A chamada quarta revolução industrial — termo cunhado pelo professor Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial — tem na impressão 3D uma de suas principais ferramentas para construir o futuro.
Sabemos do potencial que essa tecnologia tem de mudar vidas. Iniciativas como a e-NABLE e a Not Impossible Labs já fabricam próteses mecânicas para quem perdeu membros em conflitos na Ásia e na África. Uma empresa sueca faz orelhas e narizes de biotinta, e almeja conseguir criar órgãos para transplantes. Até mesmo a comida pode ser impressa.
Mas, em alguns casos, estamos falando de construir literalmente: os primeiros prédios, casas e escritórios com peças feitas com impressão 3D estão começando a aparecer, tendo como grandes vantagens a economia de material e de tempo.
Em algumas décadas, talvez possamos ir muito além disso: pesquisadores do MIT já imaginam uma impressão 4D, com peças capazes de mudar suas características em certos contextos e condições. Vamos dar uma olhada em como isso funciona?
Impressão é a nova construção
Na China, duas empresas de construção competem usando técnicas de impressão 3D. A WinSun já conseguiu construir um prédio de seis andares com peças fabricadas por uma impressora gigante, de 6 metros de altura, 10 de largura e 40 de comprimento.
A máquina usa uma espécie de tinta especialmente formulada para a construção, feita a partir de entulho, como concreto e areia, e fibra de vidro. De acordo com a empresa, a técnica permite economizar até 60% dos materiais, 70% do tempo e 80% da mão de obra necessárias para erguer um prédio das mesmas dimensões.
Como dissemos, a WinSun não está sozinha. Sua concorrente é a HuaShang Tengda, que construiu há alguns anos uma mansão de dois andares e de 400 metros quadrados em apenas um mês e meio. Incrível, não?
O processo da HuaShang Tengda é um pouco diferente. Primeiro, uma equipe ergue a estrutura metálica da casa e instala a parte hidráulica. Depois, uma impressora 3D gigante reveste os vergalhões.
O material usado é mais convencional, também. Trata-se de concreto classe C30, o que significa que a construção é resistente a terremotos de até 8 pontos na escala Richter.
Além da China, outras partes do mundo já são pioneiras e recebem construções impressas em 3D. Dubai, por exemplo, conta com o primeiro escritório feito com a técnica. Com design arrojado, ele abriga a Dubai Future Foundation — bastante apropriado, convenhamos.
A startup californiana Apis Cor conseguiu a proeza de fabricar uma casa de 37 metros quadrados na Rússia em apenas um dia, gastando cerca de meros US$ 10 mil. Já o MIT foi além e desenvolveu um robô capaz de erguer uma estrutura básica em forma de domo em apenas 14 horas. Até mesmo uma casa da árvore impressa em 3D já está sendo vendida na Austrália! Com o perdão do trocadilho, a tecnologia não está para brincadeira.
Imprimindo no tempo
O nome impressão 3D é bem óbvio: ele diz respeito às três dimensões do espaço. Será possível ir além disso? Sim: a impressão 4D existe.
O termo foi cunhado pelo designer Skylar Tibbits em sua palestra no TED Talks. Tibbits é o fundador do Self-Assembly Lab (em tradução livre, laboratório de auto-montagem) do MIT, e seu trabalho é pioneiro em objetos que se alteram ao longo do tempo — a quarta dimensão —, de acordo com certas condições.
As aplicações para esse conceito abrem um mundo de possibilidades. Imagine, por exemplo, tijolos que se desdobram ao entrar em contato com a água, ou peças de encanamento capazes de se expandir e, assim, reparar danos e vazamentos automaticamente.
Mas dá para ir muito além da construção civil. Uma das maiores inovações nesse sentido vem da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura. O pesquisador Zhen Ding e seus colegas desenvolveram um material que muda de forma quando aquecido, e pode ser usado em impressoras 3D comerciais, já disponíveis no mercado. A demonstração, com flores abrindo ao receberem calor, é impressionante.
Uma aplicação possível para essa tecnologia é na medicina: materiais desse tipo poderiam ser usados para fabricar stents usados em cirurgias vasculares e cardíacas, o que facilitaria esses procedimentos. Seja em nossos corpos, seja em grandes estruturas, o futuro certamente passará pelas impressoras 3D e 4D.