valor, extremamente profundo sobre tecnologia, com uma metodologia de outros países… A expectativa era alta.

Pensava: “será que eu dou conta? É diferente do que normalmente estou lidando”. Mas, ao chegar no EP da SingularityU Brazil foi incrível. O acolhimento das pessoas, a interação… Tudo isso ajuda. Foi incrível e eu não poderia ter tido experiência melhor.

SU Brazil: E o que tudo isso te proporcionou? Quando voltou dele, se sentiu transformada?

Karine: Olha, eu não tinha algo específico ou ideia para buscar no EP. Não tinha mesmo, mas senti que saí muito diferente e com mais motivações para que as coisas acontecessem. Afinal, enquanto estava entendendo estas linguagens de um mundo um tanto quanto diferente, senti que meu propósito se tornou fazer a Wakanda o lugar em que proporcionará a exponencialidade e democratização da linguagem. Isso nos deu mais vivacidade.

Nosso primeiro momento é tornar tudo isso mais democrático. Então, o que nos tem norteado é a questão: como a gente consegue tornar aqueles conteúdos, ainda bem restritos a um grupo bem seleto de pessoas do Brasil e do Mundo, mais exponenciais? Para nós, conseguimos fazer isso através da linguagem.

Mas, como que eu simplifico? Como facilita e deixa próximo às pessoas que se interessem, para que as pessoas comecem a pensar: “Eu sou um pequeno empreendedor, mas posso estar ali, utilizando estas tecnologias. Não é tão afastado da minha realidade”?

Foi no EP que nosso propósito se tornou mais vivo. A gente nasceu para criar mais oportunidade, para que as pessoas acessem a estes ambientes e se sintam pertencentes a ele, sem reconhecer que há algo além.

SU Brazil: E para a Karine, como foi?

Karine: Maravilhoso. Pessoalmente, teve uma questão sobre o impacto do lugar em que eu estava, principalmente por ser um evento voltado para executivos, em um local extremamente diferente da minha realidade. Mas, a parte mais incômoda do desafio foi de ser a única mulher negra no ambiente.

Confesso que foi uma parte muito bizarra, falando de Brasil. Então, quando eu cheguei lá, no primeiro momento da recepção, eu pensava: “ué, onde eu estou?”. Foi um desafio, enquanto mulher negra estar presente ali. Ao mesmo tempo, foi uma questão de quebrar expectativa, medos, enquanto eu passava a provocar as pessoas com a minha participação, dizendo: “vocês gostaram muito de estar comigo, mas de onde eu venho tem milhões de pessoas que também mereciam estar aqui. Por conta de várias questões estruturais, elas não conseguem participar. Eu só consegui porque a Marta Letícia fez toda uma movimentação para que eu estivesse presente. A gente precisa que vocês. Assim como outras pessoas precisam e vocês podem abrir as portas, para que mais pessoas diferentes possam estar aqui e cada vez mais causem essa diferença, com impacto positivo de diversidade, para além das leituras, mas vivenciando isso na pele, afinal, não tem inclusão sem incluir o outro.”

Isso foi extremamente precioso para mim. Pessoalmente, conversar com aquelas pessoas, estar nos prés e pós conceitos, pertencer ali enquanto outro ser humano pensante, com trajetórias de impacto diferentes e conversar com estas pessoas de outras realidades foi algo bem legal. O estranhamento deu espaço para algo bem interessante que foi se construindo. Além disso, entender que em todo CNPJ realmente tem um CPF foi algo bem interessante.

De 2018 a 2021, a Wakanda, idealizada por Karine, impactou 40 bairros, 910 empreendimentos, 13 estados e +500 pessoas.
De 2018 a 2021, a Wakanda, idealizada por Karine, impactou 40 bairros, 910 empreendimentos, 13 estados e +500 pessoas.

SU Brazil: E ao fim, o que isso te proporcionou?

Karine: Um fluxo de consciência muito intenso, em que milhares de ideias ficaram na minha cabeça para produzir e traduzir mais conteúdo. Essa foi a parte mais legal. Além, claro, dos papos que tive com as pessoas e me auxiliaram em uma jornada para compreender o outro.

Em vários momentos percebi que eu não sabia que poderia falar ‘tais assuntos’ de qualquer maneira. Poder trocar com as pessoas me fez enxergar isso. Entender as vivências e trocar sobre a minha experiência foi algo fantástico. Sai com um caldeirão cheio de coisas para produzir e contar para as pessoas.

SU Brazil: Qual contribuição você daria a Executive Program?

Karine: Proporia pensar em como é que a gente consegue causar essas experiências de conexão e trazer mais diversidade. É aquela coisa: não fazemos parceria com quem “você não vai com a cara” e todo mundo sabe disso. Quando não tem, o negócio fica frio.

Quando criamos conexões ficou bem legal. O Rodrigo, grande parceiro que descobri ali, foi isso. A gente fez várias coisas juntas, trocamos ideia hoje e tudo porque criou conexão. Acho que talvez seja interessante ter pelo menos um dia para isso.

Acho que poderia ter um respiro dentro da programação para a interação: sentar em roda, conversar e o desafio desse dia seria conversar com um completo estranho. No outro dia voltariam para apresentar este completo estranho e apresentar ele para todos.

SU Brazil: O que você diria para aquela Karine que estava vendo a oportunidade e próxima ao EP?

Karine: Naquele momento, eu diria para ela: ‘olha a rainha, assim, eu sei que tem muita gente diferente de você lá fora, mas quanto menos medo se você tiver deles, mais você vai ver que eles estão querendo te ouvir.’

Então, talvez, com relação a isso, eu teria ficado menos tempo no quarto e mais tempo com as pessoas, tentando quebrar o gelo, observando e aprendendo experiências diferentes.

Digo isso porque eu sou essa pessoa que quando o relógio bate 10 horas eu preciso ir dormir. Eu falava: “gente, eu não aguento mais, eu preciso pro quarto dormir”.

Eu acordava cedo, encontrava o pessoal na academia e era esse o momento em que eu mais interagia com as pessoas. Era ou no almoço ou no café da manhã. Assim que era o momento para sentar, interagir e trocar uma ideia, conversar e só conhecer as pessoas mesmo.

SU Brazil: Então é isso que você faria diferente caso tivesse outra oportunidade?

Karine: Acho que sim. Seria estar mais com as pessoas, incentivar a quebrar momentos dentro da metodologia para que a gente realmente tivesse mais junto. Talvez tivesse criado mais conexão, pelo menos, já que é um tempo bem curtinho. Então como é que a gente aqui, na conexão com pessoas com um tempo tão curto? Faria isso.

SU Brazil: O que você pensa sobre o futuro da Karine, então?

Karine: Hoje a Karine pensa nesse processo de deixar um legado.

Então como seria criar algo que seja maior do que eu sou? Como ele poderia continuar de forma perene, mesmo que eu não esteja mais aqui?

Essa é a questão do propósito que a SingularityU Brazil te põe para pensar, né? Quando você deixa algo que, independente do passar dos anos, mesmo que as pessoas não lembrem de quem criou aquilo, elas continuem usando e usufruindo. A gente entende isso como legado.

Então, como seria deixar esse legado? Como seria realmente criar essa ponte para que a gente torna-se um mundo menos desigual?

Como conseguir fazer com que as pessoas comecem a ser poliglota nessas linguagens? Quero que elas consigam absorver e facilitar cada vez mais as linguagens mais difíceis e fazer com que as pessoas se sintam pertencidas. Isso vai para além do português, inglês, espanhol, italiano.

Estou falando dessa linguagem social mesmo, de como a gente lida com o diferente e o quanto a gente acolhe abraçar ele que realmente não está inserido.

Daqui a 5 anos eu espero que a Karine não perca o foco do nosso maior objetivo de vida, né? Eu vou ter 34 anos e o propósito está criado.

Outro ponto é estar em ambientes mais diversos, conversar com outros atores. Porque ser uma mulher negra, de periferia, eu compreendo que ainda precisa estar em todos os lugares, né? Um dia eu cheguei a eles e foram portas que abriram para mim.

Então, se eu consegui furar a bolha, estar em ambiente como a SingularityU Brazil, foi porque alguém que tinha acesso e conseguiu furar essa bolha para que eu pudesse passar, então precisamos fazer isso cada vez mais.

Estar nestes ambientes diversos, se relacionar melhor com pessoas incríveis que existem neles e também tem continuar com esse compromisso de se conectar, se achar e desenvolver esse propósito junto.

Então espero continuar essa rede de pessoas tão importante.

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Humanização levada ao extremo – Insights do primeiro dia do SXSW

Por Glaucia Guarcello, CIO da Deloitte e professora convidada SingularityU Brazil

A mensagem principal do primeiro dia de SXSW é: tecnologia a serviço da humanização. Em diversos momentos diferentes, os maiores autores de inovação, empreendedores e executivos reforçaram a mensagem do papel e poder humano em relação a tecnologia.

Na trilha de futuro da força de trabalho, a humanização se destacou pelas discussões de diversidade e inclusão que vão além do óbvio.

Uma das discussões mais relevantes sobre o acesso de pessoas com necessidades especiais, foi acerca da maneira como enxergamos a tecnologia. Precisamos para de olhar as tecnologias como criadoras de “consertos” e passar a olhá-las como habilitadoras de potenciais que próprias pessoas se sintam confortáveis em alcançar. Nosso foco não deveria estar em desenvolver e “normalizar” pessoas e sim em cocriar valor e ideias a partir da diversidade de visões de mundo, percepções e características. As pessoas a quem se destinam essas criações precisam ser incluídas na construção das soluções a elas destinadas, e não apenas usuárias de algo desenvolvido por outros.

Com tanta presença de tecnologia, mais do que nunca, as organizações do futuro precisam ser human-centric designed (em tradução livre: desenhadas com o ser humano no centro).  Já não existe mais uma organização desenhar papéis e responsabilidades específicos, e muito menos comportamentos esperados de seres humanos. A flexibilidade, co-construção e escuta ativa passam a ter um papel cada vez mais relevante. Falando nisso, a escolha entre as novas formas de trabalhar, como remoto, hibrido e presencial estarão cada vez mais nas mãos dos funcionários, e não da empresa. A empresa estará a serviço das escolher e preferências de seus colaboradores.

Outra palestra que trouxe a humanização no design foi a de Josh D’Amaro, Chairman de Experiences & Products da Disney, que abordou seu storytelling centrado em encantar e gerar memorias afetivas em seus clientes, e em como as novas tecnologias tem habilitado essa entrega de valor. Foram demonstradas soluções como robótica e hologramas em um nível de qualidade marcante, encantando toda a plateia.

Problemas relevantes além da inclusão foram debatidos, como a agricultura na África. O continente ainda não e autossustentável em alimentos, mas possui potencial de alimentar todo o mundo. Startups de rastreamento e monitoramento de equipamentos, de conexão entre fazendeiros e maquinário e até mesmo de educação tem se destacado como parte da resolução destes problemas, mas necessitam de apoio, tração e mais investimentos para escala.

Questões intergeracionais foram tema da casa Dell de experiências, abordando o novo normal do trabalho e o valor que novas gerações dão à autonomia, experiências e propósito. Culturas de comando e controle não terão mais atratividade para as novas gerações. Assim, vemos que tratar adultos como adultos nunca foi tão relevante.

Fundador da Open AI, empresa responsável pelo Chat GPT, Greg Brockman veio quebrar a crença de que a inteligência artificial serve para automatizar o trabalho físico. Segundo ele, grande parte do trabalho memorável que a IA vem desenvolvendo é relacionado à atuação cognitiva, como a resolução de problemas e a composição de músicas e poemas. Porém, ainda estamos distantes de automatizar um ser humano inteiro ou um trabalho inteiro.

De toda forma, precisamos como humanidade compreender quais os ambientes de maior geração de valor da IA e integrá-los na sociedade para redefinir o papel dos humanos. Certamente o futuro será ainda mais interessante e transformacional para a inteligência artificial generativa.