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Os sete princípios da nova Economia Exponencial

Chair de Economia e Finanças da Singularity University, o canadense Amin Toufani é considerado uma das principais vozes do movimento de tecnologias exponenciais. Seus estudos sobre um mundo cada vez mais veloz e conectado deram origem ao conceito de Exonomics, teoria que prevê a ascensão de organizações orientadas pela abundância de recursos e pela democratização do acesso a indústrias fechadas. Um dos destaques da programação do Exponential Finance Brazil, evento que acontece entre os dias
10 e 11 de setembro, em São Paulo, Toufani é um dos principais defensores do uso de ferramentas digitais para potencializar as capacidades de indivíduos e corporações. Conheça abaixo os sete “Ps” que formam os pilares da Economia Exponencial prevista por ele.

PESSOAS
O avanço da tecnologia e a democratização do acesso a ferramentas de negócio permitiram que pessoas comuns explorem possibilidades antes restritas a governos e empresas. O vácuo de inclusão tecnológica,no entanto, ainda existe e continua a gerar desigualdade e desequilíbrio social.

PROPRIEDADE
Ao permitir o compartilhamento de recursos ociosos (de automóveis a horas de trabalho) as novas empresas da economia compartilhada colocaram em xeque nossas percepções sobre o conceito de propriedade. Os efeitos desse movimento já podem ser percebidos na desvalorização gradual de ativos físicos e na popularização de serviços virtuais e descentralizados.

PRODUÇÃO
O acesso aos meios de produção e a popularização das plataformas de financiamento (representados pelo movimento maker e pelos sites de crowdfunding, por exemplo) trouxeram novas possibilidades de customização.
A oferta de produtos e serviços tende ficar cada vez mais personalizada para o consumidor final.



PREÇO
A relação entre oferta, demanda e preço final também está mudando. Os valores de produtos estão mais voláteis, dinâmicos e ajustados em tempo real. O sistema de cobrança do Uber e os leilões de marketplaces são dois exemplos claros dessa tendência.

PODER
A diminuição de barreiras para criar um negócio abriu novas possibilidades de transferência de poder entre startups e grandes corporações. Em um mercado cada vez mais orientado pela lógica de plataformas digitais, a disputa por bases consumidores está cada vez mais nivelada pela capacidade de criar soluções escaláveis e baseadas em necessidades globais.

POLÍTICA
A transferência de poder para o indivíduo aumentou a responsabilidade da comunidade empreendedora. Criar um negócio se tornou praticamente um ato político. Nesse cenário, saem na frente as iniciativas baseadas na construção de um mundo mais equilibrado e sustentável.

PROSPERIDADE
A combinação dos fatores acima trazem perspectivas otimistas. O desafio de empresas, governos e indivíduos é adotar uma mentalidade de “pensar grande” que esteja à altura de todo o potencial oferecido pelo cenário atual.

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SingularityU Brazil Summit: aprendizados do evento

A 2ª edição do SingularityU Brazil Summit trouxe uma perspectiva diferente, empolgante e inovadora ao mostrar que é possível apostar no Brasil como uma potência em tecnologias exponenciais para solucionar os maiores problemas do país. Com palestras focadas nos setores de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, comida, energia, meio ambiente e finanças, o primeiro dia teve como objetivo mostrar aquilo que o país ainda pode melhorar através da tecnologia.

Jeffrey Rogers, palestrante e designer de experiências educacionais interativas, foi quem abriu o evento, mostrando um panorama sobre como o mundo mudou nos últimos anos de forma assustadoramente rápida e como ele continuará se transformando ainda mais no futuro, graças às tecnologias exponenciais.

“Há um papel para cada um de nós. O futuro já está aqui. E o amanhã vai ser sempre muito diferente de hoje”, comentou Rogers.

Começando pela revolução dos smartphones, Jeffrey afirmou que quando foram criados, ninguém tinha ideia do quanto esses dispositivos seriam capazes de mudar a forma como nos comunicamos, nos informamos, ouvimos música e nos comportamos.

Levando a discussão sobre as novas tecnologias mais além, o palestrante comentou sobre o impacto dessas tecnologias em diversas áreas, como na saúde, onde os algoritmos e a inteligência artificial já têm tido um papel essencial no diagnóstico de inúmeras doenças, como o câncer. “Nesse mundo de mudanças aceleradas, temos oportunidades de viver novos desafios”, afirmou ele.

Solucionando os principais desafios do Brasil

No Brasil, saúde e educação ainda são grandes desafios. Em relação à educação, os dados apontam: há cerca de 12 milhões de analfabetos, mais da metade dos adultos entre 25 e 64 anos não concluíram o Ensino Médio, quase 2 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos estão fora da escola e 6,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão sem vaga em creche. O que faz parecer que a Educação nunca foi uma prioridade no país.

Mas há esperanças! Em sua palestra, Taddy Blecher mostrou como a educação é uma poderosa aliada para empoderar pessoas e tirá-las da miséria. Ele, que é pioneiro do movimento em prol do ensino universitário gratuito na África do Sul, contou sobre sua experiência ao criar 6 instituições de nível superior de livre acesso e conseguir, por meio delas, que mais de 17.050 sul-africanos desempregados recebessem instrução, encontrassem emprego e passassem da pobreza para a classe média.

Sabendo que hoje, no Brasil, existem cerca de 50 milhões de pessoas na pobreza, Taddy afirmou que a raiz dos problemas de desigualdade é o desenvolvimento humano e que é necessário usar a engenharia humana de forma adequada para solucioná-los.

“Se nossos problemas são causados por humanos, nós humanos podemos resolvê-los”, afirmou Taddy Blecher.

Ainda segundo Taddy, a educação no Brasil não é eficaz porque o nosso sistema está desatualizado. Ela pode ter sido eficaz em uma outra época, mas enfatiza que precisamos treinar humanos para serem humanos. Há uma crise de talentos no mundo, porque precisamos incentivar os jovens a aprender sobre robótica, tecnologia, desenvolvimento de aplicativos e prepará-los para as novas tecnologias que estão chegando. Mas nada disso pode ser feito se faltar uma educação básica de qualidade e o desenvolvimento de capacidades humanas, como a inteligência emocional, por exemplo. “É preciso inovação e comprometimento”, declarou Taddy.

Isso também vale para a área de saúde. Muito já tem sido feito para melhorar vários aspectos neste setor. A tecnologia e a medicina sempre andaram juntas, mas é preciso mais do que apenas novas tecnologias para que a inovação aconteça.

Tiffany Vora, chefe de departamento e vice-diretora de Medicina e Biologia Digital na Singularity University, começou sua palestra afirmando que se você tem um corpo, você precisa se importar com a biologia, porque ela faz parte de quem somos.

“Todos os grandes avanços que estamos vendo agora nas ciências médicas e na biologia devem ser realmente importantes para você. Porque o que vamos ver nos próximos dois anos, cinco anos, dez anos, vinte anos, é que essas tecnologias se tornam partes cada vez mais relevantes de nossas vidas”, comentou Tiffany.

A tecnologia, principalmente no ramo da medicina e da biologia, não só avançou muito e de forma cada vez mais rápida com o passar dos anos, como se tornou incrivelmente barata e acessível. Em 2001, o custo para sequenciar o primeiro genoma era de bilhões. Hoje, essa tecnologia custa cerca de US $ 1.000 dólares. Você deve estar se perguntando qual é a importância de sequenciar seu DNA, não é mesmo? As informações provenientes dessa tecnologia revelam uma série de detalhes sobre o seu organismo, inclusive a probabilidade de você desenvolver algumas doenças crônicas no futuro. Isso é essencial para que você possa tratar a doença antes que ela aconteça.

Outro aspecto importante que as novas tecnologias estão oferecendo é justamente em relação ao tratamento de doenças. Em uma roda de conversa ao lado de Glaucia Alves e José Rubinger, a brasileira Bruna Paese contou sobre o IUBI, um robô que acompanha a rotina de crianças em tratamento de doenças crônicas, como o câncer.

Sabendo que no mundo há cerca de 235 milhões de crianças que sofrem por causa desse tipo de enfermidade e que 55% delas não fazem o tratamento adequado para cuidar dessas enfermidades, o IUBI nasceu com o propósito de ajudar tanto os pais como os médicos a dar continuidade aos tratamentos, de uma maneira que seja divertido para a criança. O robô criado por Bruna funciona com uma inteligência artificial que interage com o paciente, gamifica sua rotina para que ela se engaje no tratamento e faça pequenas mudanças diárias para melhorar sua saúde.

“A educação passa pelo processo de saúde. E a saúde passa pelo processo de educação”, defendeu Bruna.
Educação é a base de tudo

Em qualquer área, a inovação não acontece sem a educação. José Rubinger passou os últimos 10 anos criando tecnologias que pudessem auxiliar o processo de aprendizagem e a inclusão de deficientes físicos na sociedade. Ao abordar este tema, ele mostrou os impactos que a tecnologia tem tido nessa área e o quanto o Brasil está à frente de outros países nesse aspecto.

“No mundo, mais de 3% das pessoas possuem algum tipo de deficiência motora. Entretanto, muitas escolas não estão preparadas para recebê-las”, afirmou José Rubinger.

Outro setor que está sendo impactado pelas novas tecnologias, como impressoras 3D, IoT, inteligência artificial, entre outas, é o de infraestrutura. Apesar de ainda ser um processo lento aqui no Brasil, pois é preciso uma mudança de mindset para a implantação de transformações significativas. Glaucia Alves, engenheira de inovação na Deloitte, esteve presente no evento para falar sobre os desafios que o país enfrenta nesta área.

Segundo ela, as tecnologias como robótica e realidade virtual serão exponenciais se também trabalharmos no desenvolvimento de pessoas, usando-as junto a ferramentas tecnológicas para melhorar os problemas de infraestrutura.

No Brasil, a infraestrutura é considerada um elefante branco. Apesar de contribuir com 6% do PIB mundial, o país investe alto nesse setor, mas sem se preocupar com cuidados ambientais. Os índices de desperdício na construção chegam a 80%.

Glaucia também ressaltou que uma das barreiras em relação à infraestrutura é a falta de pessoas capacitadas para utilizar as tecnologias.

Multiplicando as perspectivas

Com o objetivo de oferecer uma experiência mais dinâmica para o público, na parte da tarde, a arena principal se dividiu em 4. Cada palco focou em um tema específico, apresentando cases de sucesso em que a tecnologia já tem sido aplicada no Brasil para solucionar problemas nas áreas da saúde, segurança pública, educação e infraestrutura.

Na arena de educação, contamos com a presença de Murilo Gun e João Paulo Guerra Barrera. Em um papo animado, Murilo falou sobre a importância da criatividade e de desenvolver essa capacidade para poder lidar com as transformações digitais que impactam o mundo. Já João Paulo, de apenas 8 anos de idade, defendeu que não há idade para aprender e que o aprendizado deve ser contínuo ao longo da vida.

Na área da saúde, Alessandra Zonari apresentou seu projeto, o OneSkin. Por meio da biotecnologia, sua empresa tem como objetivo reverter o envelhecimento. Essa solução só é possível, hoje, graças ao sequenciamento do genoma. Ela acredita que com as novas tecnologias, no futuro, seremos capazes de criar novos modos de envelhecer, com mais saúde e maior qualidade de vida.

Felipe Fontes e Samira Bueno falaram sobre segurança pública. No Brasil, a cada 5 horas acontece um sequestro relâmpago, menos de 8% dos homicídios são resolvidos e a cada 11 minutos uma mulher é estuprada. Com dados preocupantes, o país tem um grande potencial para usar a tecnologia para reverter o cenário atual de segurança pública.

Drones e reconhecimento de imagem já são utilizados na segurança pública de muitas cidades brasileiras. No carnaval deste ano, em Recife, uma pessoa que estava sendo procurada pela polícia foi presa graças a uma câmera com a tecnologia de reconhecimento facial.

Segundo Felipe Fontes, é preciso pensar em como trabalhar na segurança pública de uma maneira que ela consiga antecipar situações emergenciais, evitando que o crime aconteça.

“Uma política de segurança pública eficiente é aquela que não só protege em emergências, mas que também auxilia as pessoas a adotarem hábitos saudáveis e a obterem uma vida mais digna e feliz, de forma sustentável”, afirmou Felipe Fontes.

Outra dificuldade, afirmou Samira Bueno, está em treinar os profissionais para o uso dessas tecnologias. “Hoje, existem inúmeras ferramentas que podem auxiliar no sistema de segurança pública, mas não há treinamento aos profissionais. Isso não resolverá o problema.”

Eduardo Ferreira Lima, diretor da Avantia Tecnologia e Engenharia, empresa que desenvolve e implanta soluções de análise inteligente de imagens, foi além. Ele defende que o que faz a tecnologia funcionar são as pessoas, e que uma boa solução para a segurança pública do Brasil pode vir de uma rede de compartilhamento de informações.
“Para o problema do trânsito, temos o aplicativo Waze. O que faz ele ser um sucesso não é a tecnologia, são as pessoas. A tecnologia é apenas o meio”, defendeu Eduardo Ferreira Lima.

Para mudar o futuro, precisamos olhar para o passado

Para encerrar o primeiro dia de SU Brazil Summit com chave de ouro, Pascal Finette promoveu uma forte reflexão sobre aprendermos com o passado para continuar inovando no futuro. O diretor do departamento de Empreendedorismo e Inovação Aberta da Singularity University afirmou que em um mundo se transformando de forma cada vez mais rápida, o amanhã será drasticamente diferente do dia de hoje, porém, o passado é a única coisa que conhecemos e o único ponto de referência com o qual podemos nos relacionar.

Além disso, Pascal fez o público pensar sobre o uso da tecnologia e o quanto precisamos pensar nela como uma grande facilitadora para acabar com grandes problemas da humanidade, como a desnutrição, por exemplo, que mata muitas crianças no mundo todo a cada 8 segundos.

“Eu acho que tudo que nós vimos neste mundo se resume às decisões que estamos tomando. Quão bom nós somos diante das decisões que estamos tomando hoje?” – afirmou Pascal Finette.

E o que ficou de aprendizado é o fato de que as novas tecnologias serão a chave para a resolução de inúmeros problemas, mas que a decisão em abrir a porta parte de cada um. E você, como tem pensado em transformar o futuro?