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“É preciso fazer um trabalho de formiguinha e um cara como o David pode fazer a diferença na vida das pessoas”

O tempo da experimentação prolongada se foi. Cada diretriz e ação, pensando no futuro, precisa ter direcionamento, diretriz, governança e objetivos claros de impacto social e ambiental para que possamos reverter a situação que nos encontramos.

Isso é parte da missão da SingularityU e isso é princípio ativo no Executive Program. Cada fala, speaker, ação e propósito envolve a maior preocupação com o nosso planeta e isso não pode ser negociável.

Em virtude destas atribuições, a tentativa é cada vez mais produzir ambientes que se proponham a pensar, refletir e mostrar maneiras de tornar este princípio ativo na vida das empresas brasileiras.

Além disso, nada é feito por apenas um. Neste especial de 10 edições do EP, convidamos Martha Letícia, Cofundadora da Agência Terruá, para trazer uma reflexão sobre a importância da pausa e inflexão nos ‘trabalhos de formiguinha’ necessários para que a mudança efetivamente chegue.

Com uma inteligência esclarecida, política e extremamente compreensiva nas diversas camadas existentes, Martha nos convida a refletir sobre nosso papel como indivíduos e a necessidade de cada vez mais entendermos nosso próprio passo.

É necessária uma responsabilidade maior sobre nossas ações e fazer o que realmente está sob o nosso alcance. Martha Letícia foi a pessoa que insistiu e levou Karine Oliveira, da Wakanda, para o EP e você confere este papo na íntegra abaixo!

Martha Leticia fez questão de trazer Karine Oliveira, da Wakanda, e nos contou como isso aconteceu em entrevista.
Martha Leticia fez questão de trazer Karine Oliveira, da Wakanda, e nos contou como isso aconteceu em entrevista.

SingularityU Brazil: Então, para começar, quem é a Martha Letícia?

Martha Letícia: Bom, eu sou a Martha. Sou uma empresária que atua a partir de Brasília. Digo isso porque Brasília, é um hub, né? Não só pelo fato da questão estrutural geográfica do Brasil, mas é um acesso para o resto do Brasil e, na verdade, internacionalmente é reconhecido assim também.

Então eu atuo a partir de Brasília, para clientes nacionais e internacionais dentro da área da comunicação. A gente faz o que é chamado de branding experience, traduzido como experiência de marca. Então é se preocupar com o que o usuário daquela marca possa vai experenciar em sua vivência com aquela marca, trabalhamos recall também. Isso é o que eu faço.

Eu acho que um pouco do que me define… Porque a gente vai descobrindo ao longo do tempo, que que define a gente vai mudando também essas definições… Mas o que hoje me define é que sou uma mulher nortista, que teve uma jornada importante para mim, claro, e relevante na vida das pessoas, sabe? Acabei criando alguns projetos, empresas e coisas que foram agrupando pessoas e aglutinando interesses em comuns, alguns deles inéditos…

Então acho que teve um papel no ineditismo, em relação ao que eu faço. O que me orgulha! Me deixa feliz pelo que eu já entreguei. Agora, nessa nova fase da minha vida, eu espero ter um outro tipo de papel assim, mais coletivo.

Eu acho que eu tive papel relevante para algumas pessoas, do ponto de vista de carreira profissional, desenvolvimento profissional de colaboradores que atuaram comigo. Então acho que isso teve uma relevância empresarial bacana, da qual eu me orgulho.

Nessa nova fase da minha vida, com 50 anos, e eu quero um papel que também tem alguma relevância social, entende? Mais coletiva. Em que a minha entrega seja para além dessa questão empresarial, mais do que esse ponto que eu já tive a entrega aqui que me satisfez e me satisfaz.

Então, agora eu quero que também tenha um papel dessa perspectiva coletiva.

SU BR: Isso também envolve a Agência Terruá, na qual você é fundadora?

Martha: Na verdade não. Isso é particular meu.

Claro que eu levo a agência junto, porque a acabo colocando a agência nessa perspectiva. A própria Wakanda, da Karine Oliveira, é um projeto pro bono que eu estou querendo começar a fazer para ajudá-los no desenvolvimento.

A agência, enquanto empresa, tem todo um perfil mercadológico, é funcional. Eu não acho que o trabalho social e coletivo precisa ser filantrópico. Eu acho que ele pode ser remunerado, ele pode ser um negócio também. Mas, a Agência Terruá tem outro caminho, apesar de que fará nesse paralelo essas questões.

Esse olhar mais voltado para a questão coletiva é uma perspectiva minha, que eu, obviamente, levo Agência naturalmente, mas vou desenvolver outras questões paralelas.

SUBR: E como que surgiu isso então, Marta? Essa questão parece até um chamado de querer fazer o coletivo.

Martha: É uma jornada que muita gente percorre, né? Acho que várias pessoas têm esse chamado em algum momento.

Mas acho eu, que se você está trabalhando com consciência, se você tem autoconsciência, em algum momento você tem ali tua estrutura base formada para que esse chamado apareça.

Eu acho que tem gente com esse chamado desde sempre e começa a jornada a partir desse olhar. Não foi o meu caminho. Meu caminho foi mais conservador, vamos dizer assim.

Eu percorri um caminho meu e, a partir do momento que eu me sentia segura nesse caminho, eu me senti segura para isso.

Creio que tem algum momento que a gente precisa entregar para a sociedade o que coletamos, né? De experiências de vida, de network, de perspectiva… Porque, se você não fizer isso, acho que o teu propósito nessa Terra estará precarizado. Vai faltar alguma coisa que você precisa entregar do ponto de vista de jornada de vida, entende?

Em tese, comecei tarde, mas foi o que eu pude dentro da minha perspectiva de caminho, né?

SUBR: Acredito que nunca é tarde para ouvir isso… Enquanto a gente é genuíno e passa a olhar para o coletivo, sempre será extremamente importante, não é?

Martha: É… É o que penso nas minhas reflexões. E eu acredito muito nisso. Eu insisti, por exemplo, em algumas coisas, inclusive as pequenas. Eu insisti, por exemplo, em levar a Karine, da Wakanda, para que ela ocupasse espaço dentro dos EPs e pudesse ter essa diversidade.

Afinal, precisa ter uma perspectiva de alguém que não está na bolha. Tem que ter uma perspectiva de alguém que está fora desse desse universo hétero-normativo branco. Afinal, é privilégio mesmo, né? Não dá para dizer que não é. É privilégio.

SUBR: Aproveitando, como foi o processo de chegar até o EP?

Martha: Bem, essa foi fácil: eu trabalho com targeting, então as propagandas e links patrocinados nas redes sociais chegam fácil em mim.

Me chamaram atenção porque, obviamente, eu conheço a marca. Dentro dessa bolha eu conheço a Singularity. É uma marca que tem uma grande reputação.

Eu sabia que a HSM estava trabalhando junto com ela e agora estavam no Brasil. Então, teve um momento que isso pode ser possível com meu momento de vida. Falo disso porque porque tempo é uma coisa preciosíssima.

Então, finalmente eu pude ir e pensei que seria um bom momento. Eu já conhecia algumas coisas superficialmente. Conversei com algumas pessoas que tinham feito, aqui e fora do país, na Singularity global.

Achei bem interessante a proposta, pensando nessa perspectiva disruptiva. Eu queria ver se a versão brasileira também seria, então achei interessante experimentar.

SUBR: E foi tão disruptivo quanto você esperava?

Martha: Em alguns momentos sim e em outros não.

Faltou uma disrupção relacionada a mudar nossa lógica de comportamento, entende? As falas são muito boas. Os experts trazem coisas interessantíssimas, mas na hora de aplicar, a gente precisa envolver o público de uma maneira radicalmente transformadora.

Poderíamos nos conectar antes e buscar caronas na tentativa de compartilhar e gastar menos combustível, por exemplo. O lugar que estávamos dava garrafas de água de plástico, mesmo com a SingularityU Brazil entregando garrafas de inox. Entende?

Então, ficava com a impressão de que não adiantava só o falar. Era necessário propor mais ações de sustentabilidade e ‘chacoalhar’ a mente das pessoas mesmo, entende? Já cheguei em um momento da minha vida que acho necessário tornar isso mais pragmático e que as pessoas sintam na pele o esforço que precisa ter para ser realmente transformador e disruptivo.

Agora, dentro das temáticas, é lógico que foi interessantíssimo e impressionante. O David Roberts é fantástico, cara. Fantástico mesmo. A apresentação dele foi incrível.

Foi o tipo de apresentação que eu gosto muito, porque ele fala nas pausas. Ele faz pausas e ele fala durante as pausas. Ele coloca um silêncio em você e a sua cabeça precisa acompanhar tudo isso em forma de reflexão. Daí ele continua e as pessoas se incomodaram! Eu estava achando brilhante. Genial.

A hora que ele estava mais falando é a hora do silêncio, porque tudo aquilo ecoava enquanto você raciocinava. E, se você estava preocupado em ocupar o espaço vazio, você não estava ouvindo o que ele estava dizendo de verdade. Você não parou para pensar em toda aquela complexidade. Ele queria que você acompanhasse o pensamento dele.

Então achei aquilo genial. Eu estava ali conectado com ele de outro jeito. E que pena que as pessoas não percebem isso. Eu não acho que todo mundo precisa perceber isso de cara, porque cada um está num patamar de consciência e de percepção do mundo.

Eu acho que ele podia já dar um disclaimer na entrada: “De uma maneira gentil eu trabalho assim. Eu falo. Eu paro. Eu penso…” Eu sou parecida, mas tem gente que precisa de manual, amigo.

Tem gente que não consegue perceber assim de maneira rápida, sem orientação. Às vezes precisa de instruções. Então, o David devia destacar isso. Acho que assim entenderiam o qual brilhante ele foi.

SU BR: Acho que hoje as pessoas não entendem a pausa e necessidade de reflexão, né? Tentam ocupar isso…

Martha: Pois é! E tem uma coisa relacionada de tentar preencher esse silêncio, pegando o celular, por exemplo… Mas, eu achei genial aquela palestra.

Eu adoro quem faz esse tipo de coisa, porque é o tempo que você deixar a pessoa absorver. Aqueles segundos são importantes para refletir e não me incomodam em nada.

O Executive Program é uma imersão de 3 dias e meio, nas tecnologias exponenciais que estão moldando o futuro dos negócios. O principal programa da SingularityU Brazil ocorrerá entre os dias 24 a 28 de setembro, no Hotel Almenat Embu das Artes – SP. Garanta sua participação na última turma do ano clicando aqui

SU BR: Então houve uma reflexão pós-EP?

Martha: Teve sim uma reflexão, de como que foi esse processo. Tudo na minha vida eu levo com reflexão, né?

Observar um evento como esse é e feito dessa forma, com as pausas… Reflexão de tudo neste campo de observação foi algo muito interessante para minha vida.

SUBR: Teve alguma reflexão específica? Como foi esse processo?

Martha: É um pouco disso que estou falando. É todo o campo de observação que o curso proporciona. É riquíssimo, com pessoas diversas e inteligentes, bem posicionadas. É uma Disneylândia do campo de observação, então você brinca de observar o tempo inteiro.

Então sim. Tive várias reflexões a partir dali, com várias perspectivas, que me afetaram. Algumas coisas não mudaram a minha perspectiva. Vivi a vida inteira com locais feitos para networking, sei como funciona e é normal.

Mas, olhar que pequenas coisas podem mudar cada uma das pessoas neste lugar é algo interessante porque você precisa fazer um trabalho de formiguinha, entende? Um cara como o David pode fazer a diferença na vida das pessoas. A inflexão é boa por isso, para entendermos isso também.

SUBR: E como foi esse processo para sua vida depois do EP 6?

Martha: Cara, acho que se você vive uma coisa que isso não muda em nada a tua perspectiva, você não aproveitou da melhor forma o que você está vivendo.

Então, é claro que ajuda nessa minha jornada, mas eu eu falando como sugestão e para aproveitar um evento rico como esse. Do ponto de vista de que outras pessoas podem aproveitar mais. Acho que precisa desses disclaimers, como disse, principalmente nestes pontos mais importantes.

É nessas palestras, como a do David, que é realmente impressionante e precisamos ter atenção. A da Carla Tieppo também é fantástica porque mostra como nosso cérebro está se modulando neste momento e deixamos de acrescentar coisas importantes, como nosso próprio cuidado. É uma perspectiva cerebral que eu fiquei extremamente interessada.

O Edu Ibrahim traz outra perspectiva boa sobre economia e impacto social que deve ser falado e mudado.

Mas fechar com o David… Foi essencial. Ele fecha dizendo que nada disso vai ficar de pé se não tiver a questão social.

É fenomenal porque dá alguma chance para que os principais agentes pensem nestas questões. Afinal, são eles o ponto de decisão do futuro e que realmente farão impactos globais.

Acho que a semente que você planta na cabeça das pessoas é relevante, entende?

O Dante traz um pouco disso. Ele deveria até fechar também junto ao David, por conta das transversalidades e entender a perspectiva global de disrupção. Precisa ter algo mais profundo e ser cobrada mais atenção sobre isso.

SU BR: Aproveitando que estamos falando de impacto social, foi por essa razão que você insistiu para que a Karine da Wakanda fosse ao EP. Como foi isso?

Martha: Eu ficava impressionada com o círculo que estava ali montado, então pensava: ‘bora quebrar essa bolha?’ E eu fiquei desde o primeiro dia dizendo: “Ela precisa estar aqui”. Eu fiquei desde o primeiro dia conversando com o Reynaldo e com a Poli. Ela é incrível, entende? Ela foi Forbes under 30, tem um trabalho impressionante, começou ali ‘na marra’, leva o assunto, tenta construir essa tradução de linguagem e o trabalho é de um impacto regional gigantesco.

Se isso não for disruptivo, eu não sei mais o que é. É disso que sempre precisa estar aliado quando falamos de transformações inéditas.

SUBR: Já que estamos falando disso, como é que precisamos ir ao EP para entender essa disrupção e aproveitar o máximo possível?

Martha: No mundo ideal, teria mais atividades que todos apresentassem suas vulnerabilidades e aquelas questões que mencionei sobre disrupção das nossas ações. Bem transformador mesmo.

Mas, com a imersão que se apresenta voltada às tecnologias e aprendizados para o seu negócio, precisa ter algumas questões além do comportamento superficial dos negócios. Afinal, as relações são anteriores a isso, entende? Ninguém faz negócio com o negócio. São as pessoas que estão ali presentes.

Eu não estou falando da questão linear de comprar acessos e fazer networking. Isso é o básico.  É possível fazer um aquecimento disso antes. Eu digo mais de estar vulnerável, encontrar pessoas aleatórias, se diferenciar, trocar depoimentos e histórias além dos sucessos… Conhecer as pessoas de verdade. Ter a troca!

Talvez fosse interessante ter outras dinâmicas mais “forçadas” neste assunto, colocando pessoas para sentar que não se conhecem, apresentar o outro… Coisas assim, entende? Eu sou cara de pau, então eu falei com todo mundo que eu queria, mas nem todo mundo é assim.

Me tornei investidora-anjo de uma startup assim, fiz amizade com o Dante dessa maneira. Virou um amigo querido. Adoro conversar e trocar ideia com ele. Sou fã demais do trabalho!

A própria Carla Tieppo. A gente se aproximou aí no começo e foi maravilhoso. Enfim, eu me aproximei de todo mundo que eu achei interessante. A mulher do Murilo Gun, a Dani, também tive alguma proximidade com ela. Enfim, são as conexões que acabam rolando, então. Isso é ‘massa’.


SUBR:
O que a Marta pretende para o futuro coletivo que você está pensando? Quais os próximos passos?

Martha: Cara, estou sempre atenta a essas a essas situações assim, como estamos tendo. Eu estou sempre interessada em como eu posso passar um pouco mais de conhecimento e poder ajudar. Precisa ter esse catalisador de questões relevantes e atuais de algum jeito, né? Esse papo nosso aqui tem a ver com isso. Eu estou doando meu tempo para falar sobre isso, porque eu acho que isso é uma coisa que vale muito a pena.

Me interessa propagar esses pensamentos e ver se as pessoas vão finalmente entender que precisamos fazer alguma coisa porque este mundo não está dando certo. Então eu estou sempre a fim de fazer essas conexões. Me chamam sempre pra papo sobre esse assunto.

Principalmente para mostrar perspectivas para as pessoas. Eu sou de Belém do Pará, nortista. Com muito orgulho, eu acho o máximo ser da Amazônia.

Outro dia estava conversando com uma pessoa e a gente estava falando o quanto o norte tem um privilégio fantástico que é do ponto de vista da alimentação. A gente tem aqui o peixe e frutos muito abundantes. Então difícil você ver uma pessoa aqui que não tenha de alguma forma de comer, mesmo o mais pobre, de algum jeito ele tem acesso a essas coisas.

Essa alimentação é muito fortalecida por essas proteínas.

E por que que eu estou dizendo isso?

Porque das 3 coisas importantes para uma pessoa ser inteligente, alimentação é uma extremamente importante. Então a gente tem essa coisa da alimentação muito forte. Se tivéssemos uma projeto estrutural de educação, como tem Pernambuco, como tem é o Ceará, o que seria do Pará?

Ceará é uma estrutura de fundamento educacional imenso, maior do que muitos lugares no Brasil, muito melhor que São Paulo, muito melhor que o Rio de Janeiro e sul do país.

São Paulo é incrível na bolha, não é? Mas estou falando para além da bolha: não tem discussão. No Brasil, as referências são é Pernambuco e Ceará as melhores, né? Estão sempre em destaque aí nas olimpíadas que existem.

Então, se o Pará tivesse uma coisa dessa… A gente brinca que é ter um monte de Nobel, porque a coisa da alimentação a gente tem muito forte aqui, muito forte. A questão é a disputa e alcance.

Se você tem quantidade de pessoas disputando, algumas vão ser destacar fortemente, claro. Agora, se você tem só meia dúzia disputando… Fica mais difícil.

Então, o meu ponto de vista de futuro é estar sempre contribuindo de alguma forma com este olhar, com essa perspectiva, para tentar fazer a diferença ou fazer, no mínimo, com que as pessoas parem para pensar sobre.

SUBR: Então a Martha do futuro está voltada para a Educação do Pará?

Martha: Totalmente voltado na área da educação do Pará. A área de educação é uma área que me chama muita atenção. Eu acho que é o da perspectiva social. Por este motivo a Wakanda me chamou muito atenção, porque é uma perspectiva de educação. É a forma da gente mudar o mundo, para mim.

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