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“O nível de aprendizagem que tive no EP ajudou a transformar minha forma de pensar”

Antes do tempo ser coroado em uma Oração, por Caetano Veloso, ecoado na voz de Djavan e entrado nos corações contemporâneos pela Maria Gadú, o entrave que o tempo proporcionava no âmago dos indivíduos se perpetuou pela história do ocidente.

Da batalha entre Chronos e seus filhos, até a luta entre este titã e Kairós na história da psicologia, tempo foi lido como uma disputa, batalha entre períodos que se interseccionavam e produziam uma sensação comum ao indivíduo: sofrimento.

Essa “batalha com tempo”, na verdade, apenas mostra uma vitória dele e uma relação diferente que cada um de nós tem entre nossos desejos e o que a nossa vida se apresenta. Quando nossas vontades não confluem com o que é mostrado, nos gera angústia, desespero e, muitas vezes, indignação.

Mas o tempo perpetua. Perseverança é uma qualidade imprenscidível para fazer amizade com ele. É, inclusive, um dos “deuses mais lindos”, que nos cura, perpetua e acalenta tudo em seu lugar mais precioso, pertencente à natureza.

No encerramento do Especial 10 edições de Executive Program da SingularityU Brazil, convidamos Luciano André Ribeiro, Sócio e Superintendente Banco PF de Crédito e Recuperação – Itaú Unibanco, para nos contar sua experiência no EP. Para nosso deleite, a reflexão que se manteve durante toda a entrevista foi deste entendimento sobre o que o tempo nos proporciona e nos ensina.

Afinal, com tantas transformações e demandas, querer dar conta de tudo, se apropriar do que é possível, produzir tudo que está ao nosso alcance e garantir eficiência são coisas que muitas vezes não se combinam. Então, é com a maturidade, que Luciano pontua em toda sua fala, que conseguimos criar perspectiva para lidar com o movimento.

É uma tarefa complicada, por isso não se trata apenas do entendimento: é necessário colocar em prática, pontuar, pausar, planejar e estar aberto ao aprendizado contínuo, para compreender as coisas em suas movimentações características.

É uma reflexão que exige nossa pausa. É uma inflexão necessária que exite nossa completa atenção. Por isso, essa riquíssima entrevista você acompanha na íntegra abaixo!

Luciano André Ribeiro trabalha no Itaú desde 1998. Desde então, pontua como é um lugar em que está aliado aos seus valores e conseguiu prover diversas ações de extrema complexidade e inovação nos últimos anos.

SingularityU Brasil: Por favor, se apresente para que todos lhe conheçam!

Luciano André Ribeiro: Eu sou o Luciano André Ribeiro. Sou pai, sou filho, sou marido, sou irmão e sou amigo. Além disso, sou executivo do mercado financeiro. Trabalho em um grande banco. Sou apaixonado por esportes e sou um estudante, que desde o primeiro momento de vida, estou aprendendo, como curioso que sempre fui.

SU Brazil: Esporte… Como é exatamente sua relação com o esporte?

Luciano: Eu sou corredor. Eu corro desde 1994. Já fiz Triathlon, duathlon… Fiz bastante coisa e várias provas. Já fui convocado para a seleção brasileira de duathlon… Então eu tenho uma vida competitiva presente. O que também ajuda muito no mundo corporativo.

SU Brazil: Por que exatamente?

Luciano: Porque é preciso lidar com a pressão e com um nível de competição de uma maneira positiva. Isso não tem que ser algo que coloque um peso adicional em você. Tem que ser algo que motiva, te energiza e te desafie de uma maneira criativa, positiva. Você precisa entender este equilíbrio e saber lidar com essas coisas. Não é fácil. Mesmo fazendo o melhor de você, não é necessariamente um convite confirmado para o primeiro lugar, mas é sim um sentimento de satisfação naquela proposta/evento/dinâmica. Você saber que fez o melhor é muito mais importante do que talvez chegar no primeiro lugar, que pode ser consequência disso.

SU Brazil: Maneira ótima de enxergar a vida, não? Você sempre foi assim?

Luciano: Está amadurecendo… A gente vai aprendendo, né. Quase foi assim.

SU Brazil: O esporte ensinou isso? Ou você já tinha?

Luciano: O esporte… A vida… O amadurecimento… Eu sempre procurei ele, sabe? A gente nunca está maduro como gostaríamos de ser. É o tempo, é a vida, tudo isso que nos ajuda. Mas, é preciso estar muito atento com as coisas que estão acontecendo conosco, sempre tentando tirar o melhor e o que é positivo daquela situação, que talvez possa ser a mais estressante ou de maior desgaste. Até quando não se encaixa. Sempre tem um aprendizado naquilo.

SU Brazil: Ah… Então isso é do Luciano?

Luciano: É… Eu tento! Eu aprendi com muita gente, para ser sincero. Não é do Luciano, apenas. Tive muita gente bacana do meu lado, me ajudando ou até eu observando, para trazer para o Luciano.

SU Brazil: E quem são essas pessoas?

Luciano: Bem, primeiramente é meu pai. A referência do meu pai é bem presente. Acho que a pessoa que mais esteve comigo e me marcou nessa jornada foi ele.

Muitos amigos me ajudaram também. Eu não sou uma pessoa de poucos amigos, então tenho grandes amigos que vou aprendendo o que fazer e o que também não se deve fazer.

Outro ponto foram as lideranças pelo caminho e muitos pares. Estou há muito tempo nessa área e tenho várias referências. Então aproveito para aprender. Sempre queremos aprender aquilo que a gente admira ou que dá certo, mas não necessariamente é com o que nos identificamos. Precisa ter essa particularidade e criar esse vínculo para que seja nosso.

Eu tento seguir assim. Mesmo quando admiro algo, tento ver se isso é realmente genuíno com o meu perfil, personalidade e se o Luciano consegue ser na totalidade com isso.

Ao mesmo tempo, junto a tudo isso, você aprende o que não tem que fazer, né? Desde encaixe e tudo mais.

Essa é a minha jornada. Família e amizade são muito importantes para isso e eu faço questão que sempre estejam presentes. No trabalho aprendi bastante… Então… Por isso tento devolver isso. Eu tive muita ajuda e está na hora de devolver isso, para elas ou para outras pessoas. O aprendizado é compartilhado.

SU Brazil: Como isso tem acontecido?

Luciano: No dia-dia isso sempre precisa estar presente.

Eu sou um cara de transformação, que sempre está ali buscando isso e a melhora das pessoas em sua totalidade. Às vezes isso não é tão bem recebido. Às vezes tem essa limitação e o não-querer e é necessário entendermos isso. Minha gestão e liderança envolve isso e ir atrás de uma maneira de conforto das pessoas, ao mesmo tempo que consigam fazer seu propósito.

Outro ponto é dando aula e palestras. Sempre tento estar presente para levar algumas mensagens e ensinar o que aprendi.

Acredito que as redes sociais, contato, conversas… Eu me faço nisso. Muitos me procuram para ter uma conversa de carreira ou algo do tipo. Às vezes agradecem muito sobre o tempo e a conversa… Mas, muito pelo contrário: sempre é importante para mim. Quando estou dedicando meu tempo, eu estou também recebendo tudo isso.

Eu agradeço muito quem me chama para um café. Isso é fantástico.

SU Brazil: Às vezes o escutar dela é até mais importante do que a conversa em si, né?

Luciano: Totalmente! Em cinco minutos, quando a pessoa traz, isso já muda a cabeça dela e a pessoa sai diferente. Às vezes só precisam de um espaço para falar e eu faço isso.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU Brazil: Que fantástico! Isso é parte do aprendizado? Como foi percebendo isso?

Luciano: Olha, a vida vai nos mostrando oportunidades para aprender, né?

Eu falo muito da jornada. As pessoas buscam sucesso em um momento único, mas sucesso é a jornada e a vida que você tem. Até uso a figura de linguagem da metáfora sobre subir uma montanha.

Cada etapa é um aprendizado, uma comemoração e um momento. Mas, não necessariamente é sempre positivo, entende? Tem momento que as coisas se desarrumam. As coisas não são sempre equilibradas. Alguma questão pode ocorrer no meio do caminho e é necessário dar tempo para que as coisas se organizem, até de maneira natural. Por isso, é importante manter o seu próprio equilíbrio.

Manter, refletir e pensar sobre os nossos valores é importante neste momento. É exatamente o motivo de falar e lembrar do meu pai. É referência de valor.

SU Brazil: E como isso foi acontecendo no seu trabalho?

Luciano: Estou há 23 anos no Itaú/Unibanco. É uma história longa, mas acho que a primeira coisa, que também levo para as pessoas, é que é preciso achar um lugar que tenha uma conexão com os seus valores.

É por isso que estou há tanto tempo nessa organização. Os valores, em como tratamos os colaboradores, clientes, os objetivos… O propósito, entende? Ele é semelhante. Eu acordo todos os dias e sinto isso. O lugar me traz tudo isso.

O segundo ponto é aquela pergunta de: “Tanto tempo no mesmo lugar fazendo as mesmas coisas?” e o ponto é esse: não é repetitivo. Estamos sempre ali na parte de inovação, tentando trazer o melhor, procurando impactar melhor e transformar o próprio papel gigante que o banco tem. Desde a parte social e a parte global.

Isso me traz muita vida! Trabalhar para algo que vai apoiar o Brasil é espetacular. Então a gente transcende a atividade que a gente faz. De novo, o propósito.

Assim, não estou falando dos ciclos em alguns trabalhos te definem. Não é isso. Digo que, pela minha experiência, se trata muito de sua motivação própria. Nossa carreira é própria nossa. Chefe ou líder não vai construir isso. Por isso, é necessário sempre refletir como ser melhor, como adaptar, crescer e, caso isso faça sentido, é capaz que fique na mesma empresa por tanto tempo, como eu.

Afinal, eles me permitem crescer! Às vezes são em provocações… Movimentos… Formas de pensar… Tecnologias… É um conjunto perfeito que eu sou fã.

SU Brazil: Desde o começo foi desse jeito?

Luciano: Sim… Mas as prioridades sempre foram diferentes ao longo do tempo.

Como disse, há várias dimensões na minha vida. Nos primeiros anos do meu trabalho, o esporte não era tão mais prioridade, por exemplo. Família está sempre acima de tudo, mas em alguns momentos foi necessário mudar essa chave e tratar, dar tempo em algumas questões mais do que outras.

Se você quer crescer, cada vez mais relevante, é preciso ter prioridade e despender tempo em algumas coisas. Por isso fui buscar outras coisas fora e trazer ao banco. Mudei bastante como profissional, me formar e se tornar verdadeiramente um gestor/líder. Não é algo que é pronto.

A maturidade vem acompanhando com o tempo.

Nunca foi assim, mas, o que sempre digo, é que vai melhorando ao longo do tempo. Com algumas instabilidades, que acontecem na vida e é algo normal sim, natural, quando conseguimos dedicar um tempo, as coisas vão funcionando e tudo vai se encaixando. A questão é elencar sua prioridade.

SU Brazil: Como foi essa preparação?

Luciano: O Executive Program da SingularityU Brazil foi um lugar desse, por exemplo.

A reflexão que proporcionam é super importante por isso. Eu sempre procurei escolas de referência na minha vida. Sou engenheiro de formação, então fui atrás de MBA, cursos internacionais em grandes universidades e ainda sentia que era necessária algo para me “chacoalhar”, no sentido de trazer algo material sobre as transformações do mundo.

Eu sentia muita coisa, mas nada tão claro. Por isso, fui procurar algumas escolas. Cheguei até a SingularityU. Achei a do Brasil, olhei os speakers e achei fantástico. Não estou falando só do networking, mas digo pela diferença, o olhar, aulas boas e ótimos professores.

Depois se tornou um momento incrível, além de uma sala de aula. Foi surpreendente. Mas não foi o que eu procurei ou o que eu esperava. Eu lembro de procurar e pensar: “Eu quero alguém que consiga materializar essas angústias contemporâneas e alguns temas presentes, mas que tenha embasamento e eu chegue no meu emprego com prioridade, para falar e aplicar”. E foi isso: maneiras simples, que mostraram técnicas e impactos na aplicação…

Foi algo muito maior do que eu pensava. Além do bom conjunto, para me deixar mais a vontade em alguns temas relacionados a transformação, a relação que a gente tem durante os quatro dias durante de EPs são relações que ficam para sempre. Pessoas também contribuem muito não só naquele momento, mas depois também.

Se a gente pensar naquele “360”, a gente pode falar que o EP é completo: as experiências que proporciona além da sala de aula tem um impacto gigante. Não sei se é assim internacionalmente, mas aqui no Brasil, eu até brinco, que o Executive Program conseguiu se tropicalizar, trazendo todo conteúdo do mundo de uma maneira cultural brasileira e de um impacto gigante, com uma experiência e tanto.

SU Brazil: Muito legal você falar isso porque o “tropicalizar” às vezes é uma expressão pejorativa que as pessoas usam, né? É interessante ouvir isso.

Luciano: Sim, sem dúvida. Aqui é de uma maneira muito positiva e potente! É importante dar esse tom. Afinal, o EP consegue dar uma leveza das relações que temos entre si, que é do brasileiro, entende? E as conexões, como levamos de maneira positiva, além das provocações dos conteúdos densos e importantes… É uma energia que flui de uma maneira ótima.

Os pilares, que são o conteúdo proporcionados pela SingularityU Brazil, são importantes porque também são aplicáveis e podem ser transmitidos aos outros. É possível levar provocações densas de maneira positiva! Isso é impressionante. Ao sair do programa eu tinha certeza de que seria possível falar sobre aqueles assuntos, com um certo domínio, claro.

É um programa incrível e volto a dizer: o tropicalizar é como você se sente ótimo e bem com temas tão densos e complicados. Às vezes tínhamos medo de debater sobre alguns pontos, por não termos propriedade, mas é essa a construção ali. Conseguíamos criar isso e ter elementos para continuar o debate. Isso é ótimo e muito sutil! Até nas reflexões, construções que fiz… E, quando falava algumas coisas, as pessoas diziam: “cuidado com a ‘deprê’ aqui, tá? Às vezes o conteúdo é muito denso e é difícil não entender todas as camadas”.

E o tropicalizar foi isso: trazer para a nossa realidade, na prática, e trazendo sobre a essência do viver. As coisas vão acontecer, mas terá um caminho para que as transformações ocorram. Nada é do dia do outro, entende? Porque se for, vai cair. É um movimento ótimo trazer tudo isso, dessa maneira tropicalizante, entendendo como podemos transformar, participar e olhar isso no nosso cotidiano, até chegar a verdadeira mudança.

SU Brazil: Que demais essa percepção. Você lembra de algum momento marcante que sentiu isso ‘na pele’?

Luciano: Sim… A dinâmica do Executive Program da SingularityU Brazil é COMPLETA de verdade, entende? A noite também. Às vezes até sonhamos com alguns temas. É uma imersão completa.

Mas, no primeiro jantar, na primeira noite, tiveram alguns momentos que eu pensei: “puts… Isso aqui será diferente.” Como funciona: a gente chega de noite, tem uma apresentação e depois tem o jantar. É um networking, mas era diferente. Tem muito contato, muita gente, mas tem conteúdo e interesse de todos em fazer aquilo ser dinâmico. O nível da conversa também era bem alto.

Não era só sala de aula. Ali eu entendi que era muito além do que só o curso.

No dia seguinte, na primeira aula, com as experiências fora de sala, com interações com startups, pessoas que estarão presentes durante o programa… Ali eu pensei: “acho que vou conseguir materializar aquilo que está tão distante, mas acho que está próximo da minha vida”.

Digo isso desde impressão 3D até ESG, multiverso. Tem aquele ‘para onde a gente vai? E como trazer isso’. Então… Era sempre esses momentos que eu sentia isso.

SU Brazil: Em quais momentos você sentiu que impactou sua vida?

Luciano: Primeiro foi na forma de pensar. Sem dúvida.

Foi neste momento que a percepção foi construída e aí também a coerência das coisas. Eu comecei a pensar sobre as transformações e o que seria apropriado daquilo, porque não funciona assim sem medida.

Várias vezes a gente encontra isso. Olhamos IA regenerativa, tecnologias exponenciais em todos os serviços… Mas não é de um dia para o outro e de forma abrupta. Precisa ter coerência: não deixar de perder valor e sempre potencializar entregas, eficiência, além, claro, de um impacto muito melhor, no ambiente interno e externo.

Então, comecei a pensar: “Como levar x tecnologia para gerar o maior impacto e melhor valor?”. Essa forma de pensar materializou durante o Executive Program.

Agora, citei alguns temas, como realidade virtual. Antes, era algo relacionado a vivência daquela experiência. Porém, a reflexão de trazer a interação com a realidade física/material é extremamente importante. É neste momento que passamos a entender como as coisas lidam na convergência, entende? A ideia é criativa, tentando, novamente, buscar valor.

Tudo que estamos aplicando e, dessa maneira, podem mudar o mundo. Vão transformar nossa vida, desde que lidamos com aquelas diretrizes de pensar em uma vida melhor. Mas, isso tem um tempo e é preciso respeitar o tempo. Então, não precisa ter ruptura, mas muita atenção e coerência para fazer as coisas.

Porque a forma como a transformação vem é muito rápida. Cada vez mais se intensifica. Então, preciso estar atento a tudo que está acontecendo e experimentar.

Esse é o outro elemento que trouxemos: experimentação. Isso é fantástico no Executive Program da SingularityU Brazil. Às vezes a gente pensa que estamos longe e tudo mais, mas é preciso experimentar. Isso é provocação para lidar com as nossas próprias leituras das coisas.

Isso é muito importante. Abre a maneira que olhamos e percebemos as coisas. É preciso olhar a mesma coisa de outros ângulos também. Isso foi com a Impressão 3D, por exemplo. Pode ter órgãos, pontes e tudo isso que eu não fazia ideia e não acreditava. Por isso é bom ter possibilidades e diferentes visões.

SU Brazil: Falando sobre transformação… Existe um sintoma social sobre isso hoje? Você pensa sobre isso? Qual sua percepção?

Luciano: Sinto e muito sobre isso!

Vejo muitas empresas revisitando suas culturas e organização. O comportamento muda, entende? Algumas agendas estão se modificando e isso é consequência destas ações.

De fato, primeiramente precisamos priorizar o humano. Isso está muito claro para mim. Quanto mais digital somos ou quanto mais novas tecnologias estão fazendo parte da nossa vida, mais humanos precisamos ser.

Deste central, vem o elemento importante da experiência do cliente. A prática está mostrando isso e não de uma maneira vazia. Estar no físico, digital, seja onde for, mas o mais importante é onde o cliente está, prefere e utiliza.

Outro ponto é: como lidar com tudo isso que acontece no mundo de dados, em novas tecnologias, para ajudar-nos a ser mais eficiente? Isso é muito fundamental.

É neste ponto que tudo se torna mais profundo. Uma empresa tradicional precisa ser digital? Sim, afinal, tomará as melhores decisões, estará em todos os locais, terá mais impacto com os clientes e melhorará seus produtos. Os produtos físicos precisarão ser digitais: também.

Isso é uma transformação cultural importante. Será necessário. Todo líder precisará ter uma boa agenda de dados e tomada de decisão em análises que não são mais históricas, mas mostradas pelos dados.

No final do dia é aquela preocupação com o futuro. Esse olhar linear acopla o futuro no presente e isso é fundamental, afinal, se eu não olhar hoje, com as velocidades que as transformações acontecem, eu posso ficar para traz. A questão de enrijecer e travar a mudança tem um período e o “até quando” se torna até uma preocupação.

Então, é muito legal o que vemos hoje: empresas tradicionais, de valor gigante, tentando mudar seu olhar, design diferente, transformando sua proposta de valor, chegando ao cliente de outra forma… Novas gerações estão vindo e isso é muito importante. Há vários exemplos passando por isso.

Um que gosto bastante é a manteiga Aviação. Hoje consumimos mais do que antes, continuando com o mesmo valor, mas por que aumentou? Posicionamento, proposta de valor, propaganda, alcance… Isso precisa estar na cultura, entende? Assim funciona! Se não estiver praticável ou aliado ao propósito da empresa… Não funcionará. Cultura é a palavra chave.

SU Brazil: É uma percepção muito boa! Quando você fez o EP estava deste momento também?

Luciano: Acho que estava sendo construído.

Quando fui para o EP, gostaria de entender “para onde o mundo vai”, entende? E quais as tecnologias para isso. Por isso, era necessária uma escola que me ensinasse. No momento da pandemia, nos aproximamos de muitas coisas, de maneira até forçada, por conta da necessidade.

Era aquela corrida pelo Teams, Zoom e tudo mais. Era uma conexão de tudo, em todos os momentos, com aulas, apresentações, na tela e a preocupação de não esquecer que tem um indivíduo do outro lado. Falava-se muito do multiverso, avatares e realidade virtual. Era muita coisa. Eu não sabia se era aquilo mesmo, mas todos continuavam indo. Muito acontecia.

Por isso, eu queria trazer isso de uma maneira mais palatável e tranquila. Eu queria me encontrar dentro desse mundo. Então, não era confusão, mas era claro que não era o melhor entendimento do todo. Era uma experimentação e todos estavam ali tentando, simplesmente.

A partir desse momento eu, como disse, olhei algumas escolas internacionais, até que um colega fez o Executive Program da SingularityU Brazil e disse que valia a experiência. Ficamos sempre com medo, né?  Até que o meu amigo disse: “Fica tranquilo. É até melhor. Confia”.

Foi interessante porque fiquei confortável e tranquilo por fazer o EP daqui. Mas… Quando entrei… Foi algo mais grandioso ainda. Por isso hoje eu falo: “Precisa ir viver… É fantástico, mas precisa ir viver tudo aquilo”.

Então, foi espetacular. O cuidado com as pessoas, com a volta da pandemia e até sobre as expectativas que eu tinha. Cuidar das pessoas exige também entendimento de tecnologia e tinha uma compreensão sobre a doença que passávamos, tudo correto e eu fiquei impressionado com tudo isso.

Ao mesmo tempo, eu queria ser uma liderança que entenderia esse digital. O Edu Ibrahim era a pessoa que eu perguntava sobre a economia, a exponencialidade, novas moedas e tudo mais. Pensar em descentralização, disrupção, na questão monetária… Foi muita reflexão da atividade que eu me dedico e até tudo que o mundo vai passar.

Tem coisas incríveis aparecendo na nossa vida e eu estava ansioso para ter contato com isso.

A Singularity sempre foi uma palavra de muito impacto, né? Uma marca gigantesca e todos que passam por elas são proporcionadas pelo conteúdo e pelo propósito que estão vivendo. É gigante querer transformar o mundo em um lugar melhor impactando pessoas.

Por isso eu só pensei: “Eu quero. Vou dar uma chacoalhada neste momento. Quero ver este impacto. No Brasil mesmo? Quero sim.”

E esse pensamento é comum, mas, agora consigo dizer: um conteúdo, tropicalizado como falamos, do jeito que foi, traz algo gigante.

O nível de aprendizagem que tive no EP, o conteúdo que trago até hoje, mas principalmente a forma de pensar que absorvi de uma maneira muito mais rápida do que antes, foi a melhor questão do curso. Já fiz cursos lá fora e não foi desse jeito. Fico feliz de ter isso no Brasil, aqui tem coisas bacanas e maravilhosas que várias vezes no internacional precisamos ainda tentar abstrair para o nosso contexto, né?

Aqui não. Até as provocações são proporcionadas para a nossa realidade, pensando na própria estrutura brasileira. Está claro que é necessário para que as coisas acontecem. As mensagens são diretas. Tem muita técnica, inteligência e a maneira do nosso comportamento é tratado com provocações. A riqueza está em olhar para tudo isso e tentar tirar o melhor disso, desde nosso almoço, fala e até a maneira em ser coletivo. É espetacular ver tudo isso no programa.

SU Brazil: Você em nenhum momento fala disso com desespero ou angústia. Então, como você enxerga o futuro?

Luciano: Eu não falo com desespero ou angústia porque a SingularityU Brazil me ensinou dessa forma, né? Ali eu entendi que tem um caminho e uma jornada que podemos trilhar, só não podemos ficar esperando. Os caminhos fundamentais estão mostrados. Se cada um fizer sua parte, chegaremos lá.

Agora, é muita coisa acontecendo e muitas provocações. A gente tenta acompanhar. Quando estamos desconfortáveis, a gente precisa ir estudar ou procurar alguém que saiba. É, inclusive, sobre isso que SingularityU Brazil nos provoca: só chegaremos se houver um coletivo, compartilhado, que procure se melhorar neste processo e por isso o networking se torna importante.

Agora, medo do futuro? Nenhum. Talvez o que eu fique um pouco atento é com a velocidade das coisas, para que não falte ou não aconteça algum equívoco. Por isso é necessário ter muita coerência.

Esse mundo de experimentação presente dará mais espaço para tentar. É o que eu vivo no meu trabalho. É um conjunto de experimentações, um respeito coletivo com as pessoas, uma certa forma de lidar com o erro que é mais positiva, tentativas e, principalmente, investimento em questões principais: na pessoa humana. Tudo isso é tempo.

A velocidade e o ritmo precisamos aprender a controlar. Entende por que falo disso? Eu não sei qual é o melhor, mas aprendo todos os dias. A melhor foram da gente ver o futuro, é a construção de agora: sendo melhor um pouquinho todos os dias. Parece um tom subjetivo, mas é por isso que precisamos ter os objetivos claros e a cultura engajada em questões definidas, ao mesmo tempo que as lideranças acompanham e ouvem os valores da organização.

Ao mesmo tempo, é preciso trabalhar algumas expectativas, olhar algumas projeções e ver como podemos lidar com isso também.

Sobre a nossa vida, a principal fonte é o estudo. Sempre precisa estar presente. A aprendizagem é a parte mais importante para entender e fazer desse futuro melhor. Por isso a HSM e a SingularityU Brazil estão fazendo um trabalho espetacular com isso. Aqui, talvez, seja o lugar de maior admiração para mim porque é realmente algo essencial.

Provocação sempre será algo espetacular e aqui é feito da maneira certa.

SU Brazil: Obrigado, Luciano! Você falou muito de tempo em sua fala. O que diria então para o seu ‘eu’ do passado?

Luciano: Ah, eu diria para ele fazer o Executive Program, com certeza.

A gente sempre faz as coisas e depois pensa que poderíamos ter aproveitado mais. O que eu poderia dizer é até ir mais tranquilo, se dedicar mais para a imersão e esquecer um pouco a nossa vida. Mas é difícil. A gente sempre pensa em tudo.

Eu diria para imergir mais. Não olhar o celular, apropriar de tudo e aproveitar de muita coisa bacana que vai aparecer.

Então, de maneira objetiva, eu diria para ir. Como digo para os meus colegas que perguntam, o investimento vale, o tempo de imersão vale e é algo fantástico.

Isso vem de uma premissa que eu falo para os meus filhos: estudo é investimento.

Então, não podemos olhar o todo e ver a quantidade como um pagamento. É investimento. O aproveitamento vem com o tempo. O retorno vem de uma maneira tranquila, fácil. É algo que levo para os meus filhos em todos os meandros de aprendizagem da vida deles.

Agora uma reflexão que eu volto a dar atenção às pessoas que podem vir a ler o texto: faça a imersão completa. Se dedique. Larga o celular, reunião, tudo.

Outro ponto que eu gostaria de dizer: larga essa cobrança. Relaxa. Pergunta, olha, fique curioso. É um ambiente de pura aprendizagem. É um ambiente ótimo, de muita humildade e de respeito. As pessoas são sempre incríveis. O corpo de professores e da SingularityU está sempre ali para te ajudar.

E, impressionantemente, a turma também. No último dia todos se soltam! Faça antes. Aproveita, porque esse negócio vai te transformar e vai te fazer melhor.

Eu diria até para aquele Luciano que ele sairá melhor e muito bem.

Confesso que sempre penso em voltar e novas oportunidades. Eu sinto falta. É muito bom.

SU Brazil: Muita gente briga com o tempo, Luciano. Você não. Isso é fantástico! Você passa isso adiante?

Luciano: É um desafio e tanto, né?

Eu tento passar para os meus filhos. Com o mais velho eu trago de uma forma presente, principalmente sobre essa questão consciente do tempo. Acho até legal que os feedbacks positivos na escola são neste ponto, de tratar temáticas de uma maneira compreensiva e como ele é generoso.

Isso é muito importante e precisa ter equilíbrio. Não é fácil. Talvez até eu não tenha muito como digo aqui, mas sempre buscar isso é o mais importante, entende? E a relação do tempo é isso.

A partir do momento que começamos a entender que ele é o maior ativo que a gente tem, se torna muito importante para tentarmos equilibrar todas as nossas dimensões da nossa vida.

Algumas frases marcam minha vida e uma delas é: “perdendo tempo é que se ganha vida”. Parece simples, mas nos ajuda nas piores situações possíveis e que já me ajudou muito. Então, nos momentos que são duros e sem alternativa, ela traz a ideia de sair da situação, fazer outras coisas e tirar o foco.

Desconectar é importante. Tenho um líder que sempre fala para “dar uma espairecida” ou “tomar um café”. Um looping de pensamento dificilmente dará certo. Precisa perder esse tempo, para ganhar vida e fôlego. É muito importante ter isso na nossa vida e, por isso, equilibrar.

Com meu filho mais novo ele está aprendendo a equilibrar tudo: do esporte e até a família. É uma gestão de prioridade. É algo que eu tenho comigo, como falei lá no começo sobre o trabalho. As prioridades mudam, mas é necessário ter isso em mente e perceber como estamos usando nosso tempo com isso.

É muito importante. É um desafio grande, mas a melhor forma é a gente sendo a gente e sendo verdadeiro nisso. Talvez as pessoas não recebam muito bem isso, em certos momentos, mas, com o tempo, entendem o valor disso e das nossas prioridades. Eu acho isso crucial e faço isso com meus pares, família, lideranças, time… Precisa ter esse cuidado.

Talvez a única coisa que a gente precise refletir sobre o mundo corporativo, de uma maneira geral, é que estamos muito nestas atividades técnicas e entregas. Porém, como podemos equilibrar isso com o humano? É um pouco o que eu digo da fase: despluga um pouco. Sai da planilha/reunião. Pensa um pouco e volta para o trabalho.

Ficar no piloto automático do cotidiano vai te sugando e perdemos essa capacidade. É preciso voltar e entender esse equilíbrio. Como lidar com o tempo, o precisar fazer, o ser humano, o cuidado… Tudo isso… É fundamental conseguir dar harmonia para isso.

E precisamos ser nós nisso. Não dá para cumprirmos um papel. Se estamos só nisso, perdemos tempo e somos apenas funcionais. Nos perdemos. Precisamos ser genuínos e nós 100% do tempo. Não tem um Luciano do Itaú, o Luciano Pai… Não. É preciso que sejamos nós mesmos na totalidade e equilibrar isso com os processos que são necessários.

Mas é assim que se aproveita o tempo e, em uma vida finita, é o mínimo, não é?

Por isso, outro ponto, é parar no final do dia e pensar: “Está valendo a pena? Faz sentido para mim?” Se sim, segue. Se não, é necessário retornar, acertar expectativas, talvez mudar algo, mas seguir com a atividade.

Espero que meus filhos entendam isso e vejo nas interações que isso é bem presente. Então, passar isso é muito importante.

SU Brazil: E quem é a pessoa que deveria fazer o EP?

Luciano: Acho que não há um perfil definido e isso é bem rico.

Tem uma diversidade presente importante e as possibilidades são bem diversas. É possível trazer ângulos diferentes.

Minha sugestão é que a pessoa tenha um nível de maturidade, como pessoa e como profissional, grande. O nível de conversa é bom. Os assuntos são profundos, o entendimento do mundo corporativo é alto. Então, é necessário ter este conhecimento.

A questão é o nível adequado sobre o conteúdo e experiência. De resto, como empresário, executivo, gestor… Seja quem for, caso tenha um nível de maturidade, vai dar certo.

E, claro, precisa querer mais. Pensar em desenvolvimento e melhora é algo crucial e a pessoa precisa querer transformar o Brasil e o mundo de uma maneira melhor. É até o propósito do programa, então é preciso que a pessoa esteja aliada a isso.

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