A geoengenharia solar se baseia em um conjunto de tecnologias emergentes que podem manipular o meio ambiente e compensar parcialmente alguns dos impactos da mudança climática.
A famosa Universidade Harvard, nos Estados Unidos, possui um centro de pesquisa dedicado ao estudo do conceito. Inclusive, o bilionário Bill Gates é um daqueles que mais apoia o projeto, contribuindo para financiar as pesquisas.
Mas o que é e como funciona a geoengenharia solar? O que faz desta tecnologia importante? Quais são os riscos e os pontos positivos? Por se tratar de um tema complexo, ela levanta muitas discussões.
A seguir, vamos entender melhor sobre elas. Tenha uma boa leitura!
O que é a geoengenharia solar?
A geoengenharia solar é uma técnica de manipulação deliberada do sistema climático da Terra para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, em particular o aquecimento global causado pela emissão de gases de efeito estufa.
Essa técnica consiste em refletir parte da radiação solar de volta ao espaço, reduzindo a quantidade de energia solar que chega à Terra.
Este processo visa estabilizar a temperatura do planeta, permitindo assim neutralizar os efeitos de aquecimento resultantes da elevada concentração dos gases de efeito estufa.
Como funciona a geoengenharia solar?
Conhecida como injeção de aerossol estratosférico (SAI), a geoengenharia solar funciona da seguinte forma: pulveriza carbonato de cálcio a 20 km de distância acima da superfície da Terra, como forma de compensar as emissões.
A ideia surgiu a partir de estudos científicos que demonstraram que as partículas expelidas pelos vulcões podem resultar no arrefecimento da temperatura em um grau.
De acordo com a publicação da Nature Magazine, cientistas já testemunharam o princípio desta ação. Em 1991, o Monte Pinatubo entrou em erupção nas Filipinas e liberou cerca de 20 milhões de toneladas de dióxido de enxofre na estratosfera.
A erupção criou uma neblina de partículas de sulfato que resfriou o planeta em cerca de 0,5°C. A temperatura média da Terra chegou a retornar, por cerca de 18 meses, ao que era antes da chegada da máquina a vapor.
Ainda segundo os cientistas, a estratosfera foi escolhida porque as partículas liberadas nesta camada podem espalhar-se pelo globo e permanecer nela durante dois anos.
A intenção por trás da teoria é que estas partículas, se colocadas estrategicamente e regularmente em ambos os hemisférios, sejam capazes de criar um manto uniforme de proteção contra os efeitos do sol.
Além desse formato, há também outras duas formas de refletir a radiação:
- espelhos orbitais: esses espelhos são colocados em órbita da Terra para refletir a luz solar e reduzir a quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra.
- branqueamento de nuvens: essa técnica envolve o branqueamento de nuvens marinhas com gotículas de água salgada para torná-las mais reflexivas e, portanto, mais capazes de refletir a luz solar de volta ao espaço.
Importância da geoengenharia solar
A geoengenharia solar pode ser importante porque ajuda a mitigar os efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas.
As mudanças climáticas têm impactos significativos na saúde humana, na biodiversidade, na segurança alimentar, na economia e na infraestrutura, entre outros aspectos. Logo, ela seria uma solução para isso.
Quais são os riscos da geoengenharia solar?
Embora a geoengenharia solar possa parecer uma solução rápida e fácil para as mudanças climáticas, ela também é controversa e pode ter consequências imprevistas e indesejáveis.
Por isso, é importante avaliar cuidadosamente os riscos. Alguns deles são:
- efeitos ambientais imprevisíveis: a geoengenharia solar envolve a manipulação do sistema climático da Terra, o que pode ter consequências imprevisíveis e indesejadas. A injeção de aerossóis na estratosfera, por exemplo, a longo prazo, pode afetar a camada de ozônio, além de alterar o clima global;
- riscos sociais e políticos: a geoengenharia solar pode criar tensões sociais e políticas, especialmente se alguns países decidirem implementar a técnica sem o consentimento de outros. Alguns países podem se opor porque isso afeta seus interesses nacionais, sua economia e seu desenvolvimento tecnológico;
- dependência contínua da tecnologia: a geoengenharia solar pode criar uma dependência contínua da tecnologia para manter as condições climáticas ideais. Isso pode impedir a adoção de medidas mais sustentáveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e abordar as causas raízes das mudanças climáticas;
- impactos desconhecidos na saúde: a injeção de aerossóis na estratosfera pode afetar a saúde humana, já que essas partículas podem ter efeitos prejudiciais na qualidade do ar e na respiração;
- custos econômicos elevados: essa é uma tecnologia muito cara e pode exigir investimentos significativos de recursos financeiros e humanos. Isso pode limitar a capacidade dos governos e das organizações internacionais de investir em outras soluções para combater as mudanças climáticas.
Geoengenharia solar: paliativo
No entanto, a geoengenharia solar deve ser vista como uma medida de último recurso, e não uma solução definitiva para as mudanças climáticas.
A redução das emissões de gases de efeito estufa ainda é a principal solução para combater o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Isso também se torna um problema pois nenhum teste de pequena escala conseguirá prever o impacto real da geoengenharia solar, podendo ocasionar graves consequências como secas e danos às plantações.
Por isso, muitos grupos ambientais estão se opondo à essa técnica, garantindo que pode ser uma distração da única solução permanente para o aquecimento global, que é a conscientização e redução das emissões de gases do efeito estufa.
A geoengenharia solar, em particular, pode ajudar de alguma forma, mas não diminuir a emissão desses gases na atmosfera, entretanto, pode significar um complemento importante para um momento no futuro de extrema urgência.