As conversas do segundo dia do Exponential Finance Brazil giraram em torno de inteligência artificial, impacto social, plataformas de pagamento e os desafios e oportunidades de um mercado cada vez mais orientado pela descentralização de dados. O evento foi realizado pela Singularity University Brazil e aconteceu entre os dias 11 e 12 de setembro, em São Paulo.
A programação foi aberta com uma apresentação de Wolfgang Fengler economista-chefe de finanças, competitividade e inovação do Banco Mundial para a Europa e Ásia Central. A partir da apresentação de um panorama do cenário econômico e social, brasileiro, Fengler mostrou como o Big Data pode ser usado para traçar diagnósticos precisos de cenários globais – e como a tecnologia pode ser usada para desenvolver soluções em tempo real para essas questões.
Seguindo a trilha das oportunidades apresentadas por Fengler, o brasileiro Cristiano Oliveira, criador da Olivia, assistente virtual de finanças pessoais, subiu ao palco para falar sobre como usar a inteligência artificial para melhorar padrões de educação financeira e melhorar a qualidade de vida do usuário final. “A popularização do uso do celular e a desintermediação de serviços abriu um novo panorama para a relação das pessoas com o dinheiro”, afirmou.
Impacto social e inclusão financeira
A necessidade de inclusão da população de desbancarizados – um em cada três brasileiros adultos – foi o tema da palestra de Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva. “É impossível falar de inclusão financeira sem falar de desigualdade”, afirmou. Para tentar reverter esse cenário, uma nova geração de empreendedores vem oferecendo soluções para diversas pontas da cadeia financeira. É o caso de Mônica Sacarelli fundadora da Diin, e de Alexandre Albuquerque, do Banco Maré, que falaram sobre esse desafio em um painel moderado por Daniel Izzo, da Vox Capital.
“O brasileiro costuma não saber nem quanto ele ganha, nem quanto ele gasta”, afirmou Sacarelli. “Fomos pessoalmente até o Complexo da Maré ouvir o que os moradores precisavam. Eles não tinham onde pagar as contas e demoravam até quatro horas pra fazer isso em outro lugar”, destacou Albuquerque, do Banco Maré.
Paytechs: revolucionando o mercado de pagamentos
Em um dos paineis mais aguardados do evento, gigantes do mercado de tecnologia se encontraram para falar sobre o novo cenário de tecnologias de pagamento. A discussão foi composta por Paula Paschoal, diretora geral da PayPal no Brasil, Paulo Cesar Nascimento, da Samsung Pay, Stelleo Tolda, COO do Mercado Livre e Fábio Coelho, diretor executivo do Google Brasil, com mediação de Guilherme Horn. “A participação dos grandes bancos neste ecossistema é essencial para a transformação e crescimento exponencial do segmento financeiro como um todo”, afirmou Tolda, do Mercado Livre
A sessão da tarde ainda abrigou um talk-show sobre a chamada economia da recorrência, com Rodrigo Dantas, da Vindi, e Sandra Boccia, diretora de redação de Época Negócios. Sobre os desafios de introduzir novas soluções no mercado, Dantas relembrou a máxima de que “onde tem problema, tem oportunidade.”
Banking 4.0: inovação e novas oportunidades
Samantha Radocchia, cofundadora da startup Chronicled e especialista em blockchain, abrou o último bloco do Exponential Finance Brazil com uma palestra sobre o potencial do open banking. Destacando o empoderamento do cliente, Radocchia destacou “muito da conversa sobre open banking gira em torno de apenas do aumento do acesso ao sistema financeiro, mas essa tecnologia tem muito mais potencial para mudar o mundo e a nossa relação com o dinheiro.”
Em seguida, João André Calvino, do Banco do Central, apresentou o panorama atual e as perspectivas para o cenário regulatório no país. “O avanço do open banking é uma tendência irreversível. O que está acontecendo com o mercado financeiro é um reflexo do que está acontecendo com a nossa sociedade”, completou.
Ao final do evento, Amin Toufani, chair de finanças e economia da Singularity University, voltou ao palco para apresentar os princípios do pensamento exponencial que orientaram os dois dias do evento. Em seu balanço final, ele deixou uma mensagem que parece cada vez mais latente em todas as áreas da nova economia digital: “antes de qualquer coisa, precisamos aprender a desaprender”