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O que são Deep Techs e como vão impactar o futuro?

As Deep Techs são negócios, geralmente startups, que buscam desenvolver novas tecnologias, a partir de testes e pesquisas aprofundadas, tentando trazer soluções de alto impacto para a sociedade

Também chamadas de HardTech, são consideradas a nova onda da inovação. Estes tipos de negócio propõem soluções inéditas para desafios complexos e buscam impulsionar a transformação de vários setores sociais, incluindo as partes de biotecnologia, computação e engenharia. 

Diferentemente das Deep Techs, hoje a indústria tecnologia geralmente utiliza tecnologias digitais de baixa complexidade de desenvolvimento, baseada em conhecimentos já testados e amplamente utilizados no mercado.

Por exemplo: startups que são plataformas de serviços (aquelas que conectam prestadores de serviço com o público alvo), se baseiam em conhecimentos de programação e modelos de negócio já testados e validados por muitas empresas. Elas também acabam tendo um custo menor de desenvolvimento. Algumas startups, que usam blockchain, IA e outras linguagens que já são muito difundidas, não necessariamente se encaixam no conceito de Deep Techs. 

Apesar de esse conceito ainda ser novo e fluido, segundo Ana Calçado, CEO da Wylinka, podemos dizer que as Deep Techs utilizam tecnologias de ponta, que misturam ‘bites e átomos’, ou seja, tem um componente físico, além do hardware (embora não seja uma regra), mas trabalha com um conhecimento de fronteira e que tem ciclos de desenvolvimento mais complexos e mais caros, com complexidades de regulação e impacto social.

Se trata de compreender como este tipo de novo modelo de negócio atua, principalmente em suas necessidades e lucros que não são imediatos. Atualmente, 62,5% dos departamentos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D+I) trabalham de forma distinta, de acordo com uma pesquisa realizada pela Beta-i Brasil. Por isso é tão importante passar a reconhecer as diferenças deste mercado.

Porque, com estes propósitos, as Deep Techs permitem que o desenvolvimento de produtos, ou modelos de negócios, tragam uma rede de complexidade diferente. Isso faz com que haja uma maior ação em busca de prioridades coletivas e planetárias, como um futuro mais sustentável. 

Para Ana Calçado, presidente da Wylinka, as Deep Techs tangibilizam as descobertas científicas, com o objetivo de desenvolver soluções pioneiras, capazes de auxiliar questões crônicas da sociedade.

“Promissores e em constante evolução, as deep techs são essenciais para enfrentar os maiores desafios atuais, como mudanças climáticas, doenças, produção de alimentos, desigualdade de acesso à educação, mobilidade, entre outros”, complementa.

Nesse sentido, a especialista listou abaixo alguns setores que estão (e serão) ainda mais impactados no futuro, por meio das Deep Techs, trazendo alguns exemplos deste fenômeno.

Meio ambiente 

As Deep Techs auxiliam arduamente no combate ao aquecimento global, uma vez que implementam matrizes de eficiência energética e energia limpa, além do desenvolvimento de cadeias de fornecimento sustentáveis e plataformas de apoio à economia circular. Essenciais para combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente, elas também promovem a expansão dos modelos de crédito e a compensação de CO2.

A Re.Green é uma deep tech que nasceu com o objetivo de restaurar florestas tropicais em larga escala. O foco principal é restaurar um milhão de hectares na Amazônia e Mata Atlântica e, com isso, capturar 15 milhões de toneladas de carbono por ano, ao mesmo tempo que estão conservando a biodiversidade e capacitando a comunidade local.

Os projetos estão localizados em Eunápolis e Potiraguá na Bahia. Um dos diferenciais do trabalho é um sistema atualizado e mais confiável para contabilizar os créditos de carbono gerados pelo reflorestamento, o que tem sido um desafio para startups e iniciativas do setor.

Saúde digital

Profundas transformações são provocadas na sociedade com a chegada da tecnologia. Logo, as Deep Techs democratizam o acesso da população à serviços médicos, e até auxiliam no tratamento de doenças, ao passo que identificam fatores sociais e ambientais do paciente pela fala durante a consulta. Ágil e personalizada, elas trazem, em especial, soluções avançadas para uma cura eficaz do paciente.

A Quantis é uma plataforma de alto desempenho para biomateriais humanos, focada em saúde que traz novas soluções para a área de medicina regenerativa e engenharia de tecidos. Utilizam-se das mais recentes pesquisas do setor em biotecnologia e incorporam os resultados para criar um método inédito de produção em alta escala de insumos bioidênticos de alta performance. Este, pode impactar os resultados de todos os setores ligados à saúde, medicina e cosmética. 

Mobilidade

Muito associada ao desenvolvimento de modelos de negócios mais justos, confiáveis e descentralizados, para a mobilidade urbana, as deep techs traz otimização do fluxo de pessoas em áreas de alta concentração populacional, fora a economia do compartilhamento, a exemplo dos aplicativos de entrega. Aqui, é possível observar o aumento de veículos autônomos não tripulados, que são constantemente utilizados para realização de inúmeras funções. 

A COPPE-UFRJ tem como objetivo obter um futuro mais sustentável sobre quatro rodas, investindo em ônibus não poluentes. Existem três protótipos de veículos elétricos que estão testando e, a partir destes modelos, a ideia é renovar toda a frota de coletivos de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro, que hoje possui 125 veículos. A COPPE faz testes com os ônibus elétricos e calcula que 800 quilos de CO² deixarão de ser lançados na atmosfera. Os ônibus seguem em operação por cerca de dois anos para testes, o objetivo da novidade é poder se expandir para todos os ônibus do país.