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Como escolas irão formar os protagonistas da criação do nosso futuro

Sejamos sinceros: aquele mundo em que fazer uma boa faculdade era garantia de um bom emprego e de sucesso na carreira não existe mais. Afinal de contas, segundo uma pesquisa da Dell e do Institute for the Future (IFTF), 85% das profissões de 2030 ainda não existem. E, como não poderia deixar de ser, isso tem um impacto enorme na educação das próximas gerações.

As escolas e universidades cada vez mais se valem de recursos tecnológicos. Usar tablets na sala de aula e projeções 3D para uma melhor compreensão da matéria ou mesmo aderir à lógica dos games para gerar engajamento são formas de atender às demandas de uma geração que se relaciona com a informação e o conhecimento de maneira muito mais dinâmica.

Aliás, se a vida profissional e a sociedade como um todo estão mudando radicalmente, não faz mais sentido querer que a educação esteja restrita à memorização e ao acúmulo de informação. Os alunos precisam aprender a inovar desde cedo, para que possam ser protagonistas na criação desse novo mundo.

Uma sala de aula de cinema

Não dá para querer que crianças que cresceram brincando com videogames e celulares prestem atenção a um mero quadro negro e se dediquem somente a decorar o conteúdo. Se já estamos acostumados a colocar óculos para ver filmes no cinema, por que não levar o acessório para as escolas?

No futuro, nossos filhos poderão visualizar matérias que, antigamente, demandavam bastante imaginação dos alunos, como temas de química e biologia. Ao menos 13 colégios paulistanos já contam com projetores 3D para auxiliar professores nas explicações sobre detalhes da anatomia do corpo humano, particularidades dos diferentes tipos de triângulos, formato das estruturas moleculares de diversas substâncias e viagens pelos planetas mais distantes de nosso sistema solar.

Aprender brincando

Você certamente já se deparou com uma criança jogando ou vendo vídeos em um tablet. Não é à toa que dispositivos desse tipo são vistos como grandes aliados da educação. Algumas startups, inclusive, já exploram o potencial de ferramentas desse tipo.

É o caso da catarinense Playmove, que desenvolveu a mesa educativa PlayTable. Dotado de uma tela full HD de 21,5 polegadas, conexão Wi-Fi e tratamento resistente a choques e líquidos, o equipamento traz jogos e atividades para crianças com mais de três anos sobre diversos temas. Outro foco do produto é a acessibilidade, pois permite a utilização por alunos com necessidades especiais.

Segundo a Playmove, a PlayTable já foi adotada por mil instituições de ensino em todo o Brasil. A empresa foi convidada para participar da Spielwarenmesse, maior feira de brinquedos do mundo, em Nuremberg, na Alemanha. Além disso, a startup recebeu um aporte de R$ 2,6 milhões ao se tornar parte do fundo Criatec 3, que tem o BNDESPar como principal acionista.

Além de auxiliar no engajamento dos alunos, a chamada “gamificação” — nome dado à integração da lógica dos games a outras atividades — também desenvolve novas habilidades.

O pesquisador e professor de tecnologia digital Francisco Tupy trabalhou em seus estudos com o conceito de “media literacy” nos jogos, como é chamada a capacidade de entender, avaliar criticamente e criar diversas formas de mídia, como textos, programas de TV e, é claro, games. Em um mundo cada vez mais cheio de fake news, isso é essencial para formar os cidadãos do amanhã.

Educação para protagonizar o futuro

Inovar e empreender também são habilidades e, como tais, podem ser desenvolvidas com o auxílio da educação. Essa é uma das tônicas do projeto EdgeMakers, criado pelo ex-professor de Harvard John Kao. O sistema integra disciplinas de criatividade, design thinking e empreendedorismo à grade curricular a partir do sexto ano do ensino fundamental. Pelo menos 500 alunos de escolas brasileiras já participaram de pilotos da novidade.

Outra iniciativa que pretende capacitar jovens para que eles possam criar o futuro em que viveremos é a School 42. Fundada pelo bilionário francês Xavier Niel, a 42 já tem duas unidades — uma no Vale do Silício, nos EUA, outra em Paris, na França — e pretende dar aulas de programação para 10 mil pessoas nos próximos cinco anos. Os cursos são gratuitos e bastante concorridos. Não há professores na sala de aula, e os programas contam com alta carga de estágios, projetos práticos e muita, mas muita gamificação.

Desenvolver a capacidade de resolver problemas e encontrar soluções inovadoras parece ser o grande desafio da educação para os próximos anos. O futuro se apresenta como uma tela em branco, e cabe a nós e às próximas gerações ter a competência para preenchê-lo com novas formas e cores.

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