Imagine se você tivesse realmente que pensar antes de falar para selecionar as palavras? Isso não acontece porque o inconsciente trabalha em background o tempo todo durante as nossas conversas, fornecendo subsídios ao nosso consciente, nos ajudando a nos expressar. O mesmo acontece quando lemos um texto, por exemplo: o inconsciente transforma automaticamente os símbolos gráficos impressos na página em palavras, frases e ideias, e que a partir daí são transmitidas para a nossa consciência. O inconsciente se encarrega de tudo o que fazemos de maneira automática e silenciosa, diariamente.
O lado oculto da mente – o nosso inconsciente – tornou-se um dos temas mais interessantes da neurociência moderna. “O cérebro é abastecido pelos olhos, ouvidos e outros sentidos, e o inconsciente traduz tudo em imagens e palavras”, diz o psicólogo e neurocientista Ran Hassin, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e um dos autores do livro The New Unconscious (“O novo inconsciente”).
“As novas tecnologias da neurociência hoje possibilitam que os cientistas exponham uma realidade mental mais profunda, que esteve escondida durante toda a história prévia da humanidade”, argumenta o físico Leonard Mlodinow em seu livro “Subliminar – Como o inconsciente influencia nossas vidas”.
Será que nós experimentamos o mundo como ele realmente é ou como nós precisamos que ele seja? O tempo seria apenas uma ilusão?
O cientista Donald Hoffman sugere que só vemos relances da realidade. Isto significaria que a realidade, tal como a percebemos, pode somente ser uma pequena fração da verdadeira existência.
O mundo que chamamos de “físico” somente só se torna “realidade” depois que nossa consciência entra em contato com a sua “possibilidade de existir”, segundo as últimas descobertas relacionadas a física quântica.
E para reforçar ainda mais este conceito, pesquisadores australianos colocaram em prática o “Experimento de Escolha Demorada”, de John Wheeler, visando comprovar que tudo depende da atuação direta da nossa consciência para “existir” no mundo físico. A física quântica trata do “aqui e do agora”, e encontra-se até mesmo com a essência da humanidade, a nossa consciência. Como disse Andrew Truscott, o professor adjunto da Escola de Pesquisa Física e Engenharia da UNA, “em nível quântico a realidade não existe se você não está olhando para ela”.
E o resultado mais impressionante desta experiência, foi a comprovação de que mesmo aquilo que já aconteceu no passado, só é materializado e definido quando vier a ser medido no futuro. Até então, a realidade é apenas uma abstração.
Assim, muitas coisas que aconteceram ontem, no ano passado ou há milhões de anos atrás, continuam sendo até hoje pura abstração da realidade. Muitos eventos somente passarão a ser “realidade” e terão sua “essência” revelada em algum momento entre hoje e o futuro, quando estes mesmos eventos forem devidamente observados, medidos e analisados. A física quântica nos ensina que “o futuro pode mudar o passado”.
E o futuro? – A nossa capacidade individual de agir sem inteligência, em um universo tão inteligente, é algo que precisa ser revisto. As ideias certas surgem rapidamente em nossa consciência, e a revelação de novas ideias (insights) são uma constante do nosso processo mental. Então pensar um pouco mais à frente daquilo que já é previsível, não seria uma questão de desenvolvermos um olhar sobre o futuro considerando novas possibilidades?
Muitas descobertas e invenções cientificas se deram por meio de insights e compreensões inesperadas, em momentos em que seus autores não estavam concentrados em seus problemas tentando resolvê-los diretamente pelo método racional e consciente. Quer um bom exemplo? A lei da gravidade de Newton “nasceu” quando ele observou uma maçã caindo ao chão. Inesperado não?
Nenhuma grande descoberta na história se baseou em teorias obvias e plausíveis. Gênios como Leonardo da Vinci, chegaram a ser considerados loucos por muitos. No caso de Da Vinci, boa parte de seus inventos ainda não conseguiram ser superados, e alguns deles ainda não foram colocados em prática até hoje por falta de capacidade.
E alguns proféticos contemporâneos também deixaram a sua “marca”, como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. Os textos deste último, inclusive, já chegaram a ser ridicularizados, mas é impressionante o grau de assertividade deste incrível escritor e inventor britânico. Segundo Clarke, “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia”.
Para se ter uma ideia do quão genial Clarke era, a Samsung se defendeu de uma acusação de quebra de patentes e infração de direitos intelectuais feita pela Apple em relação ao Ipad usando-o suas previsões como referência. Segundo a fabricante sul-coreana a ideia dos tablets já estava presente no clássico cinematográfico “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, baseado no seu conto The Sentinel, publicado em 1951, e que inspirou o filme de Stanley Kubrick na produção da obra. Clarke participou ativamente como consultor durante as filmagens, dando seus palpites e deixando um filme, realizado na década de 60, tão atual até mesmo em tempos como os nossos (confira abaixo a cena do filme que mostra a equipe da nave utilizando uma espécie de tablet, muito próximo aos modelos atuais).
E ainda temos Asimov, um dos mais célebres e influentes autores de ficção científica do último século. Dentre muitas de suas previsões, chegou a escrever sobre um tal computador de bolso em um conto de 1957, chamado “Sensação de Poder”. O escritor do futuro, que teve um asteroide batizado com o seu nome em 1981, também previu que sofreríamos por problemas causados pela “superpopulação” do planeta, graças aos avanços significativos da medicina. Segundo ele “O uso de aparelhos capazes de substituir o coração e outros órgãos vai elevar a expectativa de vida, em algumas partes do planeta, a 85 anos de idade”. E não é que cientistas israelenses conseguiram imprimir um coração em 3D, com vasos sanguíneos e ventrículos?
As previsões não são um ato de mágica, e muito menos não são adivinhações do futuro. Você não pode fazer isso, ninguém pode fazer isso! O motivo? Porque a natureza humana tem o livre arbítrio, e cria trilhões de decisões livres diariamente. Não há futuro “conhecido”, mas há um grande número de potenciais caminhos baseados nas decisões que escolhemos seguir… todos os dias.
Vinicius Debian – Empreendedor, Podcaster at “Faça Parte do Futuro” e Embaixador do capítulo da SingularityU Betim. Tem se dedicado nos últimos anos a ajudar pessoas a criarem futuros possíveis e desejáveis.