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Um mercado de trabalho centrado no humano: por que é importante e como construí-lo

Muito antes de o coronavírus surgir e destruir nosso “normal” pré-existente, o futuro do trabalho era um tópico amplamente discutido e debatido. Observamos a automação lentamente expandir e reduzir mais e mais os empregos, e passamos a nos perguntar do que a inteligência artificial é capaz.

A pandemia rapidamente virou o mundo do trabalho de ponta cabeça, deixando milhões de pessoas desempregadas e forçando outras milhões a trabalharem remotamente. Mas as questões essenciais permanecem praticamente inalteradas: ainda queremos garantir que não sejamos substituídos, que agreguemos valor e que tenhamos uma sociedade com equidade – em que diferentes tipos de trabalho sejam valorizados de maneira justa.

Para abordar essas questões – bem como o impacto da pandemia – nesta semana, a Singularity University realizou um summit digital sobre o futuro do trabalho. Quarenta e três palestrantes de diversas origens, países e setores da economia compartilharam seus conhecimentos sobre tudo, desde o trabalho nos mercados em desenvolvimento até o porquê de não querermos voltar ao normal anterior.

Gary Bolles, presidente do hub de Futuro do Trabalho da Singularity University, iniciou a discussão com seus pensamentos sobre um futuro do trabalho centrado no ser humano, incluindo por que é importante e como construí-lo.

O que é trabalho? – “Trabalho” parece ser um conceito simples de definir, mas muda constantemente de forma ao longo do tempo. Bolles definiu o trabalho, basicamente, como habilidades humanas aplicadas a problemas.

“Não importa se é um piso sujo, uma estratégia complexa de entrada no mercado ou um grande desafio no mundo”, disse ele. “Nós, como seres humanos, criamos valor aplicando nossas habilidades para resolver problemas do mundo.” Você pode pensar nos problemas que precisam ser resolvidos como a demanda e as habilidades humanas como a oferta, e os dois estão em constante oscilação. Com eventuais reviravoltas no período de algumas décadas ou séculos.

E estamos no meio de um desses pontos de virada agora (já estávamos, antes da pandemia). As habilidades há muito procuradas estão diminuindo. O relatório Future of Jobs de 2018, do Fórum Econômico Mundial, listou coisas como destreza manual, gerenciamento de recursos financeiros e materiais, controle de qualidade e conscientização de segurança, como habilidades em declínio. Enquanto isso, as habilidades da próxima geração precisarão incluir pensamento e inovação analíticos, inteligência emocional, criatividade e análise de sistemas.

Com a chegada da pandemia – Com o surto de coronavírus e sua disseminação pelo mundo, o lado da demanda do trabalho diminuiu; todos os problemas que precisavam ser resolvidos deram lugar ao problema muito maior e mais imediato de manter as pessoas vivas. Mas, como resultado, dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo estão sem trabalho – e essas são apenas as que estão sendo contadas – uma fração do total real. Existem milhões adicionais em empregos sazonais ou que possuem atividades informais, agora sem trabalho também.

“Esta é a nossa oportunidade de focarmos no tema”, disse Bolles. “Como podemos ajudar as pessoas a se re-engajarem com o trabalho? Como gerarmos trabalhos melhores, uma economia melhor e um conjunto melhor de heurísticas de design para o mundo que todos queremos?”

Bolles elencou cinco questões-chave – algumas estimuladas pelo impacto da pandemia – nas quais as conversas sobre o futuro do trabalho devem se concentrar para garantir que seja um futuro centrado no ser humano.

1. Como é um mercado de trabalho inclusivo? Em vez de ver nossos sistemas atuais de trabalho como imutáveis, precisamos realmente entender esses sistemas e como queremos alterá-los.

2. Como podemos aumentar o valor do trabalho humano? Sabemos que robôs e softwares se darão bem no futuro – mas, para que os humanos também estejam bem, precisamos planejar isso intencionalmente.

3. Como o empreendedorismo pode ajudar a criar um mercado do trabalho melhor? Em muitas economias, o novo valor criado geralmente vem de empresas mais jovens; como fomentarmos o empreendedorismo?

4. Como será a interseção entre local de trabalho e geografia? Uma grande porcentagem da força de trabalho global agora está trabalhando em casa; quais poderiam ser alguns dos resultados disso? Como fica o trabalho informal?

5. Como podemos garantir uma evolução saudável do trabalho e da vida? A saúde e a proteção das pessoas em risco é o motivo pelo qual fechamos nossas economias, mas precisamos encontrar um equilíbrio que permita que as pessoas trabalhem, mantendo-as em segurança.

A resolução do problema não é o fim dele – O resultado final para o qual essas perguntas estão se dirigindo, e nosso objetivo principal, é maximizar o potencial humano. “Se descobrirmos maneiras de continuar fazendo isso, teremos um futuro de trabalho muito mais benéfico”, disse Bolles. “Todos nós deveríamos estar falando sobre onde podemos ter um impacto.”

Tínhamos muitos problemas a resolver no mundo antes de ouvir falar sobre o coronavírus, e agora temos ainda mais. O ritmo da automação está acelerando devido ao vírus? Sim. As empresas estão buscando maneiras de automatizar seus processos para impedir que seus funcionários fiquem doentes? Também.

Mas temos uma série de novos problemas em nossas mãos e não vamos parar de precisar de habilidades humanas para resolvê-los (sem mencionar os novos problemas que certamente surgirão, como efeitos de segunda e terceira ordem dos desligamentos).

Em um artigo de abril intitulado “The Great Reset”, Bolles descreveu três fases da crise do desemprego (atualmente ainda estamos na primeira fase) e o que devemos fazer para minimizar os danos. “A evolução do trabalho não é sobre o que acontecerá daqui a 10 a 20 anos”, disse ele. “É sobre o que poderíamos fazer de maneira diferente hoje.”

Assista à palestra de Bolles e à de dezenas de outros especialistas para obter mais informações sobre a construção de um futuro de trabalho centrado no ser humano aqui.

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