O momento disruptivo atual tem engendrado vários sentimentos nas pessoas. Na tentativa de enxergas perspectivas futuras, o painel “Tendência de eletrificação: veículos e infraestruturas”, contou com uma entrevista entre Marcus Gasques, Diretor de redação da revista Autoesporte, e Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no Sest Senat Summit 2023.
A eletrificação tem sido uma temática extremamente profunda na conferência. Carlos van de Weijer tratou deste tema na abertura do Summit, ao falar sobre novas tecnologias que estão disponíveis em veículos automotores e aviões.
O professor Ram Rajagopal discutiu novas alternativas no transporte e de que maneira os dados estão auxiliando no processo de inteligência da eletrificação e descarbonização.
A agenda ESG tem se mostrado um caminho crucial para isso e Marina Cançado tratou disso no painel e pontuou como este caminho está atrelado a criação de um valor na própria organização.
Dessa vez, a conversa entre os especialistas foi de compreender qual o panorama brasileiro destes movimentos e de que maneira serão envolvidas socialmente.
O vice-presidente da Anfavea deixou claro que a eletrificação, hoje, ainda tem se dado nas pequenas distâncias, principalmente em cidades. Inclusive, ressaltou o quanto são mais preferíveis, por conta dos ruídos mínimos e políticas de poluição zero. Ônibus urbanos já são desta maneira e, em São Paulo, a tendência é que sejam a completude (ou pelo menos maioria) nos próximos anos.
O problema, para Luiz, tem sido a questão do tamanho das baterias, por isso os veículos não alcançam grandes caminhos. Além disso, deixou claro como é necessário “olhar para a frota circulante para depois achar alternativas”, muito antes de apenas dizer o que teremos no futuro.
Porque, segundo o diretor da Anfavea, a médio e curto prazo, o caminhão continuará sendo a principal frota de abastecimento, mesmo que eletrificado. É algo que está inserido historicamente na nossa sociedade e precisará de um tempo para que outro tipo de tecnologia consiga ter tanto alcance quanto.
Ao mesmo tempo, salientou na entrevista com Marcos Gasques o quanto é necessário compreender que as soluções são diferentes. Ou seja, ações específicas de outras energias serão prioridades de alguns setores, mas, por enquanto, serão casos particulares.
Tendências para o futuro da eletrificação
Luiz é claro em sua fala: “é necessário fazer treinamento e também compreender de que maneira podemos transformar com estas mudanças do mercado.”
Por ser uma associação dos fabricantes de veículos automotores, a Anfavea está focada em estruturar converssa com as indústrias, atuando de uma maneira compreensiva e explicando que haverá novas necessidades com a transformação digital e, consequentemente, todos precisarão estar preparados para isso.
Outro ponto levantado, que tem dois lados, é o apoio estatal. Para o vice-presidente da Anfavea, há duas questões interessantes.
A primeira é que está faltando uma ajuda governamental que beneficie as pessoas e empresas que buscam a eletrificação. Hoje, em São Paulo, quem possui este tipo de veículo não é multado pelo rodízio, mas não há maior incentivo para isso.
É necessário entender que, para mudar uma frota completa, isso será uma questão no futuro e sabemos que as mudanças são mais abruptas quando impactam financeiramente na vida das pessoas. Marcos Gasques pontua que “se não houver razão para mudar, não haverá mudança” e ambos encontraram a solução nesta questão monetária.
Outro ponto é que há conversas junto às instituições governamentais para preparar os trabalhadores. Com as mudanças que a eletrificação proporcionará no mercado de veículos automotores, a preparação será importante e a reeducação destes trabalhadores é o que vai garantir seu espaço no futuro.
Por fim, o jornalista Marcus Gasques, destacou que a eletrificação e hidrogênio são uma alternativa, mas é necessário continuar na procura de desenvolver outra indústria: a de combustíveis verdes.