Nos últimos anos, o blockchain se revelou como uma das principais promessas para revolucionar o mercado financeiro. O potencial da tecnologia – e de outras tendências para o setor – será discutida durante o Exponential Finance Brazil, que acontece entre os dias 10 e 11 de setembro, em São Paulo. O line-up de palestrantes inclui a presença de Luiz Antônio Sacco, diretor regional da Ripple, uma das principais startups de transações financeiras do mundo. Na entrevista a seguir, concedida com exclusividade para o blog da SU Brazil, ele conta como as novas tecnologias têm mudado as regras do jogo.
Como o blockchain está transformando os serviços financeiros?
As necessidades das empresas e das pessoas têm evoluído continuamente e de forma cada vez mais rápida. A tecnologia Blockchain é bastante recente e ela tem ajudado a destravar muitas necessidades que já eram latentes, mas que encontravam limitações em tecnologias que não as atendiam plenamente. Trata-se de um movimento que trouxe possibilidades de desenvolver aplicações contemplando integridade de informações, criptografia, rastreabilidade, escalabilidade, entre outros atributos, de forma integrada. Um exemplo disso é o que estamos fazendo com os pagamentos internacionais (“cross-borders”). Estamos oferecendo rastreabilidade, liquidação instantânea e confiabilidade. As tecnologias em uso apresentavam falhas em cerca de 6% a 8% das transações, custo elevado e vários dias para se liquidar um pagamento – o que tornava mais rápido pegar um avião para outro país e depositar o dinheiro pessoalmente do que realizar uma transferência a partir de seu próprio banco.
Qual é a maior vantagem da tecnologia?
O blockchain possui uma série de atributos que atuam de forma integrada, evitando implantações distintas que tornariam as aplicações “colchas de retalhos”, lentas ou de gestão mais complexa. No nosso caso, a tecnologia tem ajudado a tangibilizar nossa visão da “Internet de Valores”, que é a facilidade de enviar e receber dinheiro entre fronteiras de forma tão rápida e confiável quanto enviar uma mensagem pelo celular pela internet. Os benefícios são vários. Entre eles, destacaria o melhor fluxo de capitais e pagamentos para negócios globalizados (importação, exportação, pagamentos de serviços e fornecedores no exterior), assim como mais inclusão financeira (remessas de imigrantes para suas famílias nos países de origem) e o próprio crescimento de pequenas e médias empresas que possam vislumbrar com a expansão de seus negócios internacionalmente.
Como a Ripple se encaixa nesse contexto?
A Ripple foi fundada em 2012 no Vale do Silício com o objetivo de oferecer soluções de tecnologia para problemas reais. E em cima da visão de construir uma “Internet de Valor”, a companhia vem expandindo sua rede global de empresas conectadas através da tecnologia blockchain para que possamos mover o dinheiro através das fronteiras da mesma forma que uma mensagem pela internet. Nossa atuação é B2B, ou seja, provemos a infraestrutura tecnológica para que as empresas conectadas que prestam esses serviços de pagamentos possam oferecer uma experiência melhor aos seus clientes finais. Essa rede, chamada RippleNet, tem se expandido continuamente. As soluções são implantadas a partir de APIs, fazendo com que as instituições financeiras possam desenvolver os projetos de forma simples, rápida e aderentes aos processos-chave já existentes (compliance, por exemplo). Ao se conectarem à RippleNet, esses clientes podem enviar e receber remessas para/de mais de 40 países, instantaneamente e sem atrito ou falhas.
Quais são os maiores desafios enfrentados pelas instituições financeiras do país? E como as novas tecnologias podem ajudar?
Acredito que os principais desafios atualmente estejam na priorização dos projetos e da disponibilidade de recursos qualificados. Apesar do setor financeiro ser um dos que mais investe em tecnologia, as novas demandas de clientes – e as oportunidades de mercado – são constantes, trazendo esses desafios. Felizmente, as novas tecnologias, entre elas o blockchain, permitem avançar mais rapidamente nas implantações, já que em geral estamos falando de plataformas mais abertas, trazendo cada vez mais profissionais a se capacitarem.
Como você enxerga o setor financeiro nos próximos anos?
As novas tecnologias estarão totalmente permeadas nas empresas de serviços financeiros. O próprio Banco Central tomou a iniciativa de fomentar o uso de ferramentas como o blockchain, por exemplo. Além disso, vale a pena observar o projeto LIFT, o de pagamentos instantâneos e do open banking, onde o Banco Central vem fomentando a participação da sociedade para que mais empresas ofereçam soluções na direção da inclusão financeira e na redução de custos do sistema financeiro em geral.
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