Autor do best-seller “Future Crimes” e Chair de Política, Lei e Ética da Singularity University, o americano Marc Goodman se consolidou como uma referência internacional nas áreas de crimes cibernéticos e terrorismo digital. Ao longo de mais duas décadas de atuação, Goodman desenvolveu projetos junto a organizações como Interpol, ONU e OTAN, além de colaborações com governo dos Estados Unidos. Em setembro, ele estará no Exponential Finance Brazil, em São Paulo, para falar sobre os novos desafios de segurança digital e os riscos de vulnerabilidade no setor financeiro.
Ao mesmo tempo que aponta os benefícios e conveniências resultantes do uso de novas tecnologias, Goodman é conhecido por destacar os perigos do mundo hiperconectado – onde ele acredita que hackers e criminosos estão sempre um passo à frente. A dicotomia entre liberdade de inovação e controle de (más) intenções é o tema central de seu trabalho. Uma versão resumida de sua teoria pode ser conferida nesse TED, visualizado por cerca de 1,2 milhões de pessoas.
Segundo Goodman, a fragilidade de sistemas de segurança pode atingir até mesmo gigantes digitais, como já aconteceu recentemente com Instagram e Facebook. Os ataques podem vir dos lugares mais inusitados, de terroristas políticos a gangues especializadas na mineração de dados de consumidores. Nesse cenário, o potencial de estrago para instituições financeiras – e seus clientes – pode ser enorme.
Adepto da linha de que “não existe almoço grátis”, o especialista aponta a relação entre o aumento exponencial do compartilhamento dados e a explosão de crimes digitais. Quando não existe valor a ser pago por determinado serviço, a mercadoria costuma ser as informações consumidor. Ou seja: o custo para acessar serviços e plataformas digitais costuma ser mais alto do que parece. “Quanto mais dados você produz e armazena, mais o crime organizado fica feliz em consumi-los”, costuma dizer em suas apresentações.
Dependendo do ponto de vista, converter informações de consumidores em estratégia de vendas e análises preditivas pode parecer inofensivo. Mas, na opinião de Goodman, é preciso repensar os impactos dessa prática e, sobretudo, discutir como países, governos e órgãos regulatórios estão lidando com a questão. Em um mundo onde os dados das pessoas estão cada vez mais vulneráveis, ele deixa uma dica básica para começar a se proteger de ataques digitais: nunca deixe de atualizar os programas de seu smartphone (os bugs de versões anteriores são brechas atrativas para criminosos).
Natália Fazenda
Jornalista e curadora de conteúdo da HSM