A inteligência artificial saiu da tela dos cinemas e das páginas literárias de ficção científica para fazer parte de nossas vidas. Há anos jogamos videogame com “máquinas” e, com a ajuda delas, vivemos em um mundo em que diferentes idiomas não são mais uma barreira para nos conectarmos a outras pessoas e culturas.
Em cerca de meio século, a ideia inicial pouco delineada de criar uma máquina capaz de pensar como ser humano tomou forma. Ela está presente em nosso dia a dia, com algumas implicações inovadoras. Paradoxalmente, essas novidades têm gerado certo medo e muitas reflexões: qual será nosso papel se a inteligência artificial nos superar? Por que trabalhar, se as máquinas poderão fazer tudo e melhor que nós?
Futuro? A inteligência artificial já está presente
O Google é um dos grandes responsáveis por tornar esse tipo de recurso acessível ao público. Sua ferramenta de tradução tinha suporte a apenas dois idiomas em 2006. Atualmente, são mais de 100 línguas — isso graças à inteligência artificial.
Em breve, seu celular pode se tornar aquele amigo que entende de arte e conversa com você em uma exposição. No ano passado, o Watson, da IBM, se transformou em uma espécie de “guia virtual” na Pinacoteca de São Paulo, contando a história e respondendo a perguntas sobre obras de arte expostas no museu. Tudo isso em linguagem natural, como se fosse uma conversa com o computador, e não uma simples pesquisa sem graça.
Os avanços não param por aí. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e da Escola de Medicina da Universidade de Washington conseguiram desenvolver um algoritmo capaz de analisar imagens de atividade cerebral e identificar padrões para prever autismo em bebês.
Uma das subsidiárias da Alphabet, holding que controla o Google e as demais empresas que se originaram dele, também conseguiu fazer com que computadores detectassem riscos cardíacos a partir do escaneamento e análise do olho dos pacientes. Seu cardiologista agradece. Sua saúde também.
Não sei se você reparou, mas, de cara, já podemos vislumbrar um futuro transformador para a medicina. Imagine um mundo em que erros em diagnósticos médicos, com a ajuda da tecnologia, tenderão a zero.
O que o futuro da inteligência artificial nos reserva
Se o presente já parece impregnado de ares futuristas, o que será de nosso futuro, então? As possibilidades para a inteligência artificial parecem ser ilimitadas neste momento. Mas a velocidade de desenvolvimento desses algoritmos e sistemas inteligentes tende a crescer exponencialmente.
Uma das tendências que indica isso é o uso das próprias máquinas para ensinarem umas às outras. Isso acontece, por exemplo, com a função de piloto automático do Model S, da Tesla, lançado em outubro de 2015. A cada interferência do motorista, a inteligência artificial aprendia como fazer retornos e curvas, e compartilhava a descoberta com outros veículos. Em poucas semanas, os proprietários e motoristas puderam perceber melhorias significativas no sistema de direção semiautônoma.
Pouco a pouco, as máquinas parecem estar conquistando terrenos que antes pertenciam a nós, humanos. Xadrez, jogos de tabuleiro, diagnóstico, tradução e interpretação de textos. Será que ainda seremos necessários quando a inteligência artificial estiver suficientemente desenvolvida para nos superar em toda a racionalidade? O próprio Elon Musk, CEO da Tesla e um dos maiores inovadores da história, vislumbra a possibilidade de um apocalipse causado pela inteligência artificial.
Sim, nós continuaremos sendo necessários. A criatividade ainda é nosso território por excelência. Como argumenta o guru de tecnologia Kevin Kelly, um dos fundadores da revista Wired, existem muitas inteligências diferentes, e os computadores só conseguem imitar algumas delas.
Kelly acredita que a inteligência artificial estará cada vez mais presente em funções que demandam eficiência. Só que isso não é tudo: artes, ciências e relações humanas são todas pautadas pela “ineficiência”. Grande parte das descobertas se dá por tentativa e erro.
Nossa loucura pode ser, então, o que falta à lógica superdesenvolvida das máquinas. Poderemos complementar a racionalidade extrema da inteligência artificial para, juntos, construirmos nosso futuro.
Estamos na infância da inteligência artificial
A ideia de uma inteligência artificial surgiu nos anos 50, quando cientistas, matemáticos e filósofos pioneiros passaram a imaginar um avanço: uma máquina tão complexa que pudesse mimetizar a capacidade de pensamento, reflexão e tomada de decisões de um ser humano.
Nas décadas seguintes, a computação foi ficando cada vez mais acessível. O primeiro microcomputador e as ferramentas de programação permitiram um novo tipo de interação entre homens e máquinas, impactando para sempre nossa relação com elas.
Mas foi só a partir de 1990 que a inteligência artificial passou a alcançar grandes feitos. O ano de 1997 é um marco: foi quando o Deep Blue, da IBM, derrotou em uma partida de xadrez o então campeão mundial Garry Kasparov.
Grande parte disso se deu pela crescente capacidade de processamento de dados dos computadores. Nos últimos anos, passamos a viver na era do big data, em que o limite de armazenamento praticamente deixou de existir, o que dá ainda mais possibilidades de aplicação da inteligência artificial.
Diante desse cenário, temos um grande desafio no futuro. De um lado, existe a visão apocalíptica de que as máquinas vão tomar conta de tudo, de outro, um ponto de vista otimista, como o compartilhado pelo inventor e futurista Ray Kurzweil. “A inteligência artificial não vai nos substituir, mas nos melhorar”, afirmou ele. Esse upgrade em nós parece bem promissor. Talvez, em breve, conheçamos humanos 2.0.
Escrito pela Redação da HSM.